segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
Microcefalia e a minúscula ética dos "espíritas"
Na edição deste mês, o jornal carioca Correio Espírita descreveu a microcefalia, um problema que está atingindo muitos brasileiros e que se destaca nos noticiários do país e até do exterior. Como de praxe, os "espíritas" fazem um juízo de valor para o portador da doença, com base nos princípios da Teologia do Sofrimento e da moral punitiva medieval, herdada do Catolicismo português.
Assim, o artigo descreve o portador da doença como se fosse um sentenciado, sofrendo o carma de um mal orgânico a pretexto de cumprir "resgates espirituais". Dessa forma, a doença surge como um "castigo moral" travestido de mal orgânico, que é a interpretação que o moralismo "espírita" sempre arruma para quem sofre algum mal ou enfrenta um grave obstáculo na vida.
O que é a microcefalia? É a má formação do cérebro, que faz com que seu tamanho seja pequeno, sua formação seja precária e seus efeitos para a formação mental do indivíduo apontem limitações diversas. Ela pode interferir no desempenho intelectual do indivíduo, causando problemas no raciocínio e na coordenação motora.
Enquanto os "espíritas", tão metidos a entender de ciência, alegam que a limitação é uma "prova" para que se cumpram "resgates espirituais" ou "reajustes morais", a Ciência, com C maiúsculo, descreve o problema como consequência de diversos males de natureza física.
Pesquisando o Wikipedia, sabe-se que a microcefalia pode ser congênita, adquirida ou então se desenvolver nos primeiros anos de vida. Entre os males influentes relacionados, em parte atingindo gestantes, estão doenças como diabetes, rubéola e a ação do vírus Zika (contraído com picadas de mosquito aedes-aegypti, o mesmo da dengue), uso de drogas e exposição a metais pesados, sobretudo em ambientes radioativos.
Nada a ver com esse negócio de que fulano nasceu com microcefalia porque foi um carrasco maligno no Império Romano, que matava pessoas e cortava o crânio e jogava o cérebro no lixo. A Ciência explica os males físicos pelas causas físicas, sem apelar para moralismos baratos.
Além do mais, o "espiritismo" não consegue entender a natureza da vida espiritual, do mundo espiritual nem das encarnações. Nenhum estudo verdadeiro neste sentido é realizado e, além disso, os "espíritas" insistem em adotar teses especulativas e fantasiosas como se fossem "realidade", confundindo e deturpando ainda mais as coisas.
Por isso, não há como garantir que o portador de microcefalia está cumprindo um "resgate espiritual", porque em outra encarnação aproveitou mal a sua inteligência e foi castigado por isso. Esse juízo de valor "espírita" só revela a mínúscula ética de uma doutrina que trata a vida material como um castigo e reduz a encarnação a um repertório de flagelos, infortúnios e encrencas.
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