quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
Chico Xavier usou frase sobre humildade em causa própria
Sobre a humildade, Francisco Cândido Xavier, adepto da Teologia do Sofrimento, disse duas frases. A primeira, para desmentir que humildade seja o mesmo que pobreza, indigência, fome e outros flagelos. A segunda, no entanto, chama a atenção pelo fato de parecer generosa, mas que traz oculto um dado bastante oportunista e malicioso.
Para começo de análise, vamos analisar a referida frase, para entendermos melhor. Primeiro, citaremos a mesma inteiramente: "A humildade está na pessoa que, tendo o direito de reclamar, julgar, reprovar e tomar qualquer atitude compreensível no brio pessoal, apenas abençoa".
Á primeira vista, nota-se o caráter ridículo desta frase. Afinal, humildade é sinônimo de dar bênçãos? No jargão católico, benção é uma espécie de "selo de aprovação" dado por figuras religiosas. Somos todos padres, párocos, freiras, sacerdotes? Já não basta o igrejismo a que atribui a todo aquele que morre através de supostas mensagens espirituais?
Analisando a frase em separado, no entanto, nota-se que o beneficiário desta frase é tão somente Chico Xavier. Ele a usou em causa própria, para tirar vantagem dele mesmo, diante dos escândalos e confusões que ele criou, das fraudes literárias às farsas mediúnicas, tendo sido cúmplice, com muito prazer, da farsante Otília Diogo, o que fez Waldo Vieira romper com seu antigo ídolo e parceiro.
Vamos então analisar as expressões em separado, para que podemos desconstruir o discurso chiquista em frases que não podem ser consideradas filosóficas porque simplesmente não buscam a verdade, são mistificadoras e não esclarecedoras e só promovem o conformismo com todo esse engodo sócio-cultural brasileiro no qual se insere o "espiritismo".
"TENDO O DIREITO DE..., APENAS ABENÇOA"
Nota-se a "doce" censura de Chico Xavier àqueles que questionam, contestam e duvidam. Chico Xavier nunca foi progressista, era um homem extremamente conservador, até reacionário muitas vezes. Era, portanto, um figurão de direita, apesar de tal constatação parecer ofensiva.
Ele prefere a sua concepção de "bênção", que é uma combinação de conformismo, submissão e gratidão, sobretudo para os sofredores que sofrem que devem ser felizes com as desgraças que acumulam em suas vidas. Por esses pensamentos, Chico Xavier é "santificado", mas Madre Teresa de Calcutá foi chamada de "anjo do inferno" por pregar a mesmíssima coisa.
Segundo essa ideia de "tendo o direito de", Chico Xavier se mostra docilmente autoritário. As palavras são carinhosas, mas o conteúdo é perverso. Para ele, a pessoa "pode" reclamar, julgar e reprovar e tomar qualquer atitude compreensível, mas seria melhor que não fizesse.
"RECLAMAR, JULGAR, REPROVAR"
Chico Xavier remete a episódios de confusão e escândalo dos quais tenta eximir-se de culpa. Sabemos que ele é culpado, sim, pelos pastiches literários e estranhas reparações editoriais feitas em Parnaso de Além-Túmulo e em pastiches e plágios literários aqui e ali, além do "médium" ter sido obsediado por Humberto de Campos, de forma mais traiçoeira possível.
Sim, porque Chico Xavier parece não ter gostado das resenhas irônicas que Humberto de Campos fez de Parnaso de Além-Túmulo ainda em vida, e, uma vez morto (será que Chico rogou prática ao seu crítico?), o anti-médium mineiro esperou algum tempo para se apropriar do falecido autor, pegar carona em seu prestígio e praticamente virar "dono" de seu legado.
Chico dirigiu esse recado sobretudo aos críticos literários, juízes e à sociedade que reprovava suas atividades fraudulentas e suas obras igrejistas de conteúdo medieval. Aos críticos que reclamavam e reprovavam, aos juízes que julgavam, aos jornalistas que investigavam. Chico Xavier pedia aos outros complacência até aos seus atos mais irresponsáveis.
