domingo, 31 de dezembro de 2017

Os "espíritas" defendem a aceitação do sofrimento para os outros. E para eles mesmos?


O moralismo "espírita" é voltado para a aceitação do sofrimento. Com muita falácia, os "espíritas" apelam para que os sofredores aguentem as desgraças em silêncio, e enfrentem dificuldades quase intransponíveis para vencer na vida, lutando demais por pouco benefício.

Chegam mesmo a dizer para amar o sofrimento, não gemer de dor, não mostrar sofrimento para os outros, fingir felicidade e harmonia, e até para rezar não se faz com voz alta, e de preferência sem fazer posição de prece. E, como o "espiritismo" brasileiro defende a reforma trabalhista, sob o pretexto de representar uma "reeducação econômica" dos brasileiros, que a pessoa divida suas atenções entre uma prece e a execução de uma tarefa profissional, por mais penosa que seja.

Francisco Cândido Xavier foi responsável por essa tendência, inexistente no Espiritismo original. Foi através de Chico Xavier, um católico ortodoxo que, de "herege", só tinha a alegada paranormalidade - pelo menos ele dizia "falar" com o espírito da sua mãe e de um padre jesuíta que passou a tietar lendo livros de História - , que a Teologia do Sofrimento, corrente medieval do Catolicismo, passou a ser um dos pilares do "espiritismo" brasileiro, mais do que qualquer ensinamento de Allan Kardec.

A desculpa era essa: como havia vida eterna - que os "espíritas" definem como "pátria espiritual" - e reencarnação existe, a ideia era defender todo tipo de sofrimento na vida presente, a aceitação e resignação com dificuldades pesadas, a troco das chamadas "bênçãos futuras", que geralmente surgem na velhice ou após a morte.

Embora essa desculpa seja de cunho "espiritualista", ela aposta num "materialismo de projeção", no qual se atribuem os benefícios da vida material no além-túmulo. Contrariando Kardec, que com muita prudência disse que não existe qualquer noção do que realmente seria o mundo espiritual - ele expressou isso no seu tempo, mas a realidade comprova que nenhum estudo se fez para superar essa advertência - , os "espíritas" concebem o além-túmulo aos caprichos da visão materialista.

Por isso é que os "espíritas" acabam defendendo o "holocausto de si mesmo" dos sofredores. Criam mesmo a falácia do "dia de desgraça, véspera de bênçãos", para forçar os infortunados a se sentirem como peixes forçados a pular da água para o alto de uma árvore enorme.

Distorcendo as lições espíritas originais, que dizem que as dificuldades não são oferecidas acima das capacidades de enfrentamento de cada pessoa, os "espíritas" brasileiros querem mais. Para eles, a capacidade de enfrentamento não tem limites, e um fracote pode carregar uma pedra de cinco toneladas numa boa.

Há muitos apelos neste sentido. "Que fraqueza! Vamos lá e aguente aquela desgraça! Vá e enfrente. A dificuldade está acima dos limites? Supere seus próprios limites, ora!", é o que se resume este apelo. E há outros, como "sirva ao seu algoz com rigor e dedicação", "você só vive para servir", "não há diferença entre serviço e servidão: trabalhe e sirva a todos sem distinção" e outras falácias. Tudo parece lindo, se não fosse um detalhe: "pimenta nos olhos dos outros é refresco".

E OS PRÓPRIOS "ESPÍRITAS"?

Os palestrantes e os "médiuns" do "espiritismo" brasileiro, com certa arrogância, inventam: "Nós vivemos para servir. Nos dedicamos inteiramente ao próximo, com amor e dificuldades, e ainda arrumamos tempo para divulgar a boa palavra, o recado amigo aos sofredores que a nós assistem".

Mas, observando bem, o que realmente é o "serviço" desses "espíritas"? Alojar um punhado de pessoas em uma mansão, sobrado ou algum edifício similar, deixar a terceiros a administração e o investimento financeiro nesses lugares e, depois disso, os oradores e escritores "espíritas" vão sair por aí, passeando, aparecendo em colunas sociais e ganhando prêmios.

Será que ninguém percebe isso? E o dinheiro da "caridade", não há uma parcela sendo desviada para os bolsos das "lideranças espíritas"? Também não há "lavagem de dinheiro" em instituições "espíritas"? Os "médiuns" também não abocanham uma boa fatia do "pão dos pobres"? Ou alguém acredita que os "espíritas" se alimentam de "luz" ou de alimentos doados por outrem? 

Ainda que os "médiuns", por exemplo, não toquem em dinheiro, eles são sustentados por terceiros, mas de forma semelhante aos da realeza britânica. São hospedados em bons hotéis, comem do bom e do melhor, viajam para as capitais do Primeiro Mundo, vão ver os pontos turísticos mais celebrados, aparecem em colunas sociais ao lado de figurões da alta sociedade.

E o "sofrimento" que os palavreadores "espíritas" tanto alegam sofrer? Muitos deles dizem que "também sofrem muito", dizendo coisas como "Vocês veem que a gente viaja muito, vai para a Europa, recebe troféus, mas a gente sofre, sim, com a intolerância, com os ataques que a gente sofre, com as dificuldades (sic) de cuidar das nossos projetos assistenciais, da dificuldade de obter donativos etc".

Acabam cobrando carnês, promovendo seminários "espíritas" em hotéis cinco estrelas, lançam livros em quantidades industriais para "permitir" a "gratuidade" ou a modesta precificação dos títulos mais antigos, e imploram para os frequentadores de "centros espíritas" doarem mais coisas, para que assim haja uma parcela gigantesca de donativos para que assim uma "parcela maior" do punhado que "vai mesmo para a caridade" seja garantido, enquanto o resto vai abastecer brechós e armazéns.

Os palavreadores "espíritas" não sofrem. Eles é que se angustiam demais com pouco. Enquanto pedem para os outros aguentarem desgraças pesadas que se acumulam feito bola de neve caindo montanha abaixo, eles não suportam uma única vírgula que seja dita contra eles. Reagem, uns, com muita choradeira e poses cabisbaixas e, outros, com raiva dissimulada ou até mesmo explícita.

Não podem ser acusados de roustanguistas, que reagem como crianças berronas. "Ah, a falta de perdão! A falta de misericórdia! Miseráveis acusações atingindo o trabalho do bem, ferindo como facas pessoas que só doam aos mais necessitados!", é a discurseira mais típica dos "espíritas" que, num momento, não medem escrúpulos em ferir os outros com a espada do juízo de valor, mas, em outro, não querem sequer ser beliscados em críticas construtivas.

Claro que, em seu malabarismo discursivo, os acrobatas das palavras e, portanto, das desculpas esfarrapadas, os "espíritas" dizem que "aceitam críticas" e "suportam derrotas", mas essas são desculpas de gente arrogante, que finge aceitar críticas mas as ignoram completamente e recusam ser derrotados, usando apenas a "aceitação da derrota" como desculpa para reafirmar sua prepotência.

DICOTOMIA ENTRE "FORÇA" E "FRAQUEZA": FEITA PARA CONFUNDIR E PRODUZIR COMOÇÃO

O discurso tem seus malabarismos. Assim como se pode dizer "não" dizendo apenas "sim", há meios de usar o vitimismo e o triunfalismo a serviço da arrogância e da prepotência. Os arrogantes mais dissimulados fazem pose de humildade, quando duramente atacados: como são incapazes de explicar seus erros graves, eles se recolhem num canto, ficam em silêncio e esperam que sua encenação cause a tão esperada comoção pública que os salvará.

