quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Famoso julgamento de Jesus por Pôncio Pilatos teria sido fictício

 
Uma das conhecidas cenas dramáticas encenadas constantemente nos teatros e no cinema pode não passar de uma ficção. O julgamento de Jesus, feito pelo prefeito da Judeia, província romana subordinada juridicamente à Síria (hoje um país do Oriente Médio), Pôncio Pilatos, simplesmente não teria existido em qualquer documento histórico referente à época.

Pilatos teria simplesmente ordenado a condenação, sem qualquer consulta nem intermediação. Deu a ordem imediatamente, para seus subordinados cumprirem, que é levar o ainda jovem Jesus (talvez entre os 35 e 45 anos de idade), para ser pendurado na cruz, local de suplício mortal a condenados de diversas infrações que iam de sonegação fiscal a assassinato.

O "crime" de Jesus teria sido o de afrontar politicamente as autoridades romanas, através das conversas esclarecedoras que teve nos locais onde se hospedava. Jesus era um andarilho e se hospedava em diversas casas, e nas conversas demonstrava não somente um profundo conhecimento das lições morais elevadas, como também entendia muito de política.

Jesus, que foi um ativista social no seu tempo, tinha uma inteligência acima da média do povo da época. Isso é certo. E, entre uma conversa e outra, ele falava em "outro reino", o que deu margem a diversas interpretações, sobretudo a de que ele estaria conspirando contra o poder imperial, de cuja tirania Jesus assumidamente reprovava.

"JULGAMENTO" TERIA SIDO INVENTADO PELO CATOLICISMO MEDIEVAL

O suposto julgamento de Jesus, que ia contra ao imediatismo sanguinário das autoridades romanas da época, já se mostrava contraditório ao apresentar um Pôncio Pilatos hesitante e indeciso, diante de um "povo" que parecia querer a condenação do ativista, mesmo quando ele, na verdade, era uma pessoa muito querida por aqueles que o conheceram.

Talvez até existisse mesmo uma parcela da sociedade que odiasse Jesus e o quisesse vê-lo na cruz, mesmo. Mas o povo não tinha o direito de ser consultado pelas autoridades que ainda escravizavam, torturavam e matavam, naqueles tempos da Antiguidade. As autoridades mandavam e desmandavam, o povo tinha que aceitar os arbítrios impostos e pronto.

O julgamento teria sido inventado na Idade Média, pela nascente Igreja Católica, para tirar a culpa do Império Romano pela condenação de Jesus. A culpa então seria atribuída ao povo judeu, inocentando os romanos, que a partir do imperador Constantino, considerado o "pai" do Catolicismo, estariam promovendo uma "reabilitação" da figura de Jesus Cristo.

Na verdade, essa "reabilitação" foi uma apropriação que, tardiamente, as elites imperiais romanas, já no declínio do famoso império, tiveram da figura de Jesus, distorcendo sua pessoa para nela criar um mito associado a qualidades mágicas, místicas e moralistas, subestimando seu caráter humanista e sua notável inteligência.

ESPIRITOLICISMO NÃO QUESTIONOU JULGAMENTO

O Espiritolicismo não questionou a veracidade do julgamento. O livro Há 2000 Anos, que o espírito jesuíta Emmanuel ditou ao médium Chico Xavier, cheio de grosseiras falhas históricas e sérias omissões geográficas, continuou considerando o julgamento, que havia sido narrado detalhadamente como reza a cartilha católica.

Neste caso, é notável que se coloca no Império Romano qualidades inexistentes, enquanto extrai outras que de fato existiam. Emmanuel, através do seu duvidoso Públio Lentulus (descendente inexistente de um político que de fato tinha esse nome), havia ignorado a regra de castas vigente nas oligarquias imperiais e, tendo Lívia como esposa, havia dado à filha o nome de Flávia.

Nas oligarquias do Império Romano, sabe-se que havia a regra do nome de um filho ou filha ser necessariamente derivado do nome do pai e/ou da mãe, e a filha de Públio não poderia se chamar Flávia, teria de ao menos se chamar também Lívia.

Mas se Emmanuel desconheceu esse detalhe, ele corrobora a inexistente paciência do violento Pôncio Pilatos, que não queria perder tempo para ver Jesus crucificado, ele que estava furioso em acreditar que o ativista era uma ameaça para a "paz política" do Império Romano.

Pôncio nunca teria feito aquele interrogatório que inspira a imaginação de muitos dramaturgos da Paixão de Cristo. Pôncio simplesmente teria ordenado a sentença para seus subordinados e eles foram executá-la imediatamente.

Foi assim, curto e grosso, porque condizia mais à natureza brutal dos políticos romanos, que, como elites, poderiam até mesmo ter regras específicas, como a de castas familiares e cargos políticos (como os chamados "equestres", cavaleiros que tinham status inferior ao de senadores), mas quando condenavam eram tão diretos e intolerantes quanto quaisquer brutamontes.

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