sábado, 13 de dezembro de 2014
FEB lança livro "inédito" de Chico Xavier
Um trabalho "novo" com sabor de coletânea. A Federação "Espírita" Brasileira lançou, há poucos dias, um livro "inédito" de Francisco Cândido Xavier, intitulado Fé e Vida, com mensagens de apelo religioso que passam a quilômetros de distância da doutrina codificada por Allan Kardec.
O livro inclui textos "psicografados" entre 1936 e 1989, atribuídos a autores diversos. Há desde as mensagens do jesuíta Emmanuel - que já teve textos colhidos nos sete volumes do Evangelho por Emmanuel - até as vítimas da obsessão espiritual de Chico Xavier, como Irmão X (o nome que arranjaram para o suposto Humberto de Campos para evitar problemas judiciais) e Meimei.
Há até mesmo mensagens poéticas atribuídas a Cornélio Pires, contador sertanejo e ativista cultural da música caipira - fazendo o que Rolando Boldrin ainda faz hoje no Senhor Brasil (TV Cultura) - , cujo sobrinho, José Herculano Pires, apesar de amigo de Chico Xavier, se esforçou em tentar recuperar as bases doutrinárias de Kardec que o mineiro comodamente traiu.
A mensagem publicitária do livro, escrita pelo vice-presidente da FEB, Geraldo Campetti Sobrinho, é cheia de palavras melífluas:
"Importantes temas da atualidade e de interesse público, em poemas e prosas, são veiculados no livro psicografado por Chico que a FEB Editora e o CEU trazem à publicidade para conhecimento de todos. O problema da paz, as provações coletivas, perseverança e amor, o homem e o evangelho, convidados difíceis e a história de um coração maternal são alguns dos assuntos para nossa leitura e reflexão".
O livro se soma a muitos apelos de recuperação do "movimento espírita", que sofre sua aguda crise, depois que aumentaram as denúncias na Internet, embora, na grande mídia, as coisas parecem navegar em águas calmas e voar em céus de brigadeiro.
O livro envolve, portanto, textos "teóricos", prosas e poemas, praticamente revirando o baú de escritos de Chico Xavier ou atribuídos a ele - sabemos que muito do que se atribui à sua autoria foi escrito em parceria com equipes editoriais e talvez até por elas sozinhas, diante dos compromissos de astro pop do anti-médium mineiro - , sendo a tal coletânea de "sobras" de Chico.
Esse livro segue a linha retrospectiva da FEB, que em seus 130 anos sofre uma grave crise de reputação, depois de tantas deturpações e fraudes cometidas em nome do "espiritismo". O livro tenta recuperar a reputação de Chico Xavier e reforçar o carisma que ele ainda encontra nas mídias sociais, através de suas mensagens piegas e seu apelo exageradamente religioso.
Com isso, a publicação tenta ofuscar qualquer debate em torno da Doutrina Espírita, no esforço de manter o religiosismo conservador e moralista que impede o progresso do Brasil, mas garante os privilégios das mais diversas elites, nas quais inclui o poderio dos próprios dirigentes da FEB, para os quais as ideias de Allan Kardec soam "simpáticas", mas desprezíveis.
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