segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A vida adulta entrou em colapso

BRIGAS NO CONGRESSO NACIONAL ENVOLVEM "SENHORES DE IDADE" COM TEIMOSIAS PIORES DO QUE DE CRIANÇAS PEQUENAS.

A vida adulta está em crise. A etapa da vida tradicionalmente associada à maturidade e experiência entrou em sério colapso, e hoje não há, entre os famosos, uma personalidade com mais de 50 anos que se destacasse como alguém que transmitisse muitos ensinamentos e lições.

Pelo contrário, o que se observa são "senhores de idade" envolvidos em corrupção, em brigas e conflitos diversos, que perdem a cabeça com pouca coisa ou que, na mais positiva das hipóteses, são pessoas que continuam vivendo como sempre viveram.

O cenário atual rompeu com os paradigmas de que, depois dos 40 ou 50 anos e com o embranquecer dos cabelos, a sabedoria e a sensatez chegavam naturalmente, devido a uma perspectiva quantitativa da experiência dos tempos. A escassez de uma geração de intelectuais, artistas e escritores que se destacasse pela combinação de experiência e sabedoria tornou-se a tônica da atualidade.

O Congresso Nacional, com suas brigas e conflitos diversos, demonstra essa crise no "mundo adulto". Homens com mais de 50 anos envolvidos em teimosias, irritações levianas, bate-bocas tensos e até agressões físicas.

Mas a situação não pára por aí. Os três políticos que estão na hierarquia sucessória da presidenta Dilma Rousseff (que, com todos os seus erros, pelo menos governa com o mínimo de compostura possível), o vice-presidente Michel Temer (75 anos), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (57 anos) e o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (60 anos) tiveram seus chiliques políticos por conta da crise que atinge o país.

No Rio de Janeiro, um grupo político, comandado por Eduardo Paes (45 anos) e que tem ao seu lado Luiz Fernando Pezão (60 anos), Carlos Roberto Osório (49 anos) e Sérgio Cabral Filho (52 anos), além do dirigente olímpico Carlos Arthur Nuzman (73 anos), é responsável pelos piores estragos e por agravar a já preocupante decadência sofrida pelo Estado e sua capital nos últimos 25 anos.

São pessoas que não trazem ensinamento algum, e que não justificam seus cabelos brancos ou grisalhos com coisa alguma. O colapso da vida adulta se dá pelo contexto em que o Brasil viveu nos últimos 50 anos.

Afinal, são pessoas que, quando estavam nas universidades, eram proibidas de manifestar seu idealismo e se limitavam a aprender apenas a serem "animais de trabalho". Estavam mais voltadas a uma compreensão "pragmática" (buscar só o "básico do básico") da vida e que, incapazes de ter uma visão de mundo e uma compreensão ética das coisas, obtém privilégios aqui e ali, não obstante atropelando a lei e até os valores sócio-culturais.

A questão da hierarquia tenta se manter nessa situação, como uma barra de ferro apodrecida que não consegue sair da parede. Valores relacionados ao respeito e às necessidades humanas são revistos e reavaliados acima dos antigos limites estabelecidos pelo "terreno etário" da velhice e dos valores tidos como "tradicionais".

Gerações de médicos, empresários, executivos, economistas e advogados que começaram seus 60 anos de idade nos últimos tempos não conseguem mais se projetarem, mesmo quando caçados com mulheres atraentes e mais jovens do que eles. Mesmo aparecendo em revistas de colunismo social, como Caras, eles não conseguem sair de seu aparato de homens sisudos que não têm muito o que dizer a não ser de seus relativos êxitos profissionais.

O que é a maturidade? Certamente existem questões ligadas à matéria e ao espírito, e não raro espíritos inexperientes nascem primeiro, na esperança de aprender mais rápido as coisas, mas se perdem na vida, uns no naufrágio da corrupção, outros no supérfluo das festas de gala, deixando seus cabelos embranquecerem sem que pudessem eliminar o "branco" que deu nas suas mentes.

Mulheres tornam-se "maduras" sem saber se querem ser velhas ou joviais, exigindo demais dos outros sem que pudessem avaliar seus desejos, suas vontades e suas esperanças, se limitando apenas a ter certeza do que não querem, diante da incerteza do que realmente querem, e uma sucumbem ao fanatismo da religião e até do futebol para compensar o vazio de suas personalidades.

A crise brasileira não consegue ver esse aspecto, de um padrão de vida adulta que desmorona como um velho casarão atingido por um grave terremoto. E a situação de hoje exige uma revisão de valores, em que o equilíbrio social estabelece novas demandas que a hierarquia etária se torna incapaz de responder e apontar soluções definitivas. Cabelos brancos não clareiam as mentes.

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