quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

"Movimento espírita" fez apelações diversas em 2014


Abalada com o crescimento das reações que há muito tempo acontecem contra as deturpações ocorridas na Doutrina Espírita, a Federação "Espírita" Brasileira celebrou 130 anos menos em comemoração à sua trajetória do que em lançamento de novos produtos de marketing para recuperar o prestígio da instituição.

Em que pesem as promessas, nos últimos 40 anos, de manter fidelidade às bases doutrinárias de Allan Kardec, nunca se cometeu tanta traição à sua doutrina. Nem mesmo os traidores de carteirinha, Chico Xavier e Divaldo Franco (que cinicamente juraram falsa fidelidade a Kardec, já nos anos 70 e 80), iriam tão longe.

Fora da rota febiana, o astro da "mediunidade de mercado", Robson Pinheiro, que através de um suposto espírito Ângelo Inácio, criou uma imagem debiloide de Cazuza em sua suposta vida espiritual, teve um plágio identificado por um texto do portal Obras Psicografadas.

Querendo estabelecer uma conciliação entre a umbanda e o "espiritismo" que ele aprendeu "de forma independente" com Chico Xavier e seus amigos, Robson também seguiu a "metodologia" do anti-médium mineiro, de plagiar obras literárias apenas rearrumando as palavras.

O livro Aruanda, também escrito em nome de Ângelo Inácio, teria sido plagiado de dois livros terrenos sobre a cultura religiosa africana, Orixás, do famoso fotógrafo francês, que passou boa parte de sua vida na Bahia, Pierre Verger, e Iemanjá e Oxum, de Lydia Cabrera.

Mesmo que Robson tenha citado Verger (mas não Lydia) em uma nota explicativa, o plágio ocorreu, uma vez que boa parte dos trechos plagiados foram escritos sob o pretexto de terem sido mensagens do tal espírito Ângelo Inácio. Uma amostra desse plágio pode ser notada aqui:

- Examinemos Oxóssi – prosseguiu Pai João. – Irmão de Ogum, na mitologia, o arquétipo de Oxóssi é bem diverso. Representa as pessoas espertas, rápidas, donas de notável agilidade, sempre em alerta e em movimento. Cheias de iniciativa, estão sempre em busca de novas descobertas e novas atividades, mas possuem grande senso de responsabilidade e de cuidado com a família. (Pinheiro, pág. 154)

O arquétipo de Oxossi é o das pessoas espertas, rápidas, sempre alerta e em movimento. São pessoas cheias de iniciativas e sempre em vias de novas descobertas ou de novas atividades. Têm o senso de responsabilidade e dos cuidados para com a família. (Verger, pág. 54)

Dentro do perímetro febiano, as apelações foram sempre no sentido do sensacionalismo e da pieguice, e, da parte da própria FEB, os produtos diretamente relacionados à instituição estão mais próximos de um caráter retrospectivo do que de algum verdadeiro ineditismo.

Com isso, foram lançadas publicações como Allan Kardec para Todos e a série Evangelho por Emmanuel, o primeiro sintetizando as traduções dos livros de Kardec por Guillón Ribeiro, e o segundo é uma seleção de textos de Emmanuel distribuídos em volumes temáticos referentes ao Novo Testamento.

Mesmo o recém-lançado livro Fé e Vida, obra "inédita" da aparente psicografia de Chico Xavier, é uma coletânea de textos diversos, longe de ser um material "realmente novo" que teria sido deixado pelo anti-médium mineiro, cuja maior apelação se daria num documentário cujo apoio da FEB é explícito, porém indireto.

Trata-se do documentário Data-Limite Segundo Chico Xavier, de Fábio Medeiros, em que um sonhozinho de nada, de algumas poucas horas de sono, foi transformado num "profetismo" pretensamente científico, encaixando muito bem nos desvarios sensacionalistas do chamado "movimento espírita" brasileiro.

O documentário, que na verdade segue rigorosamente os princípios "proféticos" de Jean-Baptiste Roustaing, supõe prever, entre outras coisas, a destruição da Europa, EUA e Ásia e a promoção do Brasil como nação mais poderosa do planeta, "previsão" que esconde intenções de supremacia do "espiritismo da FEB", o Catolicismo medieval redivivo que faria o Brasil um novo Império Romano.

A reboque, temos também o livro Nossa Nova Caminhada, suposta psicografia de quatro diferentes "médiuns" - como se isso em si fosse garantir os critérios do Controle Universal dos Ensinamentos dos Espíritos, criado por Allan Kardec - atribuída a parte das vítimas da tragédia da boate Kiss, ocorrida em janeiro de 2013.

O livro já peca pelo carregadíssimo apelo religioso, que cria um discurso solene e formal demais para ser realmente atribuído aos espíritos dos jovens mortos. A obra também serviu para autopromoção de um dos "médiuns", o esperto Carlos Bacceli, ex-figurão da FEB.

Só que irregularidades observadas na suposta assinatura de uma das vítimas, a jovem Stéfani Posser Simeoni, com o prenome escrito rasurado (escreveu-se o "Sp" em vez de "St") e o nome todo reescrito abaixo, dão forte indício de fraude.

Para o público infantil, a apelação foi dada pelo livro Meu Pequeno Evangelho, parceria de Maurício de Sousa com dos membros da FEB, em que Allan Kardec literalmente leva uma violenta coelhada de Sansão, o bichinho de estimação que Mônica usa para abater Cebolinha e Cascão toda vez que eles chamam a garota de "baixinha, gorducha e dentuça".

O livro pretende ensinar a Doutrina Espírita para as crianças mas nem de longe cumpre seu recado, se limitando a pregar, com mensagens piegas e conservadoras, um reles religiosismo moralista, a pretexto de trazer lições de "amor, fraternidade e caridade".

Tais apelações mostram que o "movimento espírita" tenta resistir a todo custo, jurando fidelidade a Allan Kardec mas traindo-o a todo momento, o que nos faz pensar como será a Contra-Reforma dos medievais "espíritas" brasileiros para 2015.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Duas cartas atribuídas a Jair Presente se contradizem na linguagem


O que os especialistas da Universidade Federal de Juiz de Fora não conseguiram admitir são as irregularidades referentes às cartas atribuídas ao jovem Jair Presente, e que aqui, em primeira mão, são observadas com a comparação entre a primeira carta, de 15 de março de 1974, 40 dias após o falecimento de Jair (03 de fevereiro) e uma de suas cartas posteriores.

Ainda não encontramos reproduções de manuscritos das supostas psicografias de Francisco Cândido Xavier, mas é gritante a contradição entre uma carta e outra, esta datada de 25 de agosto, de uma linguagem excessivamente coloquial que parece ter sido escrita por alguém tomado de ácido lisérgico (LSD), embora aparentemente Jair não teria sido usuário de drogas.

Será que Chico Xavier, contestado pelo habitual panfletarismo religioso, explícito na primeira das treze cartas, foi pegar carona na linguagem bicho-grilo (hippie) que estava muito na moda naquele 1974? O que fez com que a linguagem mudasse no decorrer de algumas cartas?

Tudo isso dá um parecer desfavorável a Chico Xavier, do contrário que o prometido e autoproclamado rigor científico dos pesquisadores da UFJF, que, com todo o cuidado que tiveram na metodologia, se esqueceram de comparar os conteúdos das cartas. E, se compararem os manuscritos, ficarão estarrecidos e contestarão qualquer indício de veracidade mediúnica.

Seguem então as duas cartas, e peço ao leitor muita atenção na leitura de cada carta, para assim verificar o quanto a tese de veracidade é altamente duvidosa, para não dizer improcedente.

PRIMEIRA MENSAGEM ATRIBUÍDA A JAIR PRESENTE, APÓS SEU FALECIMENTO

Data: 15 de março de 1974.

"Meu pai, minha mãe, minha querida Sueli, peço-lhes calma, coragem.

Não estou em situação infeliz, mas sofro muito com a atitude de casa. Auxiliem-me. É tudo, por agora, o que lhes posso dizer. Tenho a mente nublada. Consigo entender muito pouco aquilo que se passa em torno de mim. As lágrimas dos meus queridos me prendem.

Que há, meu Deus?
Não pensem que desapareci para sempre. Estarei, porém, com vocês na condição em que estiverem comigo.

Fortes, me fortalecerão. Desanimados, me farão esmorecer.
É muita coisa para observar, entretanto não posso ainda. Creio apenas que perder o corpo mais pesado não é desvencilhar-se do peso de nossas emoções e pensamentos, quando nossos pensamentos e emoções jazem nas sombras da angústia.

Eu encontrei muito amparo, mas a não ser o meu avô Basso(1), a quem me ligo pelo coração, não tenho ainda memória para funcionar aqui; minha faculdade de lembrar está com vocês, assim à maneira de um balão escravizado. Ajudem-me. Preciso ver e ouvir aqui para retomar-me como sou.

As vozes de casa chegam ao meu coração e, como se continuássemos juntos, vejo-os no quarto, guardando-me as lembranças como se devesse chegar a qualquer instante.

E o meu pensamento não sai de onde me prendem. Agradeço, sim, o amor em suas lágrimas. Agradeço o carinho em suas preces, mas venho pedir-lhes para viverem. Viverem! E viverem felizes, porque assim também serei feliz.

Esqueçam o que sucedeu, ninguém me prejudicou, ninguém teve culpa.

Mal sabia eu que um passeio domingueiro era o fim da resistência física.

O coração parou, ao modo de um motor de que não se descobre imediatamente o defeito.

Sou eu quem deu tanto trabalho aos amigos. Notei quando me chamavam, quando me abraçavam, massageavam e me faziam quase respirar sem conseguir.

Agradeço por tudo. Depois foi o sono, um sono profundo, do qual acordei para chorar com o pranto de meus pais e de meus afetos mais queridos.

Sueli, acalme-se e auxilie os pais queridos.
Nada de lamentações e reclamações.

Deixei o corpo num domingo sem extravagâncias quaisquer.
Há quem pense em drogas, quando se deixa a vida física assim qual me sucedeu. Mas não havia drogas, nem abuso da véspera. Estávamos sóbrios e brincávamos à maneira de pássaros descuidados.

Em qualquer lugar, que me achasse, a queda de forças seria a mesma.

Estou saudoso de tudo, dos familiares queridos, dos companheiros, dos estudos e das aulas; entretanto espero sarar e refazer-me. Para isso você, meu querido pai, e você, querida mãezinha, são as alavancas de que preciso para me levantar.

Aqui comigo estão o meu avô Basso e um coração de benfeitora a quem chamo Irmã Elvira(2). Estou bem, mas é preciso melhorar.
Encaremos a vida como deve ser a vida perante Deus e esperemos o futuro melhor.

Creiam que estou fazendo muita força para não acovardar-me.
Não posso aumentar-lhes os sofrimentos.

Agora, é o momento de pensarmos na fé, na fé viva, que nos ergue o pensamento para a Vida Maior. Abençoem-me e ajudem-me.
Lembrem-me estudando e não morto, porque a vida não admite a morte. Por hoje nada mais consigo escrever.

A garganta, como se eu fosse falar, está constrangida, e as lágrimas estão contidas a ponto de rebentar. Quero confiar em Deus e em vocês e por isso termino com um abraço, deixando aqui a vocês aquele beijo de todos os dias, rogando a Deus para que nos fortaleça e nos abençoe.

Jair Presente (sic)"

MENSAGEM ATRIBUÍDA A JAIR PRESENTE

Data: 25 de agosto de 1974

"Oi, Gente! Vocês aí, vocês mesmo, entocados nos bancos. Papai, minha mãe, Sueli, Carlos, Sérgio, Wilson e conexos.

