quarta-feira, 29 de julho de 2015

O que um Aeróbus de Nosso Lar pode fazer...


Recebendo mensagens de internautas pelo nosso e-mail, nota-se que o "espiritismo" traz más energias até fora de seu âmbito, não bastassem o mau agouro que representam os chamados tratamentos espirituais, verdadeiras "fábricas" de infortúnios.

Ao comentarem sobre busologia, que é o ato de apreciar ônibus, os internautas chamaram a atenção de que um antigo fotolog de ônibus antigos havia decidido publicar uma foto de um desenho do "aeróbus", o transporte coletivo descrito no livro Nosso Lar, ficção não-assumida que descreve, de forma "realista", uma "colônia espiritual" situada sobre o céu do Rio de Janeiro.

A intenção parecia boa. Tomando como base o livro de 1943 que descreve supostos fatos ocorridos entre 1931 e 1939, o responsável pelo fotolog reproduziu uma ilustração (mostrada acima) do "aeróbus", como se fosse um "BRT do além-túmulo" e creditou o veículo a 1933. Tudo feito com uma postagem simpática, mas que depois foi deletada.

Só que a homenagem trouxe energias bastante negativas para o autor do fotolog, e também para os leitores, que eram tantos, dessa página dedicada a ônibus antigos. O servidor da página também foi prejudicado, pois, anos depois, passou a ter problemas para upload e publicação de mensagens, não bastasse outros problemas técnicos que fizeram o portal ficar fora do ar.

"TORRE DE BABEL"

A busologia do Rio de Janeiro passou a ser uma verdadeira "torre de Babel", com desentendimentos feitos entre aqueles que queriam se ascender, a partir de 2010, quando autoridades do PMDB carioca - cujo notório autoritarismo antilegalista é levado às últimas consequências pelo deputado Eduardo Cunha - tentaram "comprar" o apoio de busólogos, através do secretário Alexandre Sansão.

Quando foi anunciado o arbitrário e antipopular projeto de sistema de ônibus pelo prefeito carioca Eduardo Paes - conhecido por suas visões elitistas e contrárias à lei e ao interesse público - , no final de 2009, os busólogos repudiaram totalmente, como que por unanimidade.

Reciclando um projeto do recém-falecido prefeito carioca Luiz Paulo Conde (espécie de Jaime Lerner local), Paes queria impor pintura padronizada nas empresas, dupla função de motorista-cobrador e esquartejamento de trajetos dividindo algumas linhas em "alimentadoras" para o uso do duvidoso Bilhete Único.

O modelo tecnocrático, que hoje revela um trágico fracasso, apesar de não haver aparentes indícios de revogação - é o Rio de Janeiro de Eduardo Cunha, é claro! - , causa confusão entre passageiros, que ainda têm que enfrentar engarrafamentos, acidentes de ônibus, atrasos no trabalho e outros malefícios.

Tudo isso era imposto em nome do "milagre" do BRT. A mania de religiosizar tudo dos cariocas, em que até times de futebol e certas rádios FM (como a "roqueira" Rádio Cidade) são "divinizadas" e se estabeleceu o ato de aceitar qualquer coisa decidida "do alto", fez o BRT, um reles ônibus articulado maior que um ônibus comum, mas bem menor que trens e metros, virar um "totem divino".

Em nome desse "Bezerro Rapid Transit" de ouro, uma parcela de busólogos passou a virar a casaca e a defender o grupo político de Eduardo Paes. Um histérico busólogo da Baixada Fluminense, que era ligado a um projeto "social" de uma prefeitura, mas que havia se envolvido, em 2008, com uma briga em que o encrenqueiro reagiu com uma xingação racista contra outro, tornou-se o mais entusiasmado vira-casaca.

OFENSAS E CALÚNIAS

Nas mídias sociais, esse arrogante busólogo, que fazia o jogo duplo de parecer "disciplinado" e "cordato" em portais de transporte e mobilidade urbana e "amigável" entre um meio-termo de busólogos influentes e grupos independentes, chegou a espalhar visões caluniosas, a jogar alguns busólogos contra outros e a tentar tirar do caminho busólogos emergentes.

O encrenqueiro chegava mesmo a desvirtuar os espaços de busologia, fazendo com que o hobby deixasse de discutir e informar sobre transporte para virar um ringue de ofensas diversas, onde até preconceitos sociais eram difundidos impunemente.

Ele passava a defender a pintura padronizada dos ônibus com um fanatismo fascista, bajulava os políticos com submissão canina e, conforme uma mensagem que recebemos de um internauta amigo dele, as ofensas chegavam à visão discriminatória e pejorativa de que homem que estivesse solteiro por longo tempo era "virgem" ou "homossexual" (o encrenqueiro e um outro busólogo usavam fakes para fazer piadas porno-homofóbicas).

