segunda-feira, 14 de setembro de 2015

"Médium" curandeirista foi internado em hospital de São Paulo


Citado no programa Profissão Repórter, da Rede Globo, dedicado ao tema da mediunidade - feita sob a perspectiva do "movimento espírita" - , o suposto médium João Teixeira de Faria, o João de Deus deixou a máscara cair, quando, supostamente sentindo um problema digestivo, foi internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para tratamento.

João, de 72 anos, era hipertenso e havia feito um implante nas artérias há dois anos. Ele trabalha há 30 anos no "centro espírita" Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, em Goiás, cidade de 15 mil habitantes a 79 km de Goiânia, atendendo uma média de três mil pessoas por sessão.

A internação ocorreu há mais de duas semanas e causa estranheza pela reputação de "conceituado" que o suposto médium tem em "curas espirituais", dentro dos clichês de operação com instrumentos rudimentares de corte, como tesoura ou faca, aparentemente sem cuidado de higiene.

Ele não está associado à identidade de algum médico, sobretudo alemão, mas supostamente recebia orientações "espirituais" dadas não só em português, mas também em outros idiomas, como francês, inglês, alemão, espanhol e russo.

Conhecido internacionalmente e apelidado de John of God, João atendeu personalidades diversas, como a atriz Shirley MacLaine, o publicitário Nizan Guanaes e o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. João alega que, certa vez, "ressuscitou" um homem que "havia morrido" cinco horas antes. Certa vez, Oprah Winfrey, ilustre apresentadora da TV estadunidense, visitou o "centro" de Abadiânia e entrevistou "John of God".

Embora, aparentemente, João de Deus não cobrasse dos cidadãos comuns pelas consultas e tratamentos, há denúncias de que ele teria cobrado R$ 711 por sessão e R$ 795 de inscrição como espectador de todo o evento de três dias que realizou no Parque Olímpico de Sidney, na Austrália, em novembro de 2014.

Há também denúncias de que ele cobrava dinheiro pelos remédios que vendia em uma farmácia de propriedade de sua esposa e de um caseiro. Um único remédio, a base de passiflora - feito a partir de maracujá - , com 175 cápsulas, costa R$ 50. Com a venda, João teria arrecadado mais de meio milhão de reais por mês.

Segundo reportagem da revista Galileu, ele é proprietário de quatro fazendas. Uma das fazendas tem 597 alqueires e é avaliada em cerca de R$ 2 milhões, num terreno que corresponde a 18 vezes a área do Parque de Ibirapuera, em São Paulo. Ele também é dono de um garimpo de ouro.

Em entrevista para o portal Terra, em 2012, o mágico ilusionista aposentado, o canadense radicado nos EUA, James Randi, hoje um ferrenho denunciador de charlatães, afirmou que João de Deus usa velhos truques conhecidos no meio dos mágicos de prática ilusionista, aqueles que forjam o famoso espetáculo de "cortar ao meio" uma pessoa para ela depois "sair inteira".

É bem estranho que João de Deus, tão "confiante" e "confiável" na sua "mediunidade", tenha recorrido a um hospital como Sírio Libanês, em São Paulo, considerado o melhor do Brasil e, portanto, caro e sofisticado, quando, em tese, ele poderia muito bem usar a auto-cura, se retirando no quarto e fazendo suas próprias cirurgias, com a ajuda da "equipe do além".

Mas isso não aconteceu. Pelo contrário, a máscara da pretensa mediunidade caiu e o curandeiro resolveu apelar para a medicina da Terra, geralmente "boicotada" e "ignorada" pelos "médicos espíritas", que sempre fazem suas práticas à revelia da ciência dos homens, numa confusa relação de conflito entre a vida material e a espiritualidade.

Esse conflito, no entanto, é deixado de lado quando os próprios curandeiros têm que recorrer à ciência material, que tanto ignoram e cujas lições tanto desprezam, para curar os problemas de saúde que atingem seus corpos físicos. Espiritualistas? Menos, menos...

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