sábado, 21 de outubro de 2017

Grande mídia e esquerdas fazem silêncio diante da participação de Divaldo Franco no caso "farinata"


O prefeito de São Paulo, João Dória Jr., exibiu o tempo inteiro a camiseta do evento Você e a Paz durante uma entrevista coletiva de lançamento do seu "granulado nutricional", dentro do programa "Alimento para Todos". O granulado é também conhecido como "farinata" e usa o nome de fantasia de "Allimento", com "l" duplo, um trocadilho com a expressão "all", referente a "todos".

O "Allimento", por sua procedência duvidosa e pelo discutível valor nutricional, já causou repercussão negativa de grandes proporções. O consentimento do "médium" Divaldo Franco, que ofereceu o evento "Você e a Paz", organizado por ele, para homenagear o prefeito paulistano e para este lançar seu produto, também pode se tornar um dos maiores escândalos envolvendo o "movimento espírita" no Brasil.

Muitos não conseguem perceber o lado sombrio do "espiritismo" e seus "médiuns", que têm a imagem falsamente associada a ideia de meiguice e humildade e são tidos como acima de qualquer suspeita.

Mas os "espíritas" já apoiaram o golpe de 1964 e a ditadura militar (mesmo na sua pior fase), apoiam o governo Michel Temer e grupos como o fascista Movimento Brasil Livre (definido como um dos paladinos da "regeneração do Brasil" e na construção da "Pátria do Evangelho") e fizeram juízos de valor acusando pessoas humildes de terem sido tiranos em vidas passadas.

O "espiritismo" também aposta no "fiado moral" como princípio para espíritos atrasados só pagarem por erros graves e crimes na próxima encarnação, cabendo a eles receber o indulto e o perdão complacente de suas vítimas, e investe na sua concepção de meritocracia, pois a "meritocracia espírita" alega que os ricos são beneficiados porque, em outras vidas, eram "pobres que viraram bons" enquanto que os pobres são beneficiados por terem sido "ricos que cometeram faltas graves".

Apesar disso, os "espíritas" são vistos como "caloteiros morais", beneficiados pela crença incoerente de que, quando acertam, agem por consciência de seus atos, mas, quando erram, supostamente agiram por influência alheia, sendo isentos de qualquer responsabilidade. Imagine, por exemplo, um "médium espírita" apedrejar a vidraça da casa de alguém e ser isento de pagar pelo prejuízo? É como se assim fosse.

MÍDIA EM SILÊNCIO

Muito se critica das posturas do arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, de ter apoiado a "farinata" ou "Allimento" e até se sentir "ofendido" quando se referiu o produto como "ração humana", mesmo com pareceres de entidades nutricionistas sérias quanto aos riscos de um alimento como esse, de origem, qualidade e valor nutritivo bastante duvidosos e que mais parece um lanche de uma marca menor que, já pelo seu aspecto, nunca traz ideia de um "alimento completo".

Mas o fato do "Allimento" ter sido lançado no evento "Você e a Paz", organizado por Divaldo Franco - o evento envolve lideranças católicas e evangélicas, mas é comandado pelo "médium" baiano - , deveria chamar a atenção de todos, sobretudo quando o prefeito de São Paulo, ao lançar o produto numa entrevista coletiva, usou a camiseta do evento e não da Arquidiocese de São Paulo.

Apesar dessas evidências, a grande imprensa reagiu em silêncio absoluto. Quando citava o evento "Você e a Paz", claramente conhecido por ser um acontecimento "espírita", se limitavam a se referir, vagamente, como um evento "religioso" ou de "várias religiões".

A terrível omissão, na chamada imprensa hegemônica, é acompanhada pela abordagem positiva com que o "complexo alimentar" foi descrito por veículos jornalísticos da TV Bandeirantes e da Rede Globo de Televisão. Mesmo quando a Folha de São Paulo admite alguma polêmica em relação ao "Allimento", há um esforço de fazer prevalecer a imagem positiva da iniciativa.

Isso é compreensível, quando se leva em conta que os "médiuns espíritas" são protegidos da Rede Globo de Televisão e de um bloco de veículos midiáticos que não estão religiosamente vinculados a seitas evangélicas de tendência pentecostal, como a Assembleia de Deus, a Igreja Universal do Reino de Deus e a Igreja Internacional da Graça de Deus.

De forma bastante explícita, Francisco Cândido Xavier, Divaldo Franco e João Teixeira de Farias, o João de Deus, são blindados pela Rede Globo de Televisão e tratados como se fossem "sacerdotes sem batina". O trocadilho do nome "médium" com "mídia" não pode ser subestimado. E a Globo Filmes já fez vários filmes baseados na vida e na obra de Chico Xavier.

