sábado, 25 de abril de 2015
"Espiritismo" não traz alegria de viver
O "espiritismo" deixa as pessoas felizes? Não necessariamente. Pode deixar pessoas relativamente alegres, mas sua esfera de moralismo, de glamourização do sofrimento, de conformismo com o infortúnio e uma resignação melancólica com as imposições da vida, não traz a tão alegada alegria de viver.
É verdade que os "centros espíritas" ficam divagando, em suas desperdiçadas palestras moralistas, da hipótese da felicidade existir ou não. Uns dizem que a felicidade não existe e o que se deve fazer é viver dentro dos limites do "possível". Outros dizem que a felicidade é um estado de encarar a vida e pode ser vivida dentro das limitações do cotidiano.
Mas a doutrina que se baseia em valores do Catolicismo medieval - descontando apenas o que havia de coercitivo - não pode ser um estímulo real para a alegria de viver, porque se baseia na opressão de emoções e na promoção do conformismo com o que "está aí" na vida de cada um.
Se uma das máximas do "espiritismo" brasileiro é a ideia transmitida por Chico Xavier de que se deve "sofrer amando" e encarar os infortúnios "agradecendo", não há como esperar nisso um estímulo à alegria de viver. Mesmo o "amor espírita", neste caso, é mais uma intimidação do que um encorajamento.
Francamente, não dá para ter alegria de viver quando se sofre "amando". Pode-se até ficar relativamente alegre sendo "espírita", nas condições que determina essa doutrina que só é kardecista no nome, mas a alegria de viver, no sentido de sentir entusiasmo, elevada auto-estima e muita esperança de transformação, isso não.
O que existe é um sentimento de conformismo, é a pessoa se esforçar em sorrir quando coisas piores acontecem em sua vida. É a conformação com os infortúnios, com os problemas graves, a pouca coragem em resolvê-los, a resignação em apenas orar em silêncio e criar uma devoção religiosa que sabemos ser abertamente influenciada pelo Catolicismo.
Quando muito, existe a esperança pelo incerto, pelo distante no tempo e no espaço, como o próprio Catolicismo medieval determinava a seus adeptos. A vida na Terra, segundo o "espiritismo", é um flagelo penitenciário, todos somos condenados até prova em contrário, e por isso não é possível ter alegria de viver, antes muitos seguidores esperem pela "alegria de morrer".
A esperança pelo distante, o sentimento masoquista de acreditar que "quanto pior, melhor", aceitando os piores sofrimentos em prol da "vida futura", isso não é alegria de viver. Se as pessoas têm projetos de vida, comprometidos pelas limitações e infortúnios, esses projetos não serão feitos da forma esperada na próxima encarnação. Os planos terão que ser reformulados.
Para as pessoas que se contentam em serem nadas inócuos, pessoas inúteis mas também inofensivas, as coisas ficam fáceis. Aí se fica alegre até quando aumenta a conta da luz (sim, a luz não é oferecida de graça, caros "espíritas"). Não se tem um projeto diferenciado de transformar a sociedade, tudo fica na mesma.
Paradoxalmente, o "espiritismo" acaba vibrando contra quem tem projetos diferenciados. O que sua doutrina prega é a conformação com o sofrimento, deixando que os algozes, os tiranos, os assassinos e os ladrões façam das suas e sejam premiados pelo fiado de só pagarem por suas dívidas morais daqui a uma ou duas encarnações.
Ou seja, se a pessoa quer um planeta decadente, uma sociedade retrógrada e conformista, que aceita todo tipo de retrocesso que permite o abuso livre dos egoístas, essa pessoa vive longamente, no sossego de sua inutilidade servil, de sua melancólica alegria de ser incapaz de resolver as coisas e apenas "vive como pode".
Se a pessoa tem um projeto diferenciado, o "espiritismo" lhe roga as piores energias. "Faça o que você deseja muito rápido, porque sua vida é mais curta". Não é de se estranhar que, em muitas famílias "espíritas", as pessoas que mais tendem a morrer em algum infortúnio prematuro são aquelas que contam com qualidades diferenciadas.
Que alegria de viver pode trazer o "espiritismo" brasileiro que mais parece preparar as pessoas para um "alerta de tsunami" do que para ter esperança na vida, só mesmo os conformistas podem aceitar. A doutrina calcada no Catolicismo medieval, dentro da mania do Brasil criar novos conceitos com base em ideias velhas e podres, apenas cultiva alegrias pequenas no arado da tristeza profunda.
As pessoas nem percebem, mas elas acabam sendo deprimidas, tristes, chorosas sem saber. Vão para o "centro espírita" e aceitam aquela música piegas que um violonista canta porque fala de "coisas bonitas". E aceita aquela palestra de "palavras doces" que mais parecem água com açúcar retórica do que qualquer tipo de esclarecimento.
Pessoas deprimidas e entregues à tristeza dissimulam seus tristes sentimentos com a falsa alegria, melancólica e conformista, da "fé espírita", do religiosismo de moldes católicos do "espiritismo" brasileiro e tornam-se melancolicamente "animadas" e "esperançosas".
A tristeza e a depressão apenas adormecem, Elas ficam guardadinhas na geladeira, preservadas em silêncio. A melancólica sina dos "espíritas" atraírem a tristeza para si é camuflada por um "lindo sentimento de alegria plena" que nada tem de plena, porque são apenas sorrisos tristes.
Daí o analgésico das "palavras de amor", das "palestras" que adoçam as almas, do "combustível" para se manter um mínimo de alegria em almas tristes. Mas isso impede que as pessoas sejam alegres por conta própria, sempre precisa de alguma "muleta emocional", e isso não é bom. Se não houver essa "água com açúcar", a pessoa logo tem uma recaída de depressão e tristeza. Isso é alegria de viver?
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