domingo, 5 de novembro de 2017

Algumas provas de que Divaldo Franco NÃO é discípulo de Allan Kardec


Divaldo Franco se envolveu numa situação complicada, ao permitir que seu evento Você e a Paz o decadente prefeito de São Paulo, João Dória Jr., lançasse um estranho composto alimentar, condenado pelos movimentos sociais e pelas mais diversas entidades de saúde pública e nutrição.

Isso é um erro gravíssimo, e que põe em xeque-mate um ídolo religioso. Afinal, Divaldo Franco era tido como alguém com respostas para tudo, um pretenso sábio que se julgava prevenido de qualquer situação, mas que "não teve condições" de evitar que uma tal "ração humana", considerada um meio desumano e demagógico de supostamente resolver a fome dos mais pobres, fosse lançada em seu evento.

Isso é tão grave que Divaldo poderia ter aconselhado, ao menos, que Dória não usasse a camiseta do evento, mas apenas um habitual paletó e camisa comum de colarinho. Ou que Divaldo se recusasse a oferecer o evento para a divulgação da "farinata" até que haja algum parecer oficial de nutricionistas e médicos de mais diversas áreas.

Nada foi feito, a "farinata" foi divulgada com o prefeito usando a camiseta do Você e a Paz e o nome de Divaldo, sugerindo um vínculo de imagem que, se não fosse a complacência da imprensa - ao menos a da esquerda, que perdeu uma boa chance de investigar o caso - , daria num escândalo de proporções imensas no "movimento espírita".

Não se trata, aqui, de crítica impiedosa, mas de uma questão de lógica, de responsabilidade. Divaldo acabou assumindo riscos ao permitir que no Você e a Paz se divulgasse o estranho alimento, contra o qual há denúncias de que teria envenenado internos na Missão Belém, em Jarinu, no interior paulista. E a camiseta de João Dória Jr. revela o vínculo de imagem do Você e a Paz e Divaldo Franco como apoiadores do estranho alimento.

Isso mostra o quanto os chamados "médiuns espíritas", já contestados por serem deturpadores da Doutrina Espírita - eles reduziram o legado kardeciano a um sub-Catolicismo mais antiquado - , são responsáveis pelas suas más decisões, afinal não se pode usar o prestígio religioso para cometer o chamado "calote moral", quando se considera que os "médiuns" só se responsabilizam pelos acertos, mas absolvidos até dos piores erros que cometem por decisão própria.

Sabemos que Francisco Cândido Xavier não é, nem de longe, o discípulo de Allan Kardec. É só comparar os livros de Chico Xavier com a obra kardeciana e se verá diferenças gritantes, nas quais soa constrangedor e até uma gafe atribuir o "médium" mineiro como "reencarnação" do pedagogo francês, quando se sabe que essa atribuição, marcada pela emotividade cega, não passa de uma patriotada barata para associar o Espiritismo francês ao ufanismo religioso brasileiro.

Mas aqui a gente focaliza em Divaldo Franco, que, apesar de parecer mais verossímil que Chico Xavier na sua encenação de suposto "bom espiritismo", às vezes expondo "corretamente" a teoria espírita com seu tom verborrágico de professor da República Velha (próprio dos tempos do saber hierárquico, pomposo, pedante e rebuscado), também não foi um bom aluno de Kardec. Algumas provas citamos a respeito disso, baseado em fatos e não em suposições:

1) JOSÉ HERCULANO PIRES DEFINIU DIVALDO FRANCO COMO ROUSTANGUISTA.

O jornalista José Herculano Pires, que melhor traduziu a obra de Kardec, buscando a maior fidelidade ao texto original francês, definiu Divaldo Franco como adepto fervoroso de Jean-Baptiste Roustaing. Isso pode ser comprovado nos livros de Divaldo, sempre dotados do mais forte ranço católico, semelhante ao que se vê em Os Quatro Evangelhos. A credibilidade de Herculano em definir Divaldo como roustanguista não deve ser subestimada, e se torna um fato bastante decisivo.

Divaldo tentou argumentar que "não tinha tempo" para ler a obra de J. B. Roustaing, na vã tentativa de escapar da associação. Mas a verdade é que o "médium" baiano não teve tempo mesmo é de ler a obra kardeciana, que contém conceitos contrários ao do igrejismo do idealizador do Você e a Paz.

2) DIVALDO FRANCO DETURPOU O ESPIRITISMO DE PROPÓSITO, ASSIM COMO CHICO XAVIER.

Muitos adeptos do "espiritismo" brasileiro ou mesmo os contestadores da deturpação com visão mais condescendente acreditam que Divaldo Franco e Chico Xavier deturparam o Espiritismo sem querer, supostamente pela "falta de tempo" de aprenderem melhor a Doutrina Espírita ou pelo "natural entusiasmo" de suas origens católicas. Acreditam que os dois deturparam o Espiritismo "por acidente", na vã esperança de inclui-los na recuperação dos postulados espíritas originais.

Essa tese não tem o menor cabimento, porque não se faz uma coisa sem querer por tão longo tempo e causando efeitos de amplitude inimaginável. Além de seu igrejismo ter rendido uma grande quantidade de livros, lançada durante décadas, ou de palestras e depoimentos de grande repercussão no Brasil e no mundo, atingindo um grande público de leitores, ouvintes ou espectadores, os dois mantiveram a catolicização mesmo depois de prometerem que "irão aprender melhor a obra de Kardec".

