quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

"Médiuns espíritas" já "receberam" a sua recompensa


OS CHAMADOS "MÉDIUNS ESPÍRITAS", COMO CHICO XAVIER E DIVALDO FRANCO, TAMBÉM RECEBERAM OS "PRÊMIOS DA TERRA".

A vida é dotada de mil complexidades. Muitas pessoas não percebem as sutilezas e no Brasil as armadilhas mais sutis nunca são devidamente percebidas, fazendo com que verdadeiros absurdos, que no mundo desenvolvido causariam constrangimento e desconfiança, fossem aceitos com a mais ferrenha convicção, dificultando até o mais empenhado questionamento e exame.

A deturpação do Espiritismo já havia ocorrido na França, quando o advogado de Bordéus, Jean-Baptiste Roustaing, tentou concorrer com a obra do pedagogo de Lyon, Allan Kardec, através do pomposo e rebuscado livro Os Quatro Evangelhos. Com esse livro, criou-se uma corrente igrejista que, no entanto, embora tenha enfraquecido o legado kardeciano na França, também não prosperou.

O roustanguismo prosperou no Brasil, quando serviu de raiz para o "movimento espírita". Mas, como num país marcado pelas conveniências, pelo jeitinho e pelo arrivismo, comete-se, pelo menos nas últimas quatro décadas, uma forma amalucada de "espiritismo", um "roustanguismo com Kardec" no qual, em tese, se proclama a fidelidade absoluta com os postulados espíritas originais, mas, na prática, se rende ao igrejismo de raízes roustanguistas.

A figura do "médium espírita" já é uma aberração, um subproduto da combinação entre sensacionalismo popularesco e fanatismo religioso. O "médium" perdeu aquela função intermediária dos tempos do Espiritismo original, passando a ser um "sacerdote sem batina", um pretenso símbolo de humildade para uma parcela da sociedade que não consegue ser humilde por si própria. Com o agravante que os médiuns franceses originais, mesmo aristocráticos, eram mais humildes.

O "médium" virou o centro das atenções, fazendo palestras para ricos, excursionando pelo Brasil e pelo mundo, em parte usando o dinheiro da caridade, em outra recebendo o patrocínio de empresas, fazendo um Assistencialismo que ajuda muito pouco os mais necessitados, não raro tratados como se fossem animais domésticos. Isso se comprova quando locais onde se situam "casas espíritas" se tornam impotentes na transformação social de suas comunidades.

O que se nota, como citado acima, é que os médiuns originais do tempo de Kardec, mesmo sendo figuras da aristocracia francesa, são mil vezes mais humildes que os "médiuns" brasileiros que são tão proclamados como "símbolos máximos da humildade humana".

Observando as fotos de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco, nota-se que os dois muitas vezes apresentavam um semblante arrogante, embora aparentemente sereno. Sabe-se que, no caso de Chico Xavier, frequentemente se via ele com um semblante muito pesado, e, nos seus primeiros anos de atividade supostamente mediúnica, seu semblante era ainda mais agressivo e medonho. No programa Pinga Fogo, da TV Tupi, se via o "médium" com um jeito ranzinza e presunçoso.

Divaldo, mais sutil, no entanto fazia poses de falsa modéstia, com aparência de mansuetude típica dos canatrões religiosos. Em muitos casos, a fala mansa de Divaldo fere como um punhal, como no seu julgamento de valor contra os refugiados do Oriente Médio, definidos pelo "médium" como "antigos colonizadores que retornam à Europa para reconquistar velhos tesouros".

O ALÉM-TÚMULO COMO "DEPÓSITO" DE FANTASIAS MATERIALISTAS

Um dado que nem mesmo muitos críticos da deturpação espírita conseguem admitir é que a pretensa humildade espiritualista dos "médiuns", a qual se supõe ser uma renúncia aos gozos materiais, é na verdade uma expressão de perspectiva ilusória, na qual se imagina que, no mundo espíritual, possam se haver os mesmos gozos terrenos, só que de maneira melhorada e permanente.

O mundo espiritual é considerado ainda um mistério. Em sua obra, Kardec disse que não havia uma hipótese considerável do que seria, de fato, o mundo espiritual, e essa ideia não foi até hoje superada, não havendo estudos que, com segurança, pudessem ao menos supor o que seria o além-túmulo.

Os deturpadores do Espiritismo, que hoje tomam as rédeas da doutrina no Brasil e se acham até acima do próprio Kardec (ele que se adapte aos próprios deturpadores), é que criaram, a partir da famosa obra Nosso Lar, de Chico Xavier, fantasias materialistas que supõem que o mundo espiritual seria uma forma requintada da vida na Terra. Houve quem dissesse que as obras terrenas eram caricaturas do que já se havia feito (sic) na vida espiritual.

Essa visão materialista é usada para que os "espíritas" defendam o sofrimento dos que não detém os privilégios sociais. O próprio Chico Xavier foi devoto da Teologia do Sofrimento, corrente medieval do Catolicismo, e inseriu isso no "movimento espírita", defendendo sempre a aceitação do pior sofrimento, sem queixumes e em silêncio, sob a desculpa de que "uma vida melhor" espera o desgraçado extremo no além-túmulo.

Até a ideia de reencarnação é desvirtuada, nos fazendo esquecer que, se em poucos anos, muitas coisas mudam na vida, na encarnação seguinte, a coisa se complica ainda mais. Os "espíritas", insensíveis, acham que é possível uma pessoa deixar de fazer uma coisa em uma encarnação e poder fazer a mesma na encarnação seguinte, mas a verdade é que, mesmo existindo várias encarnações, a oportunidade que se perde numa delas está perdida para sempre, pois as condições humanas da encarnação seguinte se tornarão extremamente diferentes.