Não coloquem a imagem desta mensagem no gibi de ensinar; isso é conversa de casa, fora da prensa de imprensa. Se eu não garanto já o jamegão aqui deste modo, vocês estarão aí de olho cumprido e de espírito jururu. É duro isto, mas não fiquem matutando, encucados na ideia de que vou continuar assim; gíria não dá para nós, os que varamos o rio da mudança. Pedi favor para escrever assim, só para mostrar prá vocês que estou vivo, vivinho mesmo.

E quero dizer a meu pai que não fique de pensamento vidrado nas águas; se dei uma de peixe foi para nadar melhor. Fico abilolado quando meu pai começa a embarafustar na lembrança de Praia Azul. Papai tenha paciência. Voltei como vim. Não sabemos como é isso, não. Vamos deixar isso prá lá. Deus sabe tudo e em nossa moringa cabe somente alguma coisa.      Estou bem, estou melhorando, mas vou largar esse negócio de palavras giradas. Já saí da bananosa, começo a compreender que preciso educar meus impulsos. Educar impulsos é qualquer coisa de progresso. 

Não me lembro de haver dito isso, apesar dos livrocas que andei consultando. Isso quer dizer que já não me vejo com trutas que largam os deveres de mão para alfinetar o tempo e acabar com as horas.
Vocês aí!...Carlos que tu tás pensando? Não fique parado, não, depois de saber que o negócio não termina ali no meio das estátuas. Olhe rapaz, os dias vão correndo... Quando puder acompanhe minha mãe para dar serviço no serviço do bem.    Aqueles amizades nas panelas de sopa estão certos e os caras que somos nós, quando longe deles, é que ficamos nas risadas do já era. Trabalhar, meu amigo, trabalhar pelos outros.

Sempre acreditei que mendicância seria preguiça, conversa mole, mas o problema é diferente. Se temos de mudar qualquer coisa, temos de começar mudando a nós mesmos. E só existe uma transformação que vale a pena: ajudar os que precisam mais do que nós para que larguem de precisar.

Você e Sérgio, venham também.

Wilson anda arrepiado num medo fora de série, mas já veio. Está batucando sem passar por cima da verdade. O moço está querendo mesmo transar diferente. Muitas vezes ele me sente perfeitinho junto dele, mas e a paúra? Ele diz que deseja me ver, mas se eu pintar mesmo diante de vocês, já sei que sairão pirandelando por aí. Não conte com isso, não. Essa de parecer fantasma já era mesmo.
Só aqueles caras gamados com casa e comida é que ficam aí, às vezes, até procurando esquecer tudo com umas e outras. Mas vocês já sabem. Essa de pinga não cola.

Gostamos da vida e fomos irmãos de alegria e de esperança; no entanto, nada sabemos de trampar com essa ou aquela prisa. Fomos e somos rapazes decentes e porque largamos cabelos nas caras para não ficarmos caretas, isso não é motivo para sermos espíritos adoidados, querendo o que não se deve querer.

Wilson, tu tás abilolado a toa. Não pense que tudo aqui seja concedido de mão beijada. Prato feito acabou. Mentira não vale. Toda conquista pede tempo e suor, creio que mais suor do que tempo.
Mediunidade é transmissão. Tarei na onda certa? Creio que sim, embora não tenha as palavras para explicar. Vocês agora aí tão interessados em comunicação, saibam disto: cada um dá o que tem. Isto pode ser de coisa passada, mas é muito válido.

A gente aproxima do médium e quer falar, e aí temos de güentar o assunto, porque só falamos em dupla; o médium quando não tem muito exercício nos passa prá trás e fala na frente. Vocês ficam parados na fachada e esquecem a faixa em que nos achamos. Por isso, Wilson, é que nestes casos que hoje vemos é melhor que a cuca não fique botando banca. É hora do coração conversar. Não quero que você esteja santo, mas também não desejo que você fique esperto demais. Nem anjo, nem gato. Fique você mesmo e observe que a crista do problema é auxiliar outros para sermos auxiliados. Hoje vivo partindo para essas novas atitudes que me façam mais útil. Viver bem para encontrar o bem e ser melhor.

Se a gente morresse mesmo, era só seguir entre a preguiça e a rede; no entanto, a morte é uma passagem que parece aquela porta dos contos de fadas. Vocês abraçam a gente movimentando gritos e lágrimas e o cara não consegue falar bolacha. Estamos encantados pela bruxa que não se vê, mas posso dizer que é uma bruxa inofensiva, porque nem a vemos de leve. A morte chega e decerto bate aquela varinha em nossa cabeça; a gente dorme, acorda com vocês chamando e chamando, e aos poucos saímos do barro ou da pedra. O negócio é isso.

Quero que ocês todos fiquem aí até que o mofo espante vocês do saco de pele e ossos; peço a Deus que todos se arrastem de velhos, mas eu não sei se isso vai acontecer. De qualquer modo preparem-se, para vir algum dia. E saibam que só temos aqui o que damos e só sabemos o que colocamos por dentro de nós.

Em negócio de sexy, fiquem acesos para pensar melhor. Não brinquem com fogo, que o fogo nesse assunto queima muito mais do lado de cá.

O que vocês prometem cumpram.

E o que fizerem no campo dos tratos saibam tratar, porque o amor é uma luz que não aparece em querosene de papagaiadas de conversa furada.

Estão abrindo a boca perto de mim, creio que os amigos estão cansados. Já escrevi muito. E se continuasse, o papel necessário, não está apontado no gibi. Vocês não se impressionem com o que digo. Vivam corretos e tarão certos. Não dou para ensinar porque não sou santo. Desculpem.
Mamãe e papai, concedam aí uma bênçãos ao filho agradecido.

Sueli, acertemos tudo no coração para fazer o bem. 

Vocês, meus cupinchas, não fiquem rindo, não. Coloquemos a cuca para jambrar e busquemos o que estiver certo; Carlos, Sérgio, Wilson e nossa amiga, favoreçam este espírito de rapaz supostamente afogado com os pensamentos bons, com o que puderem dar aí para mim; vou melhorar, estou caminhando e caminhando para frente.

Hoje, escrevi adoidadamente, mas voltarei com siso e juízo. Não posso empregar palavras mais fortes neste tchau e é preciso acabar esta carta antes da matina. 

Recebam o maior abraço da paróquia.

Falei mas não sei se disse.

Jair (sic)"

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Estudo da Universidade de Juiz de Fora sobre caso Jair Presente deu parecer errado

JAIR PRESENTE, FALECIDO POR AFOGAMENTO EM 1974, TEVE CARTAS SUPOSTAMENTE ATRIBUÍDAS A SEU ESPÍRITO.

Um estudo científico feito pela Universidade Federal de Juíz de Fora deu um parecer errado, favorável a Chico Xavier, depois da análise de cartas atribuídas ao espírito do jovem Jair Presente, morto por afogamento há 40 anos.

Nascido em 10 de novembro de 1949, em Campinas, interior paulista, era estudante de Engenharia e faleceu na mesma cidade, quando estava na praia com os amigos. Chico alegava ter recebido, a partir de março de 1974, treze cartas atribuídas ao espírito do jovem falecido. Jair era filho de José Presente e Josefina Basso Presente.

Conforme alegou o diretor do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde da UFJF, psiquiatra Alexander Moreira Almeida, que coordenou o trabalho feito em parceria com o Departamento de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, a partir do pós-doutorado dos pesquisadores Denise Paraná e Alexandre Caroli Rocha.

"A motivação foi a importância que as chamadas cartas psicografadas têm no Brasil e a falta de estudos acadêmicos a respeito delas. Sabe-se que pessoas enlutadas podem aceitar, como sendo reais e precisas, cartas que contêm apenas informações genéricas", disse Almeida, que alegou ter usado todo o rigor científico para o estudo das referidas cartas.

Almeida acrescentou que a metodologia usada foi colher depoimentos detalhados de familiares e amigos de Jair, pesquisa de escritos deixados por Jair em vida, verificação de documentos em cartórios relacionados e leitura de recortes de jornais, num estudo que seus responsáveis garantem ser "rigoroso" e "minucioso".

A tese de "veracidade", alcançada pelo estudo, no entanto, revela-se equivocada, mesmo com todo o cuidado da pesquisa. As alegações foram de que as treze cartas atribuídas a Jair Presente "não mostravam apenas informações genéricas" e supostamente apresentavam dados que seus familiares "não conheciam". Outras informações conhecidas seriam apenas do âmbito privativo das famílias.

Não há garantias se tais informações confidenciais comprovam a veracidade da autoria de Jair Presente. Consta-se que Chico Xavier tinha seguidores que conversavam com os visitantes com o intuito de colher informações. Mesmo conversas informais aqui e ali eram aproveitadas para colher dados sobre os familiares.

Moizés Montalvão, questionando o trabalho de Maria Júlia Peres e outros membros da Associação Médico-Espírita do Brasil (AME), deu o seguinte questionamento a ser reproduzido abaixo. Moizés é conhecido em vários fóruns e mídias sociais na Internet pelos questionamentos feitos aos deslizes do "espiritismo" brasileiro. Vamos lá:

"Aliás, é um dado que salta à vista de quem examina o conjunto dos escritos da espécie, produzidos pelo médium: as missivas são muito semelhantes, tanto em estilo, quanto nas palavras utilizadas pelos pretensos mortos. Maria Júlia e equipe parecem não ter percebido este importante tópico. Se perceberam não deram a devida atenção. Entretanto, o fato das múltiplas cartas, relativas a múltiplas pessoas, serem muito parecidas mostra claramente que a gênese das missivas provém de uma única fonte, que foi a criativa mente de Chico Xavier".

As mensagens têm a mesma caligrafia xavieriana e, na maioria das vezes, apresentam o mesmo apelo religioso. Mas o que surpreende, e iremos mostrar em outro texto, é a disparidade de uma carta atribuída a Jair Presente em 15 de março de 1974, com claro estilo xavieriano, e outra, de 25 de agosto de 1974, aparentemente com linguagem típica de um hippie, tipo muito comum de jovem naquela época.

Quanto à pesquisa da UFJF, ela teve resultado equivocado, ainda que admita que o estudo ainda é inconclusivo. A grande mídia e a Fedaração "Espírita" Brasileira estão esperançosos que o estilo se conclua favorável a Chico Xavier, e comemoraram a publicação da pesquisa na revista Explore, do portal Elsevier (editora holandesa cuja filial brasileira se dedica a publicar livros sobre concursos públicos).

Mas há muitas irregularidades que se deixam passar e que aspectos delicados como informações confidenciais ou desconhecidas dos familiares não garantem veracidade da autoria de Jair Presente, pois, não havendo segredos no mundo espiritual, eles podem ser transmitidos por algum espírito traiçoeiro.

Além disso, o problema não está nas semelhanças, mas nas diferenças e outros aspectos irregulares. Pouco importa se a mensagem apresenta muitas semelhanças, se há um único detalhe que destoe da personalidade original do falecido, ela derruba toda chance de veracidade.

Aspectos como a caligrafia - se ela se limita a ser idêntica a Chico Xavier, não há chance de veracidade - , o estilo do texto, o estilo artístico e linguístico e tudo o mais, deveriam ser considerados no estudo e feitos com a maior cautela possível. E todo o rigor investigativo foi traído pelo desconhecimento ou subestima a esses detalhes.

Não é preciso ser grafoscopista, por exemplo, para verificar que as assinaturas do suposto espírito se diferem das que ele teve em vida. Só isso já derruba qualquer coisa, qualquer semelhança, qualquer dado particular que "a família não saiba" e outros supostos atestados de veracidade. Detalhes pequenos podem dar o veredito final, relativos ao estilo de escrever e de pensar do falecido.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Carta "psicografada" mostra caligrafia de Chico Xavier


Às vezes os próprios seguidores do "espiritismo" de Chico Xavier e derivados deixam mostrar suas próprias irregularidades. Desde casos como Suely Caldas Schubert, que mostrou cartas com Chico Xavier deixando vazar a tese "absurda" de Alceu Amoroso Lima, de que Parnaso de Além-Túmulo teria sido feito por uma equipe de editores, os chiquistas são pegos com as bocas na botija.

