sábado, 1 de março de 2014
"Espiritismo" brasileiro pensa que está pensando
O "espiritismo" brasileiro tem um grande cacoete. É uma religião retrógrada e dotada de um misticismo moralista, mas tem a mania de dizer que é uma mistura de "ciência e filosofia", com todos os discursos e arremedos que lhe são possíveis de fazer.
O Espiritolicismo, que é o que denominamos o "espiritismo da FEB" e similares, apenas pensa que "pensa". Acha que se encontra "à luz da ciência" e que é uma doutrina voltada para a busca do conhecimento.
No entanto, tudo o que esse "espiritismo" faz é apenas um engodo que cria tão somente um aparato de racionalidade que não discute ideias, apenas transmite um amontoado de conceitos confusos, seja de um catolicismo medieval não assumido, seja de enxertos apressados e malfeitos de outras crenças, juntando com palavras rebuscadas e conceitos espíritas muito mal interpretados.
Para reforçar esse aparato, só mesmo a "roupagem" de palestras que, já na propaganda, forjam um racionalismo forçado, com ilustrações cósmicas ou antropomórficas, além do simulacro de seminários e, no caso de tratamentos espirituais, há ambientes que simulam uma estética hospitalar com música relaxante, lençóis brancos, cortinas de cores leves e alegres e por aí vai.
Tem até receituário, água fluidificada, recomendação para não comer carne durante uma semana nem em pensar em sexo. Se a Jessica Alba, por exemplo, aparecer usando um biquíni num portal de celebridades na Internet, deve-se controlar a excitação pela sensual atriz. Pelo menos neste caso há um "freio" chamado Cash Warren, que devolve os desafortunados à realidade.
Mas esse arremedo de racionalidade não ajuda muito. Tudo não passa de ritual religioso, que pouco acrescenta ao ser humano, da mesma forma do que perder horas e horas rezando um terço católico, na tentativa de "receber o perdão".
Os adeptos do Espiritolicismo, no entanto, acabam sendo seduzidos por essa falsa racionalidade, pela pseudo-ciência "espírita", que os faz muito mais confusos do que esclarecidos. Claro, com "palavras de amor" se aceita qualquer coisa.
Se no "espiritismo" brasileiro, mesmo seus maiores líderes - sobretudo um verborrágico como o pseudo-cientista Divaldo Franco - pouco entendem de conhecimentos científicos, seus adeptos entendem menos ainda. Mesmo assim, fica todo mundo pensando que entende um pouco de ciência e que "entende muito mais" por causa dos "espíritos superiores" da doutrina.
Grande balela. Primeiro, o "espiritismo" sofre a intervenção dos deturpadores, que tiram justamente o que havia de científico na doutrina original de Allan Kardec, traindo violentamente sua dificílima missão. Segundo, os que vêm depois tornam-se colaboradores dessa deturpação e ficam brincando de ciência. Terceiro, surgem os adeptos que acham que tudo isso é ciência e pronto.
Se os primeiros mentem, os segundos espalham a mentira e os terceiros assinam embaixo, então o "espiritismo" brasileiro nem de longe representa qualquer inclinação à ciência. Ele apenas usa um verniz "científico" para seu esgoto sobre o qual "navegam" tanto ideias boas mal interpretadas como outras ideias de valor e veracidade bastante duvidosos.
O "espiritismo" brasileiro, agindo assim, perdeu uma boa oportunidade de ser um diferencial para outras seitas e movimentos religiosos. Perde até mesmo para certos movimentos católicos e evangélicos que, pelo menos, tentam algum avanço mesmo diante de ideias surreais e valores moralistas.
Já o "espiritismo" brasileiro bota as sujeiras religiosas debaixo do tapete. E, na medida em que absorve ideais velhos do catolicismo medieval, mesclados com clichês da espiritualidade e dos conhecimentos científicos banalizados por leigos, o Espiritolicismo não só deixa de cumprir sua promessa supostamente inovadora como torna-se, ele mesmo, retrógrado e antiquado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.