sexta-feira, 22 de julho de 2016
Por que o medo dos empregadores em relação a candidatos talentosos?
O desemprego existe por falta de dinheiro das empresas? Nem sempre. Em muitos casos, evita-se contratar empregados por causa do talento. Parece um absurdo, mas o que se nota é que o talento deixou de ser um critério para contratação nas empresas, o mercado de trabalho costuma desperdiçar o talento apenas por uma questão de preconceito.
Embora a mídia apresente casos de gente talentosa que venceu na vida, que obteve uma ocupação no mercado de trabalho, isso é mais uma exceção do que regra. E, prestando bem atenção nas coisas, as pessoas só obtém conquistas depois de muito esforço e, em vários casos, abrindo mão de suas vocações naturais para obter uma ocupação mais secundária.
Há mais gente talentosa entre os moradores de rua do que entre os empregados. Se hoje vemos, no Poder Judiciário, gente dotada de muita incompetência, mesmo com alguma longevidade cronológica de experiência, como o jurista Gilmar Mendes, na prática um fanfarrão jurídico que brinca com as leis em causa própria e de seus amigos, então é bom pensar nesse outro lado da realidade.
O Brasil vive uma crise de hierarquia e é hora de expor as irregularidades diversas de quem obteve status há um bom tempo. Clientelismos, compadrios e outras conveniências, apoiadas em preceitos moralistas, elitistas e burocráticos, foram responsáveis pela ascensão, no mercado de trabalho, de gente que nem merecia subir tanto na vida.
A meritocracia, por incrível que pareça, é a doutrina que privilegia quem não merece. O "mérito" a que se refere o nome é aquele obtido pelo compadrio, fora outros critérios injustos que surgem, mesmo o critério "honesto" dos concursos públicos de exigir Matemática até para funções que nem de longe trabalham esta disciplina.
Muitas pessoas talentosas reclamam da dificuldade quase insuperável de obter um emprego. Os cursos de especialização profissional costumam ser muito caros, ou requerem provas de seleção muito difíceis. O mercado de trabalho faz de tudo para evitar contratar justamente os mais diferenciados e talentosos, salvo notáveis exceções, mas exceção não é regra.
Há um grande preconceito que se vê sobretudo em profissionais de recursos humanos que analisam currículos ou fazem entrevistas de emprego. Em muitos casos, contrata-se alguém não por saber bem tal especialidade, mas por ser bonito, falar inglês, ser relativamente jovem e saber contar piadas.
Por isso, boa parte da crise econômica que vivemos se deve à incompetência que se saltou aos olhos com o passar dos anos. As pessoas talentosas foram discriminadas, seja por causa da aparência, seja por causa do próprio talento, que pode ameaçar a posição privilegiada do veterano, que simplesmente não quer contratar quem depois lhe irá passar para trás.
Há um grande medo movido por convicções moralistas, elitistas, religiosos, sociais, que trazem preconceitos que podem ser muito, muito cruéis. E é isso que se torna a pior barreira para quem procura um emprego e não consegue, que com todo o esforço e disposição para tomar iniciativa e "meter a cara", sempre bate com a cara na porta fechada de um ambiente de trabalho.
Hoje, mais do que nunca, temos que questionar as atitudes dos privilegiados. Eles são "filhos" de um tempo de clientelismo, trocas de favores, "pistolões" e outros modos menos honestos de "vencer na vida". O desemprego que existe hoje em dia pode ter o fator financeiro como motivo, mas ele é muito mais fruto do preconceito, do medo e da ganância dos empregadores que não querem contratar gente talentosa com medo de perderem seus privilégios.
Cabe, portanto, não nos acomodarmos na complacência à hierarquia. Quem está "em cima" é justamente o que mais está cometendo erros no Brasil, a julgar por esse governo incompetente do presidente interino Michel Temer, ele mesmo a personificação de virtudes hierárquicas que agora estão sendo postas em xeque neste país em crise.
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