No âmbito da religião, é fácil provocar vitimismo. Falácias são ditas quando ídolos religiosos estão a ponto de serem desmascarados: "Enquanto o mundo reage com raiva e pessoas, feito bestas-feras, atacam os servidores da fé e do amor, estes resignados, recorrem ao único apoio que lhes resta, a força de Deus e o amor de Jesus". Falácias assim conquistam qualquer um com coração mole e os exploradores da fé humana se usam desses artifícios para retomarem o poder.

Daí os falsos cristos, que com suas cruzes imaginárias, se imaginam "crucificados" pelas circunstâncias adversas. Os "médiuns", diante das críticas que eles recebem, como as de que são traidores do Espiritismo, recorrem a essa estratégia: ficam calados e cabisbaixos, capricham no vitimismo, mas mesmo assim, não escondem sua arrogância quando chegam a dizer coisas como "Os fortes são aqueles que se recolhem quietos diante da fúria coletiva que os atinge".

A ideia de "força" e "fraqueza" é a dicotomia preferida pelos "espíritas", que se servem dessas duas ideias contrastantes para produzir comoção pública. A tática da inversão conceitual, do "forte que é fraco" e do "fraco que se torna forte" é uma tática da Teologia do Sofrimento que promove a desigualdade de benefícios, protegendo os privilegiados e prolongando o sofrimento dos infortunados.

Essa dicotomia é feita para confundir as pessoas e explorar, com um jogo de palavras, os devaneios emocionais. Ela serve tanto para forçar os sofredores a aceitarem as desgraças da vida quanto para proteger o poder e os privilégios dos "médiuns", hoje convertidos em poderosos sacerdotes do "espiritismo" brasileiro.

Daí que a ilusão cai quando se observa, se desapegando da paixão religiosa e da fascinação obsessiva pelos "médiuns espíritas", que o "espiritismo" brasileiro, que vende uma falsa imagem de progressista, promove a permanência das desigualdades humanas, através da relação discursiva entre "força" e "fraqueza" que se herdou da Teologia do Sofrimento. A "religião da bondade" mostra, com isso, sua pior maldade, ao defender a aceitação do sofrimento pelos sofredores.

sábado, 30 de dezembro de 2017

O perigo do discurso excessivamente melífluo dos "médiuns"


É bom demais para ser verdade, na realidade complexa em que vivemos, haver pessoas de voz macia e com um discurso tão adoçado que chega aos níveis da pieguice mais enjoada. Só mesmo no Brasil, onde as pessoas têm a razão atrofiada e existe um lobby que blinda os "médiuns espíritas" mais até do que os políticos do PSDB, todo mundo se torna prisioneiro e escravo de tantas ilusões.

A esperteza dos "médiuns" já foi advertida, com muitíssima antecedência, pela literatura kardeciana original. Mas o arrivismo com que eles utilizam para se tornarem pretensas unanimidades adota truques tão sofisticados que não há a menor chance de suspeita nem de investigação.

Depois do caso da "farinata", Divaldo Franco tenta se triunfar sob a desculpa do "movimento pela paz", um mero evento religioso, no qual o "médium" faz seu teatro verborrágico posando de valente em encenações discursivas cheias de gestos dramáticos. Uma mera missa, plágio das missas do Vaticano, que muita gente acredita que irá provocar a paz no mundo. Só que não.

Que todos desejamos a paz, isso é óbvio. Mas desconfiemos de eventos como Você e a Paz, mera propaganda itinerante de um grave deturpador dos ensinamentos espíritas originais. Embora tudo pareça maravilhoso, a impressão que se tem é que Divaldo quer ser o "senhor da paz", um dos donos das virtudes humanas que se vale de apelos emocionais para dominar tudo e todos.

Os "médiuns" querem ser donos das "virtudes humanas". Querem obter uma espécie de copyright para conceitos como "amor", "paz", "caridade", e transformam esses conceitos em franquias, na qual todos "podem livremente pegar, de graça e sem moderação", desde que haja o vínculo ideológico aos "médiuns". É aquela coisa: "uso livre, mas mantenha os créditos".

Vemos, por exemplo, que Francisco Cândido Xavier tornou-se "dono" da palavra "amor", como se tivesse propriedade intelectual da palavra, "registrada" em seu nome. Divaldo tem a palavra "paz" como de sua propriedade, sob condições similares.

Em tese, ninguém precisa pedir autorização aos "médiuns" para o uso dessas virtudes, mas há o vínculo ideológico que garante promoção a essas "raposas velhas" que empastelraram os ensinamentos espíritas em prol de um igrejismo medieval.

Isso é terrível. Os eventos Você e a Paz são apenas propaganda de um deturpador do Espiritismo, de alguém que faz uma perversidade ao espalhar conceitos estranhos aos ensinamentos kardecianos originais e sai por aí se promovendo às custas de um pretenso pacifismo que não passa de letra morta, conversa para boi dormir.

O ÓDIO NO BRASIL SÓ CRESCE. E OS "ESPÍRITAS" TAMBÉM COLABORAM

Talvez pelo fato da paz ter "donos", ela não se tornou um bem público. As virtudes humanas, sendo propriedade intelectual dos "médiuns espíritas", só são "livremente utilizadas" desde que eles sejam considerados "símbolos máximos" das mesmas.

Isso parece invenção, mas não é, e infelizmente muitos se guiam de apelos emocionais que blindam os "médiuns espíritas" a ponto de pensarmos se o PSDB não poderia mudar seu nome para ESPÍRITAS e os tucanos passem a serem chamados "médiuns", para recuperar e até ampliar a blindagem que eles recebem da Justiça, da mídia etc.

O ódio e o reacionarismo só cresce, enquanto os "donos da paz", como Divaldo Franco, ficam lamentando com discursos dramáticos que fazem todo mundo crer que ele é um poderoso líder humanista. Não é. Fora desse teatro de palavreado açucarado, Divaldo é um covarde, que primeiro deixou ser lançada uma estranha "farinata" na edição paulista do Você e a Paz para depois, diante do escândalo, sair de fininho, aproveitando o silêncio da imprensa.

A imprensa só fala de Divaldo Franco coisas positivas. Infelizmente, é um privilégio descomunal de um "médium": quando os atos são positivos, atribui-se responsabilidade. Quando negativos, diz-se que ele "foi manipulado", "não sabia das coisas", "foi vítima de ato indigno" etc. Será que, se Aécio Neves tivesse sido "médium espírita", sua carreira de corrupções receberia vista grossa da sociedade?

Os próprios "espíritas" reagem com muito rancor às críticas. Não dizemos os "médiuns" que, como raposas, têm que manter o aparato dócil das mesmas. Eles se recolhem em silêncio, não dão uma palavra, mesmo que seja para fazer autocrítica, e, na sua omissão, ressurgem em eventos de "caridade" ou movimentos "pacifistas" para triunfarem com sua conversa mole cheia de apelos emocionais muito fortes e alucinógenos.

O ódio vem de pessoas que são convidadas a despertar do mundo de sonhos, do "cenário de Teletubbies" que constroem através da fascinação obsessiva dos "médiuns", no momento em que eles são desqualificados por seus erros graves e por posturas bastante sombrias, como a apologia ao sofrimento humano, o pedantismo intelectual, as ideias truncadas.

AÇÚCAR DEMAIS FAZ MAL. FALA DOCE DEMAIS TAMBÉM

Divaldo Franco corre contra o tempo, com 90 anos de idade, para forjar a ilusão de santidade ao público, a exemplo do que fez Chico Xavier, antes que a desencarnação, como ocorreu com este, há quinze anos, derrube a fantasia de "luminosidade", pois os deturpadores da Doutrina Espírita, no além-túmulo, são desmascarados e o choque que os "espíritas" recebem ao voltar à "pátria espiritual" é de níveis traumatizantes.

