segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Revista "espírita" aposta num Jesus com cara de MacGyver


O "espiritismo" brasileiro mantém o vício do Catolicismo de não investir numa aparência exata de Jesus. E sucumbe a qualquer visual atribuído a Jesus, inclusive os "olhos azuis" da canção "espírita" ou das "sábias" pregações do médium-estrela Divaldo Franco.

Pois a revista Ser Espírita, em sua edição mais recente, aposta num Jesus sisudo e com um olhar grave que, descontada a barba e o penteado, mais parece ter aquele jeitão de ator de filmes policiais, como se vê em Richard Dean Anderson, o ator que fez o popular MacGyver do seriado Profissão: Perigo.

O Jesus da capa da revista, além de terrivelmente sisudo e de semblante pesado - quando sabemos que Jesus, como espírito puro, tinha um semblante leve, sereno e alegre, apesar da aparência rústica de árabe - , aparece com um visual anglo-saxônico, próximo de um norte-americano de Nova York.

Jesus tinha uma aparência rude, porque veio das classes pobres do Oriente Médio. Mas isso não significa que ele tinha um semblante pesado de sisudez carregada. Pelo contrário, Jesus podia até ser enérgico e sério quando deveria ser, mas seu semblante expressava tanta alegria que ele era muito querido pelas crianças e se divertia muito nas festas.

Se pudéssemos conhecer Jesus como realmente havia sido, certamente veríamos um Jesus bastante social, animado, que nas festas dançava, ria, sorria e brincava com as pessoas. É muito provável que ele contava piadas também, mas elas, aparentemente, se perderam da memória deixada para os nossos dias.

Sim, isso mesmo. Jesus sorria, brincava, contava piadas. Era um grande contador de histórias, e sua descontração era um fator crucial para ele ser querido pela humanidade até hoje. Se não fosse assim, se fosse apenas o suposto "senhor dos exércitos" de olhar grave e carregado, Jesus dificilmente teria tido a popularidade que ultrapassou muitos séculos.

Quanto à aparência, Jesus era um árabe. A aparência rústica era própria do povo de sua região, e ele não teria tido a aparência de um galã de Hollywood ou coisa parecida. Se a revista Ser Espírita, cujo conteúdo envolve "ciência", tomou esta foto emprestada de uma outra fonte, talvez católica, é até compreensível, mas constitui num grande descuido.

Mas se a imagem tivesse sido criada por um ilustrador próprio da revista - não posso dizê-lo porque não folheei a publicação, não vi a ficha técnica - , seria muito mais grave, porque a aparência de Jesus em seus estereótipos do Primeiro Mundo revelam o mesmo caráter "higienista" do padrão de aparência defendido pelo Catolicismo medieval.

Portanto, isso mostra o quanto o Espiritolicismo, que se gaba em ser "tão científico" e "filosófico", é incapaz de esboçar uma aparência de Jesus que se aproxime realmente da realidade do povo árabe, do povo da Judeia, sobretudo quando hoje se discute a questão dos povos palestinos, vítimas dos conflitos sangrentos do Oriente Médio.

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