sábado, 16 de abril de 2016
A sádica defesa do "espiritismo" pelo sofrimento
Está confirmado que Francisco Cândido Xavier é adepto da Teologia do Sofrimento. A corrente católica que prega que os sofredores tenham que suportar suas desgraças de maneira resignada visando "acelerar" o progresso moral e garantir as "bênçãos futuras" teve em Chico Xavier seu defensor mais entusiasmado, e isso pode ser comprovado pelas palavras que ele deixou sobre sofrimentos e angústias.
Até mesmo Auta de Souza e Humberto de Campos foram usados pelo "bondoso médium" para "apoiarem" a Teologia do Sofrimento, eles que não estão mais aí para reclamar do uso leviano de seus nomes. "Antes de maldizer a própria sorte, Pensa nos tristes de alma consumida, Que vagueiam nas lágrimas da vida, Sem migalha de amor que os reconforte", escreveu Chico Xavier usando o nome da poetisa potiguar.
Já no livro Reportagens de Além-Túmulo, Chico Xavier, com o auxílio de seus colaboradores da FEB, usando o nome de Humberto de Campos, descreveu uma senhora resmungona estereotipada, que reclamava "demais" da vida e não aceitava servir de "capacho do Destino", e que por isso fazia afastar amigos, colegas de trabalho e familiares.
Nada mais perverso do que adotar posturas moralistas e ultraconservadoras e ainda usar nomes de pessoas falecidas para "assinar embaixo". Isso faz de Chico Xavier um sádico, pois, não bastasse a sua defesa da perversa Teologia do Sofrimento - que defende o sofrimento para os sofredores, mas nunca o faz para os privilegiados - , tentou usar pessoas que já não estão entre nós para representar causas que são apenas dele.
Não há garantias que Auta e Humberto pensariam igualzinho Chico Xavier. Se os dois têm esse vínculo forçado às ideias chiquistas, isso é cruel. É muito fácil para um suposto médium, que na verdade produz mensagens de sua própria imaginação, botar na conta dos outros suas convicções pessoais.
Imagine como é traiçoeiro um suposto médium forjar uma multidão do além "assinando embaixo" os pontos de vida dele, como alguém que cria assinaturas falsificadas para forjar um abaixo-assinado e forçar a realização de uma reivindicação pessoal.
Daí ser assustador que uma pessoa como Chico Xavier seja considerado "pessoa pura" com todos os clichês de "bondade" e "humildade" que mais parecem propaganda publicitária, dessas que mentem para convencer as pessoas a comprar aquele produto.
A sua Teologia do Sofrimento, influência de um Catolicismo explícito que os "espíritas" acham "normal" e "até saudável" em Chico Xavier, acaba se propagando quando nomes como Allan Kardec, Humberto de Campos, Auta de Souza, Irma de Castro "Meimei" Rocha e tantos outros são vinculados a uma visão moralista do sofrimento como "presente de Deus".
Isso não bastasse Emmanuel que pedia para ninguém questionar e, da parte de Divaldo Franco, Joana de Angelis não suportava ver pessoas tristes por muito tempo. O conformismo ante o sofrimento é defendido pelo "espiritismo" dentro dessa relação sado-masoquista entre ideólogos e praticantes.
OS PIORES QUEIXOSOS SÃO OS QUE NÃO QUEREM OUVIR QUEIXAS DOS OUTROS
Prestemos atenção. Na imaginação de Chico Xavier, seja com seu nome ou usando os nomes de Auta, Humberto, Meimei, o fictício André Luiz e outros, a pessoa que contesta os problemas da realidade é uma pessoa "insuportável", que vê seus amigos, familiares e colegas o abandonarem, por causa dos resmungos "exagerados".
Só que vejamos o outro lado. As pessoas abandonam o queixoso porque não querem arcar com os problemas que ele divulga. São tantos problemas que as pessoas se afastam, em vez de tomarem consciência do problema.
Na verdade, as pessoas que abandonam o queixoso são muito mais queixosas do que ele. Seus aborrecimentos diante do queixoso as fazem mais queixosas do que ele, reagindo com abandono como se quisessem, num gesto de indiferença, resumir todo o repertório de resmungos rabugentos que essas pessoas dariam ao contestador.
As pessoas que não suportam essas queixas é que usam suas aparentes alegrias e sua conformação para camuflar consciências mais revoltadas do que a do queixoso, ao qual lhe falta ação para resolver parte dos problemas que divulga para a sociedade.
Ou seja, as pessoas não querem assumir problemas e preferem viver felizes na água-com-açúcar de suas fantasias e na ilusão de que podem sobreviver a qualquer prejuízo que lhes vier. Vivem iludidas em suas conformações, que muitas vezes são ódios e revoltas adormecidos como um vulcão não-extinto aparentemente inativo.
Quantos pais e mães cobram demais dos filhos e reclamam demais deles? Quantos patrões exigem demais do empregado e lhe cobram habilidades que ele não foi preparado para fazer? Quantas mulheres exigem demais do tipo de homem para casar? Quantas outras pessoas fazem mil restrições ou estabelecem critérios rigorosos demais para outrem?
Será que os que abandonam o queixoso estão sempre certos? E se o que eles fazem é, na verdade, fugir de um bom conselheiro, de um denunciante valioso, correndo para os primeiros refúgios de fantasia e ilusão, onde a alegria e a paz forçadas num mundo de injustiças se expressam passivamente?
Em muitos casos, é a negligência dos confortáveis que, em primeiro momento, abandonam o queixoso aparente mas, depois, sofrem os efeitos desse desprezo, quando os imprevistos trazem aos negligentes as adversidades que se recusaram a ouvir daquele que "reclamava demais".
O próprio "espiritismo", moralista, conservador e querendo a paz forçada das pessoas caladas e dos problemas que só se "resolvem" pela "força de Deus" - se é que essa fórmula mística resolve - sofre uma grave crise quando reprova as contestações e questionamentos que lhe tirariam a sossegada ilusão de trair o pensamento de Allan Kardec e, mesmo assim, fazer pretensos juramentos de fidelidade a ele. Os queixosos poderiam deixar a máscara cair.
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