O cartaz usado para o documentário As Cartas Psicografadas por Chico Xavier, de Cristiana Grumbach, praticamente entrega o delito, quando uma carta supostamente atribuída ao espírito do jovem Roberto Muszkat apresenta caligrafia similar ao do próprio "médium" Francisco Cândido Xavier.

Ora, sabemos que uma mensagem espiritual feita por carta não necessariamente tem a assinatura do médium e, em tese, ela deveria ter ao menos algum indício da caligrafia do falecido, para que tivesse alguma veracidade. Mas não é assim que acontece.

O que se vê é a carta inteiramente redigida com a caligrafia de Chico Xavier, até mesmo na assinatura do jovem falecido, como mostramos na imagem abaixo, numa comparação à caligrafia atribuída ao missivista do além com a do próprio Chico Xavier, já reproduzida para o cartaz do famoso filme biográfico sobre o anti-médium mineiro.


O modo de escrever a carta e a assinatura do "médium" são muito idênticos, e os "espíritas" se contradizem quando tentam justificar tais deslizes. Uns declaram que a carta foi "ditada" e por isso levava a caligrafia do suposto médium. Outros apontam semelhanças com a assinatura original do falecido que na verdade inexistem. Outros preferem omitir detalhes e dizer que a veracidade está nas "mensagens de amor".

Mas isso mostra o quanto a irregularidade é evidente. E isso quando se confrontam cartazes de dois filmes, deixando os defensores de Chico Xavier num impasse. E faz sentido saber que o princípio da "admirável" ideologia de Chico é o silêncio, porque só mesmo a omissão e a credulidade podem lhe agir a seu favor, quando ele é prejudicado pelos exames da lógica e da coerência.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Caridade perigosa: quando se manipula ensinando

ILUSTRAÇÃO COM JESUS "EUROPEIZADO" PELA IGREJA CATÓLICA RECEBENDO CRIANÇAS HUMILDES.

A caridade, da forma como se conhece convencionalmente, pode ser perigosa? Sim, e muito. A questão de dominar através do relativo auxílio demonstra muito mais crueldade do que bondade, porque a ajuda é feita mediante uma troca.

Poucos compreendem o que realmente é caridade. Dar esmolas e oferecer cestas básicas, mas mantendo os miseráveis dentro de sua condição impotente de mudar suas vidas por si próprios, é, muitas vezes, tratá-los como animais domésticos quando recebem alimentos ou quando são convidados a brincar com o dono.

Nada se transforma, por mais que sejam difundidas "palavras de amor" e vídeos diversos apresentem tais "caridades" sob um fundo musical piegas, de alguma música orquestrada ou uma melodia piegas com tecladinho. Tudo serve apenas para alimentar a vaidade dos "caridosos" de ocasião.

E quando a educação é feita dentro dos limites ideológicos das religiões, o perigo se torna ainda mais ameaçador. É certo que crianças são retiradas das ruas ou dos cenários de abandono que as levariam a serem adotadas pela carreira criminosa, mas, por outro lado, a ação aparentemente filantrópica e educativa não consiste em algo realmente gratuito ou proveitoso.

Isso se justifica porque, por trás de projetos educacionais que, em tese, se confundem com as escolas públicas ou com projetos pedagógicos progressistas, existe a chamada "lavagem cerebral" ideológica, o preço caríssimo que se cobra diante de ajudas tão "sinceras" e "profundas".

CIDADE DA LUZ

Quando eu estava ainda iludido com a crença espiritólica, eu fui várias vezes à chamada Cidade da Luz (do "centro espírita" Cavaleiros da Luz), criada pelo anti-médium José Medrado, e, num evento comemorativo, provavelmente antecipando o feriado natalino, notei que as crianças mantidas na instituição pareciam isoladas, observando tudo de fora.

Uma voz na minha consciência me fez comparar os meninos humildes que lá viviam como animais em cativeiro. Rumores indicam que eles "trabalham" como flanelinhas no local. E, além do mais, eles é que são "aconselhados" a evitar o "bicho homem" que aparece afora, na plateia de cada espetáculo de doutrinária ou de suposta pintura mediúnica (falsificada) de José Medrado.

Muito estranho. E o que é que se ensina, junto ao beabá habitual, às contas aritméticas e os conceitos comezinhos de cidadania? Simples, aspectos ideológicos referentes às crenças determinadas, e, no caso do "espiritismo" brasileiro, como em outras religiões, nota-se o preço de aprender a ler acreditando em dogmas e fantasias.

E isso cria uma base de apoio perigosa para os jovens carentes, que poderão escrever, ler e fazer contas, mas obterão a cidadania de maneira torta e sem muita transformação. Eles acabarão apoiando os erros e equívocos de seus protetores e estarão a serviço de suas vaidades e privilégios.

Por isso a caridade pode ser um ato simples, mas tem sua complexidade na cautela que é necessária para evitar determinadas armadilhas. E a emotividade cega das pessoas não permite que se faça discernimento para a caridade espontânea e transformadora e a "caridade" manipuladora que desenvolve a cidadania pela metade.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Famílias são enganadas e exploradas por supostos médiuns

CHICO XAVIER CONSEGUIU ENGANAR A MÃE DE HUMBERTO DE CAMPOS, SE APROVEITANDO DE SUA EMOTIVIDADE.

A emotividade também pode ser traiçoeira. A saudade pode permitir muitas armadilhas. Por isso, no "espiritismo" feito no Brasil, as famílias que perderam seus entes queridos são as mais enganadas e exploradas pelos seus líderes e supostos médiuns, da maneira mais leviana e perniciosa que houver.

Isso é preocupante. Nos processos fraudulentos feitos sob o rótulo de "mediunidade", mães e outros parentes são seduzidos pelo clima de comoção e, tomados pela saudade desesperada, admitem veracidade nas mensagens falsas que recebe, atribuídas a seus filhos ou entes falecidos, pela primeira semelhança que encontram pela frente.

Sem terem coragem de fazer o menor discernimento, as mães traem sua própria confiabilidade ao notarem autenticidade em mensagens atribuídas a seus filhos que apontam claras irregularidades, que podem ser observadas até mesmo sem muito esforço.

O que dizer de tantos exemplos? Por exemplo, o caso da mãe de Humberto de Campos, Ana de Campos Veras, que, de tanta saudade de seu filho, morto ainda relativamente jovem, aos 48 anos de idade, viu "coincidências de estilo" com a obra de seu filho nas supostas psicografias de Francisco Cândido Xavier.

Ana chegou mesmo a ler trechos de Crônicas de Além-Túmulo, primeiro livro atribuído à autoria espiritual de seu filho, além de mandar cartas cumprimentando Chico Xavier por "ter trazido Humberto" de volta com os "novos livros e artigos". A mãe de Humberto de Campos caiu na armadilha das "palavras de amor".

A atitude de Ana é completamente diferente daquela feita pela viúva e pelos filhos de Humberto, que estranharam o uso do nome do falecido marido e pai, em obras que se verificou irregulares e patéticas em comparação com o estilo que o escritor maranhense trabalhou em vida. Moveram um processo contra Chico e a FEB e constataram que o trabalho por estes feito é fraudulento.

A atitude de Ana de Campos não é exclusiva. Vários casos ocorrem ao longo do tempo e são muitos. Recentemente, familiares de algumas vítimas do incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, cidade gaúcha, financiaram um livro de supostas psicografias de seus entes falecidos, intitulada Nossa Nova Caminhada.

São apontadas irregularidades diversas, não bastasse o panfletarismo religioso ser bastante carregado e até exagerado, mesmo quando se admite que os falecidos eram religiosos fervorosos. Mas, nas supostas mensagens "do além", eles exageram, mais preocupados em mendigar fraternidade do que dizer de que forma se recuperaram da morte repentina.

E as famílias vão aplaudindo, sem perceber certas nuances. E isso desafia os questionadores do "espiritismo" brasileiro, favorecendo Chico Xavier, Divaldo Franco e companhia, porque, em tese, os familiares são os que mais conhecem os entes falecidos, pelo fato de terem convivido intensamente com eles e conhecido seus hábitos mais peculiares.

Mas, numa observação bem cautelosa, uma questão vem à tona. Será que familiar é o mesmo que ser especialista? E até que ponto um familiar pode conhecer bem o seu ente, e até que ponto uma mãe, um pai, um irmão ou descendente pode reconhecer um falecido através de umas vagas semelhanças? E em que ponto eles podem se enganar ou serem enganados?

O CASO LEGIÃO URBANA

Um exemplo didático é o caso da Legião Urbana. Trava-se uma batalha judicial entre os dois músicos que integraram a banda, o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá, que conviveram com o falecido vocalista Renato Russo, e o filho deste, Giuliano Manfredini.

Giuliano não vivenciou a trajetória da Legião Urbana, tendo nove anos de idade quando o pai faleceu. Seus referenciais culturais estão mais próximos de grupos como Charlie Brown Jr. e CPM 22, com perfis bastante divergentes da banda do seu pai. Mas hoje ele é o responsável pela marca Legião Urbana, podendo produzir tributos à banda da maneira que quiser.

Certa vez, Giuliano chamou Ivete Sangalo para cantar ao lado de uma montagem digital, um holograma de Renato Russo, sendo que a cantora baiana nada tem a ver com qualquer momento relativo à banda brasiliense.

Artistas mortos podem ser desviados de seus contextos, dependendo das conveniências. Vide o puxa-saquismo que Chitãozinho & Xororó, Zezé di Camargo & Luciano e a turma da axé-music deram a Raul Seixas, que não apreciava tais nomes musicais. Até os odiava, só para deixar o politicamente correto de lado.

Foi preciso Kika Seixas, que havia sido mulher mas, acima de tudo, parceira de Raul, entrar com processo judicial para barrar um tributo de axé-music a Raul Seixas, que, se vivo fosse, ele teria abominado tal "homenagem".

É uma questão controversa. Afinal, espera-se que familiares sejam "especialistas" e "profundos entendedores" de seus entes queridos. Nem sempre é assim, e isso ocorre quando a vida profissional afasta estas pessoas dos familiares, partindo para uma individualidade que nem aqueles que o acompanharam desde o berço são capazes de compreender.

É a partir dessas situações que os familiares e seus entes queridos se afastam, não pela afeição ou pela falta de convívio, mas pela falta de acompanhamento ou de identificação com as suas atividades profissionais.

FAMILIAR NÃO É ESPECIALISTA

É muito comum mães que, por mais afetuosas e íntimas que sejam de seus filhos, nem de longe consigam compreender as atividades artísticas deles. No caso de artes plásticas e de bandas de rock, os filhos costumam expressar aspectos secretos de sua individualidade, algo que pega seus familiares de surpresa.

É a partir das atividades artísticas ou profissionais que os entes queridos desenvolvem suas caraterísticas individuais, incompreendidas pelos seus familiares, por mais que suas afeições e seus sentimentos de amor e as relações de amizade sejam mantidos e efetivados.

Isso porque são outros contextos, outras intenções, e daí que os familiares muitas vezes deixam de ser "especialistas" de seus entes, de forma a que, quando estes morrem, não há afinidade suficiente para que haja uma herança que vá além dos laços afetivos e se estenda para a compreensão do que o ente representou ou foi.

Por essa falta de compreensão da individualidade dos entes queridos é que muitas famílias se enganam e são traídas por sua emotividade. E isso se torna claro quando se põem à prova eventos ou manifestações póstumas que nada têm a ver com as personalidades desses entes.

