quarta-feira, 8 de abril de 2015

"Espiritismo" e as relações amorosas

O "ESPIRITISMO" BRASILEIRO COSTUMA COMPLICAR A VIDA DE CASAIS AFINS.

O "espiritismo" brasileiro é uma doutrina de condenações e pregações moralistas. A vida na Terra é uma penitenciária e só os que cometem erros graves é que são beneficiados pelo "fiado" de só pagarem pelos seus pecados daqui a uma ou duas encarnações.

Com isso, a pessoa que é dotada de uma significativa evolução espiritual é convidada a sofrer todo tipo de infortúnio na vida, mesmo que seja para parecer um personagem de Franz Kafka, suportando pesadas provações das quais não encontra razão consistente sequer para provocá-las. Mas como tudo é colocado na conta de "faltas passadas", o pessoal "espírita" logo aceita.

Assim, os atrasados pagam menos, vivem mais e podem expressar seus exemplos para a geração de seus netos e bisnetos. Quem é evoluído paga mais, vive menos e mal consegue criar um legado para a posteridade, com sua missão incompleta e, em muitos aspectos, natimorta.

Na vida amorosa, o reflexo desse mau agouro que a "doutrina do amor e da luz" influencia, direta ou indiretamente, nas pessoas, é que as melhores relações amorosas, baseadas na evolução espiritual, nas leis de atração e de amor e na afinidade de personalidades, são as que mais sofrem dificuldades em se consolidarem e se prolongarem.

É de chorar que o "espiritismo" ainda fala em "almas-gêmeas", diante de tantos casos de separações forçadas de casais potencialmente afins, seja porque os dois entes nem chegam a iniciar uma relação de namoro e pelo menos um deles se compromete com outro alguém de menor afinidade, ou seja quando a tragédia dissolve o casal deixando um deles na viuvez.

Autoritário, o próprio "espiritismo" prefere enfatizar as "uniões provacionais", dentro daquele espírito medieval de pregar "resgates morais" até na formação de casais. criando relações de conveniências ditadas não por famílias aristocráticas em negociação na Terra, mas pela "iluminada família espírita que nos quer bem".

NO BRASIL, ESTIMULA-SE A FORMAÇÃO DE CASAIS SEM AFINIDADE

Há uma estranha tradição, no Brasil, de que se deve estimular a formação de casais sem afinidade, sob a desculpa do "livre convívio das diferenças", do "aprendizado mútuo" e da "superação de divergências". Tanto que existe um ditado que diz "os opostos se atraem", uma equivocada analogia ao que ocorre, na Física, com prótons e elétrons.

Nas mídias sociais, o que há é a pregação politicamente correta de pessoas que recomendam que homens solitários namorem as mulheres que eles conseguem atrair, que não têm qualquer afinidade espiritual com eles. Recusá-las é visto como uma forma de "preconceito".

No machismo, existe até a norma de que o homem não pode recusar o assédio de qualquer mulher. A primeira que surge paquerando tem que ser aceita, sob pena do rapaz ser humilhado pelos seus amigos, diante de tamanha recusa.

Só que esse "maravilhoso" mundo dos casais sem afinidade, que tantas teorias "maravilhosas" são divulgadas nas mídias sociais, dentro do espírito politicamente correto, são fontes de casamentos bastante infelizes, não raro com desfechos trágicos.

Na melhor das hipóteses, os casais sem afinidade geram, na maioria das vezes, mulheres estressadas e homens preguiçosos, em relações que se arrastam como uma animosidade tolerada entre os cônjuges. Há até a típica cena do marido barrigudo que, cerveja na mão, pede à mulher para fazer pipoca ou trazer outra lata de cerveja.

Na pior delas, as relações terminam nos feminicídios que dramaticamente dominaram as estatísticas até Dilma Rousseff sancionar lei que os considera crimes hediondos. Em alguns casos, ocorre o inverso, com mulheres agredidas matando seus maridos para se prevenirem de suas represálias ou, em outras ocasiões, porque são elas mesmo as mais violentas.

Isso contrasta o que acontece no Primeiro Mundo, em que observa, sobretudo no âmbito das celebridades, que os casais que não possuem muita afinidade se divorciam "por "diferenças irreconciliáveis". Lá existe a consciência de não ficar "carregando casamento", como ocorre no Brasil.

SITUAÇÃO CONFUSA

O Brasil que acha que vai comandar o mundo e se tornar o farol da humanidade planetária está muito atrasado no âmbito das relações amorosas. A baixa valorização dos casais afins, numa sociedade marcada pela indiferença, pelo desprezo ao ser humano e pelo desrespeito ao outro, aliado ao egocentrismo das conveniências e do "jeitinho", cria uma situação bastante confusa.

Por exemplo, os casais passam a se unirem apenas porque frequentam os mesmos restaurantes por um longo período de tempo. Os processos de atração, unilaterais, forçam principalmente a união de homens e mulheres sem a menor afinidade entre si, mas que são apenas solteiros em longa data.

Os casamentos que, em maioria, mais se dissolvem são aqueles em que existe uma afinidade relativa mas de certo modo significativa. E os que mais duram são aqueles que não possuem a menor afinidade, sobretudo quando é aquela mulher de personalidade moderna e arrojada que se casa com um empresário que tende a ter um comportamento sisudo e pouco sensível.

Isto quer dizer que as "diferenças irreconciliáveis", que nos EUA e na Europa são motivo para o divórcio, no Brasil eles não atrapalham a manutenção do casamento, já que o divórcio é visto como um processo economica e socialmente custoso.

Neste caso, a gente observa que, quando casais com alguma afinidade se separam, é porque a relação deles é livre e espontânea a ponto de se dissolverem sem qualquer problema. Já no caso dos casais sem afinidade, o processo é mais trabalhoso pela rede de conveniências que tal relação envolve.

Primeiro, o divórcio, em si, pode gerar uma pensão alimentícia onerosa e problemática, que aumentará o conflito do casal em separação. Segundo, ele causará traumas nos filhos, não raro ainda crianças. Terceiro, ele romperá com uma rede de relações que envolve vizinhos, sócios, colegas de trabalho, contatos influentes e poderá afetar a ascensão sócio-econômica do casal.

É uma situação estranha, surreal, mas que é própria de um Brasil marcado por um conservadorismo ideológico e moral típicos, que oferecem condições para a ideologia "espírita" que conhecemos. E que lição isso poderá trazer para o mundo, não sabemos, a não ser para ensinar o que não se deve ser feito. E isso mantém o Brasil ainda em retaguarda na comunidade das nações.

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