quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Gawayn e as lições de autoconfiança contra as armadilhas espiritólicas
O seriado franco-italiano Gawayn, criação do desenhista e roteirista Jan Van Rijsselberg, é um divertido seriado de aventura e comédia transmitido no Brasil no canal Gloob. É ambientado na Idade Média, mas apresenta aspectos surreais de modernidade, a partir da trilha incidental, mais roqueira, e de elementos como telefonia celular, telemarketing e outras atualidades.
O enredo se baseia no drama do menino William, aprendiz de cavaleiro do atrapalhado Sir Roderick, que, ao ver a princesa do reino de Camelot, Gwendolyn, ter sido enfeitiçada pelo Duque de Amaraxos (sarcástico vilão, que tomou o reino para seu domínio e que tem uma barata como seu escudeiro), resolve salvá-la iniciando a busca por um livro mágico.
Com o feitiço, Gwendolyn encolhe ou se agiganta conforme seu estado de humor. Se ela está irritada ou ansiosa, ela aumenta de tamanho. Mas se ela está muito triste ou assustada, ela encolhe. William e Roderick, na sua missão de salvá-la, contam com a ajuda de Elspeth, uma jovem feiticeira, e Xiao Long, um aprendiz de sábio intuído pelo espírito de seu antigo mestre.
Num dos episódios, a lição pode ser aproveitada para a prevenção das pessoas quanto às armadilhas pretensamente "superiores" do Espiritolicismo, avisando que, muitas vezes, a troca da autoconfiança pela busca de "doutrinas mais elevadas" pode significar muito mais a ruína do que qualquer tentativa de melhoria de vida.
Estava o grupo (Roderick, William, Gwendolyn, Elspeth e Xiao Long) de carruagem no bosque quando encontraram o livro que acham ser o que procuravam para resolver a situação da princesa. De repente, caiu do nada um homem aparentemente desgraçado, um herói "falido" chamado Super Super, mas que supostamente tinha os segredos para fortalecer os poderes do grupo.
O grupo resolveu então seguir o Super Super, que estabeleceu uma condição para que eles adquiram superpoderes: eles terão que fazer as tarefas domésticas de sua casa, o que indica uma alusão à escravidão e a submissão dos adeptos.
Com o tempo, porém, eles descobrem que Super Super é um líder de um grupo de bandidos, e não podem lançar seus poderes contra ele, até porque foi ele que os concedeu. Então William e seus amigos resolvem romper com as energias de Super Super e o rendem usando suas próprias energias.
A grande lição disso tudo é quando as pessoas tentam vender sua autoconfiança para a doutrina "superior" do Espiritolicismo, o tal "espiritismo" brasileiro ditado pela roustanguista Federação "Espírita" Brasileira e outras instituições similares, vinculadas ou não à FEB. Acham que estão buscando energias "superiores" e "sábias", sem saber do perigo a que se dirigem.
Tornamos escravos de todo um sistema de palestras tediosas, tratamentos inócuos, doutrinárias cansativas, receituários pouco eficazes, tudo porque buscamos os "superpoderes" que, em tese, poderão acelerar nossa evolução espiritual e tornarmos "espíritos de luz" o mais rápido possível.
No entanto, o que atraímos é uma série de retrocessos, infortúnios, perdas, e nós ficamos felizes porque isso são "provas" que "temos que encarar" para atingirmos a prometida evolução máxima, sem percebermos que isso não passa de uma grande perda de tempo, e, sem saber, deixamos até mesmo de cumprir nossa missão espiritual em troca de um misticismo besta e extremamente moralista.
De repente, viramos servos de uma espiritualidade perversa e zombeteira, somos seduzidos pelas tais "palavras de amor" e vemos nossas vidas se arruinarem, mesmo quando conquistamos aparentes benefícios. Como novos empregos, casamentos, aquisições de apartamentos ou casarões, prêmios que na verdade trazem futuros prejuízos.
Somos aconselhados a assistir doutrinárias, ouvir palestras em mp3, tomar passes, ler livros "espíritas", tudo na esperança de atrair "poderes supremos" para resolver nossas vidas, quando tudo fizemos, na verdade, para camuflarmos a falta de confiança em nós mesmos.
O Espiritolicismo promete recuperar o autoconhecimento, mas isso é letra morta. É pretexto para você comprar os produtos espiritólicos - tudo "baratinho", mas você paga com o tal "resgate de vidas passadas" - ou então pagando um precinho para aquele workshop cujo cartaz aparecem silhuetas humanas iguaizinhas àquelas desenhadas por Leonardo da Vinci.
No entanto, você não precisa disso. Basta confiar em você mesmo, respirar fundo e refletir sobre suas necessidades, angústias, desejos, e ver o que está errado ou não em sua vida. Não precisa do líder espiritólico para dizer o que você deve fazer. E talvez seja melhor nem precisar.
Confie em você mesmo. Pare para pensar e veja que soluções você poderá buscar em sua vida. Se precisar de apoio, não será o traiçoeiro "espiritismo" brasileiro que lhe irá trazer. As soluções variam conforme o caso de cada um, e não precisam de receituários espiritólicos que, em troca de uns parcos benefícios, cobram muito mais sofrimento e angústia para sua vida.
Essa é a lição de Gawayn, quando os cinco personagens perceberam que poderiam trabalhar com suas próprias forças, e não com as de um "super super" que os explora cruelmente e se revela uma pessoa traiçoeira e cruel. A confiança não tem religião, é apenas um recurso da consciência de cada um.
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