quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A inveja e o coitadismo no país que quer ser o "Coração do Mundo"


O que é a inveja? É simplesmente sentir alguma aversão a algum benefício do outro, certo? Ou seria então o desejo de se estar no lugar de algum beneficiado, correto? Não, necessariamente. A inveja, por incrível que pareça, é um sentimento que não pode ser interpretado assim, de maneira tão simplista.

O Brasil tem um contexto marcado pela surrealidade, em que os verdadeiros invejosos, na verdade, não necessitam sentir inveja. Vamos esclarecer isso. Normalmente, a inveja parte de alguém que não teve as mesmas condições de obter algum benefício e vê a pessoa que o conquistou de forma um tanto odiosa, desejando a esta algum tipo de prejuízo.

No entanto, o Brasil é marcado pela mediocridade, quando, em várias ocasiões, pessoas dotadas de mediocridade ou de mau-caratismo são favorecidas a obter privilégios e vantagens, pelos diversos mecanismos conhecidos do status quo e da impunidade aqui no país.

Dessa forma, os beneficiados no Brasil, na maior parte das vezes, não são aqueles que possuem o dom natural para determinada causa e nem o mérito, seja vocacional ou ético, de conseguir alguma vantagem ou privilégio na vida.

Protege-se os medíocres e os canalhas, e se dá a eles todo tipo de oportunidade. Eles obtém privilégios, conquistam o poder e, com isso, aqueles que têm intenções, habilidades, méritos e vocações acabam ficando de fora.

Até nas conquistas amorosas, homens que mataram suas antigas companheiras acabam levando a melhor, na conquista de novas e melhores namoradas, para outros que, dotados das mais dignas, admiráveis e respeitosas intenções de vida conjugal, acabam ficando sozinhos e chorando pelos cantos.

Com isso, aqueles que ficam de fora do sucesso de medíocres e canalhas, na medida em que procuram reagir a esses fenômenos das vantagens facilmente obtidas pelas conveniências ou pelo "jeitinho" de amigos e pessoas influentes, acabam ficando com o papel "inverso", supostamente como "invejosos".

Ou seja, vivemos um contexto surreal em que os invejosos estão no poder, e, por isso, não podem sentir inveja, e aqueles que perderam seus benefícios, porque não conseguem estabelecer relações de conveniências e troca de favores, é que são vistos como "invejosos" mesmo quando não têm a menor intenção de sentir inveja.

Como sentir inveja ao privilégio dos medíocres? Inveja pressuporia querer estar no lugar do privilegiado, por si só. Assim como as pessoas dotadas de talento, ética, vocação e respeito e conhecimento de causa não iriam querer alcançar os privilégios dos que lhes passaram as pernas da mesma forma ridícula e facilitada que estes.

INVEJA ADORMECIDA...E DESCANSADA

Os homens realmente amorosos, para conseguirem novas namoradas, não vão produzir cadáveres de mulheres para depois driblar condenações penais ajudados pelas brechas das leis brasileiras, da mesma forma que os verdadeiros músicos não irão dançar "na boquinha da garrafa" e os verdadeiros cientistas não irão produzir asneiras textuais para conseguir a visibilidade que desejam.

Mas quem tem dom, quem tem vocação, excelentes intenções de progresso em alguma coisa e por aí vai, é que acaba sendo visto, equivocadamente, como "invejoso", se reclama e protesta ao ver pessoas incompetentes lhes tomarem os benefícios e vantagens.

Quem quer agir pelo progresso do país ou da sociedade, ou pelo progresso pessoal de alguém, não é possibilitado a fazê-lo. Em vez disso, tem que se contentar com medidas paliativas ou compactuar com falsas oportunidades, em que benefícios bem mais restritivos e menores são obtidos sem que possam acrescentar alguma coisa relevante para tal pessoa.

Por exemplo, se alguém queria transformar as pessoas divulgando novas ideias e ampliando a produção de conhecimento, terá que se contentar dando sopinhas para famílias carentes, sem que pudesse fazer muito para superá-las de suas limitações sociais.

Se alguém tem um grande projeto profissional, terá que abrir mão de boa parte dele, na medida em que só consegue contrair emprego cujo patrão é alguém bem menos qualificado e bem menos identificado com os projetos de seu empregado, e este será obrigado a tão somente seguir as ordens, mesmo que contrarie seus princípios e seu idealismo.

O privilégio dos incompetentes e dos desmerecidos revela, portanto, o vulcão adormecido da inveja descansada, adoçada pelo privilégio concedido sem que se considerem competências, vocações nem vontades, e quem justamente não quer tal benefício é que acaba ganhando. É como diz o ditado popular: "Deus dá as asas para quem não sabe nem quer voar".

Momentaneamente, os invejosos são poupados de sentir inveja, não porque foram assistidos em suas debilidades, mas porque foram favorecidos pelas conveniências que lhes permitem obter privilégios sem vocação nem vontade, apenas com o objetivo de satisfazer vaidades pessoais, que chegam a ser dissimuladas pela mentirosa alegação de que "conquistaram seu lugar pelo seu esforço".