Semelhanças vagas se perdem em diferenças e nuances que a emotividade afetiva cega e ignora, e com isso se deixam passar assinaturas falsas que imitam muito mal as caligrafias dos falecidos, ou mesmo as "palavras de amor" por si só são tidas como "autênticas", seduzindo o parente saudoso em sua emotividade.

A exemplo de homenagens que mais constrangeriam os falecidos, se caso estivessem vivos, as atividades "mediúnicas" que evocam os nomes dos falecidos se tornam manifestações duvidosas, em que semelhanças vagas não escondem diferenças aberrantes, como num pastiche que busca imitar o verdadeiro mas não esconde suas diferenças falsificadoras.

Por isso a adesão das famílias às fraudes do "espiritismo" consiste num processo perigoso e traiçoeiro. Tomadas pela emoção e saudade extrema, as famílias atribuem veracidade à primeira mensagem que recebem em nome de cada ente falecido. Sem verificar irregularidades, acabam aceitando tudo traídas pela própria emoção e saudade.

Isso é muito ruim e pode fazer com que famílias sejam duramente enganadas e, sem saberem, causar uma grande tristeza para seus entes queridos, impossibilitados de se comunicarem porque outros já se "comunicam" usando os nomes dos falecidos.

É só comparar o que ocorreria se, vendo um parente nosso viajando bem longe, algum picareta forja uma carta em nome desse parente e envia para nós, dizendo coisas maravilhosas mesmo quando apresenta uma caligrafia diferente e alguns dados e aspectos incorretos. O parente ficaria triste se descobrisse essa manobra, e nós também.

Daí tomarmos muito cuidado com nossa própria emotividade. Antes de amar e acreditar, é preciso vigilância. Antes deixássemos de acreditar e confiar, quando algo de errado se apresenta. As piores traições acontecem por trás de "palavras doces e carinhosas".

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Jesus havia advertido sobre falsos sábios

DIVALDO FRANCO - Personificação da hipocrisia pseudo-sábia que havia sido alertada por Jesus.

"Haverá falsos cristos e falsos profetas", dizia Jesus àqueles que lhe ouviam, em diversas ocasiões cujos registros em parte se perderam, e outros ficaram para a posteridade nos relatos trazidos pelo Novo Testamento.

Jesus, que reprovava os tipos pedantes de fariseus e saduceus, devotos religiosos dotados de falsa sabedoria e pretensa superioridade espiritual e moral, que se arrogavam em ficar na frente de seus templos para orarem agradecendo à sua própria vaidade, havia feito alertas preciosos que foram ignorados ou mal compreendidos.

Com suas lições deturpadas pela tirania católica da Idade Média, Jesus previu a hipocrisia de pretensos sacerdotes e falsos profetas, que manipulavam corações e mentes exibindo uma suposta sabedoria e uma capacidade de dominar usando argumentos verossímeis e falsos alertas.

Jesus adotou atitude comum à do filósofo Sócrates, que denunciava a prática dos chamados sofistas, retóricos que se passavam por professores e intelectuais na Grécia Antiga para enganar seus ouvintes através de um discurso confuso que se pretendia demonstrar a verdade.

Como possível solução, que a prática não revelou infalível mas Sócrates considerava viável, era a chamada maiêutica socrática, que consistia em criar premissas para verificar se tal hipótese estaria próxima da verdade. Ela consistia em três etapas.

1) Criar uma ideia genérica - Tal fenômeno se expressa por determinada razão.

2) Depois, criar uma ideia complementar - o que se expressa por alguma razão é verdadeiro.

3) Em seguida, tem-se a conclusão - Logo, o fenômeno tal é verdadeiro.

Controvérsias à parte, o que se nota é que tanto Sócrates quanto Jesus, e sobretudo este, alertavam sobre a hipocrisia dos pseudo-sábios, habilidosos manipuladores das palavras, malabaristas dos argumentos verossímeis, enganadores espertos que seduzem os incautos com facilidade.

FARISEUS - Exemplos de pseudo-sábios que viveram na época de Jesus.

Com as sucessivas deturpações em torno de Jesus, que com toda sua missão pacifista foi promovido (ou rebaixado?) pelo Catolicismo medieval a um "senhor dos exércitos", general simbólico das cruzadas, verdadeiras milícias que promoviam guerras sanguinárias e tirânicas, suas lições originais foram desvirtuadas de maneira mais perniciosa possível.

O Catolicismo medieval distorceu a missão de Jesus, e, em seguida, com suas formas herdeiras, como o Catolicismo medieval português, que sobreviveu ao fim da Idade Média e mostrava vestígios até na época da viagem da família real para o Brasil, forneceu as bases doutrinárias para o empastelado "espiritismo" feito no Brasil.

Com a distorção do sentido de médium no Brasil, eliminando sua função intermediária do contato entre vivos e mortos e transformando-o num dublê de filósofo e consultor sentimental, vieram novos pseudo-sábios a ludibriar seus seguidores com uma habilidade assustadora em pleno século XXI.

Chico Xavier e Divaldo Franco tornam-se os maiores exemplos dessa falsa sabedoria, dessa confusão um tanto hipócrita de ignorância e humildade com sabedoria, por parte de Chico, ou da pose de serenidade professoral de palavras bem articuladas e argumentos muitas vezes falsos, mas verossímeis, por parte de Divaldo.

Eles trazem em si essa falsidade de palavras bonitas, que alimentam o poder dominador e castrador do "movimento espírita", por meio de "dóceis" lições moralistas, "palavras de amor" que adoçam corações e envenenam vidas, como é o caráter azarento que frequentemente marca o "espiritismo" em muitas pessoas.

Modernos fariseus, falsos profetas contemporâneos, Chico (in memoriam) e Divaldo puxam uma legião de seguidores e discípulos que fazem a mesma coisa: posam de humildes enquanto usam palavras bonitinhas para ludibriar as pessoas e promover o conformismo que trava o verdadeiro progresso social na humanidade, sobretudo no problemático Brasil.

Palavras como verdadeiras mercadorias sentimentais, dadas de graça para os ouvintes, sob o preço de sua submissão ao conformismo que o moralismo religioso determina às pessoas. Tudo fica para a vida futura, porque as pessoas têm que aguentar seu sofrimento sem criticar - como "aconselha" Emmanuel - e sem ficar triste - como "aconselha" Joana de Angelis - , mas "amando tudo isso".

Dessa forma, os modernos falsos profetas do "espiritismo" brasileiro, que traem as lições de Jesus bem mais do que o delator Judas Iscariotes, e condenam com dóceis palavras as pessoas a aguentar seu sofrimento e suas limitações, escravas da fé e da diabetes verborrágica dos falsos profetas contemporâneos, a procurar novos Jesus para crucificar com seu moralismo pseudo-sábio.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Chico Xavier e Antônio Wantuil escreveram texto tido como de Humberto de Campos

ORIGENS DA OBSESSÃO XAVIERIANA - HUMBERTO DE CAMPOS LANÇOU ESTE LIVRO QUANDO FAZIA SUA RESENHA SOBRE UM LIVRO DE FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER.

Chico Xavier era um obsediado. Queria ser "dono" de alguns mortos. Sentia fascínio mórbido por falecidos precoces. Sua obsessão era se apropriar de seus carismas e inventar "novas mensagens" atribuídas a eles. E tudo dentro de uma pieguice que seduz, até hoje, muita gente.

A maior obsessão de Chico Xavier era por Humberto de Campos. Chico queria ser "proprietário" do legado póstumo do escritor maranhense, cujos supostos escritos, com uma observação bastante cautelosa e prudente, nada tinham a ver, em estilo, narrativa e temática, ao estilo culto e erudito, porém coloquial e de linguagem concisa e bem-humorada, de Humberto.

O "Humberto de Campos" de Francisco Cândido Xavier é prolixo, choroso, dramático, com temáticas religiosas, uma vivência mais próxima a de um sacerdote do que a de um membro da Academia Brasileira de Letras. Nem de longe parece o Humberto divertido e jovial de O Brasil Anedótico.

Uma das provas disso é que livros como Crônicas de Além-Túmulo e Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho mostram diversos plágios cometidos por Chico Xavier, sobretudo de livros do próprio Humberto, num estranho enxerto de tiradas humorísticas na melancólica narrativa atribuída ao espírito do escritor maranhense, mas que em nada indicam veracidade.

Muito pelo contrário. Os enxertos acabam revelando um plágio ainda mais grotesco, transformado num engodo, os livros de Chico Xavier que levam nos créditos o nome de Humberto de Campos se mostram verdadeiros Frankensteins literários, tamanhos os plágios diversos que compõem seus conteúdos confusos.

É até risível que um arrogante Antônio Wantuil de Freitas, o temperamental presidente da Federação "Espírita" Brasileira nos idos de 1944, tentou explicar a "coincidência" de trechos dos livros "psicografados" com os que Humberto produziu em vida:

"Os trechos de “Brasil Anedótico”, que são indicados como plagiados por Francisco Xavier, não podem ser considerados como tais. Qualquer escritor, relatando em nova obra o que já dissera em outra, repete frequentemente as mesmas expressões".

A MENSAGEM DO "ESPÍRITO HUMBERTO"

Todavia, verificamos que uma mensagem atribuída a Humberto de Campos, publicada pela FEB depois do episódio do processo dos familiares do falecido escritor, mas ainda em 1944, e também registrada por Miguel Timponi, advogado da federação, no livro A Psicografia Ante os Tribunais, documento tendencioso mas válido para pesquisas, teria sido forjada por Chico e Wantuil.

Segue a referida mensagem:

"Não desconheço minha pesada responsabilidade moral, no momento quando o sensacionalismo abre torrente de amargura em torno de minh'alma.

Recebeu-me a Federação Espírita Brasileira, generosamente, em seus labores evangélicos, publicou-me as páginas singelas de noticiarista desencarnado, concedendo-me o ingresso na Academia da Espiritualidade. E continuei conversando com os desesperados de todos os matizes, voluntariamente, como o hóspede interessado em valer-se da casa acolhedora.

Eis, porém, que comparecem meus filhos diante da justiça, reclamando uma sentença declaratória. Querem saber, por intermédio do Direito Humano, se eu sou eu mesmo, como se as leis terrestres, respeitabilíssimas embora, pudessem substituir os olhos do coração. Abre-se o mecanismo processual, e o escândalo jornalístico acende a fogueira da opinião pública. Exigem meus filhos a minha patente literária e, para isso, recorrem à petição judicial. Não precisavam, todavia, movimentar o exército dos parágrafos e atormentar o cérebro dos juízes. Que é semelhante reclamação para quem já lhes deu a vida da sua vida? Que é um nome, simples ajuntamento de sílabas, sem maior significação? Ninguém conhece, na Terra, os nomes dos elevados cooperadores de Deus, que sustentam as leis universais; entretanto são elas executadas sem esquecimento de um til.

Na paz do anonimato, realizam-se os mais belos e os mais nobres serviços humanos.

Quero, porém, salientar, nesta resposta simples, que meus filhos não moveram semelhante ação por perversidade ou má-fé. Conheço-lhes as reservas infinitas de afeto e sei pesar o quilate do ouro da carinhosa admiração que consagram ao pai amigo, distanciado do mundo. Mas que paisagem florida, em meio do mato inculto, estará isenta da serpe venenosa e cruel? É por isto que não observo esse problema triste, como o fariseu orgulhoso, e sim como o publicano humilhado, pedindo a bênção de Deus para a humana incompreensão.

Diante, pois, do complicado problema em curso, ajoelho-me no altar da fé, rogando a Jesus inspire os dignos juízes de minha causa, para que façam cessar o escândalo, em torno do meu Espírito, considerando que o próprio Salomão funcionasse nessa causa, ao encarar as dificuldades do assunto, teria, talvez, de imitar o gesto de Pilatos, lavando as mãos".

