domingo, 30 de agosto de 2015

O único Espiritismo, sem canastrices

ESPETÁCULO DAS MESAS GIRANTES, NO SÉCULO XIX, FOI OBJETO DE ESTUDO DE ALLAN KARDEC.

"O Espiritismo é a ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como das suas relações com o mundo corporal". É o que escreveu Allan Kardec em O Que é o Espiritismo, uma das obras subestimadas do pedagogo francês mas que traz muitas orientações precisas sobre a Doutrina Espírita.

Existem vários tipos de Espiritismo? Infelizmente, as interpretações um tanto distorcidas em torno da Doutrina Espírita geram várias facções contraditórias, quase sempre descumprindo o pensamento original de Kardec e distorcendo seu legado e suas lições.

Há desde um igrejismo cafajeste que se observa em Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, até o Espiritismo aparentemente "puro" mas de viés direitista através do gaúcho Francisco Amado, mais próximo da revista Veja do que da Revista Espírita.

As distorções chegam a reduzir Allan Kardec ora a um igrejista filantrópico, ora a um pegagogo esotérico, ou então a um cientista eclesiástico ou, então, a um neo-calvinista espiritualista. Nenhum desses aspectos corresponde à natureza científica de seu pensamento nem em sua disposição de oferecer temas para debate.

O Espiritismo autêntico só existe um, é evidente, e é o que foi sistematizado por Allan Kardec, que procurou dar ao tema o máximo de coerência possível e dar a ele o máximo de contemporaneidade, precisão, objetividade e coerência lógica, mesmo sabendo que o assunto era novo e bastante complexo, que não poderia de modo algum ser fechado.

Lamentavelmente, quase todos exaltam esse "espiritismo único", enquanto outros tentam criar interpretações "próprias" da Doutrina Espírita. Quanto a estes, é óbvio que eles levam a deturpação às últimas consequências a ponto de desviarem o pensamento kardeciano a interpretações cada vez mais diversas e estranhas à doutrina original.

Mas mesmo aqueles que evocam o "espiritismo único" não estão imunes a mistificações e desvios. É como na atual onda do "movimento espírita" alegar suposta fidelidade a Kardec, mesmo traindo o tempo todo o seu legado e a sua trajetória, como ocorre nos últimos 40 anos.

Muitas canastrices e muitos charlatanismos são feitos, protegidos pela suposta fidelidade a Kardec. Atividades supostamente mediúnicas são feitas sem que qualquer dom mediúnico fosse sequer feito, daí o recurso das mensagens religiosas como artifício para acobertar a fraude pseudo-mediúnica.

Aliás, o "movimento espírita" hoje, pelo menos o oficial, que se apoia nos mitos de Chico Xavier e Divaldo Franco, mas jura de pés juntos "total fidelidade" a Allan Kardec, usa do bom-mocismo para acobertar ações fraudulentas, abordagens irregulares e muita, muita mistificação e pregações moralistas retrógradas.

Esse movimento tenta, com sua habitual bajulação a Kardec, dizer que o Espiritismo trazido por ele é o único, mas criam um "espiritismo" totalmente diferente a ele. Ou seja, o "espiritismo" que tem em Chico e Divaldo seus "mestres" já é "outro", pois nada tem a ver com o do professor lionês.

Daí o grande problema. O Espiritismo original e único, de Allan Kardec, não tem as canastrices e charlatanismos que se observa em Chico e Divaldo, que já é um desvio e não pode estar associado à Doutrina dos Espíritos. Portanto, o "movimento espírita" não tem a moral de defender a tese de que o Espiritismo é único e ligado a Allan Kardec se já se envolvem com uma doutrina diferente da dele.

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