O problema é quando esse silêncio é acompanhado pelo silêncio dado à mídia de esquerda, considerada alternativa e independente, mesmo adotando uma abordagem diferente e bastante crítica ao "Allimento" de João Dória Jr.. As esquerdas midiáticas se limitaram a criticar as posturas do arcebispo Scherer e não fizeram uma menção a respeito de Divaldo Franco.

É como se criticassem uma festa pelo bolo estragado e culpasse os convidados, inocentando o anfitrião que consentiu e apoiou tudo isso. Vamos imaginar se, no Rock In Rio, fosse contratada uma banda de rock que lançasse uma música com apologia ao fascismo. Roberto Medina seria inocentado por ter deixado contratar uma atração como esta e por "não saber" a natureza ideológica de tal banda?

A omissão diante de Divaldo lembra a postura complacente da mídia no caso Otília Diogo, quando se falou que Chico Xavier foi "enganado" pela "médium" farsante, que fez fraudes em supostas materializações.

A verdade é que Chico Xavier sabia de tudo e foi cúmplice da grande farsa, e foi salvo por receber forte blindagem da mídia e da ditadura militar que o "médium" defendia com muito entusiasmo. E quem acha que a acusação de cumplicidade com Otília Diogo é desaforo de detrator, imagens trazidas por Nedyr Mendes da Rocha, solidário ao "médium", registram ele participando ativamente e com alegria dos bastidores da farsa, acompanhando todos os detalhes.

A complacência das esquerdas com o "espiritismo" brasileiro segue o mesmo paradigma de sua complacência com o "funk": como o "espiritismo", o "funk" é um fenômeno patrocinado pela mídia hegemônica alinhada ideologicamente com a direita, sobretudo as Organizações Globo. No entanto, a aparente abordagem que corteja uma ação paternalista aparentemente em prol do povo pobre faz com que haja a adesão das esquerdas, sem observar o que está por trás de tudo isso.

O "funk" apela para a glamourização da pobreza e o "espiritismo" faz apologia ao sofrimento humano. São dois fenômenos bastante conservadores e que não podem ser considerados progressistas, pois por baixo de suas aparências, há valores retrógrados e rigidamente moralistas em jogo, por trás da exploração falsamente "positiva" da pobreza humana.

Apesar desses alertas, as esquerdas atuam de maneira extremamente complacente, como um "corno manso" que, ao ser noticiado pelos amigos de que sua mulher lhe está traindo, ele afirma que ela "foi apenas visitar um primo".

A complacência gerou uma gafe, quando uma blogueira que se dizia "comunista" e mantinha uma página esquerdista se assumiu adepta convicta de Chico Xavier e reclamou que o filme As Mães de Chico Xavier era "boicotado pela grande mídia".

A gigantesca gafe se deu porque o filme é produção da Globo Filmes, das Organizações Globo, e seu enredo é encenado à maneira bastante similar das novelas da Rede Globo. E se a blogueira visse a entrevista do Pinga Fogo (TV Tupi, 1971) com seu ídolo condenando severamente o comunismo, ela teria morrido de tanta vergonha.

Quanto ao "Allimento", ele está sendo investigado pelo Ministério Público de São Paulo. O episódio complicou o "movimento espírita" e desgasta a imagem do "médium" Divaldo Franco, que, com uma imagem de "sábio" e "conhecedor das coisas", nunca agiu para evitar a homenagem ao prefeito de São Paulo, oferecendo seu evento para a divulgação do terrível alimento que é comparado à comida de cachorro ou a lavagem de porco.

Desse modo, o "espiritismo" só não tem uma crise grave porque a religião é mais blindada pela sociedade do que o PSDB. O "espiritismo" comete irregularidades gravíssimas mas ninguém tem coragem de questionar nem investigar. Até as traições aos postulados kardecianos originais são aceitas sem críticas, os "espíritas" traem Kardec o tempo todo e ainda se autoproclamam "fiéis a ele".

Assim, uma boa sugestão que se deve dar ao PSDB é que ele mude de partido, evitando esta palavra na nomenclatura e usando uma expressão solta como um novo nome: ESPÍRITAS, com a sigla ESP. Os tucanos, usando o nome ESPÍRITAS, recuperariam a blindagem que agora começam a perder. E Aécio Neves poderia, em vez de ser execrado pela opinião pública, ser carregado por uma multidão de devotos.

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