HUMBERTO DE CAMPOS (sic)

Antes que pudéssemos comentar a referida carta, cabe aqui apresentar fragmentos como uma amostra ligeira de como é o estilo de prosa de Humberto de Campos e as maneiras de escrever de Antônio Wantuil de Freitas e Chico Xavier. Primeiro vamos a Humberto, o que demonstra claramente a disparidade do estilo original com o da mensagem escrita pelo suposto "espírito".

Segue uma amostra da produção em vida de Humberto, neste capítulo do livro O Brasil Anedótico, "O Orgulho de um Gênio", no qual cita como fonte inspiradora do causo (o livro se dedica a tiradas humorísticas envolvendo personalidades da época) um outro livro de Humberto, Carvalhos e Roseiras. Humberto também se baseou em outros autores para extrair outras situações registradas em seu livro de 1927.

O ORGULHO DE UM GÊNIO

Humberto de Campos - Carvalhos e Roseiras pág. 63

Joaquim Gomes de Sousa, o genial brasileiro, que, aos trinta anos, resumia todo o saber do seu tempo, era profundíssimo em tudo, principalmente em matemática. Na Câmara, discutia todas as matérias. Certo dia, ao apartear um deputado que discursava sobre finanças o orador retrucou veementemente:

- O assunto em discussão não é da especialidade de V. Ex.!

E Gomes de Sousa, logo, de pé, com todo o fogo do seu orgulho:

- É por isso mesmo que eu o discuto com V. Ex. Se se tratasse de assunto de minha especialidade eu não admitiria V. Ex. à discussão.

Segue-se agora uma amostra do estilo do então presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas, que em 1949, usando o enigmático pseudônimo Minimus - do qual, originalmente, não se deu qualquer esclarecimento - , no trecho extraído do livro Síntese de O Novo Testamento:

"(...)Supuséramos sempre como impossíveis de concatenação adequada: a mente prática de Mateus, a descritiva, de Marcos, a artística, de Lucas, e a divina, de João. (...) O Novo Testamento, revelação divina por instrumentos humanos, quais o foram os seus autores, apresenta-nos muitos degraus de revelação e conhecimento, somente acessíveis pela evolução com o tempo ou pela iluminação com o esforço próprio; uma só LUZ — por filtros diversos".

Agora vamos mostrar uma amostra do estilo de escrever de Chico Xavier ele mesmo, sempre se valendo de promover o conformismo e traduzir o conservadorismo da moral religiosa em palavras dóceis e meigas, que são usadas por internautas nas mídias sociais. Algumas amostras:

"A sabedoria superior tolera, a inferior julga; a superior perdoa, a inferior condena. Tem coisas que o coração só fala para quem sabe escutar!"

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".

"Que eu não perca a vontade de doar este enorme amor que existe em meu coração, mesmo sabendo que muitas vezes ele será submetidoa provas e até rejeitado".

"Se o momento é de crise, não te perturbes, segue... Serve e ora, esperando que suceda o melhor. Queixas, gritos e mágoas são golpes em ti mesmo. Silencia e abençoa, a verdade tem voz".

Colhidas essas amostras, vamos analisar alguns trechos da suposta mensagem de Humberto de Campos:

"Não desconheço minha pesada responsabilidade moral, no momento quando o sensacionalismo abre torrente de amargura em torno de minh'alma".

Este trecho se identifica plenamente com o estilo de escrever de Chico Xavier, com a semelhança explícita das frases que o anti-médium mineiro tanto lançou, estando algumas acima para você mesmo, leitor, comparar.

"Recebeu-me a Federação Espírita Brasileira, generosamente, em seus labores evangélicos, publicou-me as páginas singelas de noticiarista desencarnado, concedendo-me o ingresso na Academia da Espiritualidade. E continuei conversando com os desesperados de todos os matizes, voluntariamente, como o hóspede interessado em valer-se da casa acolhedora".

Embora seja uma argumentação combinada entre Chico e Wantuil, observa-se que a redação final do referido parágrafo se remete mais a Wantuil, até por estar puxado a uma retórica pretensamente científica e linguagem tipicamente editorial, como é de praxe de um chefe de uma instituição.

"Eis, porém, que comparecem meus filhos diante da justiça, reclamando uma sentença declaratória. Querem saber, por intermédio do Direito Humano, se eu sou eu mesmo, como se as leis terrestres, respeitabilíssimas embora, pudessem substituir os olhos do coração. Abre-se o mecanismo processual, e o escândalo jornalístico acende a fogueira da opinião pública. Exigem meus filhos a minha patente literária e, para isso, recorrem à petição judicial. Não precisavam, todavia, movimentar o exército dos parágrafos e atormentar o cérebro dos juízes. Que é semelhante reclamação para quem já lhes deu a vida da sua vida? Que é um nome, simples ajuntamento de sílabas, sem maior significação? Ninguém conhece, na Terra, os nomes dos elevados cooperadores de Deus, que sustentam as leis universais; entretanto são elas executadas sem esquecimento de um til".

Neste trecho, em que um pretenso "Humberto de Campos" pateticamente desvaloriza sua necessidade de provar a patente literária exigida pelos herdeiros do escritor maranhense, combina-se o sentimentalismo de Chico Xavier e uma argumentação agressiva e falsamente científica de Wantuil, que também teria escrito a redação final do texto, em que pese algumas palavras tipicamente xavierianas.

A argumentação é patética e hipócrita, uma vez que soa muito estranho que um autor se permita omitir-se de responsabilidade autoral, desafiando a lógica das coisas e dos fatos em nome dos "olhos do coração" e acusando a cobertura do processo movido contra Chico e a FEB de "escândalo jornalístico" que acende a "fogueira da opinião pública". O estranho "Humberto" permite-se proteger em um pretenso anonimato para fazer valer sua "mensagem".

"Na paz do anonimato, realizam-se os mais belos e os mais nobres serviços humanos."

Frase escancaradamente escrita por Chico Xavier, e desta vez somente ele, sendo absolutamente idêntica às frases que os internautas adoram mostrar nas mídias sociais, sobretudo Facebook.

"Quero, porém, salientar, nesta resposta simples, que meus filhos não moveram semelhante ação por perversidade ou má-fé. Conheço-lhes as reservas infinitas de afeto e sei pesar o quilate do ouro da carinhosa admiração que consagram ao pai amigo, distanciado do mundo. Mas que paisagem florida, em meio do mato inculto, estará isenta da serpe venenosa e cruel? É por isto que não observo esse problema triste, como o fariseu orgulhoso, e sim como o publicano humilhado, pedindo a bênção de Deus para a humana incompreensão".

Uma típica frase de duplo sentido. O estranho "Humberto" parece demonstrar afeição a sua família, mas também venenosa desconfiança, quando alude a presença de "serpe venenosa e cruel" numa "paisagem florida em meio do mato inculto". Pois aqui quem destila o seu veneno é o suposto espírito, bem no famoso ato de "morde e assopra", em que primeiro demonstra afeição a seus familiares, desmentindo perversidade e má-fé de sua ação judicial, mas depois suspeitando de intenções maldosas por trás desse processo, para em seguida dizer que não observa esse "problema triste" como "fariseu orgulhoso" e "sim como o publicano humilhado".

Diante desse parágrafo confuso, traiçoeiro e contraditório, observa-se algumas argumentações sentimentais típicas de Chico Xavier, mas os trechos ferinos indicam a contribuição de Wantuil, que parece ter escrito a redação final.

"Diante, pois, do complicado problema em curso, ajoelho-me no altar da fé, rogando a Jesus inspire os dignos juízes de minha causa, para que façam cessar o escândalo, em torno do meu Espírito, considerando que o próprio Salomão funcionasse nessa causa, ao encarar as dificuldades do assunto, teria, talvez, de imitar o gesto de Pilatos, lavando as mãos".

Esse parágrafo tem muito mais a cara de Chico Xavier, prevalecendo o seu estilo de analisar os problemas, usando principalmente desculpas típicas, como "ajoelho-me no altar da fé, rogando a Jesus inspire os dignos juízes de minha causa", bem típica do anti-médium mineiro. O religiosismo extremo, a choradeira das palavras dóceis, o parágrafo é escancaradamente de Chico Xavier.

CONCLUSÃO

O referido texto não foi escrito pelo espírito de Humberto de Campos. Isso é certo e comprovado pelo nosso exame do seu conteúdo, confrontado com os estilos literários demonstrados. O modo de escrever é uma argumentação combinada entre Chico Xavier e Antônio Wantuil de Freitas, com redação final deste último, em que pese os referidos parágrafos que parecem paticamente escritos por Xavier.

O conteúdo, a forma de escrever, a maneira de argumentar, vale muito mais do que a presunção de que um texto foi escrito por outro alguém. Se esse outro alguém, neste suposto texto, destoa de seu próprio estilo, então ele não pode ter escrito este texto. E nem de longe o texto soa como um pastiche de Humberto, mas uma clara combinação de argumentações típicas de Chico e Wantuil.

Usando de pretextos que se alternam entre o coitadismo e a agressividade, Chico e Wantuil tentaram justificar sua omissão pela "caridade" e pelos "olhos do coração", desculpas usadas para tirar todo esforço de verificar a veracidade da autoria de Humberto. Em outras palavras, eles queriam justificar a fraude que cometeram pelas "lições de amor".

Com isso, eles atacaram a imprensa e os familiares de Humberto. Quiseram chamar o jornalismo investigativo de "escandaloso". Queriam soar dóceis em seus argumentos, mas em dado momento mostraram também suas garras ferinas e traiçoeiras. Mesmo Chico Xavier, o chamado "homem-amor" que "todo mundo" adora, tinha seus momentos claramente agressivos.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Referência no "Coração do Mundo", Sul e Sudeste mostram focos de reacionarismo e atraso

JAIR BOLSONARO, VALESCA POPOZUDA, MOVIMENTO PELA VOLTA DA DITADURA E MEDIDAS TECNOCRÁTICAS IMPOPULARES PARA O TRANSPORTE PÚBLICO - Retrocessos nas regiões consideradas "mais adiantadas" do país.

O que está acontecendo com o Sul e Sudeste? Antigas referências de prosperidade sócio-cultural do país, os Estados das regiões Sul e Sudeste regrediram de tal maneira que suas capitais mais parecem redutos urbanos de neo-coronelismo, com uma série de degradações de ordem politica, institucional e social.

Com o extremo-direitismo surgindo principalmente no eixo Rio-São Paulo - o "corredor" Rio de Janeiro e São Paulo, capitais tidas como referências maiores para o país - , através de figuras como Jair Bolsonaro e golpistas midiáticos como os jornalistas Reinaldo Azevedo e Rachel Sheherazade, a situação é preocupante se levarmos em conta a influência dessas capitais para todo o Brasil.

O extremo-direitismo encontra até eco na mobilidade urbana - com projetos tecnocráticos anti-populares que vão da pintura padronizada à extinção de linhas diretas, tudo feito para complicar um simples ato de ir e voltar por ônibus - e no rádio (mesmo "rádios rock" como 89 FM e Rádio Cidade trabalham um estereótipo reacionário de rebeldia), entre outros setores da sociedade.

Por outro lado, mesmo o aparente populismo do "funk carioca" - simbolizado sobretudo por Valesca Popozuda, MC Guimê e Mr. Catra, entre outros - e a vulgaridade feminina das "mulheres-frutas", paniquetes e similares, revela outro reacionarismo, já que esse tipo de entretenimento popularesco também é financiado por elites dominantes no eixo RJ-SP, incluindo latifundiários, dirigentes esportivos e contraventores.

A trolagem na Internet, o reacionarismo jornalístico, o pior sensacionalismo midiático, o elitismo exagerado e o popularesco mais rasteiro, junto a uma tecnocracia que adota medidas "urbanísticas" e valores "etnográficos" nocivos às classes populares revelam o preocupante grau de atraso que transforma o Sul e Sudeste em antros de um provincianismo nunca visto nessas regiões.

