sábado, 19 de julho de 2014

"Espiritismo" brasileiro prejudicou a Ciência Espírita


A Ciência Espírita no Brasil existe, mas ela foi bastante prejudicada pelo religiogismo excessivamente piegas e retrógrado adotado pelo "espiritismo" da FEB. Seus trabalhos tiveram poucos avanços, diante da verborragia que usa e abusa das evocações pedantes à ciência, sem apresentar algo novo, concreto e, sobretudo, consistente.

O contexto brasileiro contribui muito para esse quadro lamentável, em comparação ao da França do século XIX, o chamado "Século das Luzes", quando o professor Rivail, conhecido pela famosa alcunha de Allan Kardec, se serviu de uma sociedade marcada por diversas manifestações do pensamento intelectual mais refinado e progressista.

A partir desse contexto, que revelou pensadores famosos como Rousseau, Voltaire e tantos outros, Kardec estudou os fenômenos da vida espiritual aproveitando sua experiência de pedagogo, matemático e de estudioso do Magnetismo de Franz Mesmer, para lançar as ideias que hoje se conhecem pela Doutrina Espírita.

Infelizmente, no Brasil, o que ocorreu é que o país sempre foi marcado por sua posição de atraso sócio-cultural resultante de sua condição colonial vigente até 1822 e de seu status semi-colonial que se manteve em todo o Segundo Império.

Mesmo os simpatizantes do Iluminismo francês, no Brasil, ainda assimilaram pela metade a causa dos Direitos Humanos, uma vez que, enquanto havia a segunda etapa da Revolução Industrial e as primeiras obras do pensamento socialista, em meados do século XIX, o Brasil ainda se mantinha inflexível diante das pressões pelo fim da escravidão.

O próprio Portugal também vivia um enorme atraso. Passada a Idade Média, o país europeu ainda mantinha práticas punitivas graves aos hereges, seu Catolicismo ainda era medieval na época da Revolução Francesa, e ainda teve que amargar uma crise resultante da devastação do terremoto que atingiu Lisboa e arredores, em 1750.

Isso criou as condições para o Brasil, ainda em incipiente processo de urbanização e com um ensino superior em processo de implantação, assimilar as ideias de Kardec já em segunda mão, pelas distorções do suposto seguidor Jean-Baptiste Roustaing que geraram as sementes ideológicas da Federação "Espírita" Brasileira.

Desta forma, o Espiritismo foi seriamente prejudicado pois, no lugar dos conhecimentos científicos de Kardec, foi feita a abordagem da espiritualidade com base em valores do Catolicismo, sobretudo na adaptação de conceitos como a Santíssima Trindade e a questão do Espírito Santo.

Isso causou um retrocesso muito grande e bloqueou o caminho dos avanços científicos. Eles não deixaram de ocorrer, mas, como em toda atividade que preze a Ciência, no Brasil, eles sempre são realizados à margem, sem muita visibilidade e com muito menos investimentos.

Temos até mesmo os estudos da TransComunicação Instumental (TCI), dos quais se destaca o nome de Sônia Rinaldi, mas eles ainda são pouco conhecidos. E a comunicação com os espíritos é prejudicada violentamente pela farra que se faz com o dom da mediunidade no Brasil.

Aqui a mediunidade é tão irregular que 75% das supostas mensagens espirituais não passam de faz-de-conta feitos por gente aqui na Terra, enquanto que 24% seriam de espíritos zombeteiros que se passam por personalidades ilustres. Para piorar, o 1% restante, quando é de manifestação espiritual autêntica, está quase toda  entregue a moralistas do nível do jesuíta Emmanuel.

Assim não há como analisar cientificamente a questão da vida espiritual. Além das fraudes mediúnicas, existe também a verborragia da quase totalidade dos articulistas ditos "espíritas", que falam muito em ciência, citam frases de autores, evocam da psicologia à física quântica, mas nada trazem de conhecimento científico. Tudo vira um desfile de palavras mortas e ideias pedantes.

Por essas coisas acontecerem há mais de 100 anos, e mesmo no século XX a coisa não melhorou, já que figuras como Albert Einstein produziam conhecimento e no Brasil ainda se fazia vista grossa às fraudes de Chico Xavier, é que a Ciência Espírita carece de uma valorização mais digna e ampliada, com os temas da espiritualidade entregues ao domínio da há muito corrompida FEB.

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