segunda-feira, 11 de maio de 2015

Sistema de ônibus do RJ dá exemplo do egoísmo e da mentira extremos

PARA FORÇAR O APOIO DA POPULAÇÃO À TENEBROSA PINTURA PADRONIZADA NOS ÔNIBUS, AUTORIDADES CARIOCAS LHES "PRESENTEIAM" COM ÔNIBUS REFRIGERADOS, COMO O DA ESQUERDA.

Egoísmo, mentira, demagogia, chantagens, pretensos agrados, prepotência. Implantado há cinco anos, o modelo de sistema de ônibus no Rio de Janeiro, que requenta o decadente modelo implantado na ditadura militar em Curitiba e, infelizmente, se amplia para o resto do país, é o mais evidente exemplo de como é capaz de fazer o egoísmo e a mentira humanos.

Sem oferecer qualquer tipo de vantagem real para a população, o modelo - ancorado na medida arbitrária e sem qualquer benefício para a população da pintura padronizada nas frotas de ônibus, que faz com que diferentes empresas tivessem o mesmo visual, confundindo a população e mascarando a corrupção político-empresarial - é defasado, ineficiente e danoso, mas continua prevalecendo.

Não é difícil ver sua decadência, não só nas notícias diárias da imprensa como na própria pesquisa cotidiana. É só passar um tempo na Av. Passos, no Centro da Cidade Maravilhosa, logradouro onde ficava a antiga sede nacional, e hoje sede fluminense, da Federação "Espírita" Brasileira, no local chamado de "Casa-Máter do Espiritismo", para sentirmos o problema.

Empresas de diferentes consórcios - na prática, desculpa para a Prefeitura do Rio de Janeiro impor seu logotipo em empresas particulares, como o fazendeiro manda pôr, em chapa quente, a marca de sua fazenda para o gado bovino - rodam pela avenida com ônibus completamente sucateados, com as latarias amassadas e até arranhadas e sacudindo como se fossem caminhões de ferro-velho.

Pode ser a São Silvestre e a Vila Isabel do consórcio Intersul (Zona Sul, Centro e Tijuca), ou a Acari e Rubanil do Internorte (Zona Norte), a Redentor e a Futuro do Transcarioca (Barra, Jacarepaguá e região de Madureira) ou a Pégaso e a Bangu do Santa Cruz (baixa Zona Oeste), todos rodam com tremedeiras, como se tivessem parafusos soltos.

A medida foi anunciada em dezembro de 2009 por um Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, que anunciou uma medida chocante e arbitrária: os ônibus passariam a ter pintura padronizada, ou seja, diferentes empresas de ônibus teriam que adotar o mesmo visual, causando transtornos e prejudicando a população em todos os aspectos.

Cinicamente, o prefeito alegou que a medida acabaria com a "poluição sonora" e "organizaria" o sistema de ônibus, atitude que se revelou bastante mentirosa. Sem consultar a população, a pintura padronizada, que puxava um modelo de medidas anti-populares, Paes chamou a base aliada para fazer uma votação "às escuras" na Assembleia Legislativa fluminense para aprovar a medida.

A pintura padronizada, que confunde a população em todos os sentidos e camufla irregularidades diversas e relacionadas à corrupção político-empresarial - só para se ter uma ideia, a pintura padronizada dos ônibus de Brasília facilita até a circulação de ônibus piratas - , foi implantada oficialmente em meados de 2010, com um constrangido Eduardo Paes posando para fotos diante de um ônibus mostrando a pintura de um dos consórcios.

Foi um festival de mau-caratismo, de egoísmo e mentiras de um modelo de sistema de ônibus e mobilidade urbana que se tornou até assassino (entre os vários passageiros mortos por acidentes envolvendo ônibus, teve até atleta olímpico e produtora da Rede Globo).

"MOBILIDADE" MEDIEVAL

A "idade das trevas" (alusão à Idade Média), definida por um busólogo (entusiasta de ônibus) que discorda do modelo, se completou ainda quando um grupo de busólogos antes discordantes passou a apoiar a medida esperando favorecimento político por parte de um secretário de Transportes, Alexandre Sansão.

Um desses busólogos, que era ligado a um projeto assistencial na Baixada, era dos mais exaltados e, segundo denúncias de vários internautas, chegou a criar blogue de ofensas e calúnias contra vários desafetos. Em 2008, ele havia feito comentários racistas contra um outro busólogo, em desavenças criadas depois de uma aparição em um programa de TV paga.

A decadência do sistema de ônibus do Rio de Janeiro complicou ainda mais pelo fato da cidade ser ainda considerada referência para o país, apesar de sua grave crise social e seu provincianismo antes considerado inimaginável.

Tanto que o decadente modelo de sistema de ônibus, com pintura padronizada e tudo, foi empurrado para cidades como Niterói, Recife e Florianópolis, sem qualquer consulta à população e com seus sistemas piorando depois da implantação, incluindo acidentes de ônibus e transtornos causados até em BRTs, ônibus articulados que circulam em algumas dessas cidades.

Vieram malefícios diversos como a jornada profissional opressiva, em que motoristas precisam criar um meio-termo entre o cumprimento extremamente rigoroso de horários e a cidade congestionada em que se vive.

