segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O mistério acerca dos dois Bezerra de Menezes


Um ponto que é pouco discutido nos meios religiosos é a ligação existente entre dois famosos personagens com o sobrenome Bezerra de Menezes.

Um deles é prestigiado nos meios espiritólicos, que foi o médico e deputado federal cearense Adolpho Bezerra de Menezes, que viveu entre 1831 e 1900 e teria sido um parlamentar abolicionista. É tido como um dos espíritos que se manifestam em situações mediúnicas dos ambientes espiritólicos.

Outro é prestigiado nos meios católicos, o advogado niteroiense Geraldo Bezerra de Menezes, que viveu entre 1915 e 2002, que também foi um importante acadêmico, professor universitário e que chegou a ser Secretário de Educação e Cultura do Estado do Rio de Janeiro, ainda nos tempos em que Niterói era sua capital.

Sobre o perfil católico de Geraldo, o sítio do Colégio Brasileiro de Genealogia escreveu a seguinte passagem:

"Religião -Católico praticante, integrou a Sociedade Brasileira de Filósofos Católicos e o Centro Dom Vital. Presidente, em vários períodos, da Confederação Nacional das Congregações Marianas. Representante do Brasil no I Congresso Mundial de Apostolado dos Leigos (Roma-1951), tendo integrado a Comissão que presidiu o Conclave. Representante do Brasil no Congresso Mundial das Congregações Marianas (New Wark, Estados Unidos 1959). Presidente da Delegação brasileira ao I Congresso Latino-Americano do Apostolado Leigo (Buenos Aires-1967). Representante do Brasil no I Encontro-Latino Americano de Dirigentes da Ação Católica (Bogotá-1968) e no Congresso Latino-Americano de Dirigentes Marianos (Medelin-1968). Recebeu do Papa Paulo VI a Comenda de São Gregório Magno".

Aparentemente, a família do dr. Adolpho Bezerra de Menezes, o pioneiro das crenças espiritólicas - em detrimento do seu opositor, o hoje esquecido Angeli Torteroli, o italiano radicado no Brasil que reivindicava fidelidade às lições de Kardec, enquanto Bezerra dava preferência às distorções difundidas por Roustaing - tornou-se bastante numerosa, com inúmeros descendentes ilustres.

No entanto, quase não se fala das relações entre o "Bezerra de Menezes espírita" e o "Bezerra de Menezes católico", como são conhecidos nos seus meios. Não há informações sobre seus parentescos. Na busca do Google praticamente não se localizou um texto relacionando ambos.

Para piorar, o próprio Bezerra de Menezes teve formação católica, que o "espírita" nunca havia largado por completo sobretudo por causa da influência de Jean-Baptiste Roustaing, e conforme pôde expressar numa carta-livro endereçada ao irmão, que não compreendia as "novas crenças" do dr. Bezerra:

"Agora que V. já conhece as minhas idéias, vou dizer-lhe o meu credo. Creio em Deus Pai, Todo Poderoso, Criador do Céu e da Terra. Creio em Jesus Cristo, seu dileto Filho, Nosso Senhor e Redentor. Creio que a Igreja foi instituída por Ele para ensinar sua santa doutrina e que é assistida pelo Espírito Santo nesse santíssimo mister. Creio na comunhão dos Santos, na ressurreição da carne, na vida eterna. Não creio na lenda dos anjos decaídos, porque crer nisso valeria por negar a onipotência e a onisciência do Senhor. Não creio que o mal possa triunfar do bem, eternizando-se, como este, no reino de Satanás. Não creio que um espírito criado pelo Senhor possa fazer-lhe frente, resistir-lhe e destruir-lhe os planos e nem que o Senhor permita isso, servindo-se do rebelde para castigar o rebelde, porque, nesse caso, Deus não criou o homem para o bem, para a felicidade. Não creio na 'vida única, porque o homem é perfectível. Não creio nas penas eternas, porque Deus é pai. Não creio na infalibilidade do papa, porque assim teríamos um Deus no Céu e outro na Terra. E a comunicação dos santos significa, para mim, a comunicação dos espíritos. E a ressurreição da carne significa a reencarnação dos espíritos. Eis o meu credo e digo-lhe: que tenho fé viva e esperança firme de subir com ele à sociedade de Deus na eternidade."

Portanto, cabe analisar muito bem essas ligações, porque o sobrenome Bezerra de Menezes é muito peculiar para que dois de seus ilustres membros se limitassem a ser analisados de forma separada. Até para resolver as dúvidas a eles relacionadas.

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