A situação culminou quando o encrenqueiro da Baixada expulsava busólogos dos espaços de discussão nas mídias sociais, só deixando aqueles que se contentassem em ver a busologia se reduzir a um sub-gabinete da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR). Um outro busólogo havia nos escrito de rumores que seu secretário Alexandre Sansão iria empregar busólogos em seu gabinete.

VIAGENS DE AERÓBUS E BRT TRANSCARIOCA...

O esquentado busólogo, que "comprava" apoio de seus colegas influentes, chegou a chamar seu coleguinha de piadas porno-homofóbicas através de seu exército de "fakes do bem", como o amigo do encrenqueiro-líder havia denunciado em seu e-mail, para empastelar uma petição digital contrária à pintura padronizada nos ônibus.

O ato lembra muito o que se faziam nos tempos do Orkut, quando membros da comunidade Eu Odeio Acordar Cedo estavam associados a vários atos grupais de divulgar mensagens em bloco com humilhações, ironias e ameaças, e que culminou com os ataques feitos no Facebook contra a jornalista negra Maria Júlia Coutinho, a Maju.

Em seguida, indiferente às leis que identificam e punem os crimes pela Internet, o encrenqueiro chegou a criar um blogue de ofensas, que um dos missivistas definiu como "de comentários críticos", que primeiro iria desmoralizar busólogos emergentes, para depois esculhambar busólogos mais influentes, inclusive aqueles que o encrenqueiro fingia se relacionar com respeito e consideração.

O blogue de calúnias, feito através de um pseudônimo, copiava mensagens de busólogos emergentes que eram acompanhadas de comentários ofensivos de um tal de "crítico". Postagens depreciativas eram também publicadas e, quando o encrenqueiro recebia as primeiras reações negativas, ele havia publicado uma postagem irônica dizendo que seu blogue era "um sucesso".

O blogue foi denunciado para o portal Denúncias.Org da SaferNet, e a identidade do busólogo foi revelada quando um amigo do encrenqueiro, preocupado com as brigas na busologia, o que causou reações de revolta contra o encrenqueiro, que chegaram a refletir em grupos busólogos fora do Rio de Janeiro.

O encrenqueiro, conforme lembra um dos mensageiros em e-mail, ainda "visitava" as cidades de seus desafetos, sob o pretexto de tirar fotos de ônibus, na tentativa de intimidar. No entanto, conforme lembra o mensageiro, "o feitiço se virava contra o feiticeiro e havia uns homens olhando com estranheza para ele, de cara feia mesmo".

Segundo esse missivista, em Niterói, por exemplo, a chamada "máfia das vans" marcava o "valentão" por acreditar ser um forasteiro com "interesses" de fotografar o "trânsito da cidade". O missivista detalhava que "milicianos se escondiam no estacionamento perto do antigo Carrefour para marcar quem fotografasse o trânsito, achando que eles 'tiravam o tempo' para observar o 'mercado das vans'".

"Ficávamos preocupados", disse o missivista. "É a mesma cidade dos assassinos da juíza Patrícia Acioli. A gente via o (prenome do encrenqueiro) tirar as fotos e uns dois ou três caras olhavam para gente e principalmente para ele. Eles têm até vendedor de bala como informante. Se esses durões, que controlam as vans, mataram uma juíza, matar um busólogo é como pisar em barata. Eles não fizeram nada, mas podiam fazer", comenta.

É certo que a situação ficou muito trevosa. A busologia perigava sucumbir ao corporativismo e, da defesa à pintura padronizada, passava-se para a defesa de empresas de ônibus ruins controladas por "peixes grandes", como a Trans1000 (que só foi extinta mediante protestos de moradores das cidades atendidas), e até para medidas claramente impopulares entre os passageiros de ônibus.

Assim, a busologia do Rio de Janeiro, segundo conta um outro missivista, beirava ao ponto de defender a redução dos ônibus em circulação nas ruas - um dos maiores motivos de queixas dos passageiros que ficam longo tempo a esperar por um ônibus - e até a dupla função do motorista-cobrador, responsável por muitos acidentes motivados pela sobrecarga de motoristas que se dividem entre a direção e a cobrança de tarifas.

O busólogo encrenqueiro, depois, saiu desacreditado e, dizem rumores, desempregado depois que a prefeitura a quem ele servia resolveu "enxugar a máquina administrativa". E, segundo os missivistas, acabou sendo visado até pelos milicianos em várias partes do Grande Rio por causa de seu jeito "arrojado" de fotografar ônibus e "procurar" desafetos.

Querendo transformar a busologia em um sub-escritório da SMTR onde só se admitiam "busólogos cabritos" (como um missivista definiu os busólogos atrelados aos donos do poder, em alusão ao "motor de caminhão dos ônibus convencionais, os "cabritos"), o encrenqueiro só agravou os preconceitos que a classe de hobbistas já sofria pela sociedade.

E imaginar que tamanhos incidentes ocorreram porque um autor de fotolog foi inserir uma referência "espírita", de uma doutrina marcada de tantas mistificações e práticas irregulares, em uma página de ônibus antigos...

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