E NO "MOVIMENTO ESPÍRITA"?

Muitos palestrantes "espíritas" descrevem a inveja como sentimentos venenosos, capazes de produzir calúnias, maus pensamentos, más vibrações. Dissimuladora, traiçoeira, agressiva, hipócrita ou interesseira, a inveja seria a "arma dos fracos" que palestrantes como os anti-médiuns Divaldo Franco e Chico Xavier haviam pregado em muitos textos.

Mas o "espiritismo" brasileiro é o próprio exemplo da conquista desmerecida de privilégios, desde que preferiu abandonar a essência da doutrina original de Allan Kardec em troca de um religiosismo de inspiração católica, inicialmente feita para agradar o Catolicismo dominante no Brasil, seja para depois se tornar um neo-catolicismo travestido de "doutrina espírita".

E aí, também nesse caso os "invejosos" acabam sendo os que estão de fora, pessoas com melhor vocação, competência e conhecimento de causa que reclamam dos desvios que o lado privilegiado comete em vários aspectos.

Assim, uma figura como o autêntico espírita Angeli Afonso Torteroli foi deixado de lado, enquanto os espiritólicos fizeram prevalecer uma série de fantasias sobre Adolfo Bezerra de Menezes, um dos primeiros que "catolicizou" o Espiritismo no Brasil, e que, político fisiológico, conta a seu favor uma biografia parcial e tendenciosa, quase um conto de fadas sobre sua trajetória pessoal que escondeu o lado sombrio do político temperamental e oportunista que ele foi.

Se os que "estão no poder" cometem estragos sérios, se os que estão "de fora" reagem pedindo respeito à causa traída, os privilegiados respondem dizendo que são "vítimas de inveja", tomados da "mais pura intriga daqueles que não reconhecem o esforço dos que conquistaram seu lugar".

Através dessa alegação, os "espíritas" acabam por envenenar a imagem daqueles que querem recuperar as bases kardecianas perdidas, atribuindo a estes uma reputação de "venenosos opositores", de "fabricantes de intrigas" que agem contra a "seara do bem" dos que reduzem a doutrina de Kardec a um gosmento religiosismo moralista.

Daí o coitadismo dos que enganam, iludem e ludibriam, com suas sedutoras "palavras de amor", que escondem práticas traiçoeiras de mistificação e enganação pelo "sobrenatural", promovendo fantasias para entorpecer a fé humana, para depois seus próprios responsáveis posarem de "vítimas", quando as denúncias lhes chegam, a ameaçar seus privilégios e seu poder.

Daí reações como um Chico Xavier bancando o "choroso" diante de acusações, sérias e consistentes, de que ele teria cometido ou estimulado as piores fraudes, de ter usurpado ao seu bel prazer dos carismas de Humberto de Campos, Meimei e outros, para promover moralismo religioso às custas da boa-fé do povo, enganá-lo e depois se passar por "vítima de perseguição".

Fraudes mediúnicas são feitas, inclusive deixando vazar irregularidades sérias, principalmente assinaturas que nada lembram a dos entes falecidos, e quem quiser examiná-las de maneira honesta, apontando tais equívocos, é rebaixado, pelo julgamento severo dos que pedem para "não julgar", a artífice dos "juízos terrenos das paixões humanas".

É como se a ciência não pudesse contrariar os abusos e mistificações feitas pelo "movimento espírita". E, no fundo, é isso mesmo. A ciência só é aceita no "espiritismo" brasileiro nos limites em que ela não desafia as crenças e procedimentos de caráter surreal que acobertam as diversas irregularidades, não obstante gravíssimas, cometidas pelos "espíritas" brasileiros.

Com isso, é lamentável que quem queira investigar o que está de errado, e muitíssimo errado, no "movimento espírita" em seus mais de 130 anos de existência, apenas com o honesto trabalho do raciocínio lógico e da análise do conteúdo, seja tido como "invejoso" e dotado de "sentimentos peçonhentos e intrigantes".

Só por buscarmos a coerência e a verdade dos fatos, somos vistos como "produtores de escândalos", "caluniadores", "perseguidores de gente do bem" e outros adjetivos maléficos, tudo porque o honesto trabalho de raciocínio questionador vai contra procedimentos abusivos e mistificadores que são todavia consagrados no "espiritismo" e seus seguidores.

Dessa feita, o vulcão adormecido da inveja descansada reage a uma erupção catastrófica de ódio e rancor, vindo dos que juram "não sentir ódio nem rancor", de pessoas que, dotadas de discurso realmente traiçoeiro, se julgam "vítimas de inveja" e outras coisas ruins.

Mas são eles os invejosos latentes que, ameaçados de perder seus privilégios e de serem desmascarados pela opinião pública, que acabam reagindo com desespero e fúria, revelando a inveja que lhes restou de suas mentes enganadoras: a inveja motivada por sua incapacidade de terem a visão coerente e realista de seus opositores.

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