quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Desventuras de um tratamento espiritual - I


Recebemos uma mensagem de um frequentador do Centro Espírita Leon Denis, localizado no bairro de Bento Ribeiro, Zona Norte do Rio de Janeiro, que há cinco anos atrás começou um tratamento espiritual na casa. Em casos assim, procuraremos não divulgar o nome de indivíduos com tais experiências, como medida de precaução.

Morando em São Gonçalo, ele costumava pegar o 533D Alcântara / Méier para ir até este bairro e, daí, pegar o 684 Méier / Catiri ou o 689 Méier / Campo Grande para chegar ao Bento Ribeiro. Ou então atravessava a passarela para pegar o 391 Padre Miguel / Tiradentes, na Av. Amaro Cavalcânti. Em certos casos, até o 543L Nova Iguaçu / Méier da Viação Nossa Senhora da Penha também servia.

Só quando havia algum compromisso no Centro do Rio de Janeiro, o jovem se dispunha a pegar um ônibus 143M São Gonçalo / Niterói até as Barcas, e, chegando à Praça 15, pegava o ônibus da linha 378 Castelo / Marechal Hermes para chegar ao local.

O tratamento era feito toda quarta-feira, à tarde, depois de longo percurso por ônibus. O rapaz havia decidido fazer tratamento espiritual porque achava o ambiente agradável, o bairro bastante simpático e a instalação do Centro Espírita Leon Denis parecia aconchegante.

O jovem fez tratamento espiritual por influência de um tio que frequentava o local. Ele decidiu fazer o tratamento, juntamente com seu irmão mais novo, vendo que tinha muitas dificuldades na vida, principalmente emprego.

Ele assistia pacientemente às palestras, esperando receber os tais passes, dentro do roteiro determinado pela casa, em que cada grupo esperava num recinto para receber passes e ficar ouvindo, diante de uma tela, uma palestrante comentar o tema do dia.

Depois, havia mais um comentário de uma leitura de livro, enquanto os que assistiam à doutrinária sem fazer tratamento espiritual recebiam os tais "passes coletivos", enquanto na tela apareciam imagens marinhas ou campestres e seus seres, animais ou vegetais, relacionados.

Tudo parecia lindo e tranquilo, até que, num curto prazo de tempo, revezes surgiram em sua vida. As melhorias desejadas não apareceram, mas uma onda de azar passou a ocorrer em sua vida, associada a um incidente que surgiu contra sua vontade e seu esforço.

De repente, numa polêmica pequena nas mídias sociais, um rapaz encrenqueiro da Baixada Fluminense, do município de São João do Meriti, cismou com os dois rapazes que fizeram tratamento espiritual. Começou fazendo comentários jocosos e agressivos e a fazer marcação contra os dois rapazes, numa espécie de bullying cibernético.

O tema era até delicado, relacionado a um abuso cometido por políticos, e o encrenqueiro de Meriti defendia abertamente as autoridades envolvidas, ficando furioso quando era contrariado, sobretudo pelos dois rapazes.

De repente, os rapazes passaram a ser ridicularizados em tudo que faziam. Eles criaram uma petição na Internet contra a corrupção nos serviços públicos e o encrenqueiro chamava os amigos dele para, através de pseudônimos, transformar a petição num espaço para piadas ofensivas e comentários irônicos, com o intuito de humilhar e desmoralizar a iniciativa dos dois rapazes.

Não bastasse isso, o encrenqueiro ainda criou um blogue ofensivo, em que republicava textos de cada um dos dois rapazes, mas acrescia neles comentários sarcásticos e depreciativos. Certa vez, usou um cartaz do filme Debi & Loide para se referir jocosamente aos dois irmãos.

O mais velho dos irmãos tentou recorrer aos servidores, a portais de denúncia na Internet e até ao Ministério Público, e até a e-mails para a imprensa, mas nada acontecia. Enquanto isso, os dois irmãos estavam informados de passeios do encrenqueiro pelas ruas de São Gonçalo, através de fotografias que ele publicava no seu fotolog.

As ameaças foram tais e a agressividade do valentão - que parecia seguro de si e contra o qual nada de ruim parecia lhe acontecer - era tal que os dois irmãos chegaram mesmo a evitar sair de casa nos fins de semana. E tudo isso aconteceu depois que os dois realizaram um tratamento espiritual.

Só depois que eles resolveram cancelar o tratamento é que, pelo menos, a vulnerabilidade diminuiu. Mas, enquanto eles faziam o tratamento espiritual, eles se tornaram mais vulneráveis, sofrendo o risco da represália de outrem. Um tratamento espiritual que prometia segurança, proteção e melhorias os deixava sob a ameaça trágica de um encrenqueiro.

É horrível. Busca-se uma assistência fraternal, uma luz no caminho, e se atrai encrenca do nada. Em busca do afeto, se atrai o ódio. Não pode ser coincidência a reação, em protesto, de "espíritos obsessores" pelo êxito do tratamento, porque isso nunca ocorreria se o tratamento fosse realmente eficaz.

Num tratamento de saúde, se a pessoa fica mais doente, é porque outros fatores acontecem, como infecção hospitalar ou efeitos colaterais de um remédio arriscado, mas não o protesto de vermes ou parasitas diante do remédio bem sucedido, a doença não se rebela contra o êxito da cura.

Esse é um exemplo de como tratamentos em "centros espíritas" geram mau agouro. Corrompido pelo ranço católico medieval, por interesses pessoais e outras falsidades e erros que norteiam o "espiritismo" brasileiro, essa doutrina, por mais que simule, em seus tratamentos espirituais, um ambiente "hospitalar" e uma disciplina "terapêutica", acaba piorando em vez de melhorando.

Daí que tais tratamentos se equivalem às infecções hospitalares, sendo, neste caso, a infecção espiritual da brincadeira de espíritos zombeteiros, felizes pela boa conta que possuem no comando do "espiritismo" brasileiro, de forjar terapias "hospitalares" de valor duvidoso, que às vezes até trazem meio "benefício" a seus pacientes, desde que tragam também uma boa parcela de azar e infortúnios.

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