sábado, 26 de abril de 2014

Tal pai, tal filho: Diolindo enfrentou a FEB, Paulo Henrique a Rede Globo


Até parecem trincheiras previamente organizadas. Enquanto, nos últimos tempos, vemos a roustanguista Federação "Espírita" Brasileira fazer parcerias cinematográficas com as Organizações Globo, eis que pai e filho haviam se unido em missões de combater um e outro.

São missões aparentemente diferentes e de outros tempos. Uma foi a do jornalista, sociólogo e estudioso da Doutrina Espírita, Deolindo Amorim (1906-1984), que combateu os abusos e fraudes cometidas pelas lideranças da FEB. Outra é a do seu filho, o jornalista e blogueiro Paulo Henrique Amorim, na sua trincheira contra os chefões da grande mídia, sobretudo da Rede Globo.

Ambos tentaram realizar um bom trabalho dentro das instituições que passaram depois a combater. Deolindo tentou, ao lado de seus parceiros Carlos Imbassahy (o pai), José Herculano Pires e outros, manter o movimento espírita o mais próximo possível da fidelidade às ideias de Allan Kardec.

Deolindo também tentou desfazer a confusão que se fazia antes entre Espiritismo e a Umbanda ou o Candomblé, como também se esforçou para evitar a deturpação, ou pelo menos o agravamento da mesma, da Doutrina Espírita em prol de resíduos do catolicismo conservador e de outras correntes religiosas.

Ele esteve, com seus parceiros, na reunião da FEB de 1949, que estabeleceu as diretrizes do chamado Pacto Áureo. Amorim, assim como Imbassahy e Pires, tentaram, com seus esforços, opinar contra as decisões da direção da FEB - comandada por Wantuil de Freitas - , que desejava uma orientação espiritólica. Infelizmente, os interesses da FEB, sobretudo de Wantuil, prevaleceram.

Anos antes, durante o Estado Novo, que foi apoiado pela cúpula da FEB - que mais tarde apoiaria também a ditadura militar - , Deolindo esteve à frente da organização do I Congresso de Jornalistas e Escritores Espíritas, realizado no auditório da Associação Brasileira de Imprensa, no centro do Rio de Janeiro, então capital do país, em 15 de novembro de 1939.

A herança da luta de Paulo Henrique Amorim se deu de forma semelhante. Se Deolindo integrava a FEB e lutou para que a instituição não traísse a doutrina de Kardec, Paulo Henrique tentou fazer um jornalismo profissional e decente dentro da Rede Globo.

Antes Paulo havia sido repórter da revista Realidade, que introduziu a narrativa literária nas reportagens, que nos EUA é conhecido como New Journalism (Novo Jornalismo). Depois foi para a revista Veja, na época beneficiada pela linha editorial profissional comandada por Mino Carta, hoje editor-chefe e dono da Carta Capital.

Polêmico, Paulo Henrique Amorim, que produz o blogue Conversa Afiada, acumula vários processos judiciais contra ele, vindos de várias partes, desde jornalistas do porte de Ali Kamel, Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi, até empresários envolvidos em esquemas de corrupção, como Naji Nahas e Daniel Dantas (não confundir com o ator de TV; este é banqueiro do Grupo Opportunity).

Paulo Henrique luta sobretudo contra a supremacia da Rede Globo de Televisão. Embora seja empregado da Rede Record, Paulo Henrique defende a redemocratização da mídia e sinaliza apoio à proposta da Lei dos Meios, que restringe os patrimônios midiáticos das grandes empresas, a exemplo do que começa a se fazer na Argentina, atingindo o grupo local Clarín.

Com esses dois exemplos, nota-se a oposição que se tem em relação ao Espiritolicismo, que sempre manteve suas boas relações com o baronato midiático, até pelos seus interesses de poder e de supremacia.

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