domingo, 13 de março de 2016

Suposto Bezerra de Menezes lança mensagem sobre a crise

JOSÉ CARLOS DE LUCCA, "MÉDIUM" QUE ESCREVEU MENSAGEM ATRIBUÍDA A ADOLFO BEZERRA DE MENEZES.

Uma mensagem atribuída a Adolfo Bezerra de Menezes havia sido divulgada, há cerca de seis meses, sobre a crise no Brasil. Divulgada pelo "médium" e juiz José Carlos de Lucca, ela mostra todo o igrejismo do ex-presidente da Federação "Espírita" Brasileira, mas que certamente não seria de sua autoria, já que, pelo contexto reencarnatório, Bezerra simplesmente reencarnou depois de 1900 e provavelmente está na segunda reencarnação depois de então.

Em todo caso, mostramos aqui a mensagem, que mais parece um apelo piegas de solidariedade e misericórdia, que parece lindo para as mentes que são infantilizadas pela religião, mas que não fazem muito sentido, porque a complexidade da vida e das desigualdades e conflitos de interesses nem sempre são facilmente resolvidos e justamente contornados pelo "simples perdão". Vejamos:

MENSAGEM ATRIBUÍDA A ADOLFO BEZERRA DE MENEZES

Por José Carlos de Lucca - 15/08/2015

"Filhos amados. A palavra crise vem sendo pronunciada constantemente por meus irmãos na Terra. De fato, o momento é de crise inegável nos mais variados campos da atividade humana. Mas nada se encontra fora do controle do Pai que nos ama, e se Ele permite a existência de turbulências é para que possamos extrair as lições para o nosso amadurecimento.
Na crise econômica, aprendamos a viver com mais simplicidade.
Na crise da solidão, aprendamos a ser mais solidários.
Na crise ética, tenhamos posturas mais justas.

Na crise do preconceito, aprendamos a respeitar mais os irmãos que pensam diferente de nós.
Na crise espiritual, fiquemos mais pertos de Deus pela fé e oração.
Na crise do ressentimento, perdoemos um pouco mais.
Na crise da saúde, guardemos mais equilíbrio em nossa atitudes
Na crise do amor, deixemos o nosso coração falar mais alto do que o egoísmo.
Momento de crise é momento de um passo adiante. Retroceder, rebelar ou estacionar, nunca. A crise pede avanço. E se a crise chegou para cada um de nós, é hora de levantar, mudar e seguir em frente na construção de um novo tempo de amor e paz".

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Embora a mensagem esteja de acordo com a visão igrejista de Adolfo Bezerra de Menezes, ela segue o estilo do mito religioso criado pela FEB, que nem de longe lembra o político, médico e militar que, com suas qualidades e defeitos (dr. Bezerra era temperamental, tinha inclinação a práticas eleitoreiras e desprezava a lógica de Allan Kardec), ainda necessita de uma biografia isenta.

O "espiritismo" brasileiro mantém uma imagem enigmática do dr. Adolfo Bezerra de Menezes. Contemporâneo de Joaquim Nabuco e Machado de Assis, o dr. Bezerra até agora nunca teve uma biografia imparcial e sem o deslumbramento das paixões religiosas.

Há que se convir, a "biografia" que se tem do dr. Bezerra é parcial e nebulosa. Não se sabe seu trabalho como parlamentar, mas inventa-se que o "espírito Bezerra" se materializou para pegar um caminhão (furto?) e transportar comida para os pobres.

Nem mesmo se analisa a árvore genealógica de Bezerra ou se existe relação de parentesco com advogado niteroiense Geraldo Bezerra de Menezes. Chega-se a isolar o dr. Adolfo Bezerra de Menezes de sua própria família, chegando-se a usar o pretexto de que a "verdadeira família" do dr. Bezerra são "os pobres e os desamparados".

A visão fantasiosa que se tem de Adolfo Bezerra de Menezes relata que ele "não reencarna mais" e virou "protetor do Brasil" ainda tem uma narrativa fabulosa, em que Nossa Senhora (mito católico de Maria, mãe de Jesus) falou com Bezerra que ele poderia ir para junto de Deus e ele se recusou dizendo que "enquanto houver uma lágrima escorrendo, não deixarei o Brasil".

As pessoas são movidas a emoção. E é muito triste que essas pessoas insistam em manter suas convicções, não agindo com a lógica mas, contraditoriamente, se achando "detentores da lógica". O "movimento espírita" é igrejista, é movido pela fé cega, tem seus dogmas e mitos, é ritualístico, mas se acha "científica" e chega a definir como "estudo" uma simples leitura religiosa de seus textos.

No entanto, o sentimentalismo piegas trava a verdadeira razão. Os "espíritas" se perdem em alegações a "bondade" e "caridade" que não trazem lógica alguma, não expressam coerência e só tentam justificar dogmas, mitos e supostas filantropias.

Nesse Brasil em crise, a situação é muito complexa para se pensar apenas em "bons sentimentos". Se as desigualdades em torno de pessoas que têm mais do que precisam e outros que não têm o necessário existem, não é o perdão nem a caridade paliativa que resolvem por si só. Até porque isso não compromete o jogo de interesses e domínios que tanto sacrifica a humanidade.

Com isso, a religião, movida por emoções e fantasias, torna-se inócua para resolver a crise. Não é o deslumbramento da fé que trará soluções concretas para os problemas, já que em muitos casos a religião apela para que aceitemos os abusos dos algozes, o que significa que, em muitos momentos, a religião prefere defender a manutenção das injustiças do que a resolução dura e conflituosa dos problemas. Diante da teimosia de muitos, vários problemas só se resolvem com conflitos.

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