terça-feira, 10 de dezembro de 2013

José Datrino e a gentileza que Chico Xavier não teve com vítimas da tragédia de circo em Niterói

 
Temos que admitir. O Profeta Gentileza superou o "médium" Chico Xavier no socorro moral aos familiares das vítimas do trágico e criminoso incêndio ocorrido no Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, no dia 17 de dezembro de 1961.

Ele foi o empresário paulista José Datrino, que tinha sua pequena empresa de transporte de carga. Com a tragédia, no entanto, ele decidiu largar tudo e ajudar as pessoas. Tornou-se um pregador, aos 44 anos, vivendo de forma humilde. Tornou-se até excêntrico e era visto como louco, mas, se reagia com revolta, era contra as pessoas que tentaram humilhá-lo com gracejos e xingações.

José Datrino foi consolar e ajudar diversos familiares das vítimas da tragédia do circo em Niterói. Se dirigiu ao local, nos arredores da atual Praça Dez de Novembro, ou Praça dos Expedicionários, próximo ao antigo prédio da Estação Ferroviária General Dutra, que ainda funcionava na época, e atualmente sob um dos viadutos da descida da Ponte Rio-Niterói, que então não existia.

Ao longo dos anos 60 e 70 Datrino consolou tantas pessoas que foi apelidado de José Agradecido e, depois, de Profeta Gentileza. Ele plantou grama e algumas plantas no local em que ocorreu a tragédia e, depois, passou a escrever frases de solidariedade com um estilo gráfico que hoje é imitado em camisetas e outros objetos.

Compare isso com a "revelação" que Chico Xavier trouxe, usando o nome de Irmão X - o pseudônimo que parodiava o codinome Conselheiro XX, que Humberto de Campos, usurpado postumamente pela tendenciosa bibliografia de Xavier - , havia feito.

Conforme havíamos escrito, no livro Cartas e Crônicas, de 1966, Xavier havia divulgado que os mortos da tragédia circense teriam sido antigos cidadãos da Gália, então uma parte do Império Romano e que hoje corresponde à cidade de Lion, na França, e que teriam "pago" antigas dívidas morais com o passado.

É o famoso "Bem feito!!", como diz o anedotário popular. 40 anos antes de Woyne Figner Sacchetin usar o nome de Santos Dumont para acusar os mortos do acidente da TAM no Aeroporto de Congonhas (SP) de "súditos sanguinários do Império Romano", Xavier fez exatamente o mesmo usando Humberto de Campos para acusar os mortos de Niterói da mesma forma.

Mas José Datrino, transformado no "louco" Profeta Gentileza, não quis saber se os mortos do incêndio do Gran Circo Norte-Americano eram ou não antigos cidadãos do Império Romano. Ele se dirigiu aos familiares e se tornou amigo dessas famílias, procurando ajudá-las não apenas com menagens de consolo, mas com alguma colaboração possível.

Daí que o Espiritolicismo, que tanto se promove com "palavras de conforto", tem seus violentos surtos moralistas, além do envaidecimento de usurpar a memória de ilustres falecidos - como Santos Dumont e Humberto de Campos - para atender aos interesses dos dirigentes espiritólicos, sejam os que estão na FEB, sejam os dissidentes que mantém seus princípios e valores, de alguma maneira.

O exemplo do Profeta Gentileza se valeu pela generosidade em si, um sentimento que está acima das religiões e que não depende do uso de nomes ilustres nem se serve da verborragia de espíritos farsantes (como o "padre" Emmanuel) para expressar o verdadeiro significado de caridade.

As palavras do Profeta Gentileza, além disso, superam, e muito, em simplicidade e generosidade do que a verborragia prolixa e extremamente moralista que Emmanuel e similares lançam através da indústria de livros "psicografados" que mais fazem dizer do que ajudam na evolução verdadeira do indivíduo.

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