Até na "evoluída" e "civilizada" Curitiba, há focos de violência conjugal, com feminicídios ocorrendo a céu aberto, em centros comerciais ou nas ruas, numa forma brutamontes de homens resolverem problemas conjugais com suas namoradas.

Já o Rio de Janeiro, pela primeira vez, chegou a um estágio que, guardadas as diferenças de contexto, é anterior ao projeto polêmico de urbanização - o "bota abaixo" do prefeito Pereira Passos - que, com seus aspectos cruelmente elitistas, havia ao menos impulsionado a modernização da Cidade Maravilhosa, a partir de 1905.

Com o corporativismo político do grupo de Eduardo Paes e Sérgio Cabral Filho, mais a "etnografia de resultados" do "funk" e a "tecnocracia urbanística" de Jaime Lerner, Alexandre Sansão e outros, o Sul e Sudeste deixa falhar antigos ideais de progresso sócio-cultural e tentativas de implantar valores de Primeiro Mundo em terras brasileiras.

E O "CORAÇÃO DO MUNDO" COM ISSO?

Fica-se perguntando: o que isso tem a ver com o projeto de "Coração do Mundo" que o "espiritismo" brasileiro sonha para o país? Tudo, uma vez que o retrocesso vai na contramão das supostas previsões que, em tese, garantem haver uma onda de muito progresso e avanços para o país.

Mas, também pudera, o próprio "espiritismo" também representa seus retrocessos, vide as históricas fraudes e deturpações que comprometeram a Doutrina Espírita, que a gente até duvida se realmente o projeto do "Brasil Coração do Mundo" significa de fato algum prenúncio de progresso para o país.

Os retrocessos vividos no Sul e Sudeste são consequentes da permanência no poder de estruturas e grupos que apoiaram a ditadura militar, e que passaram a ditar paradigmas e procedimentos que vão de encontro aos interesses populares, mas criam uma base de apoio nas classes médias dotadas de algum viés autoritário e chantagista (daí o reacionarismo na imprensa e nas mídias sociais).

As duas regiões pareciam "virgens" em focos reacionários como eram e ainda são tradicionalmente vividos em regiões como Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que continuam sofrendo os efeitos da opressão coronelista de cunho rural ou suburbano, desde a pistolagem latifundiária até a imbecilização cultural do rádio e TV.

Mas torna-se um fato o Sul e Sudeste serem focos de intenso reacionarismo, diferente dos eventuais focos reacionários que se espera em áreas de desenvolvimento urbano amplo. Nem mesmo a movimentação para o golpe militar de 1964 - apoiado pela FEB e por Chico Xavier - , de Juiz de Fora ao Rio de Janeiro, sinalizava tanto retrocesso.

Internautas reacionários, promiscuidade entre política, contravenção e crime organizado tecnocracia antipopular, etnógrafos comprometidos com a degradação sócio-cultural e jornalistas defendendo interesses de grupos elitistas.

Nunca se pensou tanto contra o interesse público, nunca se agiu tanto contra esse interesse, contrariando as lições mais básicas de fraternidade e caridade, lições que não dependem de palavrinhas piegas como aquelas de Chico Xavier que deslumbram muitos internautas incautos.

Isso é preocupante, é vergonhoso. Junta-se supostas profecias que, interpretando exageradamente alertas científicos - como o risco de asteroides, se caírem na Terra, atingiriam mais a Europa, Ásia e Estados Unidos - , preveem o fim do Primeiro Mundo e a ascensão de um problemático Brasil à vanguarda da comunidade das nações.

Que vanguarda? Com uma "feminista" como Valesca Popozuda que segue estereótipos machistas? Com um moralista como Jair Bolsonaro a conduzir a política nacional como um general retrógrado? Com projetos de mobilidade urbana que mais provocam acidentes de ônibus e fazem muita gente se confundir e demorar para chegar ao trabalho ou à escola?

Isso para não dizer as injustiças sociais, a impunidade, a violência extrema, os absurdos da vida, a agressividade de quem só pensa em seus direitos e não os dos outros, a prevalência de projetos, ideias e valores que não trazem muita vantagem para a sociedade, e a corrupção política e institucional irresolúveis.

Nada disso se resolverá com os "espíritas" dizendo a mesma ladainha: "vamos ser irmãos, buscar o amor e a luz e vivermos na fraternidade", porque a realidade é muito complexa, e buscar ser "fraterno" não resolve necessariamente tais problemas, porque podemos "perdoar" e "sermos irmãos" e deixar tudo como está, de preferência dando mais benefícios a quem não merece.

O grande perigo é que o Sul e Sudeste, considerados referências para o Brasil, puxem, no seu retrocesso de vários aspectos, o mau exemplo a ser seguido em todo o país, só porque vem do Rio de Janeiro ou de São Paulo, criando um retrocesso que tornará o país cada vez pior. E saber que esse retrocesso tem o risco de se tornar uma referência mundial é ameaçador.

Antes fosse melhor que admitamos retrocessos e decadências, do que alimentar vãs esperanças de um progresso que está longe de vir. Porque, sabendo melhor de problemas e até de desastres e injustiças, estaremos mais capazes de resolvê-los. Mas, se acharmos que os retrocessos são "progressos" só porque vêm de áreas ditas desenvolvidas, isso poderá trazer prejuízos incalculáveis para nós.

domingo, 21 de dezembro de 2014

"Médiuns" brasileiros viram dublês de pensadores


O Brasil tem o cacoete de, pelo menos em uma determinada parcela da sociedade, recorrer aos ditos "médiuns espíritas" para colher frases e respostas, como se eles tivessem respostas prontas para tudo. Mas não têm.

O "médium" brasileiro virou uma espécie de aberração. Ele não é médium porque deixou de ser intermediário entre as almas do além e nós aqui na vida corpórea. Virou o astro principal dos espetáculos "espíritas", a ponto das pessoas pouco verificarem se as mensagens espirituais são dos supostos falecidos ou não.

Para piorar, os "médiuns" tornaram-se dublês de pensadores. Na falta de grandes pensadores que pudessem unir inteligência, relevância de ideias, popularidade, alta reputação e visibilidade, vai como o ditado: "quem não tem cão, caça com gato". Quem não tem filósofo, caça com anti-médium.

As pessoas veem em Chico Xavier e Divaldo Franco arremedos de filosofia que, na verdade, é uma filosofia barata, um pedantismo e uma pretensa erudição em que às vezes aparecem até ideias interessantes ou de relativa coerência, mas mesmo assim nada que pudesse garantir confiabilidade plena a esses anti-médiuns.

Nas mídias sociais, sobretudo Facebook, é comum pessoas produzirem "memes" - arquivos de imagem dotados de alguma mensagem - usando frases de Chico Xavier, enquanto que, no caso de Divaldo Franco, as pessoas consultam ele como se ele fosse a personificação do subconsciente de qualquer um.

Que as pessoas estão buscando respostas para a vida, em que pese a ojeriza de muita gente com a leitura regular de livros, isso é verdade. Mas ela ocorre de maneira equivocada, recorrendo a pessoas que não são confiáveis para trazer respostas seguras para o cotidiano.

No "espiritismo" que glamouriza o sofrimento humano, as pessoas caem facilmente naquilo que Allan Kardec chama de "fascinação", uma armadilha que atinge os anti-médiuns, que preferem o religiosismo puro, igrejista, ritualístico e dogmático, além da habilidosa articulação harmoniosa das palavras, em detrimento de uma visão de mundo duvidosa e de um desenvolvimento moral irregular.

Descreve Allan Kardec em O Livro dos Médiuns, na tradução de José Herculano Pires publicada pela LAKE e que, das traduções em língua portuguesa, é a única que respeita o texto original do professor lionês, a respeito da fascinação, na questão 239:

"A fascinação tem conseqüências muito mais graves. Trata-se de uma ilusão criada diretamente pelo Espírito no pensamento do médium e que paralisa de certa maneira a sua capacidade de julgar as comunicações. O médium fascinado não se considera enganado. O Espírito consegue inspirar-lhe uma confiança cega, impedindo-o de ver a mistificação e de compreender o absurdo do que escreve, mesmo quando este salta aos olhos de todos. A ilusão pode chegar a ponto de levá-lo a considerar sublime a linguagem mais ridícula. Enganam-se os que pensam que esse tipo de obsessão só pode atingir as pessoas simples, ignorantes e desprovidas de senso. Os homens mais atilados, mais instruídos e inteligentes noutro sentido, não estão mais livres dessa ilusão, o que prova tratar-se de uma aberração produzida por uma causa estranha, cuja influência os subjuga".

A fascinação primeiro faz os supostos médiuns - na verdade dotados de uma limitadíssima mediunidade - se renderem a espíritos traiçoeiros que se utilizam de um discurso "amoroso" e evocam o religiosismo que remete à origem católica desses ditos médiuns.

Depois, porém, são os ditos "espíritas", ou os simpatizantes "independentes" - que não se dizem "espíritas" mas veem filmes como Nosso Lar e Chico Xavier quando aparecem na Rede Globo, por exemplo - , que se rendem à fascinação desses anti-médiuns de vozes melífluas e oratória dócil, de palavras bem arrumadas que apresentam ideias nem sempre de total confiabilidade.

Esses anti-médiuns acabam, contagiados com os espíritos traiçoeiros - que se autoproclamam "mestres" e, por intermédio de seus "médiuns" pupilos, divulgam severo moralismo religioso em livros de "teoria espírita" - , tornando-se à altura deles, virando espíritos de oitava classe, como alerta Kardec na questão 104 do mesmo O Livro dos Médiuns:

"Oitava classe. Espíritos Pseudo-Sábios - Seus conhecimentos são bastante amplos, mas julgam saber mais do que realmente sabem Tendo realizado alguns progressos em diversos sentidos, sua linguagem tem um caráter sério, que pode iludir quanto à sua capacidade e às suas luzes. Mas isso freqüentemente, não é mais do que um reflexo dos preconceitos e das idéias sistemáticas que tiveram na vida terrena. Sua linguagem é uma mistura de algumas verdades com os erros mais absurdos, entre os quais repontam a presunção, o orgulho, a inveja e a teimosia, de que não puderam despir-se".

O grande problema da sociedade brasileira, sobretudo na sua parcela de "espiritualistas", é essa carência de mensagens filosóficas que os faz buscarem respostas em livros "espíritas" de valor duvidoso ou em lições "professorais" de anti-médiuns de fala articulada e ideias igualmente duvidosas, sem saber de riscos de caírem no ridículo.

É o caso de muitas mulheres solteiras, de vida independente, que nas mídias sociais adoram publicar frases de Chico Xavier ou mesmo as que ele divulga através do espírito Emmanuel. Desconhecem elas dos perfis conservadores do anti-médium e seu "orientador", sobretudo deste, espírito de um jesuíta que expressa ideias machistas e reacionárias, mesmo num discurso doce feito mel.

Há uma falta de leitura de autores realmente relevantes, de ideias realmente confiáveis. O baixo hábito de leitura dos brasileiros encontra no "movimento espírita" um gancho para que ele crie verdadeiras armadilhas conceituais, travestindo seu moralismo religioso retrógrado a uma pretensa auto-ajuda falsamente filosófica de palavras que parecem encantadoras.

Em vez de leituras relevantes - ainda que laicas e sem o habitual tom sentimentalista que tranquiliza os leitores - , as pessoas se rendem a esse religiosismo fácil, falsamente filosófico, que só serve para atender à preguiça de autocríticas e esforços pessoais, já que as pessoas preferem o fascínio das palavras dóceis e bem arrumadas, do que lutar para melhorias reais em suas vidas.