A sorte é que, no Brasil, as ilusões que beneficiam os "médiuns" se tornam tão firmes, não como pilares fortes que sustentam um edifício, mas antes pedaços carcomidos de peças enferrujadas que se tornam difíceis de serem retirados. Ninguém desconfia quando alguém se utiliza de um discurso dócil demais, sobre coisas aparentemente maravilhosas, com apelos emocionais dos mais diversos e exagerados, como uma overdose de açúcar que atinge o organismo.

Poucos têm coragem de questionar a retórica melíflua de Divaldo, mesmo sabendo que um sábio de verdade não é aquele que expressa o mel das palavras, mas aquele que transmite conhecimentos e estimula o debate, o que, sem dúvida alguma, não é o caso do "médium" baiano.

Devemos nos lembrar que os aspectos sombrios de Divaldo não são constatados por algum sentimento de intolerância religiosa, mas, sim, pela identificação de aspectos negativos que a própria literatura espírita original já preveniu, com mais de um século de antecedência.

É só ver, por exemplo, O Livro dos Médiuns de Allan Kardec, no capítulo 24, Identidade dos Espíritos, e ver o que o espírito São Luís disse com muita exatidão. Fizemos uma seleção dos principais itens.:

"4º) A linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna, elevada, nobre, sem qualquer mistura de trivialidade. Eles dizem tudo com simplicidade e modéstia, nunca se vangloriam, não fazem jamais exibição do seu saber nem de sua posição entre os demais. A linguagem dos Espíritos inferiores ou vulgares é sempre algum reflexo das paixões humanas. Toda expressão que revele baixeza, auto-suficiência, arrogância, fanfarronice, mordacidade é sinal característico de inferioridade. E de mistificação, se o Espírito se apresenta com um nome respeitável e venerado".

Embora Divaldo Franco seja erroneamente reconhecido pela "linguagem simples e digna" e aparentemente "sem vanglórias", nota-se que isso não passa de um simulacro de pretensa modéstia, que esconde a ostentação de um saber pedante e um meio sutil de se colocar acima das demais pessoas, eliminando o sentido intermediário do médium original para ser o palavreador que quer ser o centro das atenções.

Além disso, o próprio discurso melífluo de Divaldo é cheio de mistificações - vide as "crianças-índigo" e as "materializações" do dr. Adolfo Bezerra de Menezes - e existe a apresentação de nomes respeitáveis e veneráveis, como a suposta Joana Angélica do pseudônimo Joana de Angelis, cujo espírito na verdade é o próprio obsessor de Divaldo, o Máscara de Ferro, fantasiado de uma identidade histórica.

"5º) Não devemos julgar os Espíritos pelo aspecto formal e a correção do seu estilo, mas sondar-lhes o íntimo, analisar suas palavras, pesá-las friamente, maduramente e sem prevenção. Toda falta de lógica, de razão e de prudência não pode deixar dúvida quanto à sua origem, qualquer que seja o nome de que o Espírito se enfeite".

Essa recomendação é justamente para prevenir de casos como o de Divaldo Franco. A linguagem impecável, a fala dócil, as palavras suaves, a pretensa erudição, tudo isso é um artifício que pode trazer armadilhas sérias, como o gravíssimo juízo de valor de Divaldo contra refugiados do Oriente Médio, que o "médium" supôs "quererem buscar os velhos tesouros da Europa".

Não se deve dar valor às palavras pelo gosto de mel, pelo tom suave e pela suposta erudição, pois elas podem ser apenas um adorno discursivo, um perfume textual, um aparato sem coerência. Deve-se observá-las no íntimo, questionando-as conforme o contexto, o conteúdo, pesá-las de maneira isenta de paixões religiosas, com muita prudência e desapego a apelos emocionais e sem qualquer risco de retratação, pois, uma vez identificada qualquer erro, desqualifica-se o discurso do "médium".

"7º) Os Espíritos bons só dizem o que sabem, calando-se ou confessando a sua ignorância sobre o que não sabem. Os maus falam de tudo com segurança, sem se importar com a verdade. Toda heresia científica notória, todo princípio que choque o bom senso revela a fraude, se o Espírito se apresenta como esclarecido".

Divaldo Franco se insere, neste item, na condição de espírito mau, por "falar de tudo com segurança, sem se importar com a verdade". Ele se apresenta como um suposto esclarecido, vide as entrevistas nas quais tem a pretensão de "possuir respostas para tudo", mesmo quando há ideias truncadas, vide o caso de uma palestra sobre "crianças-índigo", na qual Divaldo, além de investir nesta tolice, tratou o "transtorno de déficit de atenção" dessas pessoas como "virtude".

Os espíritos verdadeiramente sábios não têm a pretensão de responder a tudo, tomando o cuidado de, diante da ignorância a respeito de uma coisa, admitirem-na com humildade. Divaldo não faz isso, preferindo expor seu pseudo-saber ilustrado, tentando definir até o que não sabe, investindo num pedantismo cheio de palavras enfeitadas, que não raro cometem equívocos de transmitir informações erradas, ideias incoerentes e juízos de valor bastante cruéis.

"8º) Os Espíritos levianos são ainda reconhecidos pela facilidade com que predizem o futuro e se referem com precisão a fatos materiais que não podemos conhecer. Os Espíritos bons podem fazer-nos pressentir as coisas futuras, quando esse conhecimento for útil, mas jamais precisam as datas. Todo anúncio de acontecimento para uma época certa é indício de mistificação".

Este aspecto sombrio é claramente representado por Divaldo Franco. Ele já havia estabelecido datas para acontecimentos futuros, como 2052 e 2057, que o "médium" se arroga em definir como "cruciais" para a transformação da Terra num "planeta de luz". Note-se que as datas foram usadas mediante caprichos pessoais: 2052 é o centenário da Mansão do Caminho, criada por ele, e 2057 foi escolhido a título de bajulação a Kardec, sendo o bicentenário de O Livro dos Espíritos.

O próprio Kardec desaconselha tais aventuras. O pedagogo não acreditava que fosse possível haver determinadas mudanças a médio ou longo prazo e nem mesmo evoluções rápidas da humanidade, e ele mesmo não tinha ideia do que seria o mundo no século XXI. Ele procurou o máximo deixar subsídios para a posteridade, vide o Controle Universal dos Ensinos dos Espíritos, mas admitia os limites do seu tempo, no qual os meios de comunicação existentes se limitavam, praticamente, à fotografia e à imprensa.

"9º) Os Espíritos superiores se exprimem de maneira simples, sem prolixidade. Seu estilo é conciso, sem excluir a poesia das idéias e das expressões, claro, inteligível a todos, não exigindo esforço para a compreensão. Eles possuem a arte de dizer muito em poucas palavras, porque cada palavra tem o seu justo emprego. Os Espíritos inferiores ou pseudo-sábios escondem sob frases empoladas o vazio das idéias. Sua linguagem é freqüentemente pretensiosa, ridícula ou ainda obscura, a pretexto de parecer profunda".

Embora muitos acreditem que Divaldo Franco se expresse de maneira simples, prestando atenção a seu discurso, em oratórias ou depoimentos, nota-se que ele expressa mais a natureza dos espíritos inferiores, pois aposta numa linguagem frequentemente pretensiosa, com frases empoladas e vazio de ideias. A própria "paz" se insere nesse vazio, por ela ser defendida de maneira vaga, como uma fórmula igrejeira. Não raro Divaldo também exprime de maneira obscura, em falsa profundidade.

"11º) Os Espíritos bons não fazem lisonjas. Aprovam o bem que se faz, mas sempre de maneira prudente. Os maus exageram nos elogios, excitam o orgulho e a vaidade, embora pregando a humildade, e procuram exaltar a importância pessoal daqueles que desejam conquistar".

