quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Divaldo Franco "criminaliza" suicidas

ROBIN WILLIAMS, PARA O "ESPIRITISMO" BRASILEIRO, TERIA COMETIDO UM "CRIME HEDIONDO".

O suicídio é um crime considerado "hediondo" pelo "espiritismo" brasileiro. Os "espíritas" acham o suicídio pior do que o homicídio, apesar deste último ser o ato mais extremo do egoísmo humano, o ponto máximo em que o egoísmo pessoal pode atingir.

Como de praxe, o anti-médium baiano Divaldo Franco, na sua verborragia de sempre e na sua "elegância" de tentar argumentar conforme suas convicções pessoais de líder espiritólico, faz juz a essa tendência e deu a seguinte resposta ao tema "mortes violentas" a uma pergunta dada por um entrevistador.

Tudo a ver. Divaldo é protegido de Joana de Angelis, o espírito que diz ter sido a sóror brasileira Joana Angélica (mas que há sérias dúvidas sobre isso) e que não aguenta ver pessoas tristes, embora também seja indiferente às razões das tristezas sofridas por elas. Daí esse sentimento desumano sobre o suicídio, temperado de "palavras bonitinhas" e oratória sacerdotal.

Qual a situação espiritual da pessoa que morre em acidente, assassinato ou suicídio?

Divaldo Franco: A condição espiritual de quem desencarna, depende da sua evolução, do seu progresso, da sua compreensão da vida. Um Espírito evoluído ou, pelo menos, esclarecido, que morre num acidente, ou é assassinado, pode ter uma primeira reação de surpresa e até de inconformação, entretanto, poderá reagir em pouco tempo a aceitar com naturalidade o acontecimento. 


Por outro lado, em Espírito atrasado, ignorante, poderá sentir as conseqüências da violência sofrida, com a mutilação ou trauma do perispírito, até que se descondicione da situação. Quanto ao suicídio, o Espiritismo repele veementemente esse ato, classificando-o como rebeldia, uma afronta às leis da vida, desobediência suprema a Deus. 

As narrativas de Espíritos que se suicidaram é de grande sofrimento. Começa pela decepção de saber que a vida continua, e que não resolveram os seus problemas ao se matarem. Segundo eles, as seqüelas causadas acompanham o Espírito numa nova encarnação, causando enfermidades congênitas. Devemos exaltar a vida. A vida é aprendizado, e luta para o aperfeiçoamento e educação espiritual.

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É evidente que o suicídio não resolve problema algum, mas Divaldo expressa, neste texto, um julgamento moralista, com o pedantismo de um pseudo-sábio, mero artífice na manipulação das palavras.

Divaldo "criminaliza" o suicídio, classificando-o como "rebeldia" - o que, numa ideologia moralista, é definido como "crime grave", uma "delinquência", uma "aberração" - definindo como "uma afronta às leis da vida".

No texto, Divaldo parece um tanto indiferente sobre a gravidade do homicídio, que pelo jeito não é repudiado da maneira que devia pelo "espiritismo" brasileiro. Se o suicídio é uma "afronta às leis da vida", o que é o homicídio? Um brinde amigável de outrem àquele que ganhou um passaporte grátis para a vida espiritual?

Ele descreve a gravidade do suicídio sem considerar que tal ato tem suas causas. Para o moralismo "espírita", isso pouco importa. Os "espíritas" veem a Terra como uma penitenciária, aspecto herdado do Catolicismo medieval, adaptando a figura do "Deus punitivo" à interpretação espiritólica da "Lei de Causa e Efeito".

Hipócritas, os "espíritas" brasileiros defendem que os maus possam cometer impunemente seus abusos contra outros, criando uma farra de práticas egoístas feitas até a longevidade da velhice, dando uma espécie de "fiado" da "justiça divina".

O indivíduo só sofre quando se torna bom, em outra encarnação, e geralmente sofre mais, pagando em juros o fiado deixado quando por sua encarnação de maldades, intrigas e trapaças. E esse "pendura" que ilude muitos maus é o mesmo que deprime muitos espíritos bons, mesmo os que ainda estejam pouco evoluídos.

Daí a ocasião de eventuais suicidas. Eles não se matam porque acham legal apertar uma gravata no pescoço ou porque querem sentir o que é uma bala de revólver perfurando o coração, ou como é o corpo quicar no chão, atirado do alto de um prédio.

O que os "espíritas" pensam é que os suicidas são assim por diversão. Esquecem que eles agem assim porque são desprotegidos, porque sofrem algum impasse, porque em sua vida encontram limitações das quais não se sentem capazes de superar e não encontram meios disponíveis para tanto.

O próprio moralismo espiritólico glamouriza o sofrimento. Cria um sentimento sado-masoquista em seus seguidores, felizes com o próprio sofrimento, excitados com o sofrimento do outro, ainda que dissimulados por uma tristeza de nada, quase teatral.

Por isso, se você segue essa religião, damos nossos pêsames. Ela transforma o sofrimento humano num fetiche, numa espécie de torneio para ver quem fica "mais evoluído" com isso. Quanto mais sofrer, mais você concorre ao título longínquo de "espírito de luz". Se você não aguenta, você é um covarde.

O "espiritismo" brasileiro não tolera tristezas. Você tem que sofrer e ficar feliz com isso, porque talvez você receba o prêmio que merece dez encarnações adiante, talvez em mais de mil anos. No momento, portanto, você terá que aguentar cada absurdo na vida, sofrer até quando não pode mais, e sorrir feito um bobo e achar que tudo isso é lindo.

Essa é a cartilha feita pelo "espiritismo" que despreza a missão humanista de Allan Kardec mas que finge ser fiel a ela. Mas que volta e meia vem com surtos medievais como a sua visão moralista e desumana do que é o suicídio.

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