quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Músicas espiritualistas: supérfluo e futilidades


A chamada "música espírita" é uma forma de entretenimento espiritualista que não é ruim em si, mas é dotada de muito caráter supérfluo além de inspirar uma série de avaliações fúteis sobre o que é uma música com "mensagem espiritualista".

Em primeiro lugar, deve-se afirmar que as "músicas espíritas", ou mesmo a execução de números musicais em centros espíritas, são apenas eventos inócuos, que, do contrário que muitos imaginam, de nada contribuem para a elevação de energias psicológicas nesses lugares.

As músicas não atraem necessariamente espíritos superiores, mas apenas espíritos que gostam de determinadas músicas, independente de que caráter sejam. E uma série de equívocos ou mesmo trivialidades comprovam que as "músicas espíritas" nem de longe atraem os espíritos superiores.

Primeiro, pelo próprio caráter de centros espíritas, controlados por pessoas imperfeitas, e que já sofrem as influências corrompidas que vemos no "espiritismo" brasileiro. As execuções musicais são, em si, a parte mais inofensiva dos eventos "espíritas", que não melhoram nem pioram as energias existentes nesses lugares.

Segundo, é quando existem as tais "músicas psicografadas", com todo seu caráter panfletário e monotemático ligado à "vida eterna" e ao "amor e caridade", e que não raro destoam dos estilos pessoais dos espíritos a que se atribui a autoria. Aí não há "palavra de amor" que sustente tamanha fraude.

Terceiro, é a falta de critério nas escolhas de canções comuns, independente do conteúdo religioso, usadas com supostas mensagens "espíritas", podendo ser uma boa MPB de delicioso lirismo poético, mas podendo ser um brega piegas de mensagens "positivas", como "Um Dia de Domingo", de Michael Sullivan e Paulo Massadas.

Na Cidade da Luz, principal templo espiritólico em Salvador (Bahia), o médium-estrela José Medrado chegou a pedir que toquem um sucesso do grupo Chiclete Com Banana, que não é lá dos nomes mais espiritualistas de nossa música.  E cujo futuro ex-vocalista, Bell Marques (que sairá do grupo no próximo Carnaval) andou envolvido em diversas encrencas nos últimos anos.

No meio do caminho, vale até mesmo letras de Jota Quest, que não é muito apreciado pelo conteúdo das letras de suas músicas, consideradas até mesmo fracas. Mas expressões como "amor maior que eu" e "aonde tenha Sol, é pra lá que eu vou" se encaixam nos clichês das "mensagens espirituais".

Há vários intérpretes "espíritas", cujo perfil não difere muito dos cantores e conjuntos católicos, embora com a "flexibilidade" que os aproxima dos ídolos evangélicos. Mas a qualidade musical não está necessariamente nas mensagens de amor, até porque de mensageiros amorosos os "umbrais" (só para citar um jargão espiritólico) estão há muito superlotados.

É muito complicado estabelecer que música faz bem ou mal ao espírito. O julgamento de que músicas orquestradas, lentas ou de mensagens românticas ou espiritualistas representa necessariamente qualidade musical é bastante discutível, mesmo adotando critérios técnicos e caprichando nas teorias sobre o que é uma "boa música".

Vide o caso de nomes como Whitney Houston, Michael Bolton e Celine Dion, com todos os clichês de emotividade e romantismo a que estão (ou estiveram, no caso de Whitney, já no mundo espiritual) ligados, e que chegam a irritar boa parte da sociedade por causa desses mesmos elementos de "emoção" e "letras de amor" cantados aos berros.

Esse julgamento é tão inválido quanto vestir roupa de gala num dia de praia. Nem sempre aqueles valores pré-estabelecidos de elegância, espiritualidade, romantismo, pompa e outros critérios de pretensa superioridade agradam as pessoas. Há gente que se relaxa muito mais ouvindo heavy metal do que uma "agradável" orquestra de Ray Conniff, que por sua vez irritam muitas pessoas.

Existem gostos individuais que a "música espírita" torna inútil resolver. E diante da situação complicada do Espiritolicismo, seu caráter supérfluo se acentua completamente. E os espíritos superiores, por sua vez, não se sentem identificados com esses ambientes que lhes soam lugares entediantes de bajulação e inutilidade.

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