"TENDO O DIREITO DE...JULGAR...APENAS ABENÇÕA"
Chamemos a atenção do termo julgar. Chico Xavier dizia para as pessoas não julgarem, apelava para que ninguém fizesse qualquer tipo de avaliação. Implorava para que as pessoas apenas "amassem" e "orassem".
Com isso, Chico agiu pedindo a mesma "misericórdia" com que pediu Madre Teresa de Calcutá aos irresponsáveis empresários da Union Carbide depois de terem causado a tragédia de Bophal, Índia, em 1984, com vários mortos e feridos.
Só que Chico Xavier julgava, até de forma mais perversa que ele pedia para os outros não fazerem, como foi no caso da tragédia do Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, quando um incêndio criminoso matou centenas de pessoas, a uma semana do Natal de 1961. Chico acusou as vítimas de terem sido romanos sanguinários em outra encarnação.
Vendo todo o desprezo dos "espíritas" com o cientificismo de Allan Kardec, consideramos com segurança que o julgamento, presente no livro Cartas e Crônicas, de 1966, é infundado e até ofensivo, pois as pobres famílias atingidas direta ou indiretamente pela tragédia não tinham dinheiro para contratar um advogado para processar Chico Xavier.
Desta forma, assim como os adeptos da Teologia do Sofrimento se nivelam a Pôncio Pilatos quando defendem o sofrimento de Jesus, Chico Xavier se nivelou ao criminoso Dequinha ao buscar uma "razão" para os sofrimentos das vítimas e seus familiares, como se houvesse mérito em passar por aquela situação traumatizante.
"TOMAR QUALQUER ATITUDE COMPREENSÍVEL NO BRIO PESSOAL"
O que significa isso? Os crentes não raciocinam e deixam passar esse trecho sem questionar. Mas também, a julgar pelos próprios apelos de Chico Xavier, não é para questionar, mesmo. Até porque esse trecho é bastante rebuscado e prolixo, apesar da expressão relativamente clara.
Rebuscado, por causa da pretensa erudição que apenas complica o entendimento, usando até a palavra "brio", que, apesar de simples, é um jargão da língua culta. Até porque a própria ideia de "tomar atitude compreensível" é reprovada por Chico Xavier. Então não é para compreender mesmo, é só para acreditar. Nem nos arrisquemos a perguntar por quê.
Prolixo, por causa da forma com que se trabalha essa ideia. O que Chico Xavier quis dizer, com isso, é que a pessoa, tendo o direito de buscar coerência e lógica, apenas abençõa. Mas aí, se ele disser que reprovava a coerência e lógica, ele seria desmascarado.
Afinal, os incoerentes e ilógicos tentam atribuir seus absurdos à pretextos de "coerência" e "lógica". A natureza do mentiroso é fazer crer que está dizendo a verdade. Um mentiroso nunca iria admitir que está mentindo, porque aí seria dizer a verdade, o mentiroso que assume a mentira deixa de ser um mentiroso.
Dessa forma, um incoerente precisa fazer crer que é amigo da coerência. Um ilógico sempre tem que se passar por paladino da lógica e do bom senso. O "espiritismo", mistificador e obscurantista, sempre buscava defender no discurso o conhecimento e a ciência.
Por isso, Chico Xavier não pôde dizer claramente que a pessoa, por mais que tenha direito de buscar a coerência e a lógica em qualquer atitude ou ideia, prefira apenas abençoar (ou seja, ser submisso, conformado e grato).
Concluímos então que, com a análise que fizemos a respeito desta frase de Chico Xavier, ela foi feita em causa própria. Chico Xavier queria é que seus seguidores ficassem complacentes com seus erros e mentiras, queria que seus privilégios de celebridade religiosa fossem respeitados de qualquer forma.
Portanto, a frase poderia muito bem ser resumida em poucas palavras e traduzida como:
"Eu só considero as pessoas humildes se elas, mesmo podendo contestar, questionar e reprovar meus erros e mentiras, se conformem com elas e me aceitem de qualquer forma".
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