segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
"Espírita" convicto, Carlos Vereza escreveu texto odioso defendendo condenação de Lula
Intérprete do médico Adolfo Bezerra de Menezes, um dos fundadores da FEB, o ator "espírita" Carlos Vereza é, também, uma das celebridades mais reacionárias do Brasil. Ele, que iniciou a carreira artística em 1959, mesmo ano do começo da atividade "psicográfica" de um de seus ídolos, Divaldo Franco, havia escrito um texto contra o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que foi publicado na Folha de São Paulo em 24 de janeiro passado, dia do julgamento do TRF-4.
O mesmo Carlos Vereza que gravou um vídeo recitando o texto "A Caridade", de Paulo de Tarso, comentando sobre atos de amor, disparou um texto cheio de ódio ao ex-presidente Lula, político que fez o Brasil avançar combinando desenvolvimento econômico e inclusão social. Por associação, Vereza também disparou seu rancor contra Dilma Rousseff, a quem, pejorativamente, definiu como "inesquecível".
A escolha de Vereza pela Folha de São Paulo se deu pela falta de algum intelectual qualificado para apresentar argumentos a favor da condenação de Lula (se é que existe algum intelectual assim com essa competência).
Para contrapor Vereza, foi escolhido o advogado de defesa de Lula, Cristiano Zanin, não pelo aspecto pessoal de defesa do ex-presidente, mas por ser um profundo conhecedor de leis às quais aplica para combater a ação abusiva da Lava Jato e seu UFC jurídico.
Em tempo: Carlos Vereza e Divaldo Franco se unem pelo fato de terem "incorporado" o dr. Bezerra de Menezes, o primeiro no cinema e o segundo, durante as palestras, se passando por "psicofonia". No caso de Divaldo Franco, houve até mesmo a estranheza de sua voz se alterar sem um momento de transição, como se mudasse o timbre imediatamente, o que sugere charlatanismo através de falsete.
Divaldo Franco também sinalizou oposição a Lula, ao definir toda a equipe da Operação Lava Jato, responsável pela condenação do petista, como "Missionários da Ordem do Bem protegidos pelo Plano Superior Divino".
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CARLOS VEREZA: Réquiem para um impostor
Folha de São Paulo, 24 de janeiro de 2018
O comunismo não acabou; mudou-se para o Brasil...
Seja qual for o resultado do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre, o Brasil jamais será o mesmo.
O condenado a nove anos e meio pelo juiz Sergio Moro mobilizou todo um séquito de fiéis vassalos, dispostos, com o aval da alma mais honesta deste país, ao enfrentamento e desafio às leis que o julgarão.
Parlamentares não se ruborizam ao incitar os seguidores da seita à coação e mesmo à violência física contra os que apenas exercem um dever avalizado em nossa Constituição.
Lula paira acima do mais comum dos mortais; determina, como um déspota que sempre foi, que a lei deve curvar-se a ele, e não o contrário.
A irracionalidade faz tábula rasa de incontáveis depoimentos de antigos comparsas, que pedem provas, como se o "simples fato" de Lula e Marisa terem declarado, durante seis anos, ao Imposto de Renda o tríplex de Guarujá não passasse de uma articulada conspiração da "direita fascista".
Do macacão matreiramente maquiado de graxa ao alfaiate de grife Ricardo Almeida, o humilde operário, antes sofrido morador de uma residência de 40 m2, como relata o jurista Hélio Bicudo, um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, deu o chamado salto de qualidade —e ponha qualidade.
Com inegável carisma, Lula soube catalisar como ninguém a carência histórica de nosso povo por um "pai dos pobres". Diante da ausência de consciência politica da maioria da população, ele a tornou refém do mais deslavado assistencialismo, contando com o apoio de intelectuais saudosos de uma falida ideologia "de esquerda" e de aplicados setores da igreja partidários da enigmática Teologia da Libertação.
Lamentavelmente, Lula poderia ter sido o maior líder popular, não só da história do país, mas de toda a América Latina, se não tivesse pretendido impor à nação um projeto indefinido de poder, utilizando para essa finalidade o aparelhamento partidário-ideológico da sociedade, esgarçando, estrategicamente, os limites que caracterizam uma democracia.
Evidentemente, Lula não inventou a corrupção, mas aperfeiçoou-a a níveis inimagináveis, usando-a como adestramento e cooptação de não tão renitentes adversários em praticamente todas as áreas de poder do país.
Mas, como imaginam as bem intencionadas Pollyanas de plantão, o comunismo não acabou com a queda do Muro de Berlim, apenas mudou o idioma e corte de cabelo e veio lançar seu alto poder de sedução à América Latina.
Para esse intento, Lula, com a cumplicidade de Fidel Castro (1926-2016) e de Hugo Chávez (1954-2013), criou o Foro de São Paulo em 1990, com o objetivo de debater a nova conjuntura pós-queda do Muro de Berlim. "Debater", leia-se, a articulação para dominar primeiro o maior e mais influente país da região, e a posterior subjugação de toda a América Latina.
Não era mais a tomada do poder pela luta armada; ressuscitaram Antonio Gramsci (1891-1937), uma pitada de fabianismo, a solerte infiltração nas universidades, com a escola com partido, e a consequente doutrinação do marxismo cultural, idiotizando e alienando setores expressivos de nossa juventude.
Mas os míopes seguidores de Lula esbravejam que Brahma —um de seus codinomes revelados nas incontáveis delações premiadas— realizou, como nunca dantes na história deste país, a inclusão social!
Como assim? Deixando um deficit de 13 milhões de desempregados, mais de 60 milhões de inadimplentes, milhares de postos de trabalho fechados, brutal aumento das dívidas interna e externa. Fatos! Mas sem "consistência" para seus hipnotizados aduladores!
Enfim, não é apenas Lula que estará sendo julgado, mas todo o seu "legado" que se tornará de difícil recuperação; não só a quebradeira econômica de seus governos e da "administração" de sua dileta afilhada, a inesquecível Dilma Rousseff, mas o resgate ético e moral de uma nação apática e humilhada.
CARLOS VEREZA, 77, é ator, diretor e autor de peças de teatro, com mais de 50 trabalhos desde o início da carreira, em 1959
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