Mesmo assim, os "espíritas" insistem que não há problema em perder tudo numa encarnação, viver desgraças, enfrentar obstáculos intransponíveis, perder tempo dando murro em ponta de faca. E os "médiuns" faturam com essa "indústria do sofrimento", feita para lotar "casas espíritas" por mais que os chamados "tratamentos espirituais" se revelem terapias que trazem mais azar do que sorte na vida.

RECOMPENSAS TERRENAS

É um engano dizer que os "médiuns espíritas" não recebem recompensas terrenas nem se preocupem em alcançar o topo da pirâmide social. No topo da pirâmide até se situam, porque estão associados a um privilégio social, no caso a presunção do "contato direto com Deus", e os "médiuns", com toda a pose de "humildade" e "simplicidade", se sobressaem com esse suposto diferencial, tão terreno quanto os da riqueza material, para os aristocratas.

Devemos nos lembrar que mesmo a presunção de "divinização" que, na Terra, gozaram os supostos médiuns Chico Xavier e Divaldo Franco (este ainda goza), entre outros, supostamente creditada a níveis espirituais, não deixa também de ser um atributo terreno, até se percebermos que a trajetória desses "médiuns" é marcada por muita confusão e erros graves, que vão desde irregularidades nas obras "mediúnicas", indicando fraudes, até a defesa da ditadura militar (e do golpe de 2016) e o apoio a complexos alimentares de valor duvidoso.

Além disso, os "médiuns" praticam pouca caridade. Embora digam que fazem Assistência Social (caridade transformadora), o que fazem é Assistencialismo, de efeitos meramente paliativos. Se preocupam mais em usar a "caridade" para promover suas imagens ante a sociedade do que realizar progressos sociais.

Pelo pouco que fazem, com resultados muito medíocres para a pretensão de grandeza que os "médiuns" possuem, eles recebem os mais opulentos prêmios: medalhas, troféus, condecorações, títulos, diplomas, tudo isso às custas de ações puramente paliativas, discursos solenes, livrinhos de auto-ajuda e pregação religiosa, enfim, coisas abaixo até mesmo do mais precário humanismo.

Temos que nos lembrar de um trecho do texto "Trabalhadores do Senhor", em que o Espírito de Verdade dá duras críticas aos trabalhadores que adiam a colheita, que deixam o trabalho pela metade por causa dos gozos terrenos, que não podemos esquecer que têm seus diversos matizes, pois mesmo a "divinização" atribuída pelas paixões religiosas são também um gozo terreno. As sessões "mediúnicas" de Chico Xavier, por exemplo, passavam a mesma energia pesada, e morbidamente extasiada, das orgias marcadas pelo sexo e pelas drogas.

Cabe então reproduzirmos, mais uma vez, o parágrafo presente em O Evangelho Segundo o Espiritismo, obra original kardeciana, no Capítulo 20 - Trabalhadores de Última Hora, no item III das Instruções dos Espíritos:

"Mas infelizes os que, por suas dissensões, houverem retardado a hora da colheita, porque a tempestade chegará e eles serão levados no turbilhão! Nessa hora clamarão: 'Graça! Graça!' Mas o Senhor lhes dirá: 'Por que pedis graça, se não tivestes piedade de vossos irmãos, se vos recusastes a lhes estender as mãos, e se esmagastes o fraco em vez de o socorrer? Por que pedis graça, se procurastes a recompensa nos prazeres da Terra e na satisfação do vosso orgulho? Já recebeste a vossa recompensa, de acordo com a vossa vontade. Nada mais tendes a pedir. As recompensas celestes são para aqueles que não houverem pedido recompensas da Terra'".

Quantos pretensos humildes deixam o trabalho incompleto, querendo o dobro de homenagens pela metade do pouco que fizeram! Milhões de prêmios dados por um milésimo da caridade prometida! E, no caso de Chico Xavier, quanto ele esmagou o fraco quando disse a ele: "aceite a desgraça, sem queixumes"!

E o que é a divinização, com todo o aparato de "humildade" e "simplicidade", senão um orgulho muito mal disfarçado? E as palestras, as sessões "mediúnicas"? Ah, quantos gozos terrenos! Quanto êxtase fútil mal disfarçado de devoção religiosa! Quantas orgias não se faz, com o mesmo sentimento mórbido e doentio das festas mais sombrias, em reuniões "espíritas" marcadas pelas supostas mensagens de mortos ou por supostos eventos pacifistas!

As energias são tão parecidas que os "espíritas", diante da crítica mais suave e construtiva, são os primeiros a explodir em raiva e rancor, mesmo quando se disfarçam em linguagem de irônica mansuetude, o que prova o quanto não há diferença entre as festas dos umbrais terrenos e as sessões "mediúnicas" que Chico Xavier promovia em ambientes de muita catarse, muita ansiedade e muitos gozos terrenos das paixões religiosas e da idolatria barata aos totens da fé cega e fanática.

Com o culto à personalidade que os "médiuns" vivem, a coisa se agrava, e sabemos que Kardec e seus mensageiros espirituais não seriam tolos em aceitar que o igrejismo dos deturpadores brasileiros se sustente por aparatos frágeis de "caridade", que tão explicitamente mostram seu caráter falho, ao não garantir a prosperidade e a segurança social dos locais onde se instalam "casas espíritas" de toda espécie.

Se essa "caridade" só serve para que a opinião pública evite questionar os erros, muitos deles preocupantes, relacionados à vida e obra dos "médiuns", e garante a estes os prêmios terrenos dados em nome de um suposto humanismo, então vale corroborar o que o Espírito de Verdade disse: "Já recebestes ("médiuns") a sua recompensa, conforme a vossa vontade".

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