sábado, 1 de agosto de 2015
Doutrina Espírita, no Brasil, tem que nascer do ZERO
Com o "espiritismo" vivendo a mais aguda crise de seus 101 anos, mais intensa do que as crises anteriores que já revelaram escândalos violentos e preocupantes, não existe outra solução senão começar a Doutrina Espírita no Brasil a partir do zero.
Sim, isso mesmo. Nada de Chico Xavier, Divaldo Franco, Yvonne Pereira, Waldo Vieira, Zíbia Gasparetto ou coisa parecida. Nada de Alamar Régis Carvalho, Carlos Baccelli, Geraldo Lemos Neto, Robson Pinheiro, Nelson Moraes e similares. Tudo tem que começar do zero, mesmo.
Isso não significa que os bons espíritas devam ser descartados. Tivemos também gente que tentou o bom caminho da doutrina de Allan Kardec, como Carlos Imbassahy e seu filho Carlos de Brito Imbassahy, Deolindo Amorim, José Herculano Pires, e, antes, Afonso Angeli Torteroli, e, mais recentemente, os já falecidos Jorge Murta e José Manoel Barbosa.
Há também as pesquisas de Sônia Rinaldi na comunicação com o mundo espiritual, estudos sérios que infelizmente não conseguem ser dignamente divulgados ou avançados, por causa da patota chiquista-divaldista que acha que pode se comunicar com espíritos do além como criancinhas brincando de conversar com o "amiguinho imaginário".
Quando se fala que a Doutrina Espírita necessita urgentemente nascer do ZERO é quanto sua trajetória. É absolutamente impossível recuperar as bases espíritas mantendo Chico Xavier no pedestal, mesmo que seja para apreciar suas diabéticas frases. Aproveitá-lo seria querer buscar fidelidade e lealdade através do traidor.
E Chico, sem ser naturalmente espírita, já que não era mais do que um católico paranormal, foi, mesmo assim, considerado O MAIOR TRAIDOR DA DOUTRINA ESPÍRITA, por causa de todos os esforços para vinculá-lo à doutrina de Kardec, a ponto de haver correntes apostando na absurda e inconcebível tese de que o anti-médium mineiro foi reencarnação do pedagogo de Lyon.
Pode-se jogar tudo de Chico Xavier no lixo e relegar tudo dele ao esquecimento. Sem dó. Mas também sem o menor peso de consciência. Dele nada pode ser aproveitado para a Doutrina Espírita, que pode muito bem sobreviver sem uma mínima lembrança do anti-médium, mesmo que seja de uma única vírgula que ele tenha escrito.
Isso não é radicalismo, não é intransigência, não é intolerância. É, sim, o máximo de coerência que podemos alcançar. Se o aluno é pior, se sua trajetória é confusa, descarta. E Chico Xavier não só saiu reprovado da Doutrina Espírita, como também, sendo um dos piores "alunos" de Allan Kardec, agiu daquela forma preocupante que faz os diretores de escola, desesperados, chamarem seus pais para uma conversa em particular.
Não dá para usar desculpas como "mas ele foi boa pessoa", "ele fez muito pelo próximo", até porque a "transformadora caridade" de Xavier não passou, na melhor das hipóteses, de paliativos de generosidade e pequenas e frágeis gentilezas que qualquer pessoa pode fazer e que nada têm de transformadores.
Na pior das hipóteses, porém, sabe-se que parte da "maravilhosa obra" de Chico Xavier foi, em verdade, de uma certa perversidade, como as fraudulentas cartas "espirituais" atribuídas a familiares mortos, não bastasse a exploração sensacionalista que ele fez e se promoveu às custas das tristezas dos que perderam seus entes queridos, feita por pura propaganda religiosa.
Não, Chico Xavier nada serve para a Doutrina Espírita. Antes fôssemos recorrer ao ateu Carl Sagan, ou para intelectuais como o também ateu Richard Dawkings, biólogo, e o agnóstico Neil DeGrasse Tyson, astrofísico, com ideias muito mais interessantes e consistentes e, muito provavelmente, bem mais próximas de Allan Kardec do que os delírios moralistas do anti-médium mineiro.
É ainda difícil recomendar, mesmo aos espíritas autênticos, essa solução. A complacência em torno de Chico Xavier é preocupante, ele tenta ser aproveitado de qualquer maneira mesmo quando apenas são utilizadas umas frases de seus depoimentos. E muita coisa se confunde: ser bonzinho não é necessariamente ser espírita, e a emotividade exagerada confunde alhos com bugalhos.
Ninguém vai aceitar um encanador ruim porque ele é bonzinho, conversa bem na hora do almoço, é simpático com todo mundo, se ele, com seu trabalho, não consegue fazer um bom reparo e, de repente, no dia seguinte o cano estoura num banheiro, a água jorra e atinge fios do chuveiro elétrico, causando curto-circuito que quase incendia o recinto.
O "bonzinho" Chico Xavier de sorriso gentil e aparente simpatia fez muito mal para a Doutrina Espírita e inseriu nela ideias que Allan Kardec reprovaria com a maior segurança e o máximo de firmeza, porque contrariam a lógica e impedem a sociedade de progredir de forma adequada.
Imagine aceitar alguém que lhe diz para aceitar o sofrimento. Você chora e sofre muito e ele lhe diz para você amar o sofrimento e não reclamar, e aceitar tudo em nome de uma recompensa que não se sabe quando virá e como será, ou mesmo se ela realmente virá. E tudo às custas do "silêncio da prece".
Não dá. Não serve. Pessoas assim não servem para a Doutrina Espírita. Esta deve renascer no Brasil partindo do zero, criando uma nova trajetória, mas com base nas lições dos poucos espíritas autênticos que, até hoje, estiveram sempre à margem da trajetória do "movimento espírita".
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