Divaldo Franco é um grande bajulador, inspirando outros palestrantes "espíritas" que, optando pela deturpação e pelo igrejismo, tentam lisonjear os que combatem a deturpação. Casos de bajulação dos deturpadores do Espiritismo a nomes honrados como José Herculano Pires e Deolindo Amorim são exemplos disso.

Divaldo exagera nos elogios, excitando o orgulho e a vaidade de seus parceiros, e o "médium", embora pregue, na aparência, a "humildade", forjando gestos, poses e outros aparatos, ainda usa a manobra traiçoeira de exaltar a importância pessoal dos que Divaldo pretende dominar, como os ateus e os não-religiosos, através do famoso truque de dizer que prefere "estar ao lado dos que professam o ateísmo ou a não-religião do que dos religiosos confessos".

"22º) Os conhecimentos de que certos Espíritos muitas vezes se enfeitam, com uma espécie de ostentação, não são nenhuns sinais de superioridade. A verdadeira pedra de toque para se verificar essa superioridade é a pureza inalterável dos sentimentos morais".

Esse item requer cautela. Divaldo Franco é conhecido pela suposta "pureza inalterável dos sentimentos morais", mas isso é só jogo de cena. A pureza inalterável não se define pela mansuetude permanente, pois, numa sociedade complexa e cheia de problemas, isso pode significar omissão ou permissividade aos desvios morais.

O caso da "farinata", na qual Divaldo Franco deixou o homenageado prefeito de São Paulo, João Dória Jr., lançar um complexo alimentar duvidoso, sem reagir com firmeza contra essa aventura incerta, revela isso. Divaldo cometeu um desvio moral, pois deixou que fosse lançado um alimento considerado pelos movimentos sociais como "acinte à dignidade humana".

De nada adiantou a aparência inalterável de mansuetude e serenidade, porque neste caso o "médium humanista" apoiou um projeto desumano de alimentação popular, do qual se despertou suspeitas de ter matado vários internos numa instituição em Jarinu, interior paulista, por suposta intoxicação alimentar.

Divaldo, além de enfeitar sua retórica com ostensivo pedantismo, demonstrando não ter superioridade intelectual, também demonstrou que, na aparência de seu comportamento inalteravelmente calmo, cometeu sérios desvios morais, deixando de ter a firmeza que seria a obrigação de um alegado líder.

CONCLUSÃO

Não se pode atribuir superioridade a um "médium" pela suposta liderança de "movimentos pela paz", que não passam apenas de festivais de missas religiosas, sem efeito concreto para promoção da verdadeira paz. São estes meros entretenimentos, feitos para fazer propaganda de um "médium", cuja promoção pessoal não deve ser considerada menos leviana que a dos "pastores eletrônicos" das igrejas neopentecostais.

Além disso, o mel das palavras traz muita suspeita, porque as pessoas realmente evoluídas moralmente e verdadeiramente sábias não se servem do açúcar das palavras nem de encenações discursivas ou oratórias, o que desqualifica Divaldo Franco como pessoa evoluída e sábia, pois ele, como deturpador do Espiritismo e cujo caráter traiçoeiro já foi prevenido por ninguém menos que Herculano Pires, se serve apenas desse aparato que deveria despertar suspeitas.

O Brasil precisa abrir mão de paixões religiosas que fazem as pessoas serem prisioneiras e escravas da idolatria religiosa, cultuando pseudo-sábios que vendem a imagem de "símbolos da paz e da caridade". Os "médiuns espíritas" obtiveram êxito exercendo nas pessoas a fascinação obsessiva e, em certos casos, a subjugação, porque os brasileiros são desinformados e emocionalmente frágeis, se tornando presas fáceis de espertalhões que se escondem na mística da fé e no mel das palavras.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Complacente a Divaldo Franco, imprensa de esquerda perdeu boa oportunidade de investigá-lo


A imprensa progressista, considerada de esquerda, deixou passar uma boa pauta, ao ignorar o envolvimento do anti-médium baiano, Divaldo Franco, no episódio da "farinata" do prefeito João Dória Jr., lançada oficialmente durante o evento Você e a Paz.

A complacência dos esquerdistas ao "espiritismo" brasileiro, apesar de tantas posturas sombrias - o apoio à ditadura militar, a condenação generalizada do aborto até em caso de estupro e a blindagem da Rede Globo de Televisão - , deixou perder uma grande oportunidade de investigar os bastidores de uma doutrina aparentemente límpida, supostamente fiel à matriz francesa, mas que esconde aspectos tenebrosos de deturpação e traição doutrinária dos mais graves.

Nem mesmo o apoio que os "espíritas" deram ao golpe político de 2016, elogiando o "combate à corrupção" do juiz Sérgio Moro, exaltando o "despertar político" comandado pelo Movimento Brasil Livre, Vem Pra Rua e Revoltados On Line (!), saudando o "pacificador" presidente Michel Temer e saudando as terríveis reformas trabalhista e previdenciária, fez com que essa doutrina deturpada que traiu Allan Kardec fosse alvo de investigações, tal qual as seitas neopentecostais.

Há inúmeros ganchos para os "espíritas" serem investigados e contestados pelos esquerdistas, não na inócua finalidade de descrever atividades de "casas espíritas", meros relatórios acríticos que a chamada mídia patronal já fez, mas investigar pontos sombrios dos "médiuns", o impacto da apropriação de Humberto de Campos por Francisco Cândido Xavier etc.

A entrevista de Chico Xavier ao programa Pinga Fogo, da TV Tupi de São Paulo, em 1971, na qual o "médium" esculhambou comunistas e desqualificou os movimentos operário e camponês, deveria ser o ponto de partida para os jornalistas progressistas questionarem o "espiritismo" com o mesmo empenho em que investigam seitas neopentecostais e figuras como Edir Macedo, Marco Feliciano, Silas Malafaia e outros.

Um dos veículos mais destacados, Diário do Centro do Mundo, que perdeu seu fundador Paulo Nogueira, por ironia, no mesmo 30 de junho em que se comemorou os 15 anos de falecimento do "médium" mineiro, havia lançado um texto questionando uma entrevista com a escritora de auto-ajuda, Maria Tereza Maldonado.

Intitulado Cenas do novo normal do Brasil: "Dá para ser feliz desempregado e com boletos a pagar", diz psicóloga, o texto desqualifica uma declaração da psicóloga e escritora, que, lançando o livro Construindo a Felicidade, afirma que a felicidade em situações pós-traumáticas é "possível", seguindo a cartilha da Teologia do Sofrimento.

Não temos informações sobre a orientação religiosa de Maria Tereza, mas suas obras são bastante valorizadas pelos "espíritas" e a autora sente simpatia pelo "espiritismo" brasileiro. Alguns outros livros da autora, ligados a comportamento social, são vendidos na livraria nas sessões de "livros espíritas".

Reproduzimos o trecho que o DCM reproduziu e confrontamos com outro, dito por Divaldo Franco para o jornal Zero Hora, em 06 de novembro de 2017, em razão do 9º Congresso Espírita do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.

As declarações de Divaldo sobre a felicidade em situações adversas é rigorosamente idêntica à de Maria Tereza, como o "crescimento pós-traumático" dito pela autora e a "possibilidade de ser feliz na situação deplorável" dita pelo "médium". O DCM perdeu de investigar o "médium", talvez com medo de atingir um ídolo religioso associado a apelos emotivos fortes. Mas não se entende o silêncio que os esquerdistas tiveram com Divaldo, que homenageou o decadente João Dória Jr. no Você e a Paz.

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TRECHO DE ENTREVISTA DE MARIA TEREZA MALDONADO AO GAZETA ON LINE - NOVEMBRO DE 2017

Dá para ser feliz em situações bem adversas? Como, por exemplo, estando desempregado(a) e com muitos boletos a pagar?

