segunda-feira, 15 de agosto de 2016
Deturpadores da Doutrina Espírita nunca têm descanso
O "espiritismo" brasileiro, sabe-se, é o triunfo do Roustanguismo, ou seja, a deturpação da Doutrina Espírita feita por Jean-Baptiste Roustaing que corrompeu os ensinamentos de Allan Kardec sujando-os de preconceitos igrejistas medievais.
Como é de praxe no Brasil, tudo isso é dissimulado e enrustido, embora, num passado distante, houvesse roustanguistas mais assumidos e escancarados. Hoje prevalece a tendência dúbia, que bajula Kardec, finge cientificismo e exalta o igrejismo de Francisco Cândido Xavier e companhia.
Os "espíritas" que transformam o pensamento de Allan Kardec num engodo igrejeiro não descansam. Eles persistem por acharem eles que estão com a palavra final, devido ao status religioso em que se encontram. Acreditam que as críticas que sofrem e a crise que os atinge são apenas "tempestades momentâneas", crentes de que os "espíritas" irão passar por cima de tudo, ainda que seja por cima do bom senso e da verdade dos fatos.
Deturpadores que fizeram igualzinho Roustaing, como Chico Xavier e Divaldo Franco, que lançaram as mesmas ideias igrejistas, que vieram com bobagens esotéricas - Roustaing veio com os "criptógamos carnudos" (pessoas reencarnadas em vermes, plantas ou insetos, ou, quem sabe, até em vírus como o HIV e o zyka), Chico com as "cidades espirituais" e Divaldo tomou emprestado a farsa de "crianças-índigo", são tidos como sábios e tentam sobreviver a toda adversidade.
Sim, é chocante para muitos dizer que Chico e Divaldo são discípulos do perverso Roustaing. Mas isso está claro nos livros que os dois anti-médiuns brasileiros lançaram. O malabarismo discursivo que transforma deturpação em palavras dóceis não elimina o tom da deturpação, antes convertesse essa retórica numa mancenilheira de mensagens que adoçam corações e envenenam vidas.
Os "espíritas" tentam persistir e ainda botam tudo na conta de Allan Kardec. Para piorar, escondem Roustaing debaixo do tapete, como um "Eduardo Cunha" dos tempos kardecianos, um reacionário útil que se mostra depois incômodo e, aparentemente descartado e desprezado, tem a essência de seu legado preservada e atribuída a terceiros.
A deturpação da Doutrina Espírita vive de coitadismo e triunfalismo, como é de praxe no Brasil. Ideologias retrógradas mas falsamente modernas sempre fazem esse teatro do vitimismo, alegando ser "injustamente" atacada e confiante de que a tsunami de contestações duras dará lugar ao mar de rosas da aceitação plena.
Isso é muito perigoso. Cria-se um ciclo vicioso no qual se observa em muitos palestrantes "espíritas": de um lado, a falsa defesa a Allan Kardec e ao seu legado científico; de outro, a exaltação do igrejismo medieval expresso de forma explícita pelos "adoráveis" deturpadores Chico Xavier e Divaldo Franco.
Um palestrante diz, num texto, que "o pensamento de Allan Kardec é de surpreendente atualidade". Depois, retorna ao seu igrejismo exaltando os dois grandes deturpadores. Um outro palestrante fala mal da "vaticanização do Espiritismo", mas também exalta os dois "médiuns", que, na prática, não só vaticanizaram como constantinizaram a Doutrina Espírita (constantinizar se refere ao imperador romano Constantino, "pai" do Catolicismo medieval).
E por aí vai. E ainda tem páginas de "filosofia imortal" embarcando na bobagem da "data-limite", em que um simples sonho de um deturpador da Doutrina Espírita é interpretado como se fosse um engenhoso tratado filosófico e profético para a humanidade da Terra.
Os deturpadores não descansam, insistem no mesmo discurso triunfalista, acham que as críticas que recebem são "tempestades momentâneas" que passarão e darão lugar a um "sol radiante". Não têm autocrítica, não cedem a um só ponto e ficam felizes e impunes acendendo velas a figuras antagônicas, sendo uma Allan Kardec e outra Chico Xavier.
Isso é muito mal. E quem sai perdendo é quem acredita neles, embarcando num moralismo religioso e esotérico que, em muitos casos, traz muito azar, e corrompe a forma com que as pessoas tentam perceber o mundo em que se vive. Infelizmente, o roustanguismo triunfou como um Eduardo Cunha que prevaleceu no governo Michel Temer e apenas está escondido "debaixo do tapete".
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