quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O preocupante apego dos seguidores de Chico Xavier

CHICO XAVIER É CONHECIDO PELAS MENSAGENS ADOCICADAS QUE SE MULTIPLICAM NAS MÍDIAS SOCIAIS.

É extremamente preocupante o apego exagerado e desesperado dos seguidores de Francisco Cândido Xavier à sua imagem adocicada, um apego que contradiz frontalmente o ideal de "desapego" de seu suposto espiritismo, que trai a todo momento os ideais de Allan Kardec e não é por ser feito em outro país, diferente da França, mas por fugir mesmo até às mais criteriosas adaptações.

Ninguém quer tirar Chico Xavier de seu pedestal e isso é terrível. Ele reúne todos os estereótipos que vão do interiorano bonzinho ao ignorante tido como sábio, além da bondosa velhice e do jogo de contrastes que seu perfil ideológico consegue sintetizar com habilidosa esperteza.

Afinal, é um contraste que conforta almas ainda imaturas de pessoas, sobretudo adultas e idosas, e que permite que o exemplo de Chico Xavier se prossiga impune mesmo nos seus piores erros, já que esse contraste vai muito de acordo com tradições conservadoras e exageradamente religiosas.

Esse contraste envolve sobretudo a dicotomia entre fraqueza e força, pobreza e riqueza, ignorância e sabedoria. Essa dicotomia conforta muitas pessoas e é certeiro na exploração do sentimentalismo das massas, além de fazer permitir que todos os erros de Chico Xavier, sobretudo os mais graves, sejam consentidos e aceitos com a máxima comodidade possível.

Chico Xavier cometeu erros gravíssimos, entre plágios, apoio explícito às fraudes de materialização e emprestou seu nome a uma parcela ainda não estimada de livros que ele nem sequer escreveu ou ao menos produziu sozinho, mas junto a uma equipe de editores e consultores literários.

Foi assim, com a participação de uma equipe de editores e consultores literários, que o livro Parnaso de Além-Túmulo foi produzido, com o aspecto já falho de ser uma edição remendada cinco vezes em 23 anos, o que tira o mérito de uma obra que se autoproclamava o manifesto acabado da poesia vinda do mundo espiritual.

O apego, não só a Chico Xavier, mas a outros membros associados, é de tal forma tão grave e tão preocupante que, quando investigações sérias e questionamentos aprofundados conseguem provar que tão "queridas" figuras não passam de um bando de charlatões, seus seguidores choramingam e julgam injusto acusá-los de "tão doloroso adjetivo".

GRAVES ERROS

Xavier foi cúmplice de muitos erros graves cometidos sob o rótulo de "espiritismo" e, diante de posturas e situações complicadas, que afetariam sua reputação, o anti-médium mineiro agiu com omissão ou "pulava do barco" quando sentia sombra da encrenca entrar no seu caminho.

Ele participou dos bastidores do caso da "irmã Josefa", a fraude cometida por Otília Diogo, e seus partidários não conseguiram esconder que Chico conversava animadamente com os fraudadores, ria, contava piadas, acompanhava tudo, Se ele era "cego" como muitos dizem, pelo menos tinha dotes sensoriais para saber muito bem o que acontecia à sua volta.

Noutro caso, Suely Caldas Schubert, adepta de Chico e colaboradora da FEB, não conseguiu esconder o medo de Chico Xavier assumir-se roustanguista, escrevendo uma carta chorosa para o então presidente da instituição, Antônio Wantuil de Freitas, se limitando a dizer que, diante das acusações de estar seguindo Jean-Baptiste Roustaing, reagiria a isso com "silêncio".

Quanto a publicação de traduções que distorceriam ainda mais a obra de Allan Kardec em 1973, patrocinada pela FEESP (Federação "Espírita" do Estado de São Paulo), piorando o que Guillón Ribeiro já fez de deplorável, Chico Xavier apoiou entusiasmadamente, mas depois que Herculano Pires fez ampla denúncia, o mineiro "virou a casaca" para não desagradar o amigo.

"PERDÃO" COMO DESCULPA

Quando surgem denúncias e críticas sérias que pusessem em xeque a reputação de Chico Xavier, seus partidários, dos líderes "espíritas" aos simples adeptos "independentes" (quando não se autoproclamam "espíritas" mas adoram as frases do anti-médium mineiro), reagem em desespero, como criancinhas chorosas quando são informadas de que Papai Noel nunca existiu na realidade.

Chorosas e desesperadas por ver abalada a reputação do "bom velhinho" - não o "papa" Nicolau do comércio natalino, mas o "velho Chico" das pregações espiritólicas - , as pessoas que cultuam Xavier reagem em maioria em silêncio lacrimoso, usando o "perdão" como desculpa para aceitar os erros do anti-médium e dá-lo o título de "mestre" e de "líder" assim de bandeja.