Sim. Fazendo uma construção interior de que problemas são a oportunidade de se descobrir novos recursos internos. Desempregados descobrem novos talentos nesse momento. Existe o crescimento pós-traumático.

Felicidade, então, não é a ausência de problemas?

De jeito nenhum. Felicidade é estarmos bem interiormente para lidar com eles. Há várias maneiras de construir a felicidade. A menos duradoura é através da euforia, quando se consegue ou se ganha algo. Isso é passageiro. Se for ligada ao consumo, então, dá uma insatisfação permanente.

A senhora entrevistou 190 pessoas para o livro. Descobriu o que traz felicidade?

Não é prestígio profissional, status ou dinheiro, mas construir bons relacionamentos (com filhos, amigos, etc), o que dá a alegria de estar vinculado. Descobrir o sentido da sua vida, viver com propósito, se dedicar a uma causa também é construir felicidade serena. Pessoas que levam uma vida mais simples, em contato com natureza, alcançam uma felicidade mais perene.

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TRECHO DE ENTREVISTA DE DIVALDO PEREIRA FRANCO AO JORNAL ZERO HORA, EM 06 DE NOVEMBRO DE 2017

Em 2014, o senhor publicou o livro "Seja Feliz Hoje". Como ser feliz hoje?

Ao realizar o estado de paz interior. Confundimos a felicidade com o prazer. O prazer é fugidio, resultado da vida sensorial. A felicidade é o aprofundamento de valores. Podemos ser felizes na doença, na pobreza, na situação deplorável. Mas logo vem a ânsia do prazer. A verdadeira felicidade é dar-se para que a vida seja útil. Quando ela se torna útil a alguém, torna também ao indivíduo. É a proposta de Jesus Cristo: ele veio para servir, e não se serviu de nós para evoluir. A lição dele está no espiritismo, que nos oferece, na caridade, o meio de exaltação do self. Buscamos sempre o prazer e esquecemos da felicidade. Muitas vezes temos as respostas físicas, mas não temos a paz interior para a plenitude. 

Há quem diga que hoje existe uma obsessão pela felicidade e que é por isso que as pessoas se frustram. Como o senhor avalia isso? 

A felicidade é pelo ter. Corremos atrás de coisas e esquecemos dos valores individuais. Muitas vezes renuncio a determinado prazer para encontrar a paz. Somente quando nos preenchemos de valores éticos é que as coisas perdem o significado. Elas têm o valor que nós atribuímos. No momento em que a dor nos surpreende, esses valores desaparecem. Mas quando temos certeza de que a dor é um apelo do universo para que nos tornemos melhores, a felicidade aparece. 

A felicidade envolve renúncia?


Sim. Sem a renúncia, não há felicidade. A renúncia é prova de amor, não exigir que o outro seja como nós queremos, mas ser feliz com aquilo que o indivíduo tiver. 

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Declaração de João de Deus sobre Sérgio Moro confirma: "espíritas" apoiaram o golpe de 2016

JOÃO DE DEUS NÃO ESCONDE SEU DESEJO DE VER SÉRGIO MORO PRESIDENTE DA REPÚBLICA.

O latifundiário, pretenso médium curandeiro e dublê de ativista social João Teixeira de Faria, o João de Deus, fez uma declaração recente em favor do juiz paranaense Sérgio Moro, confirmando o apoio que os "espíritas" deram e continuam dando para o golpe político-jurídico de 2016, que levou Michel Temer ao poder.

Segundo João de Deus, Sérgio Moro surpreende pelo seu "trabalho de honestidade" e diz que o juiz da "República de Curitiba" daria um ótimo presidente da República, e o anti-médium goiano acrescentou que o juiz "está sendo guiado por Deus".

Segundo o "médium" de Abadiânia, Goiás, Moro é um líder nato, sem temor algum em ser perseguido, e tem a capacidade de trazer esperança para a população, além de exercer tudo aquilo que é visto como necessário por ele e também por parte da população.

"A presidência não é para qualquer um e ele tem capacidade, é honesto e um homem respeitável", disse ainda João de Deus, conhecido bajulador e "amigo" do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, mas que deu o "beijo da morte" na ex-primeira-dama, Marisa Letícia, que parecia curável de AVC, mas morreu "coincidentemente" após João de Deus ter dito que "orava muito por ela".

A postura "progressista" de João de Deus é, como em todo "espírita", um jogo de cena. Consta-se que ele só recebeu a famosa atriz de televisão e cinema, Camila Pitanga, por indicação do colega dela na novela Velho Chico, o "espírita" Carlos Vereza, de orientação ideológica contrária da atriz, pois Camila já havia se declarado, certa vez, que era ateia e de esquerda.

Camila Pitanga também é filha do ator e cineasta Antônio Pitanga - de Barravento, dirigido por Glauber Rocha - , até hoje em atividade e que conviveu profissionalmente com atores ligados ao "espiritismo", como Nelson Xavier e Paulo Goulart, num tempo em que a poderosa TV Tupi estabelecia um lobby com a FEB e fazia tráfico de influência "espírita" nos círculos televisivos, o que fez o produtor Humberto de Campos Filho se render aos "espíritas".

Por sua vez, João de Deus, quando foi fazer exames de rotina - havia retirado um tumor antes e periodicamente tem que voltar para verificar o andamento de sua saúde após uma cirurgia - , no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, se encontrou com o presidente Michel Temer, com o qual manifestou uma relação de muita cumplicidade, diferente da formal cordialidade com que o "médium" atendeu Lula, que a mídia superestimou como se fosse uma "grande amizade".

Apoiando Sérgio Moro, João de Deus, além de confirmar a tendência do "espiritismo" brasileiro, também deixou cair a máscara de "amigo de Lula". Sabe-se que o "espiritismo" apoiou o golpe político-jurídico de 2016 - apoiando a Operação Lava Jato e elogiando os protestos fascistas do "Fora Dilma", definidos como "começo da Era da Regeneração" - e apoia o governo Michel Temer, assim como suas amargas reformas trabalhista e previdenciária.

Ao defender Sérgio Moro e não disfarçar seu desejo de ver o juiz presidente do Brasil, o "médium" de Abadiânia apoiou justamente um juiz que não esconde sua ânsia em prender Lula, mesmo às custas de irregularidades na conduta jurídica, pois Moro é famoso por utilizar métodos fascistas como a condução coercitiva para depoimentos e as negociações espúrias para delação premiada.

Um exemplo dessas negociações foi descrito por Rodrigo Tacla Duran, ex-advogado da Odebrecht e UTC, duas empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato. Segundo Tacla Duran, o ex-procurador Marcelo Miller, hoje um dos investigados, teria perguntado a ele quais os suspeitos de esquemas de propina que Tacla poderia denunciar, algo considerado ilegal, pois nenhum magistrado pode induzir um acusado a escolher quem pode delatar.

As atitudes de Sérgio Moro também apontam aspectos duvidosos, do contrário que o "médium" de Abadiânia fala. Enquanto Moro jura atuar com imparcialidade e isenção e diz não sofrer de estrelismo nem ter se tornado celebridade, ele aparece em eventos sociais como um astro pop, ovacionado pelos fãs e compareceu a eventos promovidos pela mídia hegemônica, o que não cabe a um juiz que queira ser, no mínimo, levado a sério.

Além disso, é antológica uma imagem de um evento promovido pela revista Isto É, no qual Sérgio Moro aparece ao lado de Aécio Neves (tucano muito comparado ao "médium" e conterrâneo, Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, pelo modo arrivista de ascensão social), com muita cumplicidade e rindo de uma possível piada. A atitude de Moro, aparecendo descontraído ao lado do senador tucano, acusado de corrupção, derrubou a imagem de "imparcial" do juiz de Curitiba.