Qual o resultado? Ônibus mudando de percurso para "cortar caminho", ou então correndo em alta velocidade e provocando acidentes, outros passando ignorando passageiros que lhes acenam para pararem, ou então parando no meio da rua para embarque e desembarque de passageiros que sofrem o risco de serem atropelados.

Há também a dupla função de motorista-cobrador que sobrecarrega o trabalho de motoristas que ainda têm que cumprir horário, dar o troco correto, rodar em alta velocidade, e isso faz com que a sobrecarga os faça sujeitos a sofrer infarto ou mal súbito, tal o estresse de tanto acúmulo de obrigações.

LINHAS "ESQUARTEJADAS"

Além disso, a demagógica proposta do bilhete-único, que em tese permite que os passageiros peguem pelo menos dois ônibus pagando uma só passagem, faz com que linhas distantes sejam "esquartejadas" criando supostas "alimentadoras" que só fazem os passageiros perderem tempo e pegarem ônibus superlotados.

Um exemplo disso é a extinção de linhas funcionais cariocas, como 465 Cascadura / Gávea, 676 Méier / Penha e 952 Penha / Praça Seca, de percursos considerados exclusivos e demanda certa. As linhas foram "rachadas" em "alimentadoras" destinadas à estação de BRT Transcarioca, criando a antes impensável demanda de superlotação desses longos ônibus em que o ar condicionado não evita o sufoco da lotação excessiva.

A "mobilidade urbana" de Eduardo Paes também tendeu para diminuir terminais de ônibus e obrigar os pedestres a andarem mais. O prefeito ameaçou transformar metade da Av. Rio Branco (sentido Candelária - Aterro) num grande calçadão, mas sua imagem estava desgastada demais para arriscar mais uma arbitrariedade, cedendo a proposta até a atual, em que a avenida seria repartida entre o tráfego de ônibus e carros numa faixa e a pista de veículo leve sobre trilhos (VLT) em outra.

A pintura padronizada criou até mesmo uma tragicomédia, em que jornalistas diversos, como da Record Rio, do jornal O Dia e vários blogues na Internet, confundiram os nomes das empresas. O mito da "organização" e da "harmonia visual" caíram por terra, com ônibus circulando com aspecto de sujos e vários veículos com problemas sérios na documentação.

Isso para não dizer a corrupção político-empresarial que fez com que a CPI dos Ônibus da Câmara Municipal tivesse que ser conduzida por políticos aliados de Eduardo Paes e dos donos das empresas, para evitar que seus interesses particulares fossem comprometidos pelas investigações.

Eduardo Paes chegou a dizer, sobre a pintura padronizada dos ônibus, que não queria ver os ônibus como antes, exibindo o que ele e seus pares entendem como "poluição visual" (na verdade, a diversidade visual que tanto facilitava à população o reconhecimento imediato de cada empresa),

Já pensou se Eduardo Paes fizesse o mesmo com as pessoas? Seria a tradução exata do que os políticos de orientação nazista haviam feito na África do Sul, quando implantaram o regime de segregação racial, criando uma "padronização visual" de pessoas conforme as áreas em que elas eram autorizadas pelos poderosos a circularem.

Paes chegou a falar em "embalagens de azeite português", em alusão a uma antiga pintura da empresa Braso Lisboa (hoje "amarrada" no "consórcio" Intersul). Isso revoltou a colônia portuguesa, que se sentiu ofendida com o comentário jocoso de Eduardo Paes que, como quem morde e assopra, tentou pedir desculpas, mesmo diante da ampla divulgação do incidente pela imprensa carioca.

No entanto, sua pintura padronizada tem o aspecto de "embalagem de remédio", contraste similar ao que os busólogos" contrários à pintura padronizada são xingados pelos busólogos "patronais" de "viúvas de latas de tinta" sem saber que estes também têm o adjetivo pejorativo de "beatas de carimbo de prefeitura".

FRACASSO DO BRT

Até o BRT, estrela maior desse sistema de ônibus, se mostrou um grande fracasso, mais parecendo uma versão "micrão" dos trens de superfície do que de um tipo de ônibus alongado. Sua implantação gerou vários problemas e esse tipo de ônibus está incluído entre todos que se envolvem em acidentes, incluindo várias mortes e contabilizando uma média de 20 pessoas feridas por cada ônibus.

Há ainda denúncias de expulsão de moradores de casas populares para construção de pistas de BRT, sem dar uma compensação satisfatória. E há também denúncias de áreas ambientais que foram destruídas com o mesmo propósito. Para piorar, o Rio de Janeiro hoje é considerada a capital mais poluída do país, superando até mesmo a célebre São Paulo.

Enumerar todas as tragédias e todos os exemplos de egoísmo, desrespeito humano, descaso, mentira e falsas gratificações para forçar o apoio das pessoas (como o desnecessário Bilhete Único, que poderia ser compensado com uma política que aliviasse bem os custos do transporte) daria um livro muito grande.

Mas esta postagem é suficiente para mostrar o quanto existem pessoas egoístas, cínicas, mentirosas e demagogas que ocupam as altas esferas do poder e só estão aí para defender seus interesses e travesti-los de "respeito ao interesse público", uma daquelas grandes mentiras que nem de longe se sustentam. O direito de ir e vir tornou-se um inferno para os brasileiros, sobretudo cariocas.

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