terça-feira, 21 de janeiro de 2014
Chico Xavier foi um grande plagiador
O católico Chico Xavier, promovido assim de graça a "mestre do Espiritismo" no Brasil, dentro da perspectiva espetacularizada dos médiuns-estrelas (no fundo anti-médiuns, por não serem mais intermediários mas os "astros principais" das sessões "espíritas"), pode até ter exercido suas habilidades mediúnicas, mas também por vezes era um exímio plagiador.
A constatação enfurece muitos dos "iluminados" seguidores de Chico Xavier, mas ela se comprova na comparação que o blogue "Obras Psicografadas" faz entre obras da literatura brasileira e alguns livros em tese psicografados pelo católico mineiro.
Chico Xavier nunca entendeu de Espiritismo, em verdade. Só sabia de uns macetes que os burocratas da roustanguista Federação "Espírita" Brasileira transmitiam para ele, que tão somente era um católico por demais excêntrico para os padrões rígidos da religião (daí ele ter sido excomungado na sua terra natal, a cidade mineira de Pedro Leopoldo, o que fez ele se mudar para Uberaba, no mesmo Estado), mas estava longe de ser um espírita de verdade.
Em compensação, Chico Xavier lia muitos livros. O que, num eventual caso de lucidez dos reacionários jornalistas David Nasser e Jean Manzon, que, a serviço da revista O Cruzeiro do "velho capitão" Assis Chateaubriand, visitaram o mineiro em 1944, pôde ser comprovado em reportagem da época.
Isso põe em xeque-mate o mito da "humilde ignorância" do médium-estrela, já que ele era muito esperto e tinha um regular hábito pela leitura, vide sua obsessão, sobretudo, pelo escritor Humberto de Campos, o que gerou uma complicada ação judicial dos herdeiros do falecido intelectual contra o médium.
Seu conhecimento de literatura era mais como consumidor de obras, já que no âmbito historiográfico e estilístico, seus conhecimentos eram superficiais. Tanto que, no livro Parnaso de Além-Túmulo, nota-se sérias falhas estilísticas dos poetas atribuídos, em comparação com o que eles haviam produzido em vida.
FRAGMENTO DE COMPARAÇÃO ENTRE OS DOIS LIVROS, O DE HUMBERTO DE CAMPOS E O DE SEU SUPOSTO ESPÍRITO, PUBLICADA NO BLOGUE OBRAS PSICOGRAFADAS.
Daí, por exemplo, estilos parnasianos sem a métrica rigorosa caraterística do movimento, ou poemas românticos assépticos, além da monotemática relacionada a "espiritualidade" e "fraternidade", cuja credibilidade das autorias atribuídas é contestada energicamente pelos mais renomados críticos literários ao longo do tempo.
O Brasil Anedótico, obra humorística lançada em vida por Humberto de Campos, no ano de 1927, serviu de fonte para muitos trechos de obras "sérias" lançadas por Chico Xavier a título do "espírito de Humberto de Campos", que, depois de tantas complicações na Justiça, foi alterado para "Irmão X", codinome que parodiava o pseudônimo "Conselheiro XX" usado pelo escritor.
Segundo Obras Psicografadas, o livro de anedotas foi usado por Chico Xavier em mais de uma obra, mas decisivamente a partir do livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, risível documento de historiografia distorcida narrada como se fosse um conto de fadas, mas definido pelo "espiritismo" brasileiro como um sério registro sobre a História do Brasil.
O fragmento da imagem acima dá um indício do plágio, que havia sido identificado poucos anos após o lançamento do livro de Xavier, 1938, durante o litígio entre os herdeiros de Humberto e os advogados de Chico, em reportagens da época.
MALANDRAGEM - O presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas, que é o verdadeiro nome por trás do estranho pseudônimo "Minimus", havia tentado tirar o corpo fora, julgando que o plágio "não existe" porque o "autor" estaria apenas reproduzindo o que havia escrito em vida.
Com isso, o presidente da "Casa-Máter do Espiritismo" queria nos fazer crer que Humberto de Campos apenas reescreveu passagens de seus livros nas supostas obras espirituais lançadas por Chico Xavier.
No entanto, nem sempre é assim que acontece. Um autor não teria a necessidade a todo momento de reescrever trechos de suas obras, algo que só ocorre quando o contexto, sempre eventual, permite, e mesmo assim quase sempre pequenos trechos.
O autor não reescreveria ou adaptaria a escrita de trechos grandes, como se seus livros posteriores fossem quase coletâneas não-assumidas, e num escritor da envergadura de Humberto de Campos tal tarefa seria muito pouco provável.
Portanto, foi uma grande malandragem do presidente da FEB dar esse parecer, e essa desculpa, dada por volta de 1944 - ano dos processos judiciais movidos pelos herdeiros de Humberto de Campos contra Chico Xavier - , já não era muito convincente.
Imaginemos então hoje em dia, quando o Brasil tem maiores recursos de esclarecimento e transmissão de informações, uma declaração de um "indignado" Wantuil ter algum sentido. Não, não tem. Se a desculpa não colava no Brasil predominantemente agrário e sem TV, ela convenceria muito menos no Brasil de hoje, mais cosmopolita e com Internet a todo vapor.
Há muitos casos de plágio por parte de Chico Xavier e de outros médiuns, como Divaldo Franco. Houve até caso deste plagiando o outro, que quase criou uma inimizade entre os dois. Analisar os plágios desses médiuns-estrelas é fundamental para verificarmos as falhas desse "espiritismo" bagunçado, que nenhuma "palavra de amor" consegue justificar nem legitimar, em que pese atrair tão facilmente muitos fiéis incautos.
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