E assim o Espiritismo é desviado por um religiosismo pseudo-filosófico, por uma pretensa erudição verborrágica, que impede os verdadeiros debates espíritas e as verdadeiras análises da vida espiritual. Em vez disso, o que se tem é apenas um desfile de palavras bonitas, que acobertam desde fraudes mediúnicas até dogmas de carregado moralismo religioso.

Com isso, os espíritos do além continuam sendo impedidos de se manifestarem e os estudiosos verdadeiros da vida espiritual não encontram contexto favorável para investir fundo em suas pesquisas.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Brittany Murphy, "movimento espírita" e a ilusão das reputações


Falecida há cinco anos, na manhã de 20 de dezembro de 2009, em Los Angeles (EUA) - no Brasil, era o começo da tarde - , com apenas 32 anos, a atriz norte-americana Brittany Murphy traz uma lição curiosa sobre a ilusão das reputações numa realidade tão complexa quanto a nossa.

Atualmente ligada tão somente à cobertura sensacionalista de sua tragédia - na qual fatos verídicos são superestimados e até acrescidos a inverdades e mesmo dados inventados pelos jornalistas - , Brittany tornou-se o inverso do que se observa no "movimento espírita" brasileiro.

O "movimento espírita" brasileiro é famoso por sua elevada reputação, pelo seu status de doutrina superior, conceituada institucionalmente e dotada do mais alto nível moral, tido como doutrina que, em tese, une com equilibrada perfeição elementos da Ciência e da Religião, sendo vista oficialmente como adaptação criativa das ideias codificadas na França por Allan Kardec.

Brittany Murphy, juntando estigmas verdadeiros com outros irreais, acumula em si uma "péssima imagem" de atriz temperamental, medíocre e relapsa, neurótica e depressiva, viciada em remédios (e, segundo uns, por drogas, fato desmentido até por exames médicos) e cujo pai, Angelo Bertolotti, havia sido preso por atividades ligadas à máfia.

Para se somar a essa tragédia deprimente que ronda a bela atriz, há também o histórico sombrio de seu marido, o produtor e roteirista inglês Simon Monjack, que antes de conhecê-la já havia sido preso por passar cheques sem fundo e que, no final da vida de Brittany, ele havia traído a esposa repassando parte do salário dela para sustentar ex-namoradas.

Além disso, a própria morte da atriz é coberta de rumores assombrosos: ela teria sido envenenada? Ela e seu marido foram vítimas de um atentado? Simon teria envenenado a própria esposa, depois que ela descobriu sua traição? Ele teria se casado por causa da fortuna dela? Ou teria sido a Máfia que assassinou o hoje falecido casal?

Vendo todo esse roteiro, é certo que o pior lado, o pior exemplo de vida estaria do lado da jovem atriz de As Patricinhas de Beverly Hills (Clueless) e Grande Menina, Pequena Mulher (Uptown Girls), ao passo que os louros ficam sempre do lado de figuras aparentemente maravilhosas como Chico Xavier e Divaldo Franco, correto?

Erradíssimo. Pois o "espiritismo" brasileiro, de projeções tão melífluas, aparentemente inabalável e docilmente triunfante, foi responsável por uma série de fraudes e irregularidades gravíssimas, que viraram até caso de polícia e de batalhas judiciais sérias, além de seu conteúdo ideológico apresentar ainda valores moralistas dignos de julgamentos cruéis da Idade Média.

Chico Xavier, o "espírito puro" associado a uma imagem de "confiabilidade plena e inabalável", esteve associado a práticas de plágios literários e à cumplicidade de fraudes de materialização, situações complicadas que, se não fosse o status do anti-médium mineiro, o teriam arruinado para sempre.

Já a "toda problemática" Brittany Murphy, na verdade, era uma brilhante atriz, excelente cantora e produtora cinematográfica, e, como figura humana, surpreendia a todos pela sua personalidade alegre e divertida, pelo seu jeito carinhoso e uma índole bastante generosa e admirável.

Há quem diga que Divaldo Franco "matou" Brittany, porque quando ela seguia a ponte aérea Los Angeles-Nova York-Londres (ela gravava o filme britânico Amor e Outros Desastres (Love and Other Disasters)), o anti-médium baiano estava em turnê entre a Europa e EUA. Não se sabe como tais caminhos foram cruzados, mas consta-se que o "espiritismo" brasileiro traz azar para muita gente.

Isso porque Brittany, depois, teria sofrido os mesmos efeitos daqueles que gozam dos "benefícios" do "espiritismo" brasileiro, criando aparentes benefícios - Britt passou a morar numa mansão em Hollywood Hills e se casou com Monjack, aparentemente especializado numa função prestigiada que é a de produtor de cinema - que, depois, revelaram seu aspecto nocivo e trágico.

Brittany estava indo bem e se destacando até como cantora - ela havia participado, com sucesso, num disco do DJ inglês Paul Oakenfold - , quando, depois do casamento, deixou de ter a projeção que tinha e caminhou para uma decadência que propiciou sua tragédia.

E logo Brittany que seria a última pessoa a sofrer uma tragédia dessas. Ela tinha muitos projetos de vida e muita alegria de viver. Com apenas 32 anos, era cheia de planos e tinha um potencial enorme para expressar seu talento de maneira peculiar e exemplar.

Como figura humana, era muitíssimo adorável, como garantem ex-colegas da atriz, como Ashton Kutcher e Dakota Fanning, e profisisonais como os cineastas Amy Heckerling e Frank Miller (este também cartunista), que sempre destacaram, com segurança, o ótimo talento e excelente caráter que tinha a saudosa colega.

Num mundo poluído de baixas vibrações, seja pelo capitalismo, pela herança do Catolicismo medieval e, no Brasil, com o reforço das energias pesadas do "espiritismo" brasileiro, nota-se que pessoas especiais acabam morrendo no meio do caminho, e a ausência de tais pessoas é complicada pela falta de chances de estudar o Espiritismo a sério.

Se houvesse um estudo sério, sem as "boas energias" e "brilhantes figuras" do "espiritismo" brasileiro, teríamos levado adiante estudos sérios sobre comunicação com os espíritos e, quem sabe, a ausência de pessoas como Britt, bem à frente de seu tempo, seriam amenizadas pela Trans-Comunicação Instrumental.

Agora, uma coisa é certa. Brittany, que era agnóstica, não é do tipo de aparecer através dos pretensos médiuns brasileiros para fazer panfletarismo religioso com as mesmas tediosas mensagens de "amor e caridade". Se um "médium" desses aparecer com uma mensagem atribuída à Brittany Murphy, é bom deixar o desconfiômetro ligado.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

As relações entre o "movimento espírita" e o poder midiático


O que faz popularizar-se o "movimento espírita" no Brasil?  Em boa parte, o que contribui para a expansão desse movimento religioso é a aliança que ele faz com o poderio midiático existente no Brasil, que cria um padrão de "espiritismo" a ser "aceito por todos".

A grande mídia ajudou o Espiritolicismo a criar um padrão "limpinho" do que se entende como "espiritismo" no nosso país. Um roustanguismo sem Jean-Baptiste Roustaing e um kardecismo com Chico Xavier, sem as polêmicas dos dois lados. Sem Roustaing, mas também sem Afonso Torteroli e Amauri Pena Xavier, mas um religiosismo "limpo" com pedantismo pretensamente científico.

Quando muito, só se admite um maniqueísmo, e de preferência ao nível de um conto de fadas, entre uma Igreja Católica ortodoxa que, feito vilã de fábulas infantis, se opõe severamente a um "espiritismo" que promete transformar o Brasil na maior nação humanitária de todo o Universo (sim, todo o Universo).

A grande mídia, dotada de interesses comerciais que a fazem promover uma ideologia "asséptica", embora nos últimos tempos apresentasse gente ainda mais reacionária - como Rachel Sheherazade, Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Eliane Cantanhede e até o roqueiro Lobão - , tem essa habilidade de criar ideais "limpinhos", se esforçando em evitar a menor polêmica possível.

Sabemos, por exemplo, que as Organizações Globo, de tradição católica mas supostamente "laica", anda usando o "espiritismo" brasileiro para fazer frente ao neo-pentecostalismo da Igreja Universal do Reino de Deus, que controla a principal rede concorrente, a Rede Record.

Dessa feita, enquanto a Record ataca de novelas bíblicas, que a exemplo das congêneres "globais", estão sendo transmitidas com imagens de cinema, a Globo vem com filmes de longa-metragem de conteúdo "espírita", como as produções sobre Chico Xavier e o filme Nosso Lar, uma ficção científica de quinta categoria que foi promovida a relato "verídico" do "mundo espiritual".

O "espiritismo" brasileiro é ideologicamente conservador, sendo também moralista e punitivo, extremamente místico e falsamente científico, adotando uma postura pedante que aprecia o conhecimento científico de maneira superficial, mas também ao mesmo tempo esotérica e alucinada.

Essa religião cai como luva para os padrões do poder midiático de determinadas redes, como Globo e Bandeirantes - cuja filial baiana já abrigou o programa Visão Social, do anti-médium José Medrado, e o espaço de outro anti-médium, Divaldo Franco, no programa Falando Francamente - , devido às afinidades de controle social e conservadorismo "moderado" que mídia e Espiritolicismo possuem.

O "espiritismo" brasileiro tem essa habilidade de diluir o sentimento religioso em contextos supostamente laicos, como se dilui gotas de limão na água com gás que é vendida como se fosse refrigerante com baixo teor de açúcar e leve sabor de fruta, cujo nome de uma das marcas, H2OH (da Pepsi) fez muita gente pensar que H2O não é fórmula da água comum, mas tipo de "água com sabor".

A mídia é responsável pela mediocrização cultural, criando um padrão "não fede nem cheira" que às vezes, em vez de exalar um odor agradável, dispara um fedor incômodo. Por vezes esse fedor é amenizado, mas não extinto, e eventualmente o perfume que se colocar para forjar um bom cheiro é insuficiente para desfazer o odor desagradável.

No entanto, esse padrão faz as pessoas ficarem tão acomodadas que pode haver lixo em todos os cantos que pouca gente se inquieta. Em certos casos, criam-se desculpas para todo tipo de erro e defeito, e é assustador ver que existem pessoas que se irritam porque outras têm a coragem e o esforço de denunciar os abusos existentes no cotidiano brasileiro.

COMO SE DÃO AS MANOBRAS MIDIÁTICAS?

A TV aberta tem um espaço morno para pregações espiritólicas. Precisam agir "aos poucos" com filmes e novelas "espiritualistas", lançando grandes produções "espíritas" que, em si, já são enredos comerciais de pregação religiosa unida a fenômenos sobrenaturais, ingredientes que, fora do contexto religioso, já possuem grande apelo de audiência.

Há um interesse comercial que faz com que assuntos sobrenaturais ganhem maior destaque, pelo apelo sensacionalista que o "mundo oculto" deve ter, bem mais do que analisar discursos ocultos pela manipulação retórica dos telejornais e até de programas humorísticos.

Junte-se elementos sobrenaturais e campanhas moralistas, e joga-se no meio uma religiosidade católica enrustida e temos produções "espíritas" que nem de longe lembram as análises científicas de Allan Kardec. Nem o Filme dos Espíritos, que se arrogou em ser "inspirado" em livro de Kardec, se influenciou pelo professor francês. Apenas fez propaganda enganosa.

Quanto a seus personagens, os anti-médiuns já deixaram a postura de intermediários - como eram os médiuns originais dos fenômenos espíritas autênticos - para serem os astros principais de seus espetáculos.

Eles, em si, já lidam com o sistema de estrelato no seu meio e, a exemplo de Divaldo Franco, possuem habilidosa capacidade de elaborar um discurso televisivo, incluindo timing e modos de falar e gesticular, e, portanto, um talento para convencer os espectadores através das palestras.

