terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Usar a "bondade" para atenuar a deturpação espírita é mais grave do que se pensa

CHICO XAVIER SEGUINDO O ROTEIRO DE MALCOLM MUGGERIDGE, SOB AS BÊNÇÃOS DA REDE GLOBO

Usar a "bondade" e a "caridade" para atenuar e dissimular a deturpação da Doutrina Espírita não pode ser visto como uma qualidade positiva, mas um processo tendencioso e traiçoeiro de abrir caminho para a mistificação ainda mais intensa, diante da fábrica de consenso que o aparato filantrópico garante num país emocionalmente vulnerável que é o Brasil.

A "caridade paliativa" deve se tornar, em breve, um dos mais complicados problemas dos anos 2020, porque é uma "bondade" que pouco ajuda, que coloca o benfeitor à frente dos beneficiados, uma "caridade" feita mais para arrancar lágrimas do público do que para realmente acabar com a miséria e as injustiças sociais.

O "espiritismo" deturpador, que finge apreciar e respeitar Allan Kardec mas foge de seus postulados - "fuga" muito bem dissimulada com traduções grosseiras das obras kardecianas, que deturpam o conteúdo original - , é ainda mais grave e mais pernicioso quando se apoia na "caridade" para forçar a aceitação de seus conceitos igrejistas e ultraconservadores.

É bom lembrar que a aparente caridade pode, muitas vezes, ser fachada de intenções levianas. Quantas aparentes filantropias servem para a "lavagem" de dinheiro de corruptos e até de mafiosos? E o famoso crime eleitoral, de fornecer cestas básicas? Isso também não poderia ser visto como "caridade" e todos aceitassem livremente que o candidato que investisse nessa trapaça seja unanimemente visto como "caridoso"?

Infelizmente, as pessoas até se tornam cegas e um tanto agressivas quando se referem à "caridade espírita" como "transformadora" e "revolucionária". Se prestarmos atenção nos resultados, vemos que ele não merece metade dos fogos e artifícios que se jogam para seus pretensos filantropos, que usam dessa medida não para mudar a sociedade, mas para permitir que fossem aceitos pela sociedade com suas deturpações doutrinárias.

O Brasil fechou os ouvidos a Erasto, o espírito que se comunicou para um médium a serviço de Allan Kardec, que alertou sobre os supostos médiuns traiçoeiros. Ele admitiu que estes podem às vezes trazer coisas boas, mas ele recomendou, neste caso, maior cautela, porque essas coisas boas podem servir de fachada para que eles transmitam ideias levianas e obscurantistas.

Os brasileiros ainda têm uma ideia medieval do que é "bondade", reduzida a um subproduto da religião que serve mais para colocar o filantropo acima da filantropia, criando uma "caridade" que ajuda pouco e não mexe no sistema de desigualdades sociais em que vivemos.

É uma "bondade" de cativeiro, de alojar pessoas humildes com o aparente intuito de ajudá-los em tudo, mas sob o preço do proselitismo religioso e do controle moral dentro de um sistema de valores em que se recomenda nunca confrontar com os abusos dos detentores de poder. Uma "caridade" que nada interfere nos abusos que acontecem na sociedade desigual que é a brasileira, só servindo como um espetáculo para arrancar lágrimas da plateia.

É absurdo que Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco sejam vistos como "ícones máximos da bondade" porque os dois são os piores deturpadores da Doutrina Espírita em toda sua história. Trouxeram conceitos que entram em séria colisão com os ensinamentos originais de Kardec, corrompendo-os em prol de preconceitos igrejistas e até esotéricos e obscurantistas.

Chico Xavier fez pastiches literários, plágios, expôs as famílias que perderam entes queridos ao sensacionalismo da mídia, enganou muita gente, fez juízo de valor, caluniou os amigos de Jair Presente, humilhou as humildes vítimas do incêndio de um circo em Niterói e ofendeu os humildes agricultores e operários que se organizam politicamente, e ainda defendeu generais e torturadores a pretexto da "preparação de um reino de amor".

Como um cara desses pode ser considerado "puro"? É por causa daqueles clichês de pretensa caridade, que foram copiados do documentário de Malcolm Muggeridge sobre Madre Teresa de Calcutá, que mostram apenas uma "caridade" que só serve para deslumbrar o público do que realmente ajudar o próximo? Se as pessoas acham que isso é "bondade plena e transformadora", é sinal que estão vendo novelas e comerciais de TV demais.

E Divaldo Franco? o que dizer dos festejos em excesso em torno desse deturpador que espalhou a mentira igrejista para o resto do mundo? Ser considerado "maior filantropo do Brasil" por ajudar, e ainda assim, de maneira qualitativamente medíocre, menos de 1% da população brasileira é um absurdo, como é o fato de Divaldo nunca recorrer às elites para cobrar alguma colaboração, mas para bajular e fazer elogios bastante viscosos aos detentores do poder!

Tudo isso mostra que a ideia de "bondade", quando ela serve para acobertar os erros dos deturpadores, se torna não uma caridade, mas um delito ainda mais grave, caraterizando no truque que é conhecido como "bom-mocismo", quando alguém dotado de alguma esperteza forja "boas qualidades" para enganar e seduzir as multidões.

Isso piora mais as coisas porque os deturpadores da Doutrina Espírita se tornam ainda mais deploráveis, porque forçam a associação da ideia de "bondade" com atitudes desonestas, porque os deturpadores arruinaram, de propósito, o trabalhoso legado de Allan Kardec, e se tornam mentirosos quando se dizem "fiéis e rigorosos seguidores" do pedagogo francês. Não há filantropia que possa inocentar os deturpadores do Espiritismo de seus mais graves delitos.

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