Quanto a João de Deus, ele tem um atributo que nada lembra o de um progressista, sendo um poderoso proprietário de terras. Paciência, João Goulart, ex-presidente do Brasil e deposto pelo golpe de 1964, foi um dos poucos latifundiários que se tornaram exceção à regra reacionária do ramo.

O "médium" de Abadiânia é proprietário de uma área que equivale a 18 vezes o Parque do Ibirapuera, por sinal local do evento Você e a Paz no qual o "médium" baiano Divaldo Franco, outro amigo do golpe de 2016, ofereceu ao prefeito de São Paulo, João Dória Jr. a lançar oficialmente um composto alimentar suspeito, que os movimentos sociais definiram como indigno. Depois Divaldo diz que reprova religiosos indignos. Ele precisa se olhar no espelho.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Muito cuidado com o discurso melífluo dos deturpadores do Espiritismo


A linguagem tem seus apelos ocultos que revelam algo oposto ao das aparências agradáveis. Ignorando as lições espíritas originais, os brasileiros se apegam fácil aos "médiuns espíritas" por conta de seus inúmeros apelos emocionais, que trazem um aparato de pretenso pacifismo e humildade.

Muitos não conseguem entender como se questionam as mensagens dóceis dos "médiuns", o seu aparato de humildade, as vibrações aparentemente gentis, as palavras supostamente amorosas. Num cenário em que as redes sociais revelam a supremacia de uma visão simplória de mundo, fica bem difícil explicar a realidade por trás das aparências, quando muitos definem o conteúdo da embalagem pela própria embalagem.

Divaldo Franco deu uma entrevista ao jornal Zero Hora - logo a mídia hegemônica, sendo este veículo da RBS e parceira das Organizações Globo, que blindam os "médiuns espíritas" - e o discurso tem aquele aparato doce de um suposto humanismo pacifista, o que faz as pessoas dormirem tranquilas diante desse grande balé das palavras.

Mas por que isso pode ser traiçoeiro se aparentemente não há mensagens ofensivas nem de baixaria e muito menos de ódio? Simples, isso pode depender do contexto em que elas são veiculadas. Existem mil armadilhas e a pior armadilha é aquela que é tão colocada que nem mesmo o mais atento perceberia a sua presença.

Divaldo é um deturpador grave do Espiritismo. Começou plagiando Francisco Cândido Xavier, que já era também grave deturpador e hábil plagiador de textos. Divaldo é um pseudo-sábio, porque tem a pretensão de ter respostas prontas para tudo, quando os verdadeiros sábios não se definem por essa qualidade discutível, mas pelo fato de oferecer mais perguntas que respostas.

O que Divaldo expõe em suas "mensagens positivas" é apenas um gancho para inserir ideias igrejeiras, moralismo conservador, juízos de valor e outras coisas bastante duvidosas. Constatar isso não é um ato de intolerância religiosa e nem vem de crenças neopentecostais rancorosas, mas está dentro da própria literatura kardeciana original.

DIVALDO FRANCO É ANTI-KARDECIANO

A exemplo de Chico Xavier, Divaldo Franco é um inimigo interno da Doutrina Espírita. Sim, isso mesmo. As caraterísticas dos dois "médiuns", pelo conjunto de sua obra, apresentam aspectos negativos que foram explicitamente descritos por Allan Kardec e seus mensageiros.

Como um "Rolando Lero" dos ensinamentos espíritas, Divaldo é rebuscado, prolixo, pedante, tem ares professorais e outras caraterísticas que se observam negativas em O Livro dos Médiuns. Um recado do espírito Erasto, no capítulo 20, Influência Moral dos Médiuns, é explícito na recomendação de cautela mesmo em mensagens aparentemente meigas, humanas e positivas:

"Certamente eles podem dizer e dizem às vezes boas coisas, mas é precisamente nesse caso que é preciso submetê-las a um exame severo e escrupuloso. Porque, no meio das boas coisas, certos Espíritos hipócritas insinuam com habilidade e calculada perfídia fatos imaginados, asserções mentirosas, como fim de enganar os ouvintes de boa fé".

Divaldo Franco já cometeu coisas deploráveis em outras palestras. Já narrou estórias fantasiosas, numa das quais o dr. Adolfo Bezerra de Menezes teria se materializado (!) para furtar (?!) um caminhão de mantimentos para "dar à caridade". Já fez grave juízo de valor, acusando refugiados do Oriente Médio de terem sido "tiranos sanguinários" no passado. E ofereceu a edição paulista do Você e a Paz para lançar a "farinata".

Isso é que está por trás do discurso melífluo das "amorosas mensagens de paz". Os deturpadores do Espiritismo, inclusive os "médiuns", sempre apelam para a "paz sem voz" citada na famosa canção de O Rappa. Uma paz forçada, "sem queixumes", "sem questionamentos" e "com tolerância", porque somos constantemente convidados a assistir, calados, ao triste espetáculo de  raposas dominando o galinheiro. As galinhas é que aceitem serem devoradas, em silêncio e sem queixumes.

O que escreveu o jornalista José Herculano Pires sobre Divaldo Franco foi explícito na sua preocupação com a ascensão do "médium". Aparentemente, Herculano até havia escrito que gostaria que Divaldo aprendesse sua lição, mas a prática mostrou que o "médium" baiano continua com seus graves defeitos. Vide o juízo de valor sobre os refugiados do Oriente Médio e o caso da "farinata":

"Do pouco que lhe revelei acima você deve notar que nada sobrou do médium que se possa aproveitar: conduta negativa como orador, com fingimento e comercialização da palavra, abrindo perigoso precedente em nosso movimento ingênuo e desprevenido; conduta mediúnica perigosa, reduzindo a psicografia a pastiche e plágio – e reduzindo a mediunidade a campo de fraudes e interferências (caso Nancy); conduta condenável no terreno da caridade, transformando-a em disfarce para a sustentação das posições anteriores, meio de defesa para a sua carreira sombria no meio espírita".

MISSES, AUTORES DE AUTOAJUDA E ATLETAS OLÍMPICOS

Se as pessoas se apaixonam pelas declarações dos "médiuns espíritas", não é pela beleza e relevância de suas frases - que, em muitos casos, só dizem coisas óbvias que nada oferecem distinção ou genialidade àqueles que as dizem - , mas pelo prestígio religioso, pela "grife", pela "marca pessoal" de quem diz.

É constrangedor que Divaldo lamente, no discurso, a obsessão dos humanos em "ter", porque ele mesmo tem essa obsessão: a de possuir a verdade, a de ter a sabedoria sob sua propriedade, a de ser o símbolo de caridade ao lado de Chico Xavier (outro cuja filantropia foi extremamente duvidosa, com vários aspectos sombrios, como nas "cartas mediúnicas").

A "obsessão pelo 'ter'" dos "médiuns espíritas" que deturpam o Espiritismo se dirige para as "virtudes humanas". Com a lógica dos "médiuns", em tese, qualquer pessoa, de qualquer crença ou posição social, pode assumir qualidades como a caridade, desde que seja ela uma franquia cujo crédito deva ser atribuído a um "médium espírita".

Além do mais, o que Divaldo diz de "humano" e "sensível" não é muito diferente das banalidades trazidas pelos autores de auto-ajuda, pelas misses em concursos de beleza ou atletas olímpicos. Eles também falam na "superação", na "paz", na "união", não raro se dispondo de muitos apelos emotivos similares aos usados pelos "médiuns espíritas".

As pessoas ficam perguntando se "faz mal" transmitir um discurso desses. A princípio, não faz, mas o que está em jogo, muitas vezes, é o "bom mocismo" e os "médiuns" que traem o pensamento de Kardec inserindo no conteúdo do Espiritismo conceitos igrejistas e medievais tentam se valer de uma série de apelos emotivos para obterem unanimidade e se promoverem com isso.

