sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Uma doutrina elevada não se faz com meras "palavras de amor"


Consta-se que os chamados "espíritas" brasileiros parecem ter sangue de barata. Pouco se sentem afetados com os erros e contradições cometidos por sua doutrina, o suposto espiritismo brasileiro já é aceito pela mera transmissão de "palavras de amor" e "mensagens fraternais".

Pouco importam as falsidades ideológicas, as quedas de qualidade das mensagens artísticas "psicografadas" em relação ao que seus supostos autores fizeram em vida. As pessoas se sentem conformadas com as "lições de amor e caridade" que elas transmitem.

Na prática, é como se não se importássemos se a água de um refresco delicioso é suja e cheia de micróbios nocivos. O sabor delicioso apenas basta, não havendo qualquer preocupação se a sua ingestão prazerosa irá causar sérios danos à saúde no dia seguinte.

É preocupante essa postura das pessoas, que chegam mesmo a acreditar piamente na doutrina do Espiritolicismo - que não denominam como tal, porque para elas, é "o mesmo Espiritismo de Allan Kardec" - , aceitando todo tipo de fraude ou farsa, que para elas é "manifestação verdadeira", só por causa das palavras dóceis e consoladoras.

Acham que uma doutrina elevada se faz com muitas palavras "fraternais", muitos recados "amorosos", em linguagem nem sempre acessível, mas suficiente para seduzir e confortar pessoas sem o preparo para as intrigas do discurso pretensioso e dominador.

Ora, consolações aparentes até o Guilherme de Pádua, depois de matar a atriz Daniella Perez, no final de 1992, "tentou fazer" quando, depois do crime cometido por ele e sua então mulher Paula Thomaz, foi ver os familiares da vítima e "dar seus pêsames" ao ocorrido.

As próprias pessoas que acreditam nesse "espiritismo à brasileira", ou melhor, nesse "espiritismo do jeitinho brasileiro", deveriam prestar atenção nos fatos cotidianos, em que intrigas, incompetências e muitas irregularidades ocorrem feitas por pessoas que, em primeira instância, são muito simpáticas e gentis.

Imagine, por exemplo, um encanador que se oferece a fazer uma reforma no banheiro de uma casa. A família nela residente, ao conhecê-lo, se encanta em vê-lo sorridente, falando coisas boas, gentil com todo mundo, na sua maior simpatia.

Aí ele faz um trabalho e, de repente, perfura um cano. Há um grande vazamento de água no banheiro, tudo fica emporcalhado. Os azulejos que ele coloca se quebram e o material é desperdiçado e houve prejuízo. Se, em vez do encanador, fosse um eletricista, os riscos seriam ainda mais desastrosos, devido ao risco de um curto-circuito.

Bastou ele ser simpático, alegre e dar demonstrações de afeto? A família provavelmente sairá furiosa com o rapaz, pelo péssimo trabalho que cometeu. Não foi suficiente ele ser simpático, alegre, animado e gentil. Se ele fez um péssimo serviço, não há sorriso que resolva.

Mas existe um outro caso. Vejamos que uma mulher conhece um homem gentil, cavalheiro, cordial, de boa aparência e uma boa conversa. Um homem considerado de status satisfatório e que se veste bem, se comporta conforme a etiqueta, usa os melhores perfumes. A mulher se encanta com ele e decide ser sua namorada e, pouco depois, sua esposa.

Só que, com o cotidiano, ela depois descobre que o galântico homem é um estelionatário, um fraudador, que coleciona cartões de crédito falsos, usa identidades igualmente falsas e é um foragido da polícia de outras cidades. Valeu todo o cavalheirisimo e toda a sedução?

É preciso ter um senso de desconfiômetro. Desconfiar de muitas dessas mensagens, que escondem ações de espíritos enganosos, a se aproveitar do sensacionalismo dos recados do além para ludibriar e seduzir aqueles que não estão preparados para verificar e observar as coisas.

Se existem espíritos farsantes se valendo de "mensagens de amor", estas perdem todo o peso de crédito. Basta ser um espírito que se passe por uma personalidade ilustre, mas que comete alguma atitude que destoa da pessoa que diz ter sido na Terra. Tudo desmorona, a mensagem "amorosa" perde todo o seu mérito, ante qualquer fraude, a mínima que for!

O próprio professor Allan Kardec havia alertado que, se um espírito comete o menor deslize, o menor erro, a menor contradição, ele deve ser descartado imediatamente. Nem se dê ouvidos a "palavras de amor e caridade", se elas estão a serviço da fraude e vão contra os princípios da ética e da honestidade.

A verdadeira bondade está nos atos, às vezes com a firmeza necessária para ter de ser cruel com alguns para que estes não prejudiquem um maior número de pessoas. Na complexidade da vida, é preciso que um caia do que muitos. Além disso, quantas palavras com gosto de mel escondem o pior veneno de dentro de seus corações...

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