Entendendo o perdão como consentimento para aceitar qualquer erro e permitir que pessoas que cometeram atos deploráveis sejam alçadas a uma superioridade e uma perfeição inexistentes, os seguidores de Chico Xavier o mantém no seu pedestal, como um "velocino de ouro" de suas adorações cotidianas, travestidas dos mais "elevados" sentimentos emotivos.

Eles entram em contradição, só para garantir a "superioridade" de Chico Xavier a todo custo, a qualquer preço e até na marra, se for preciso. A contradição consiste em atribui-lo como "líder da humanidade" mesmo cometendo erros graves e até propositais, entre deslizes, omissões e hesitações, e como "sábio" mesmo divulgando inverdades, fantasias grotescas e ideias infundadas.

Tudo é mascarado pelas "palavras de amor" que Chico divulga em seus textos. Uma retórica que trabalha a citada dicotomia de ignorância / sabedoria, pobreza / riqueza e fraqueza / força com a natural pieguice dos vocábulos dóceis que entram como um caldo de mel nas almas sensíveis mas desinformadas de muitas pessoas.

Em contrapartida, o pedantismo pseudo-científico do "movimento espírita", não satisfeito em ter Chico Xavier se popularizado como "consultor sentimental", pregador religioso e criador de "frases bonitinhas", ainda quis promovê-lo às pretensas atribuições de filósofo, profeta, sociólogo, psicólogo e cientista. Assim, de graça.

Um mero sonho de poucas horas, que qualquer pessoa tem quando dorme, foi promovido a "profecia de grande envergadura", quando Chico Xavier, em 1969, transmitiu seu devaneio do sono noturno a amigos num "centro espírita" em Uberaba.

Uma mera reunião em que um caricato Jesus Cristo - o mesmo amedrontado Jesus que debilmente perguntava a Helil onde ficava o Brasil - , ao lado de Emmanuel, André Luiz e outros, discutia, preocupado com a ida de astronautas estadunidenses à Lua, os rumos futuros da Terra, foi transformada em "previsão científica", graças à reputação de Chico Xavier.

De repente, em nome do status, as pessoas, no Brasil, são capazes de trair à própria lógica dos fatos, ao mérito dos atos, às leis da coerência e do realismo, para criar uma reserva de surrealismo, de aceitação dos absurdos, de consentimento com a falta de lógica, acreditando em qualquer aberração, contentes não só em acreditar, mas em "acreditar amando".

É esse Brasil cujas pessoas aplaudem, com descarada condescendência, quando uma atriz badalada como Letícia Sabatella - que havia feito a mãe de Chico Xavier no filme biográfico - se embriaga à noite, a ponto de confundir como "senso de humor" uma declaração irritada e arrogante da atriz em relação às críticas sobre seu ato de embriaguez.

Dependendo do status, as pessoas podem cometer erros graves, que passam impunes. Chico Xavier se torna um "semi-deus", ou talvez até um vice-Deus para seus seguidores fanáticos e complacentes. Mas é essa mesma complacência que faz com que a corrupção ocorra livremente no serviço público e no Poder Legislativo, só para citar casos de corrupção que se permite fazer críticas severas.

Pois, antes que protestemos contra a corrupção no Congresso Nacional e, como os noticiários de hoje mostram, em instituições como a Petrobras, protestemos contra a corrupção de nossos próprios corações e de nossos instintos.

Se Chico Xavier cometeu erros sérios, o que aliás é verídico, diante de provas diversas em vários casos, melhor seria esquecê-lo e evitar ser tentado com o aliciamento perigoso das "doces palavras" do anti-médium mineiro. Desapegar-se da sua imagem estereotipada de "bom velhinho": é urgente fazê-lo, desapegando de todo o culto, por mínimo que seja, ao anti-médium mineiro.

Convém abandonar Chico Xavier completamente. Nos lembremos dele só para investigar os erros do "espiritismo" que tiveram sua participação, apenas como forma de manter as pessoas informadas das fraudes, omissões e outros erros sérios que contaram com o apoio direto ou indireto do anti-médium.

Quanto à vida, há muitas coisas boas e mais edificantes longe das frases açucaradas de Chico, coisas que realmente vivificam a alma e não tem a ver com as "palavras de mel" que, no primeiro momento, adoçam a alma, mas a longo prazo, trazem perigosos venenos para as vidas das pessoas.

Vamos viver sem Chico Xavier, de uma vez por todas. Vamos viver a vida, do que ela oferece de melhor para nós.

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