3) DIVALDO FRANCO DIVERGE DE ALLAN KARDEC QUANTO À IDEIA DE "DEUS".

Durante uma viagem ao Vaticano, no dia 29 de janeiro de 2015, Divaldo Franco tentou falar com o papa Francisco, que recebia um grupo variado de pessoas. Não houve oportunidade para isso, e Divaldo apenas foi cumprimentado pelo pontífice.

No entanto, Divaldo deixou um depoimento, no qual descreve a sua visão de Deus: "Ele falou belamente sobre a família, o papel do Pai, recordando-se que Deus é o nosso Pai e que os genitores masculinos deixam os filhos órfãos de sua assistência e, por isso, os jovens perdem o rumo. Plenamente correto".

O trecho da oratória do papa Francisco revela uma analogia antropomorfizada de Deus a uma figura masculina, sugerindo a associação entre Catolicismo e a ideologia do Patriarcado, e Divaldo Franco, diante da associação de Deus ao "genitor masculino", declarou que a ideia é "plenamente correta".

Isso contraria frontalmente a ideia que Allan Kardec publicou em O Livro dos Espíritos, colhida de um espírito mensageiro e da qual o pedagogo francês formulou uma pergunta "indelicada": "O que é Deus?", em vez do esperado "Quem é Deus?". A resposta foi essa: "Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas".

Divaldo contrariou Kardec ao concordar com a visão católica de um "Deus humano e masculino", pois, ao acreditar num "Deus feito homem", não bastasse a ideia machista do "genitor masculino", rejeita a tese de "causa primária de todas as coisas", pois Deus, neste caso, deixa de ser uma "causa primária", submetendo-se a uma forma antropocêntrica que vai contra o conceito kardeciano.

4) DIVALDO FRANCO FAZ JUÍZO DE VALOR CONTRA REFUGIADOS DO ORIENTE MÉDIO, CONTRARIANDO O PRINCÍPIO DA CARIDADE E COMETENDO FALSO TESTEMUNHO.

Divaldo Franco disse o seguinte a respeito dos refugiados do Oriente Médio, ou seja, de cidadãos ou grupos sociais que fogem dos países africanos e asiáticos da região que vivem em conflitos sangrentos, pessoas que buscam uma vida mais pacífica na Europa, ainda que sob dificuldades:

"No campo das deduções e de acordo com o meu pensamento, penso que aqueles que estão hoje, de volta à Europa, são os antigos colonizadores que deixaram, até hoje, a América Latina na miséria.
Como foi negado todo o direito aos seus residentes, como aculturaram os selvícolas, destruindo culturas veneráveis, pela Lei de Causa e Efeito aqueles estão retornando hoje à pátria, no estado de miséria, e que ameaçam os próprios países de onde saíram, para, um dia, buscarem a fortuna para o conforto europeu".

O terrível juízo de valor, dito em tom de mansuetude, vai contra o princípio do perdão e da caridade, ao evocar uma suposta encarnação antiga, de maneira generalizada, a pessoas dotadas de certa humildade, que, se soubessem da declaração do "sábio homem", se sentiriam ofendidas com tal declaração.

Imagine alguém fugindo da Síria em guerra, em busca de paz e serenidade, ainda que numa situação economicamente modesta, ser informado que um "importante orador religioso" o acusou de ter sido, em outra vida, espírito de tirano colonizador, acusação dada para "motivar" as dificuldades sofridas pelo pobre cidadão, que no contexto "vai pagar pelo que fez". Esse sujeito, que só quer uma vida digna e tranquila para si, vai se sentir ofendido e, se tivesse meios jurídicos em seu acesso, poderia muito bem processar o orador religioso por danos morais.

Outro agravante é que esse juízo de valor é sempre dado ao arrepio da Ciência Espírita, sem comprovações científicas, sem provas lógicas, mas de maneira puramente especulativa, através de uma relação simplória entre causa e efeito. Diante disso, Divaldo Franco prestou falso testemunho, fazendo uma acusação indevida que não consta de provas consistentes nem lógicas, declaradas apenas sob o sabor do prestígio religioso e de forma meramente especulativa. O que Divaldo fez neste caso também contraria os postulados kardecianos originais.

5) O APOIO DADO À "FARINATA" DE JOÃO DÓRIA JR. FOGE DO RIGOR DE EXAME ENSINADO PELO EXEMPLO DE ALLAN KARDEC.

Dito isso, o caso da "farinata" também prova que Divaldo Franco não é discípulo de Allan Kardec, porque faltou ao "médium" baiano a consciência verificadora e rigorosa do pedagogo francês. Kardec nunca deixaria alguém, por mais prestigiado que fosse, divulgar um produto de valor e origem duvidosa, e pediria para que houvesse antes um exame ou uma rigorosa documentação comprobatória, cancelando a divulgação do produto na ausência de verificação austera.

Ao deixar que o prefeito de São Paulo divulgasse a "farinata", permitindo até mesmo o vínculo de imagem do Você e a Paz e do nome de Divaldo Franco à divulgação desse alimento estranho, o "médium" contrariou Kardec pelo fato de não ter seguido o rigor de exame do pedagogo de Lyon, o que prova, em definitivo, uma conclusão contundente: Divaldo Franco NÃO é discípulo de Allan Kardec.

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