Quantas pessoas usam os apelos à "paz" e à "caridade", que "não fazem mal algum", para se valer do prestígio social e, no caso dos "médiuns", o religioso! E o quanto isso é leviano pela intenção de forçar a comoção pública, sob o intuito de vender muitos livros, virar celebridade, obter sucesso inabalável que permite cometer graves erros sem ser responsabilizado por isso.

Divaldo Franco e Chico Xavier não recorreram a esse apelo das "mensagens positivas" e das "imagens e textos comoventes" de graça. Não existe almoço grátis, diz o ditado. Eles souberam que, como deturpadores graves da Doutrina Espírita, precisavam caprichar nos apelos emocionais, num engenhoso processo de fabricação de consenso recorrendo à pretextos como "amor", "paz" e "caridade" como cortinas-de-fumaça para suas ações levianas e seu igrejismo medieval.

E ninguém estranha que essa "paz" defendida pelos "médiuns espíritas" e que fascina muitos é a mesma "paz sem voz" da canção de O Rappa. Junte esse suposto pacifismo com apelos à submissão, à renúncia e à reação a tudo com silêncio e sem queixas, e o que vemos está nestes versos: "Pois paz sem voz / paz sem voz / Não é paz, é medo".

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

"Espiritismo" brasileiro e a questão do "ter"


Os "espíritas" brasileiros falam muito que a preocupação dos materialistas é com o "ter" e não o "ser". Mas as energias confusas do "espiritismo" brasileiro, transmitida por tratamentos espirituais contaminados não com a sujeira hospitalar, mas a sujeira vibratória da desonestidade doutrinária e outras ambições e falsidades, fazem com que o mais necessitado seja prisioneiro do "ter" que ele quer se desvencilhar.

Se vê pessoas fazendo tratamento espiritual pedindo que haja oportunidades dignas de emprego, vida social e amorosa, na expectativa de resolver problemas. Os pacientes desenvolvem as melhores energias e vão a doutrinárias "espíritas", na alegre ansiedade de chegar o momento dos "passes terapêuticos", com as mais positivas energias. Tudo em vão.

Depois de feito o tratamento espiritual, com um máximo de cumprimento possível, os atendidos acabam contraindo azar. Se querem algum êxito na vida amorosa, é com alguém sem afinidade, mais ligada aos caprichos da luxúria e do erotismo, quando das mulheres levianas que os homens acabam atraindo sem querer, ou ao poder e à força, quando é da relação de gênero contrária, quando mulheres decentes acabam atraindo homens levianos.

Na vida social, se um atendido por um tratamento espiritual sonha em ter amigos verdadeiros, acaba atraindo inimigos, sobretudo com cyberbullying, e, da forma mais perversa possível: acervos pessoais da vítima são reproduzidos, para fins de difamação, por um descontrolado valentão, que ainda faz ameaças e, se sabe o endereço do agredido, vai para a casa dele acabar com sua vida.

Neste caso, a hipocrisia dos "tarefeiros" (colaboradores de "centros espíritas") que atuam nos "auxílios fraternos" é notória. Diante da queixa do fracasso dos tratamentos espirituais, que, em vez de resolver os problemas, trouxeram mais azar, a resposta usada é de uma hipocrisia tamanha: "Os tratamentos espirituais estão dando certo, com certeza, mas eles parecem dar errado porque os irmãozinhos pouco esclarecidos não entendem e tentam atrapalhar".

Isso não procede. Uma coisa não dá certo porque dá errado e, se há um impedimento, é porque algo não deu certo. A incoerência do "espiritismo" é tanta que, com todo o discurso condenando a obsessão do "ter", traz energias que impedem que as pessoas busquem o "ser" e se livrem da "escravidão do ter".

Quantas mulheres que recorreram aos tratamentos "espíritas" em busca de homens decentes para a vida amorosa acabaram atraindo homens traiçoeiros e violentos, que as seduzem sob o disfarce da elegância, do cavalheirismo e do senso de humor? E quantos homens que recorreram ao mesmo processo, pedindo namoradas com caráter, beleza e inteligência, e atraindo "periguetes" das mais grosseiras, sem que houvesse um interesse vibratório para isso?

Os "espíritas" tentam argumentar: são oportunidades para se resolver diferenças e promover a fraternidade cristã. Falácia. Afinal, são relações sem um mínimo de afinidade nem serventia, e mais parecem o conflito do "ter" com o "ser", um cenário de divergências dramáticas e irresolúveis que fazem desperdiçar as vidas humanas, se não com a morte, mas com a perda de tempo, mediante o sacrifício hercúleo de resolver divergências irreconciliáveis.

No caso dos homens diferenciados que, sem o menor propósito nem vontade, atraem "periguetes", o acinte é claro: eles querem se livrar da obsessão do "ter", se desapegando dos "prazeres mundanos" e se tornam prisioneiros deles, sendo obrigados a serem escravos do prazer alheio, e tornando vãos os esforços de tirar as moças desse mundo no qual elas defendem com a mais obsessiva convicção.

O "espiritismo" brasileiro, pela natureza deturpada, contraditória e dissimulada que exerce suas atividades e trabalha suas ideias, acaba trazendo as energias maléficas que os "espíritas" tão desesperadamente desmentem exercer. Mas o problema não é dizer que não traz más energias, se, pelo caráter contraditório, leviano, dissimulado e desonesto de seus atos, os "espíritas" criam condições para serem serviçais de espíritos levianos e traiçoeiros.

O próprio caráter retrógrado do "espiritismo" brasileiro revela que seus membros também vivem do "vício do ter", sob outro contexto. Vide os "médiuns", que querem "ter" a verdade, o prestígio de supostos pacifistas, a promoção pessoal pela caridade e até mesmo a reputação de pretensos humildes.

Tanto aparato de "superioridade moral" não os isenta das tentações levianas às quais acaba sucumbindo, pois a obsessão de se promover com "virtudes" também é outro "vício do ter", na medida em que se usa o verniz de "caridade" e "humildade" para dominar as massas e garantir o maior prestígio pessoal possível.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Em mensagem natalina, Divaldo Franco comprova hipocrisia do "espiritismo" brasileiro


Num depoimento encomendado pelo jornal A Tarde sobre o Natal para personalidades religiosas, Divaldo Franco comprovou a postura hipócrita do "espiritismo" brasileiro em relação ao Império Romano e à Idade Média, além da apropriação da figura de Jesus, que os "espíritas" concebem com base em paradigmas católicos medievais. A mensagem foi divulgada na edição de ontem:

"O Império Romano, qual polvo esmagador, dominava o mundo com os seus tentáculos cruéis, ao som dos clarins das vitórias.

Havia sofrimento, miséria e dor.

Foi nesse momento que Ele veio ter conosco, demonstrando a grandeza do amor em plenitude.

Ainda existem padecimentos e desespero. A criatura humana apega-se à ciência e a tecnologia de ponta, mergulhando no abismo das paixões asselvajadas e do vazio existencial em agonia.

Repetindo a ocorrência do passado Ele volta e renasce no cerne do ser. É Natal!"

A mensagem é de um igrejismo tremendo, o que, aparentemente, não traz problema algum. Mas vindo de alguém que, mesmo tendo sido reconhecido, por ninguém menos que José Herculano Pires, como "roustanguista convicto", vende uma pretensa imagem de "kardeciano autêntico", evidentemente é deplorável, sobretudo pelo conteúdo diabético da mensagem.

Divaldo Franco define o Império Romano como "polvo esmagador", promovendo "sofrimento, miséria e dor" ao som dos "clarins das vitórias". A ideia segue a tendência do "movimento espírita" em forjar suposta aversão ao Império Romano e à Idade Média, assim como Michel Temer e seus patrícios forjam suposta aversão à ditadura militar.