Há todo um discurso de pseudo-sabedoria, de pretensa autoridade moral e retórica pseudo-científica, que faz do "espiritismo" brasileiro, por si só, um mecanismo midiático. E isso quando usa o derivado do termo mídia, ligado a ideia de meio e intermediação, o termo "médium", para definir pessoas que há muito deixaram a função intermediária, virando os centros das atenções.

Divaldo Franco e Chico Xavier nem deveriam ser chamados de médiuns, mas de "centruns". Eles, por si só, são fenômenos midiáticos, sendo o segundo mais afim com os interesses da Globo, pelo seu apelo popular e pelos estereótipos de velhice e humildade que agradam a corporação dos irmãos Marinho, pois o primeiro está mais ligado a veículos "independentes", sobretudo da TV paga.

Eles estão mais para "centruns" e não para médiuns, porque até mesmo para recorrer a informações de falecidos, eles são os centros das atenções. Eles acabam "servindo para tudo": conselheiros sentimentais, criadores de frases pretensamente sábias, dublês de filósofos, de profetas, psicólogos e até de cientistas, praticamente centralizando todas as atenções e dominando o processo todo.

Não há um movimento sistematizado de contestação e investigação a esse processo. Quanto surgem notícias sobre escândalos envolvendo o "movimento espírita", eles são relativizados e neutralizados. Vira "polêmica barata".

A última tentativa organizada de contestação, vinda da TV Focus, de Nova Friburgo, através de José Manoel Barbosa, se encerrou com a sua morte, no momento em que o programa começava a fazer sucesso, principalmente através de edições perpetuadas no YouTube e até hoje disponíveis.

A mídia transforma os anti-médiuns em totens e garante temeridade aos cidadãos diante da pretensa superioridade do "movimento espírita". Só em Nosso Lar, a postura de "zumbis do bem" dos assépticos membros das colônias espirituais, com suas roupas branquinhas como nos comerciais de sabão em pó, faz o cidadão sentir medo de contestar o menor vacilo.

Tudo isso acrescido pela imagem de "bom velhinho" de um Chico Xavier idoso com seu sorriso debilitado e suas palavrinhas dóceis. E acrescido pelo moralismo social e religioso que se afina com os interesses do poderio midiático.

Daí que tornou-se um casamento perfeito entre o "movimento espírita" e os chefões da grande mídia, para transformar os brasileiros numa multidão ao mesmo tempo domesticada e submissa, mas sentindo a impressão contrária de tais constatações.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Humberto de Campos teria negado envolvimento com Chico Xavier


Em primeiríssima mão, depois de cautelosas pesquisas sobre as irregularidades na suposta psicografia de Humberto de Campos por Francisco Cândido Xavier, constatamos que Humberto nem de longe chegou perto do anti-médium mineiro, um "devorador de livros" que sentia um fascínio doentio por mortos prematuros e que havia se obsediado do escritor, morto aos 48 anos em 1934.

Pesquisamos textos atribuídos a Humberto por Chico Xavier e comparamos com vários textos que o escritor maranhense publicou em vida. Consultamos, por exemplo, tanto O Brasil Anedótico (1927), de Humberto, como a suposta psicografia intitulada Crônicas de Além-Túmulo, lançada dez anos depois.

O disparate é assustador. O estilo elegante, mas coloquial, de Humberto em vida se contradiz com o religiosismo choroso do suposto espírito. Em muitos aspectos, a prosa do suposto espírito de Humberto de Campos soa prolixa e cansativa, não bastasse o tom melancólico mais próximo a de um velho padre de uma paróquia municipal do que de um escritor membro da Academia Brasileira de Letras.

Concluímos que Humberto nem de longe chegou perto de Chico Xavier. Este, com suas manias e sua personalidade muito estranha, é que se tornou "dono" de Humberto de Campos a pretexto de "promover a caridade". Pesquisas criteriosas e cautelosas, portanto, comprovam que Humberto nunca se envolveu com Chico Xavier, que apenas sonhou com ele como qualquer fã poderia sonhar com seu ídolo.

Escrevemos aqui uma mensagem, que pode ser imaginária - não somos covardes de tomar como "mediúnica" uma mensagem produzida em próprio punho - , mas, na tentativa de se aproximar do estilo de Humberto de Campos, reflete sua tristeza e aflição por ver seu nome apropriado indevidamente por Xavier.

Os próprios especialistas literários já alertavam que Chico Xavier e a FEB eram oportunistas e se apropriavam do nome de Humberto de Campos por ele ter sido popular em seu tempo, embora Chico, com falsa modéstia, tenha dito que só agia "por caridade".

Em contrapartida, o "afável" Chico e os "misericordiosos" líderes da FEB tinham também sua língua ferina, acusando de usura os herdeiros de Humberto de Campos, que apenas queriam proteger a obra e a imagem do falecido escritor.

O texto a seguir mostra o que Humberto de Campos provavelmente diria a respeito da obsessão de Chico Xavier pelo escritor maranhense. Humberto negaria, de forma convicta, que teria se envolvido com o anti-médium mineiro e ficaria triste e preocupado com a apropriação que o mineiro passou a ter sobre o nome do antigo imortal da Academia. Peço que leiam com a devida atenção.

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NUNCA TIVE ENVOLVIMENTO COM CHICO XAVIER

Meus prezados amigos, me entristece e me aflige muito ver que meu nome está associado às pregações taciturnas e igrejistas que o caixeiro Francisco Cândido Xavier jogou para seu nome. Fico preocupado com a persistência com que ele e a Federação Espírita Brasileira agem para se apropriarem do meu nome, assim como do meu legado e prestígio.

Ele passou a cismar comigo, desde que eu fiz aquela resenha do livro dele, Parnaso de Além-Túmulo, do qual descrevi minhas primeiras impressões, que não teriam sido definitivas, porque eu mesmo fiz uma leitura da obra da qual não pude perceber todo o seu conteúdo. Muitas vezes não se observa a mensagem definitiva de uma obra por meio de uma primeira leitura, e só depois de retornar ao que se chama de "pátria espiritual" é que percebi que muito do que estava escrito em Parnaso não era outra coisa senão um pastiche.

Evidentemente, eu não poderia dar uma leitura e uma interpretação finais do livro. Eu pude apenas traduzir na minha resenha de suas partes as impressões que eu tive na ocasião. Se eu, ao menos, pudesse ter vivido uns 30 anos a mais, o que não seria impossível pelo prazo que se tem normalmente o ser humano, eu teria, talvez, feito uma outra interpretação.

Já tinha ciência, fora do plano terrestre, das confusões que o sr. Xavier causou, que me deixaram profundamente horrorizado. Não me constrangi quando meus parentes, visando ficar com os direitos autorais da suposta obra espiritual, processaram Chico e a FEB por causa dos livros atribuídos a meu nome. Minha família apenas cumpriu seu dever de proteger minha memória. Fiquei constrangido, muito antes, da posse que Chico Xavier e seus patrões da tal federação espírita passaram a fazer ao meu nome, como se fossem proprietários de meu carisma, jogando em meu nome coisas que eu nunca escreveria em tempo algum.

Ficava muito estranho ver meu nome vinculado a textos que mais pareciam meras pregações religiosas. De repente, na Terra, eu, escritor, cronista, poeta, membro da Academia Brasileira de Letras, passava a estar associado, nos planos do além, a um estilo de escrita que se aproximava a de um padre de igreja, a um melancólico pároco de funestas palavras.

"Eu", entre aspas, mais parecia um evangelista perdido, que, se pudessem, o sr. Francisco Xavier e seus confrades teriam escrito O Evangelho Segundo Humberto de Campos, se suas pretensões lhes permitissem tamanha aventura. Seria um homem conhecedor dos mais profundos segredos bíblicos, os quais me seria pretensioso demais eu assumir ou querer ser, por serem tempos tão longínquos no tempo e no espaço, dos quais muitos documentos haviam se perdido em páginas rasgadas, livros perdidos total ou parcialmente, depoimentos cuja forma original também se perdeu com o viajar dos séculos. Não, não seria de minha competência passar-me por testemunha de tempos bíblicos.

As mensagens atribuídas a mim não correspondem ao que eu escrevia ou que gostaria de escrever nos tempos de minha vida. No famoso processo de meus queridos familiares, que com certeza não iriam se enriquecer às custas do meu nome, mas garantir proteção à minha obra e à minha imagem tão levianamente deturpada por Chico Xavier e seus parceiros, a mensagem que se atribuiu à minha pessoa, no fim de tão alardeado processo, não condiz com o que eu gostaria de expressar aos juízes ou á sociedade, não somente àqueles que me prestam apreço e admiração mas a todos que tomaram conhecimento de minha vida e trajetória.

Para se dar um exemplo, não escreveria jamais que sentiria desprezo à minha patente literária e que um nome é um mero ajuntamento de sílabas. Não me passaria pela cabeça acreditar que as melhores obras necessariamente se expressam pelo anonimato, de forma a menosprezar a veracidade do trabalho que, de forma não autorizada, carrega o meu nome. Sem querer fazer aqui ataques ou acusações violentas, mas isso me dá a impressão de que o sr. Francisco Xavier e os líderes da FEB se servem da omissão para que possam fazer o que desejarem com meu nome e com minha imagem, agindo como se fossem proprietários de minha pessoa, reduzida a uma simples marionete de seus caprichos sacerdotais.

Já ouvia, de longe, os brados indignados de um Osório Borba, notável crítico literário que me ensinou sobre os equívocos de Parnaso de Além-Túmulo. Eu que, numa leitura apressada, não pude perceber o grau de caricatura e grave desleixo que se deu à poesia atribuída a muitos autores, em especial meu estimado Olavo Bilac, que era impecável em seus poemas, de deliciosa leitura por sua musicalidade silábica pela qual deslizam harmoniosamente seus versos de rima exemplar, e que foi reduzido a um pachorrento pregador nos poemas ditos espirituais que carregaram seu nome.

Quanto constrangimento ao saber que o sr. Xavier age assim porque teve alguns sonhos comigo. Como um admirador que sonha com o seu ídolo, e decide idealizá-lo, moldar o seu objeto de admiração à semelhança do admirador, de acordo com suas convicções pessoais nem sempre certeiras. Xavier me idealizou como um pregador religioso, de escrita bem mais taciturna, de carregada melancolia, a qual eu seria incapaz de escrever mesmo nos momentos de maior enfermidade, que lamentavelmente me abreviaram a vida e me impediram de tantos projetos, sabidos ou não sabidos de mim, porque vários deles me seriam conhecidos pela ocasião da posteridade. E, mais do que me entristecer pelo que não consegui fazer, me entristece mais ainda estar associado ao que nunca faria, pois toda a pena de Francisco Cândido Xavier feita em meu nome destoa do meu pensamento, escapa completamente de meu estilo e reflete uma leitura muito mais cansativa, atribuída a mim, que procurava escrever de maneira concisa para poder me dirigir ao leitor comum, e não apenas a meus doutos companheiros de atividades intelectuais.

Encerro esta mensagem afirmando não ter tido qualquer relação com os textos que o sr. Xavier publicou usando meu nome, além daqueles que, parodiando um de meus pseudônimos, tomaram como crédito o Irmão X. Nunca estive, em momento nenhum, associado ao sr. Francisco Cândido Xavier e aos seus companheiros, e, não fosse essa mania insana de se apropriarem de meu nome e de minha pessoa, eu poderia, na mais favorável das hipóteses, sentir uma distante simpatia pelo trabalho do caixeiro mineiro. Mas, a essas alturas da cavalgada, eu só posso sentir muita tristeza por ele e um certo medo do que Chico e seus confrades seriam capazes de fazer com minha pessoa.

Sempre me mantive afastado deles e nunca me passou pela cabeça ser participante direto ou indireto de qualquer empreitada que eles decidissem fazer. Sinto muito a todos vocês.