quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Mito do "Brasil Coração do Mundo" revela supremacia perigosa

"BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO" - ESSA HISTÓRIA A GENTE VIU COM OUTRO PAÍS. E NÃO FOI BOA.

Um alerta se faz aqui neste blogue sobre o gravíssimo perigo que se tem em classificar o Brasil como "coração do mundo", denúncia esta que caberia ser divulgada para toda a humanidade, se tivéssemos a visibilidade necessária para fazê-lo.

Pois o "dócil" recado de Francisco Cândido Xavier, se apropriando do nome do falecido escritor Humberto de Campos - que nunca teria escrito um livro tipo Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho - para anunciar que o Brasil será o "centro da humanidade futura" na Terra, esconde uma ameaça de proporções assustadoras.

Tais "profecias" revelam, mesmo sob um discurso que se pretende ser dócil, meigo e apenas "conselheiro", em muitos casos provenientes da retórica alarmista do traiçoeiro Emmanuel, o lado sombrio de Chico Xavier, tão associado à imagem amorosa, mas afeito a fazer ou reafirmar julgamentos moralistas tão rancorosos, através do mito do "Deus punitivo".

O anti-médium, promovido ao status pretensioso e falso de filósofo, profeta e cientista, resgatou a antiga obsessão centralizadora do Catolicismo medieval do Império Romano, a desejar também a "união de todos os povos" e a punição aos hereges, promovendo a centralização da humanidade em torno de uma religião marcada pelo moralismo sanguinário e pelo autoritarismo.

Através de pretensas profecias divulgadas desde 1969 e agora veiculadas em vários vídeos "espíritas" e no filme Data Limite, Segundo Chico Xavier, de Fábio Medeiros, podemos analisar as intenções nada positivas dessas falsas previsões, baseadas na "psicologia do medo" ou "psicologia do terror" para fazer as pessoas, intimidadas, a aderir ao "espiritismo" de moldes católicos-medievais.

Junta-se a intenção centralizadora do Catolicismo medieval, com o contexto do mundo quando foi lançado o livro atribuído ao autor de O Brasil Anedótico e que destoa e muito do estilo do falecido escritor brasileiro do começo do século XX. O que nos faz assustar com a intenção de Chico Xavier em transformar o Brasil em "centro da humanidade".

O mundo se "destruiria" a partir de 2019, com os "castigos da Natureza", enquanto o Brasil criava condições de ascensão na "comunidade das nações", se convertendo em "potência central da humanidade futura". Essa tese remete ao mito do "castigo divino" do Catolicismo medieval, presente também em Roustaing, do qual Chico Xavier sempre foi seu fiel seguidor.

E justamente quando o Brasil passa por uma série de retrocessos, em que projetos de âmbito social, político, econômico, cultural e outros âmbitos são controlados por elites desprovidas de senso ético ou mesmo de qualquer apreciação do interesse público, prevalecem, que chega um grupo de religiosos dizendo que o país será a "vanguarda da humanidade mundial". Vanguarda?

E o Hemisfério Norte que, bem ou mal, vive uma revisão de valores, em que a cultura europeia se pauta numa reflexão de tudo que foi feito de bom ou de ruim por seu povo, notável sobretudo na linha reflexiva e cética do cinema europeu atual, e em que os Estados Unidos vivem também o questionamento de sua mediocrização cultural, agora sofre esse desejo rancoroso de destruição por parte de uns pseudo-profetas brasileiros.

Somando as pretensas previsões que supõem a destruição do Hemisfério Norte e a elevação do Brasil em "centro da humanidade" descrita por toda a trajetória do "espiritismo" chiquista, com os fatos históricos que aconteceram entre 1932 e 1945, nota-se uma certa crueldade por trás de palavras tão "sublimes" trazidas pelo anti-médium mineiro e seu "protetor" jesuíta.

Um certo país europeu havia também lançado esse discurso de "centro da humanidade", criando também supostas "previsões" sobre povos que "deveriam desaparecer da Terra", portadores de supostos "males" a serem "extirpados". Isso resultou num cenário traumatizante, de dolorosas consequências para a humanidade.

Pois, numa observação cautelosa, comparamos esse famoso caso com o que Chico Xavier propôs com suas "profecias": as antigas civilizações, situadas na Europa, Ásia e América do Norte, seriam "exterminadas" por supostos cataclismas, enquanto os que poderiam sobreviver migrariam para o Brasil, que se transformava em "pátria central" para o "renascimento da humanidade cristã".

Analisemos. Um determinado país se ascende rumo a uma supremacia na Terra, enquanto povos contrários ao interesse geopolítico desse país são "eliminados" para dar passagem a um "reino de amor e luz" a durar por toda a eternidade.

Nem mesmo a dissimulação do discurso do "imperialismo brasileiro", definindo-o como "reino do amor" consegue convencer, já que o Catolicismo medieval, base teórica do "movimento espírita" brasileiro, já havia cometido injustiças e crueldades "em nome do amor e fé cristã". O totalitarismo pode adotar discurso melífluo para impor seus objetivos...

Não era essa a promessa de um certo déspota europeu, guardadas as devidas diferenças em relação ao que o anti-médium, no seu pré-julgamento, arrogou "prever"? E que também o Catolicismo medieval também prometeu, às custas dos sacrifícios de tantas vidas, em nome da predominância de um sistema de crenças e dogmas a ser elevado a uma supremacia de ordem política e social?

Essa "missão" totalitária atribuída ao Brasil, portanto, é um mito que, divulgado com palavras dóceis e tenras, revela seu preocupante oposto, pois, a pretexto de promover a "fraternidade", cria-se, na verdade, a ascensão centralizadora de um país às custas da tragédia rogada a outros povos.

Até que ponto se chegou o moralismo religioso do "movimento espírita" brasileiro, se equiparando a um dos mais lamentáveis episódios da história da humanidade do século XX.

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