segunda-feira, 29 de agosto de 2016
No "espiritismo", o fraco se diz "forte". Isso é ruim
Muito contraditório o "espiritismo". Fundamentado em ideias igrejistas, herdadas do Catolicismo medieval, a doutrina brasileira, que prega a Teologia do Sofrimento e só defende o raciocínio científico com restrições, é inclinado ao jogo de palavras com ideias opostas.
Isso vem de Francisco Cândido Xavier, com suas próprias palavras. Ele mesmo se beneficiava com esse jogo de palavras, essa falsa sabedoria das ideias opostas, que o faziam investir no coitadismo para obter triunfalismo nas suas ambições arrivistas. Fomos claros?
Explicando melhor: Chico Xavier, o maior deturpador de todo o Espiritismo - Allan Kardec passaria a mão no seu rosto de tão envergonhado com o que fizeram de sua doutrina no Brasil - , posava de vítima quando era duramente criticado. Isso era uma estratégia para passar por cima de todos os obstáculos e obter vantagens a qualquer preço.
Isso não é bom. Como também não é bom veicular, de maneira muito mal disfarçada, ideias medievais da Teologia do Sofrimento, corrente retrógrada dos primórdios da Igreja Católica (vinda de tempos em que católicos treinavam cruzadas para assassinar hereges), para convencer as pessoas de que conformar-se com o sofrimento, mesmo em doses kafkianas, é o "único caminho" para a purificação do espírito.
"Donos da verdade", os "espíritas" tentam argumentar de forma com que a palavra final fique sempre em suas mãos. Acreditam que podem ser contestados até às medulas, que triunfarão nos seus pontos de vista cheios de contradições e equívocos sérios.
Se apropriam de Allan Kardec e até de avisos sobre deturpadores preventivamente difundidos por espíritos como os de São Luís e Erasto, em traduções farsantes (das editoras FEB e IDE), distorcendo os avisos e alertas dados aos "inimigos internos do Espiritismo", fazendo com que os próprios deturpadores levem sempre a melhor.
Dentro dessa manobra, Chico Xavier é defendido erroneamente - e podemos dizer, com segurança, erroneamente - como "progressista" porque disse que "o silêncio é a voz da sabedoria", "é na fraqueza que a pessoa mostra sua maior força" ou coisa parecida.
A ideia do "fraco que se diz forte" tem dois objetivos. Primeiro, fazer com que, através dessa Teologia do Sofrimento nunca assumida, os sofredores tenham que ficar satisfeitos com as desgraças que recebe, por mais que se esforcem para combatê-las, e achar que aguentar os infortúnios mais pesados é sinal de "força de espírito" e "fé no futuro".
Segundo, a ideia foi também uma forma de salvar a pele de Chico Xavier, até mesmo postumamente. Ele foi um charlatão, porque criou pastiches e plágios literários de fácil identificação, criou "psicografias" que apontam irregularidades sérias que não necessitam de esforço para serem identificadas. E tudo isso falando com isenção, sem raiva, sem ódio, mas sem complacência.
No entanto, todo questionamento em torno de Chico Xavier é definido como "atrocidade", e houve mesmo uma peça "espírita" que abordou as polêmicas em torno do livro Parnaso de Além-Túmulo e da suposta obra espiritual creditada a Humberto de Campos mostrando Chico Xavier de maneira chorosa e piegas.
Era uma maneira discursiva bastante engenhosa. Pena que o Brasil é um país de desinformados (a gente vê as leis, que punem o PT por suspeitas bastante vagas, mas não investiga o PSDB, com indícios e provas mais consistentes de corrupção), porque a tendência para a complacência para quem tem alguns status quo (ainda que seja o religioso), é preocupante.
Iludidos com a aparência, as pessoas aceitam que Chico Xavier, um divulgador de mentiras e um usurpador de tragédias alheias, além de católico ultraconservador e moralista dos mais retrógrados, só por sua aparência frágil que representa um imaginário religioso que agrada muita gente, possa ser um "forte" que "derruba obstáculos difíceis" com sua "fraqueza".
O que ele fez foi arrivismo. Chico Xavier personificou muito bem a ameaça que Erasto tanto falou e que o Brasil simplesmente fechou os ouvidos. O Brasil foi glorificar um ídolo religioso e criou condições, no imaginário moral e sócio-cultural, para a degradação do país que agora vemos, com os corruptos tomando o poder e promovendo a precarização do mercado de trabalho e o obscurantismo medieval na Educação (Escola Sem Partido), além de vender as nossas riquezas para estrangeiros.
Isso é que dá esse discurso de fraqueza e de força. Permitimos a opressão de uns sobre outros, a pose de falsas vitimas por parte de oportunistas e arrivistas e a imposição aos sofredores da ilusão de que os benefícios virão quando mais se aguentarem desgraças e retrocessos. Por isso é que o Brasil nunca foi para a frente.
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