domingo, 22 de março de 2015

"Espiritismo" brasileiro vive de especulação


O "espiritismo" no Brasil toma o incerto como se fosse certo. Tenta criar suposições das quais estabelecem certezas absolutas, embora num dado momento tentem desculpar dizendo que é a visão mais provável etc etc etc.

Claro, "espíritas" dizem e desdizem o tempo inteiro. Antes entusiasmados defensores de Jean-Baptiste Roustaing, hoje se envergonham de seu legado e consideram seu sobrenome um "palavrão". Preferem fazer um roustanguismo light usando o nome de Allan Kardec que, tranquilamente, daria um ZERO aos seus "alunos" brasileiros.

Quanto à mediunidade, o que se observa é que existe a MENTIUNIDADE, O que se pratica sob o rótulo de "psicografia", "psicofonia" e "psicopictografia" no Brasil são quase sempre ações fraudulentas, feitas com o único objetivo de promover panfletarismo religioso.

As "psicografias" são geralmente obras literárias coletivas, com o suposto médium como autor e um grupo de editores como seus auxiliares e consultores de estilo. Em muitos casos eles também co-escrevem os livros "espirituais", mas em certos capítulos escolhem algumas obras literárias e plagiam alguns capítulos, com o cuidado relativamente sutil de rearrumar palavras e frases.

Quanto às cartas ditas psicográficas, elas apresentam apenas a caligrafia do suposto médium, inclusive a assinatura, a não ser que venha algum imitador da caligrafia do falecido, realizando uma imitação pouco sutil. E todas elas apresentam sempre a mesma mensagem monocórdica de alguém que "sofreu, depois ficou melhor, descobriu a luz e pede a todos se unirem no amor em Cristo".

As "psicofonias" são espetáculos de imitação vocal, em falsetes que supõem vir de vozes de pessoas do além. Mas uma manobra bem matreira é que muitas "psicofonias" remetem a personalidades que viveram até o século XIX e cujas vozes não tiveram registro disponível aos nossos dias. Só para se ter uma ideia, o fonógrafo, primeiro aparelho gravador de som, foi inventado em 1877 e só se popularizou cinquenta anos depois.

As "psicopictografias" são espetáculos de pintura falsificada livre, onde o falsário não precisa mais repintar a obra original, criando uma réplica da mesma. Ele apenas precisa conhecer parcialmente o estilo do pintor original e tentar reproduzir, ainda que de maneira grotesca. Nem precisa imitar a assinatura, a intenção "filantrópica" faz seu trabalho.

Por que mesmo espíritas com algum mínimo de seriedade acabam ficando complacentes com essa farra toda? Provavelmente, porque eles ainda não chegaram ao nível de confrontar totens, e acham ainda que não podem "mexer" em atividades ligadas ao sobrenatural.

Daí aberrações como acreditar que Humberto de Campos, agora, é "propriedade" de Chico Xavier. Ou imaginar que cartas apócrifas que só mostram a assinatura do suposto médium e fazem a mesma mensagem religiosista são "realmente mediúnicas".

Se deixarmos, mesmo os kardecianos de relativa dedicação no Brasil vão acreditar que André Luiz gerou o "big bang" e tem em mãos até a cura da paralisia cerebral, e só não divulgou porque somos malcriados e nos recusamos a ficar orando em silêncio como recomendava titio Chico Xavier.

O "espiritismo" vive de especulação, criando seu "mundo paralelo" em que o fantasioso e o fraudulento detém o monopólio de sentido sobre a realidade. É um mundo surreal em que as mistificações e mitificações se supõem "mais reais" do que a realidade, e nenhum raciocínio lógico pode intervir. Se intervir, será acusado de exercer "levianas paixões terrenas".

São suposições do que seriam as "práticas mediúnicas" sem que estudos aprofundados, como os relacionados ao Magnetismo de Franz Anton Mesmer, sejam feitos, criando um "vale-tudo" que permite a produção de mensagens sem qualquer recurso mediúnico.

Da mesma forma, as suposições de vida espiritual apenas são feitas à imaginação dos "espíritas", supondo uma reprodução da vida terrena dentro de uma perspectiva igrejista-hospitalar da qual inexistem estudos sérios comprovando ou desmentindo tais especulações.

O "achismo" do "movimento espírita" impede que o contato com espíritos do além seja feito de forma realista e honesta. Em vez disso, cria-se um faz-de-conta, e o espírito do além se limita a ser um nome que o suposto médium, sem exercer essa atividade, usa como crédito de autoria das mesmas mensagens de pregação religiosa que se conhece.

Tudo especulativo, mas levado como se fossem "certezas absolutas". Daí as suposições de existência de animais ou plantas no mundo espiritual, que não procedem em pesquisas científicas. O mundo espiritual, na verdade, é um mistério, mas o "movimento espírita" o inventa e cria uma "realidade paralela" que seus seguidores acreditam como se fosse "verídica" e "cientificamente comprovada".

Ainda impera muito o medo de questionarmos seriamente os irregulares procedimentos "espíritas". O medo de enfrentarmos "gente de bem", vejam só! Pessoas que não questionam atividades duvidosas e discutíveis porque não podem contrariar "gente caridosa". Isso nos faz pensar que a "bondade", em certos casos, pode também intimidar...

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