segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Por que a mentira "espírita" insiste em ter pernas longas?


A religião é uma forma de transmitir mitos e ilusões como se fossem "realidade". Isso se comprova quando o histórico da Igreja Católica nos fez acreditar que fenômenos fantásticos e pitorescos, como o Mar Vermelho se "partindo" como se cortasse uma fatia de bolo, eram mesmo verídicos.

Na religião, as mentiras procuram se sustentar de toda forma. Na Idade Média, elas prevaleciam sob a pena de punições severas. Quem não compartilhava das fantasias e mentiras católicas era simplesmente condenado a penas mortais de qualquer tipo, como a forca, o fuzilamento ou a queima em praça pública.

Hoje mudaram-se os contextos, mas o que se observa é que a crise em que passa o "espiritismo" brasileiro ainda é insuficiente para seus líderes adotarem uma postura autocrítica ou simplesmente "saírem do armário" e assumirem que seu negócio nunca foi o pensamento de Allan Kardec.

Muitos líderes "espíritas", em seus artigos, continuam agindo da mesma forma como no auge da fase dúbia, até pouco tempo atrás. Sabe-se que hoje o "espiritismo" vive uma tendência ardilosa, em que o igrejismo roustanguista que sempre norteou o "movimento espírita" é agora dissimulado por um suposto kardecismo, falsamente "autêntico", que se configura num "roustanguismo sem Roustaing".

A mistificação igrejista é misturada com evocações tendenciosas às atividades e ao pensamento científico, até onde se é muito manjado e publicamente conhecido. No entanto, nomes menos conhecidos da Ciência, como o alemão Wolfgang Bargmann, estudioso da glândula pineal nos anos 1940, são tirados de escanteio em nome de falsas façanhas dos ídolos "espíritas".

O caminho para recuperar as bases kardecianas é comprometido por esses "kardecistas autênticos" que, tempos atrás, Carlos Imbassahy, atualizando e adaptando para o contexto brasileiro os avisos de Erasto sobre as deturpações "espíritas", avisou ainda em vida.

Era uma outra etapa da deturpação da Doutrina Espírita, que hoje tornou-se dominante, e que desnorteia aqueles que querem recuperar as bases kardecianas, mas que se deixam seduzir pelo verniz de "amor, bondade e humildade" de certos ídolos mistificadores, a partir dos próprios Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco.

Como pessoas que aceitam que pessoas inúteis sejam hospedadas sem dar uma contribuição e causando problemas e custos graves, esses kardecianos bem intencionados, mas pouco vigilantes, acham que pode-se recuperar as bases originais da Doutrina Espírita mantendo Chico Xavier e Divaldo Franco no pedestal, mesmo que nada se aproveite de expressivo deles.

Há quem os aceite apenas porque "ajudaram muita gente" e aí o edifício das bases kardecianas mantém um "aposento" para os dois supostos médiuns, apenas porque eles são "bonzinhos", sem decidir o que aproveitar deles, tidos como "mestres sem lições".

Vivemos um país estranho, de "mestres sem lições" e "lições sem mestres". O "movimento espírita" descartou Jean-Baptiste Roustaing e no entanto aproveitou a essência de suas más lições, como a própria abordagem moral dos sofrimentos humanos, já que Roustaing semeou nos "espíritas" a Teologia do Sofrimento e Chico Xavier fez a colheita e reforçou a semeadura.

Ou seja, o "movimento espírita" adota a "lição sem mestre" do "roustanguismo sem Roustaing". Já as correntes mais frouxas dos que querem recuperar as bases de Kardec, querem manter os "mestres sem lições", aceitando Chico Xavier e Divaldo Franco "porque sim".

As crises intensas que acontecem, quando as antigas crises são lembradas na Internet e novas crises vêm à tona, e as lideranças "espíritas" parecem estar com a "consciência tranquila", achando que suas visões mistificadoras prevalecerão, usando a "bondade" como desculpa.

E isso é preocupante, porque eles acham que contornarão novos e grandes obstáculos, estão acima da lógica e do bom senso porque eles é que se julgam "dotados de lógica e bom senso", mesmo nas mais delirantes mistificações.

E, num Brasil que vive em crise de valores, cujos paradigmas ainda remanescentes da ditadura militar continuam resistindo apesar do claro perecimento, o "espiritismo" brasileiro não poderia ser diferente, com a ilusão da certeza da invulnerabilidade, da aparente imunidade que a fase dúbia do "movimento espírita" acredita possuir diante do que eles definem como "tempestades da discórdia e da intriga".

Até que ponto eles tentarão implantar pernas longas para suas mentiras mistificadoras não se sabe. O que se sabe é que o Brasil reage à decadência de paradigmas vigentes nos últimos 25, 40 anos, e que não respondem mais às transformações de nossa sociedade, com intransigência e teimosia. Muitos não querem perder as zonas de conforto construídas sob a sombra do "milagre brasileiro" de 1970.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.