segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
Revista Espiritismo & Ciência perde tempo perguntando se Chico foi Kardec
A revista Espiritismo & Ciência, em sua edição mais recente do especial "Grandes Nomes do Espiritismo", perde tempo em torno de uma questão já resolvida, insistindo em perguntar se o médium-estrela Chico Xavier havia sido reencarnação de Allan Kardec.
Investindo no sensacionalismo da questão, que seduz muitos "espíritas" incautos - anos atrás, uma comunidade "espírita" do Orkut lançou a questão numa pesquisa e MAIS DE 60% (!!!) disseram acreditar que Xavier foi Kardec - , a revista quer reacender uma polêmica já superada, através do título oportunista "A pergunta que não quer calar".
Pois a pergunta calou-se definitivamente e sabemos muito bem a resposta: Chico Xavier NUNCA, EM NENHUMA HIPÓTESE, poderia ter sido Allan Kardec em outra encarnação, fato que mesmo numa perspectiva espiritólica deve ser indiscutível.
Mesmo à primeira vista, dá para perceber que Xavier e Kardec eram personalidades muito, muito diferentes. O tipo de comportamento, a maneira de falar - como poderíamos inferir de Kardec, já que no seu tempo ainda não foram descobertos meios de registrar o som e a imagem em movimento - e o modo de opinar os temas e assuntos diversos.
Tudo que Chico Xavier fazia nada tinha a ver com Allan Kardec. Mesmo admitindo a perspectiva espiritólica, que coloca os dois como "unidos por uma mesma causa", não há qualquer motivo que faça que o mineiro teria sido o professor francês, porque não há aspectos de cada personalidade que se cruzem.
Dentro desta perspectiva, é como se alguém, dentro da cultura rock, insistisse em trabalhar a visão de que Renato Russo (1960-1996), o célebre líder da Legião Urbana, teria sido reencarnação de Buddy Holly (1936-1959), o saudoso roqueiro norte-americano, simplesmente pelo fato de usar óculos e tocar rock, algo que em si não procede de forma alguma.
Saindo da perspectiva espiritólica, as diferenças entre Chico Xavier e Allan Kardec, não custa repetir, se tornam ainda mais gritantes. A falta de firmeza de do católico mineiro entra em contradição frontal com o rigor científico do professor lionês.
Isso é tão certo que Chico, de índole mole, recebia mensagens espirituais sem verificar sua verdadeira procedência, e, em certos casos, sofria de animismo ou transes que pensava serem manifestações de espíritos do além.
Isso fora a fraude de alguns livros, como Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, tolo demais para ter saído da mente de Humberto de Campos, e Parnaso de Além-Túmulo, que apresenta irregularidades de expressão poética em relação aos autores atribuídos, que aos poucos começam a ser desvendados como grandes farsas editoriais.
Portanto, com tantas diferenças gritantes e contradições entre um moralmente instável Chico Xavier e um correto e batalhador Allan Kardec, dá para perceber que o mineiro não teria sido mesmo o francês, e não adianta as pessoas chorarem, protestarem, espernearem. Xavier e Kardec não teriam sido a mesma pessoa, e isso é fato consumado.
O próprio Kardec recomendou que as identidades espirituais devam ser observadas pelos traços particulares de suas personalidades. Se existe uma contradição, por menor que seja, em relação aos aspectos pessoais de um espírito em relação à sua suposta identidade, é porque esse espírito não tem a presumida identidade.
Nada de Chico Xavier, mesmo nas melhores hipóteses, pode ser visto como coincidente com os aspectos pessoais de Allan Kardec, e se Xavier ainda cometeu erros que o pedagogo francês não teria cometido, entra mais um agravante.
Esse agravante é que a tese de que Xavier foi Kardec vai contra a própria natureza evolutiva do espírito, contrariando um dos princípios enfatizados pelas obras kardecianas. O espírito não regride, ele não iria sofrer um retrocesso numa encarnação posterior, assim como uma pessoa não iria desaprender os conhecimentos que adquiriu em dado momento.
Portanto, um Chico Xavier que não se interessa em verificar a veracidade de uma mensagem espiritual, iludido com as tais "palavras de amor" nelas expressas, contradiz gravemente com um Allan Kardec que recorria a três médiuns diferentes, em lugares distantes entre si, para verificar se a manifestação de determinado espírito não contradizia de um médium para outro.
A revista Espiritismo & Ciência, contrariando a suposta opção científica expressa no nome da publicação, perdeu tempo com uma questão que sabemos já está superada há muito tempo. Não há como perder tempo perguntando se Xavier foi Kardec, porque sabemos claramente que o mineiro nunca poderia ter sido o francês. Suas personalidades eram diferentes e até antagônicas entre si.
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