terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O reacionário Chico Xavier

CHICO XAVIER PEDIA QUE APOIÁSSEMOS OS MILITARES QUE, NA ÉPOCA, AUTORIZAVAM SESSÕES DE TORTURA COMO DESTA FOTO À DIREITA.

Tão conhecido ingenuamente (e de maneira exagerada) como o "mais progressista dos progressistas" por seus apaixonados seguidores, Chico Xavier também tinha seu lado sombrio. Quando lhe permitia, ele tinha língua ferina, julgava e condenava e botava tudo na conta de pessoas falecidas cujos nomes lhe eram tomados por apropriação indébita.

Extremamente conservador, Chico Xavier apenas deixava isso implícito em suas "palavras de amor", cujo nível ideológico sugeria adiarmos a luta por melhorias de vida e aceitarmos o pior sofrimento com resignação (ou conformismo) e orarmos em silêncio, aguentando qualquer barra pesada sem protestar.

O doce masoquismo que Francisco Cândido Xavier desejava a seus fiéis, sempre sugerindo que, em vez do questionamento e da contestação, nos limitemos a orar, e, em vez de fazermos queixas, que aguentemos tudo em silêncio, tem muito a ver com a declaração que publicamos a seguir.

A declaração parece um dos manifestos do IPES, o "instituto" que pedia o golpe militar de 1964, ou um editorial de O Estado de São Paulo, só para citar o periódico paulista que era o mais reacionário da mídia mais reacionária, tanto quanto a Tribuna da Imprensa, mas aparentemente com menos fúria do que o jornal carioca de Carlos Lacerda.

Ela foi dada por Chico Xavier em 28 de julho de 1971, quando ele foi entrevistado no programa Pinga-Fogo, da TV Tupi de São Paulo, cujos vídeos estão disponiveis até no YouTube. E mostram um Chico Xavier ácido, longe das "palavrinhas de amor" que adoçam mentes e envenenam vidas:

"Temos que convir (...) que os militares, em 3l de março de 1964, só deram o golpe para tomar o Poder Federal, atendendo a um apelo veemente, dramático, das famílias católicas brasileiras, tendo à frente os cardeais e os bispos. E, na verdade, com justa razão, ou melhor, com grande dose de patriotismo, porque o governo do Presidente João Goulart, de tendência francamente esquerdista, deixou instalar-se aqui no Brasil um verdadeiro caos, não só nos campos, onde as ligas camponesas (os “Sem Terra” de hoje)), desrespeitando o direito sagrado da propriedade, invadiam e tomavam à força as fazendas do interior. Da mesma forma os “sem teto”, apoderavam-se das casas e edifícios desocupados, como, infelizmente, ainda se faz  hoje em dia, e ali ficavam, por tempo indeterminado. Faziam isto dirigidos e orientados pelos comunistas, que, tomando como exemplo a União Soviética e o Regime Cubano de Fidel Castro, queriam também criar aqui em nossa pátria a República do Proletariado, formada pelos trabalhadores dos campos e das cidades".

Chocante, para os incautos que acham que Chico Xavier é "todo amor e bondade", ele baixar a lenha em agricultores e moradores de rua que não eram beneficiados por políticas de reforma agrária e reforma urbana, e condenar os movimentos reivindicatórios das classes operárias.

Chico reproduz, nesse depoimento, a visão golpista de 1964 reafirmada desde o final de 1968 com o quinto Ato Institucional (AI-5), com o mais furioso reacionarismo. É o "homem chamado Amor" que, contraditoriamente, despeja toda sua raiva contra o operariado, o campesinato e os sem-teto forçados a morar nas ruas. Faltou-lhe o "espírito misericordioso" que fez e ainda faz sua fama e prestígio.

Pois esse é o reacionarismo de Chico Xavier, a face oculta do homem cujos seguidores enxergam qualquer virtude, até mesmo as que Chico nunca teve - como a de profeta, filósofo e cientista - , mas que se cegam aos defeitos que se mostram bastante claros como este, em que Chico mais parecia um líder udenista do que um líder espiritualista.

Para uma instituição como a FEB, que esteve na Marcha da Família Com Deus pela Liberdade, isso muito tem a ver. E esse "espiritismo" ainda se acha a vanguarda religiosa do Brasil, capaz de comandar o país na liderança mundial do futuro!

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