quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Intolerante é o próprio "espiritismo"

O PRÓPRIO CHICO XAVIER CONDENAVA O QUESTIONAMENTO, QUE ERA A FERRAMENTA ANALÍTICA USADA PELO ESPIRITISMO ORIGINAL.

O "espiritismo", por conta dos ataques de vandalismo ao mausoléu de Francisco Cândido Xavier, anda se promovendo pelo vitimismo e anda alegando ser vítima de "intolerância religiosa". Não raro os palestrantes "espíritas" estão disparando desaforos contra quem questiona uma vírgula do que o "espiritismo" faz ou diz, querendo se livrar da responsabilidade de seus erros.

O problema é que, se o "espiritismo" recebe duras críticas, é porque fez por onde. Agora, com o vitimismo dos "espíritas", feito não sem "atirar pedras" a quem arriscar o menor questionamento, definido necessariamente como "maledicência" ou cinicamente atribuindo a ele uma "saudável propaganda em favor da Doutrina Espírita" (leia-se o que eles entendem por "Doutrina Espírita").

Chegam mesmo a dizer que a Internet é "fonte de maledicência" e atribuir como fake news os blogues que investigam e questionam o "espiritismo" brasileiro e os problemas vividos pela sociedade brasileira, direta ou indiretamente associados ao âmbito espiritual.

Só que o "espiritismo" brasileiro é apoiado pela mais reacionária mídia cuja linha editorial inspira as verdadeiras páginas de fake news (que têm nomes risíveis como "Diário do Brasil", "Jornalivre", "Folha Política", "Homem Culto", "Pensa Brasil", "O Implicante", "Folha da Pátria" e o que mais vier), que apenas radicalizam de maneira surreal as campanhas ideológicas reacionárias que se vê na Rede Globo, Globo News, Veja e Folha de São Paulo.

Os "espíritas" são blindados pelos mesmos internautas que também participam de páginas anti-PT, embora não necessariamente envolvidos em comunidades caluniosas do Facebook. Mesmo assim, os "espíritas" se inserem num contexto mais conservador, o "espiritismo" é a "religião da Rede Globo" e seus postulados, na prática divorciados de Allan Kardec, seguem a linha ultraconservadora inspirada no Catolicismo jesuíta.

Isso é fato. A influência de jesuítas evocados nas "casas espíritas", na idolatria em rituais católicos aos "médiuns", de toda a comoção comparável à beatitude religiosa mais conservadora, a imitação de atividades e ritos católicos - como a água benta / água fluidificada e o confessionário / auxílio fraterno - , tudo isso faz do "espiritismo" brasileiro um clone do Catolicismo, muito mal disfarçado do falso compromisso de "ser fiel a Kardec".

Apontar essa realidade é fake? Páginas da Internet que analisam as irregularidades "espíritas" são fake news? Não, nada disso. A gente vê isso nas "casas espíritas", onde mais ocorre a erosão doutrinária em que nada de Kardec é praticado, sendo a quase totalidade de palestras sobre inócuos temas familiares e os seminários enfatizando mais os corais "espíritas" e as concessões de prêmios aos "médiuns".

O que vemos é que intolerante é o próprio "espiritismo", que não aceita críticas, não assume a responsabilidade de seus erros, chegando a atribuir "influência de irmãozinhos meio teimosos (um dos eufemismos para "espíritos inferiores")" os escândalos vividos por diversas personalidades "espíritas".

O "espiritismo" é marcado por suas más decisões, tendo se iniciado dando preferência a Jean-Baptiste Roustaing em detrimento de Kardec. Mas hoje Roustaing soa como um palavrão, mas isso pouco importa, porque o legado roustanguista continua intato, por mais que renegue o nome de seu idealizador. Soa risível que o "espiritismo" brasileiro hoje em dia seja na prática um "roustanguismo com Kardec". Mas não podemos questionar...

Um dos mais intolerantes quanto aos questionamentos foi Chico Xavier. Ele condenava o questionamento, contrariando, de maneira gravíssima - sim, GRAVÍSSIMA - o pensamento de Allan Kardec, que estimulava o questionamento, o debate, a contestação, mas sempre à luz do raciocínio lógico, a ponto de aceitar até ser ele contestado. "Se houver uma prova científica que considere erro numa ideia trazida pelo Espiritismo, melhor ficar com a Ciência", recomendou Kardec.

Já Xavier, ou seu mentor Emmanuel (em que pese ele ter lançado um pastiche, quase uma paródia, do aviso kardeciano: "Se a Ciência provar que eu (Emmanuel) estou errado, fique com a CIência"), condenava severamente o questionamento: apelos como "não reclame, aceite e confie" e "não questione, acredite" eram difundidos abertamente.

No caso dos amigos de Jair Presente, falecido engenheiro não-famoso que teve supostas psicografias lançadas por Xavier, o "médium" reagiu com muita rispidez quando eles não conseguiam ver aspecto pessoal algum do falecido amigo nas supostas mensagens mediúnicas. Os amigos, com muita razão, pois conheciam bem Jair, questionaram as mensagens, mas Chico Xavier, irritado, definiu a indignação deles como "bobagem da grossa".

E Chico Xavier é tido como "discípulo maior de Kardec". Mas não se pode questionar isso, é "intolerância"...

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