domingo, 2 de abril de 2017
Terceirização prejudicará o Brasil
O Brasil está caminhando para trás, porque há uma sociedade que está apegada a velhas zonas de conforto e precisa recuar para tempos mais antigos em que as desigualdades protegiam as elites nos seus privilégios e comodidades.
A onda ultraconservadora, propagada por uma mídia cada vez mais retrógrada - é notória, por exemplo, a decadência das emissoras de TV aberta e, em parte, das de TV paga - , faz com que o país viva essa marcha-a-ré ladeira abaixo nos valores sociais em diversos aspectos.
Em muitos casos, as perspectivas são de restaurar valores anteriores à vinda da família real portuguesa ao Brasil. Aceita-se como mudança apenas as questões materiais, como as áreas urbanas e a tecnologia, mas na essência, há uma preocupação em voltar o mais rápido possível para os limites sociais do período colonial.
A terceirização do mercado de trabalho, aprovada há poucos dias pelo Congresso Nacional - cada vez mais identificado com os interesses das elites e, portanto, são indiferentes às classes populares - , é um claro exemplo, uma medida chantagista das elites que tomaram o poder em maio de 2016 que coloca os trabalhadores como reféns de seus interesses privados.
A medida da terceirização para atividades-fim - antes ela só era restrita a atividades-meio, prestações de serviço externas à especialidade de cada empresa ou instituição - , que afetará praticamente todo o mercado de trabalho, irá fazer o emprego cair de forma devastadora e humilhante.
Com a terceirização, os salários tendem a ser desvalorizados, os trabalhadores perderão encargos e garantias sociais, não haverá sequer assistência à saúde, pois eles terão que recorrer à saúde privada ou a um sucateado SUS (Sistema Único de Saúde), no caso de sofrerem acidentes de trabalho.
Completando o drama, as reformas trabalhista e previdenciária preveem, entre outras coisas, o aumento da jornada de trabalho e o adiamento da aposentadoria para o fim da vida. Somando todos esses dramas, o que se verá é um quadro social estarrecedor.
HOLOCAUSTO
Só podemos definir esses projetos trabalhistas defendidos por Michel Temer e seus aliados com uma palavra: HOLOCAUSTO. Afinal, esses projetos políticos, adotados sob a desculpa do combate à recessão, tendem na verdade tornar a vida dos trabalhadores mais desgastante e miserável.
Com menos salários, menos chance de uma boa alimentação e qualidade de vida. Com menos encargos, a situação se complica. Com maior carga horária, mais cansaço e desânimo e menos capacidade de reciclagem psicológica nos momentos de ócio.
Além disso, com o trabalho precarizado, haverá mais acidentes e grande potencial de mortes prematuras. Apesar das alegações divulgadas pela grande imprensa de que a terceirização aumentará o emprego, a verdade é que ela aumentará, sim, o desemprego e a instabilidade no mercado de trabalho.
Isso tudo causará desgastes, tragédias, tensões, e os conflitos entre trabalhadores e patrões, e entre colegas de trabalho em disputa pela promoção no trabalho, se tornarão mais graves. Além disso, a precarização dos salários e a carga horária extenuante afastarão muitos consumidores do comércio, pois eles não terão tempo nem disposição para se deslocarem para comprar os produtos.
Diante do que vemos nas classes populares, a tragédia aumentará e isso será ótimo para as elites, porque a terceirização é um sutil processo de higienização social das classes mais pobres. Ela complementa outro higienismo, de maneira cultural, que é o entretenimento popularesco que obrigava os pobres a se contentarem com a pobreza e difundia valores degradados através da vulgarização do sexo e da breguice musical.
O entretenimento "popular" forçava mulheres famosas ligadas ao erotismo grotesco a serem "solteiras", num celibato profissional que servia para estimular o ódio entre homens e mulheres nas classes populares, prato cheio para ações violentas. Além disso, com a sexualidade escancarada dos ritmos popularescos, como "funk" e "sertanejo", os pobres, sem o respaldo educacional necessário, sucumbiam a doenças venéreas e à violência sexual, além da autodestruição pelo álcool.
E O "ESPIRITISMO" NESSA?
O grande problema é que o "espiritismo", que ultimamente anda publicando textos forçando as pessoas a aceitar o sofrimento, pouco está aí para esse cenário. Os palestrantes "espíritas" até tentam argumentar que vivemos "um ótimo momento" e eles já definiram as passeatas dos "coxinhas", movidas pelo rancor reacionário, como "momentos de emancipação política e regeneração espiritual da humanidade".
A terceirização, então, é "ótima", porque na visão dessa doutrina catolicizada que só exalta Kardec da boca para fora, observa-se que os "espíritas" só estão preocupados com a vida "qualquer nota", tratando a vida material como se fosse um serviço militar, na qual as pessoas têm que suportar os piores sacrifícios e as piores desgraças para obter a "graça de Deus".
Os apelos que os "espíritas", cada vez mais voltados à Teologia do Sofrimento, que havia sido defendida por Chico Xavier, ele mesmo um católico extremado, são apenas para os trabalhadores "terem calma e trabalharem". Sintonizados com o governo Michel Temer, os "espíritas", bem antes dele, diziam: "não reclame da crise: trabalhe".
É como se eles corroborassem os apelos dos senhores de engenho aos escravos: "não reclame da vida, trabalhe e só", pouco importando se o trabalho é sobrecarregado, dificílimo, esgota as forças, causa dor etc. Para o "movimento espírita" e seus premiados palestrantes, "quanto pior, melhor". Pimenta nos olhos dos outros é refresco.
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