segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

PMDB carioca de Eduardo Paes tenta sobreviver "rompendo" com Eduardo Cunha

FAMÍLIA PICCIANI, QUE REÚNE ALGUNS DOS INTEGRANTES DO GRUPO POLÍTICO DE EDUARDO PAES.

A crise política que atinge o Brasil, junto à decadência vertiginosa que atinge o Estado do Rio de Janeiro, faz com que episódios diversos, como ocorridos na semana passada, envolvendo até briga de parlamentares e tudo, deixassem o governo da presidenta Dilma Rousseff no limite de sua fragilidade.

Desde que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, para se vingar dos esforços parlamentares para votar o impeachment do chefe da casa legislativa, autorizou a entrada do processo de análise de outro impeachment, o de Dilma, os fatos políticos ganharam novo desdobramento.

Um deles é a conversão do aparente parceiro de Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer - advogado que exercia o mesmo cargo no mandato anterior da chefe do Executivo federal - em um sutil oposicionista do próprio governo, agravando ainda mais a crise e deixando o país quase desgovernado.

Diante desse quadro, surpreende a atuação oportunista do grupo político do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e do governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. Antes aliados de Eduardo Cunha, eles tentam agora "romper" com o deputado federal, como quem se livra de belos anéis que começam a ficar apertados nos dedos.

Neste grupo político, que não quer o impeachment de Dilma pelo único fato de que precisam de verbas federais para investir no falido Estado do Rio de Janeiro - cuja falência é de responsabilidade do próprio grupo que está no poder no Estado e em sua capital - , está a família Picciani, que agora pega carona no barco rival ao ver seu navio naufragar.

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Jorge Picciani, e seus filhos, o deputado federal Leonardo Picciani, ex-líder do PMDB na Câmara dos Deputados, e o secretário de Transportes da Prefeitura do Rio de Janeiro, Rafael Picciani, haviam apoiado o tucano Aécio Neves para a Presidência da República e eram protegidos por Eduardo Cunha.

No entanto, por disputas pessoais que prejudicaram Leonardo, o grupo passou, tendenciosamente, a "romper" com Cunha e, com isso, tentar sobreviver à crise política, se aproveitando do apoio condicionado de Eduardo Paes (que já foi tucano) e seus parceiros, que só "apoiam" Dilma em troca de verbas federais para sanear as contas dos cofres públicos fluminenses.

ENQUANTO ISSO, NO RIO DE JANEIRO

O Rio de Janeiro que sofre profundos retrocessos sociais, e cuja denúncia dessa crise na Internet chocou a opinião pública e foi confirmada pela imprensa em geral, segue decadente, apesar de continuar de pé seu poder de influência nesses mesmos retrocessos.

Se culturalmente o Rio de Janeiro sucumbiu à caricatura de samba do "pagode romântico", à periferia estereotipada do "funk carioca" e seus DJs milionários posando de "pobretões" e ao rock domesticado difundido pelas ondas da Rádio Cidade - emissora sem pessoal especializado no rock, mas apoiada por grandes empresários do ramo do entretenimento, turismo e até por dirigentes esportivos - , então a coisa só pode estar grave.

Se até no direito de ir e vir se destaca a decadência do sistema de ônibus carioca, com o indigesto "combo" da pintura padronizada, da dupla função do motorista-cobrador e das reduções de percursos - neste caso, parcialmente suspensas por iniciativa do Ministério Público - , diante de tantos engarrafamentos e acidentes, não há como fingir que o Rio de Janeiro continue vivendo nos "anos dourados".

OTIMIZAÇÃO? - O atual sistema de ônibus da pintura padronizada e outras arbitrariedades no serviço tem mais um acidente com cinco mortos.

Para completar o quadro trágico do sistema de ônibus implantado em 2010, dois acidentes de ônibus aconteceram no último fim de semana. No sábado, um ônibus da Viação Redentor bateu com um táxi na Av. Rio Branco e deixou vários feridos. Já no domingo, um ônibus da Transportes Futuro que ia para o Riocentro bateu em um túnel na Linha Amarela (que liga o Fundão à Barra da Tijuca), causando cinco mortes e vários feridos.

O véu da pintura padronizada, a sobrecarga dos motoristas e os ônibus superlotados causados pela baldeação dos trajetos já reduzidos e das reduções das frotas em circulação - que já refletem no já sobrecarregado fluxo de automóveis nas ruas cariocas (ninguém fala da sobreposição de comerciais de automóveis nos intervalos de TV, é um atrás do outro a toda hora), transforma o sistema de ônibus carioca numa tragicomédia infelizmente sem prazo para acabar.

Mas outros aspectos sócio-culturais também são preocupantes, como a intolerância dos cariocas a quem não se habitua com seu já restritivo estilo de lazer, há muito distante da diversidade, da modernidade e do cosmopolitismo dos antigos cariocas. Os cariocas e fluminenses foram tomados de um surto de provincianismo pior do que se vê no Norte e Nordeste.

O fanatismo pelo futebol é um exemplo, em que as pessoas perguntam primeiro o time de alguém para depois saberem o seu nome. O futebol virou a medida das relações sociais e torcer para o Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo virou praticamente uma obrigação social, e não são raro os que estranham ver pessoas que não torcem para esses times e nem curtem futebol.

Há também a insegurança, em que, mal os cariocas se recuperaram do impacto do assassinato de cinco jovens inocentes pela polícia, mais uma criança foi morta sob o tiroteio de policiais e bandidos. A insegurança no Rio de Janeiro é tanta que episódios dignos de cidade matuta, como pessoas linchando um trabalhador (e pessoas abastadas!) na praiana e (antes) cosmopolita Ipanema.

Num cenário como este, em que, no lado da Economia, há a falta constante de produtos, apesar do Rio de Janeiro estar dentro dos grandes centros de distribuição de produtos nos mercados, um grupo político decadente tenta permanecer no poder fingindo ser "amigo da presidenta".

Se preparando para as Olimpíadas de 2016, que parecem condenadas a repetir o mesmo fracasso da Copa de 2014, o Estado do Rio de Janeiro vive uma decadência crônica, que acumula tragédias, dramas e gafes nos noticiários, fazendo de 2015 um péssimo ano para o Estado e sua capital, e obrigando a "boa sociedade" a engolir essa desilusão que ultrapassa os limites fantasiosos das mídias sociais.

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