quarta-feira, 9 de novembro de 2016
O "espiritismo" brasileiro e a "força" que fraqueja
Já dissemos que alguma coisa estranha chama a atenção. Os "centros espíritas", no Brasil, costumam estar localizados em lugares de profunda decadência, o que não pode ser uma coincidência nem uma casualidade.
Em Salvador, por exemplo, o "centro espírita" Paulo e Estêvão, frequentado por um público em maior parte aristocrático, vindo da Pituba, Caminho das Árvores, Ondina e Rio Vermelho, se situa na beira do perigoso "triângulo da violência" dos bairros de Nordeste, Santa Cruz e Vale das Pedrinhas. Recentemente, o bairro do Vale das Pedrinhas teve seu acesso fechado por causa de intenso tiroteio.
A localização de "centros espíritas" em lugares perigosos é tida pelos seus defensores como um "meio de trazer luz a locais miseráveis e degradantes", o que, em tese, poderia ser uma hipótese plausível e dotada de coerência, se não fosse a natureza decadente do "movimento espírita" em nosso país.
O "movimento espírita" tem como sua prática maior a desonestidade doutrinária. A coisa ficou pior ainda, porque, pelo menos em outros tempos, a herança de Jean-Baptiste Roustaing (espécie de "deputado Eduardo Cunha" do Espiritismo) era bem mais assumida.
Só por causa de um chilique de roustanguistas menores e ligados a federações regionais, como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco, com a cúpula da FEB, depois que o dirigente Luciano dos Anjos denunciou que Divaldo começou sua "mediunidade" plagiando livros do já plagiador de carteirinha Chico Xavier, veio a postura dúbia que vigora no movimento há pelo menos 40 anos.
Hoje a desonestidade doutrinária se torna ainda mais cínica e escancarada, na medida em que se promove o falso equilíbrio entre o cientificismo de Allan Kardec e o igrejismo roustanguista, já sem o nome de Roustaing sendo pronunciado e talvez até desconhecido de muitos "espíritas".
E é isso que traz energias negativas, que pegam de surpresa até quem se delicia com seus postulados medievais. Uma reciclagem do lixo medieval descartado pela Igreja Católica, um lixo que remete ao pior do Catolicismo jesuíta do Brasil colonial, resulta nesse mercado das "palavras de amor" que adoça almas e envenena vidas e traz mau agouro para muitas e muitas pessoas.
As contradições em que se envolve o "movimento espírita" trazem essas energias maléficas. Isso choca muita gente, que se recusa a admitir isso, acha que as más energias surgem "por acaso" e imaginam que o "espiritismo" brasileiro só traz "luz e paz". Mas, paciência, contradições graves trazem energias confusas e, não obstante, malignas.
E a gente observa também o quanto os "espíritas" dizem e desdizem o tempo inteiro. Dizem valorizar a ciência, mas impõem limites para o pensamento científico, impedindo-o de questionar a fé religiosa. Apelam para que a opinião pública e até o meio jurídico aceitem as pretensas psicografias (plágios e pastiches ligerários), psicopictografias (pastiches de artes plásticas) e psicofonias (falsetes) como se fossem autênticas apenas pela suposta mensagem fraternal que transmitem.
Isso faz até mesmo o movimento ter desentendimentos internos. A tese da "data-limite" de Chico Xavier, por exemplo, não é defendida por todos os adeptos do "bondoso médium". Pelo contrário, há quem ache tudo isso um blefe para autopromoção de alguns "espíritas". Outro dado a observar é que a Teologia do Sofrimento, pregada por Chico Xavier, não é corroborada por José Medrado, que defende a Teologia da Prosperidade, inspirada nos neopentecostais.
E aí vemos a contradição maior: a "força" que fraqueja. Ver uma figura tão festejada como Divaldo Franco, nos momentos de crise, se limitar a pedir para "orarmos", é deplorável. Neste sentido, ele se iguala ao terrível Silas Malafaia, que pediu a mesma coisa. Divaldo fala para os ricos e nunca teve coragem de fazer qualquer cobrança a eles para o combate às desigualdades sociais.
O "espiritismo" aliás tem essa omissão. Promove uma "caridade" que nunca ajuda de verdade, nunca traz resultado profundo algum, mas apenas a resolução superficial da miséria extrema e da ignorância total, com efeitos meramente paliativos e limitados, sem mexer nas estruturas de injustiças sociais que permanecem intatas.
O "espiritismo" se diz "forte" mas fraqueja. Nos tratamentos espiritiais, os pacientes contraem mais azar e adversidades piores do que as que sofreu antes e os "espíritas" dizem que tais tratamentos "deram certo", mas os "irmãozinhos pouco esclarecidos" (eufemismo para espíritos obsessores) simplesmente "se sentem incomodados e querem atrapalhar".
Não existe isso da coisa "dar certo" quando dá errado. Se a coisa dá errado, é porque não deu certo. Nos tratamentos espirituais, e o paciente contrai mais azar, mais infortúnios e mais ciladas do que antes, simplesmente esses tratamentos fracassaram, deram errado, resultaram em um grande prejuízo. Num país um pouco mais sério, desculpas assim dariam num grande processo por danos morais, que obrigaria os "espíritas" a darem uma grande soma financeira como indenização.
A profecia da "data-limite" é um outro exemplo maluco. Tanto Chico Xavier e suas testemunhas, como Geraldo Lemos Neto, quanto Divaldo Franco, se enrolaram nas alegações de que a Terra passará por regeneração ou por conflitos entre o Bem e o Mal.
Contraditoriamente, chegam a dizer que a Terra passa por regeneração e atingirá o ponto de luz em tal ano. Chega tal ano e nada acontece. Tão "fortes" e "triunfantes", os "espíritas" usam como desculpa o fato de que os tais "irmãozinhos pouco esclarecidos" impediram o trabalho, e por isso a tão prometida entrada na prosperidade foi adiada para outro ano.
É a mesma coisa com os "centros espíritas". Localizados em áreas de alta periculosidade, ou em lugares de práticas abjetas - o Irmã Rosa, em Niterói, é vizinho a um circuito de bares, redutos da mais doentia embriaguez - , essas instituições usam como pretexto a "disposição" de "melhorar" tais lugares.
Mas esses lugares não melhoram e, muitas vezes, até pioram. Tão marcadas pela influência "iluminada" dos "maiores médiuns" Chico Xavier e Divaldo Franco, lugares como a cidade mineira de Uberaba, cidade adotiva do primeiro, e o bairro de Pau da Lima, em Salvador, onde fica a Mansão do Caminho do segundo, são redutos de miséria e violência em índices bastante preocupantes.
Sejamos diretos e sem enrolação. Se o "espiritismo" tivesse mesmo a força que diz ter, tudo isso teria sido resolvido prontamente. Mas não. Em vez disso, os "espíritas" demonstram fraqueza, porque o próprio movimento optou por uma performance contraditória, como se fosse um sub-Catolicismo à paisana, e essas contradições atraem as piores energias espirituais, e o próprio consentimento "espírita" a isso só o faz permitir que as energias malignas prevaleçam.
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