domingo, 15 de março de 2015

Chico Xavier é o avesso do ex-presidente Lula


Hoje o pessoal se reunirá nas ruas das cidades brasileiras para pedir o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e o fim de mais de uma década de governo do PT na nossa República. Isso nos faz refletir sobre uma situação irônica envolvendo o ex-presidente Lula e o anti-médium Chico Xavier, falecido pouco antes do PT chegar ao poder no Executivo Federal.

Verificando a mídia oposicionista, ela pega pesado e exagera na oposição que os brasileiros passaram a sentir ao Partido dos Trabalhadores, não aguentando mais um longo período de poder, sem que profundas reformas sociais sejam feitas para a população.

No entanto, a oposição política teve uma boa oportunidade, em dois turnos no ano passado, de mostrar que seu programa de governo de seu candidato, em princípio Marina Silva e depois Aécio Neves, valia mais a pena do que o programa da candidata petista Dilma Rousseff, que foi reeleita com uma margem apertada de votos no segundo turno.

O que carateriza o comportamento oposicionista é o rancor exagerado que seus ideólogos, em especial colunistas reacionários da grande imprensa (como Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino, Eliane Cantanhede, Merval Pereira, Diogo Mainardi e o roqueiro Lobão, entre outros), é a forma exagerada com que depreciam o ex-presidente Lula.

Lula é "demonizado" até pelos erros que não cometeu. É acusado de fascista, ditador, mafioso, facínora, quando o que ele fez de erros foi não ir longe nas suas promessas de reformismo social e fazer alianças com políticos, empresários e servidores corruptos.

O grande problema é que os anti-petistas exageram na dose e atribuem a Lula defeitos que ele nunca teve. Descrevem o ex-operário como se fosse a versão brasileira do mafioso Al Capone, e definem a corrupção cometida em seu governo como "a maior ocorrida na História do Brasil", como se, por exemplo, não tivéssemos etapas lamentáveis como a República Velha (1889-1930).

Em compensação, Francisco Cândido Xavier goza de uma reputação que é exagerada no outro lado. Seus partidários atribuem a ele virtudes que lhe eram inexistentes, como as de filósofo ou cientista, e tentam a todo custo promovê-lo como a síntese máxima da espécie humana.

Se Lula é considerado "ditador", "mafioso", "o pior ladrão do mundo", o "homem que fundou a corrupção no Brasil", além de pesar sobre ele acusações de erros que ele não cometeu, Chico Xavier chega mesmo a ser poupado até dos erros graves que havia cometido.

Chico Xavier deturpou a Doutrina Espírita de maneira leviana. Cometeu fraudes a título de "mediunidade", como plágios literários e uso indevido dos nomes de autores mortos. Apoiou fraudes de materialização, assinando atestados favoráveis a eles. Induziu um sobrinho a fazer as mesmas fraudes, e, quando este decidiu denunciá-lo, Chico deixou que seus colegas "acabassem" com o menino.

Chico Xavier cometeu erros dos quais sua responsabilidade é explicitamente comprovada. No entanto, é poupado até de seus piores erros. Seus partidários, ou mesmo alguns espíritas autênticos mas de vontade débil, tentam jogar a culpa em outrem, seja no Wantuil, no Waldo, em Luciano dos Anjos, Francisco Thiesen, Suely Caldas Schubert, Emmanuel etc etc etc.

Chico Xavier e, da mesma forma, Divaldo Franco, são os únicos brasileiros que poderiam cometer erros gravíssimos, com a culpabilidade provável ou mesmo comprovada, e saírem inocentados de tudo isso. Por outro lado, a eles são também atribuídos acertos que eles nunca cometeram, como por exemplo suas ações filantrópicas, frouxas e inexpressivas.

Eles são até associados a abordagens científicas e há quem, no Brasil, acredite ingenuamente que o "espiritismo" brasileiro possa recuperar as bases originais de Allan Kardec com Chico e Divaldo, o que é um grande absurdo.

ESTEREÓTIPOS - Os estereótipos de Chico Xavier, do interiorano "inocente" e, mais tarde, do "velhinho frágil e bondoso", contradizem o estereótipo do barbudo rude que Lula personificou quando era operário e nos primeiros anos do PT. Isso permite que o papel de detratores do PT e partidários da FEB exagerem nas suas concepções.

Daí o "bom velhinho" de Pedro Leopoldo, que mesmo errando feio, "nunca erra" e, "se errou", é inocentado de maneira mais cômoda. E o operário paulista nascido em Garanhuns, é "criminalizado" até nos seus acertos, mesmo sua simpatia atrai o repúdio agressivo dos seus seguidores.

São dois pesos e duas medidas. Chico Xavier nada fez para promover o progresso do Brasil, ele que preferia ver o povo brasileiro calado e aceitando as imposições da vida. Lula fez um pouco, embora poderia ter feito muito mais.

Chico Xavier se beneficiou com uma adoração tão grande de seus seguidores fanáticos que chega ao nível da obsessão mais doentia em favor do anti-médium. Sim, os chiquistas são uns obsediados por excelência.

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