O "médium" baiano apoiou João Dória Jr. e sua farinata. Esquece Divaldo que, ao homenagear o prefeito de São Paulo, ele homenageou uma figura não muito diferente das autoridades do Império Romano. Esquece Divaldo que João Dória Jr. maltratou moradores de rua, reprimiu um ponto de venda de drogas com truculência policial e o "médium" ainda deu o Você e a Paz para o vergonhoso lançamento de um perigoso composto alimentar que causou péssima repercussão.

Ah, Divaldo Franco bajulando Jesus Cristo... Se soubesse quem realmente foi Jesus, sua figura histórica e polêmica, teria se envergonhado. Jesus reprovava os falsos sábios, religiosamente extravagantes, dos quais denunciava o pedantismo, a oratória rebuscada, a postura ilustrada, a soberba travestida de humildade e a pretensão de se julgar no caminho próximo do Alto.

Isso não é invenção. Vamos ler um pouco de Jesus, em registros históricos mais honestos, e se verá que os sacerdotes que ele condenava em seu tempo tinham exatamente o perfil que hoje vemos em Divaldo Franco, com oratória rebuscada, com ares de pretensa sabedoria e uma certa soberba religiosa.

DIVALDO FRANCO É MEDIEVAL

Além disso, prestemos atenção no trecho do depoimento, que reproduziremos abaixo para destacar, que revela a inclinação medieval de Divaldo Franco, que, é bom saber, tem muitos venenos por baixo das palavras de mel que difunde ao público, vide o terrível julgamento de valor aos humildes refugiados do Oriente Médio:

"A criatura humana apega-se à ciência e a tecnologia de ponta, mergulhando no abismo das paixões asselvajadas e do vazio existencial em agonia".

Quanto cinismo! É certo que a tecnologia de ponta, como os aplicativos de telefones celulares, andam corrompendo a humanidade, vide os casos das redes sociais, como Facebook e WhatsApp. Mas o próprio Divaldo deveria agradecer às "paixões asselvajadas" que, em muitas ocasiões, saem em sua defesa, publicando vídeos em louvor ao "médium" baiano, a Francisco Cândido Xavier e similares.

Além disso, o "apego à ciência" nem é tanto assim, sobretudo numa época de anti-intelectualismo, de imbecilização cultural e de fanatismo religioso que envolve os próprios "espíritas". O "espiritismo" brasileiro apoiou o golpe político de 2016, e sua postura golpista se deu por fatos, não é invenção de quem está intolerante ou invejoso. Os "espíritas" apoiam o cenário político que justamente está destruindo as atividades científicas no país, forçando nossos cientistas a migrar para o exterior.

O "espiritismo" brasileiro apoiou a Operação Lava Jato, que burlava princípios do Direito sob a desculpa de combater a "corrupção". Apoiou as passeatas contra Dilma Rousseff, sob a desculpa de "simbolizarem a regeneração da humanidade". Apoia o governo Michel Temer e autoridades envolvidas - como Aécio Neves ("apadrinhado" por Chico Xavier). E os "espíritas" apoiam, com gosto, as reformas trabalhista e previdenciária que trarão mais sofrimento e miséria para o povo.

Divaldo Franco fala em "momento de crise", comparando o momento atual ao Império Romano. Mas esse discurso ele prega desde 2013, quando seu devaneio da "regeneração" e das "crianças-índigo", uma tolice importada de um modismo esotérico, deu com os burros n'água.

Diante desse discurso, o próprio Divaldo sugere uma postura golpista. Afinal, o discurso de "crise" vai no mesmo sentido ideológico - não é invenção, é só observar o contexto da situação - dos "coxinhas", do Movimento Brasil Livre, das hordas de "verde-amarelos" que se enfureceram contra a presidenta. O mesmo discurso "contra a corrupção", apenas com a raiva substituída por um discurso igrejista acusando Dilma, Lula e o PT de "fechar os olhos aos ensinamentos cristãos".

Divaldo apareceu ao lado de um tucano prefeito de São Paulo, dando uma homenagem entusiasmada. Apareceu ao lado de João Dória Jr. no evento da "farinata" e deixou que seu nome e o nome do evento Você e a Paz fossem creditados na camiseta do prefeito. Isso é vínculo de imagem e, embora o caso da "farinata" tenha sido superado, a responsabilidade de Divaldo Franco nessa marmelada deveria ser creditada, pelo menos pela chamada mídia alternativa!

Divaldo Franco demonstrou seu medievalismo religioso quando condenou o "apego à ciência", e isso faz a máscara cair, porque muitos dos deslumbrados seguidores do "médium" pensam que ele é "professor", "cientista" e "filósofo".

E sua hipocrisia em condenar o Império Romano se agrava quando ele corrobora com o devaneio de Chico Xavier, sobre o mito do "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", que, na prática, é a reconstituição do Império Romano da fase Júlio César com a supremacia religiosa da Idade Média, tudo isso em território brasileiro.

Os fatos mostram que a fantasia da "pátria do Evangelho" será um pesadelo teocrático a afligir novamente a humanidade. Falar é fácil e fala-se em "acolhimento fraterno aos hereges e céticos", mas na prática não será assim. A natureza humana não vive do mel das palavras, e mesmo esse mel pode esconder venenos mortais, com todo o ar de mansuetude que eles sejam ditos.

domingo, 24 de dezembro de 2017

Uma das primeiras entrevistas de Divaldo Franco após o escândalo da "farinata"

ELE USA DE SEU DISCURSO MELÍFLUO PARA SE PROMOVER, COMO OS DETURPADORES QUE DESCARATERIZAM COM IGREJISMO MEDIEVAL O LEGADO ESPÍRITA ORIGINAL.

Deturpador maior vivo dos ensinamentos do Espiritismo original, e o segundo de toda a história espírita, depois de Francisco Cândido Xavier, o "médium" Divaldo Franco - definido por Herculano Pires como "roustanguista confesso" - deu, em 06 de novembro de 2017 uma entrevista ao jornal Zero Hora, um dos integrantes da mídia conservadora, que costuma blindar os "médiuns espíritas".

Esta entrevista, feita em função do 9º Congresso Espírita do Rio Grande do Sul, na PUCRS em Porto Alegre, é uma das primeiras com o "médium" depois do escândalo da "farinata", que aparentemente atingiu apenas o prefeito de São Paulo, João Dória Jr., e o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer.

Divaldo não falou uma linha a respeito da "farinata", preferindo a omissão do que a autocrítica. O alimento que poderia causar sérios problemas de saúde à população pobre e, por isso, descartado após um grave escândalo, foi lançado num evento "espírita" e o vínculo de imagem de João Dória Jr. ao Você e a Paz e ao "médium" foi bastante explícito. Dória não exibiu a camiseta com o logotipo do evento e o nome do "médium" por acaso.

Não se sabe se foi por um lapso da mídia esquerdista - que geralmente serve de contraponto para a mídia hegemônica - ou por medo de contestar um ídolo religioso, mas o escândalo só não foi maior porque houve silêncio quanto ao envolvimento de Divaldo com a "farinata", o duvidoso alimento, condenado por nutricionistas e ativistas sociais, apesar dele ter sido o anfitrião do lançamento oficial da "ração humana", depois descartada devido a má repercussão.

Pelo menos os jornalistas da mídia progressista deveriam manifestar não só sua decepção com os "médiuns espíritas" e começarem a investigar aspectos sombrios por trás desse aparato de mansuetude e amor. A complacência se deu porque os "médiuns espíritas" não fazem o "discurso de ódio" dos neopentecostais?

Vejamos. Os atletas olímpicos muito famosos tinham um discurso fraternal e de superação muito parecido com o dos "médiuns espíritas". Foi só eles aparecerem ao lado de Aécio Neves, em 2014, para eles serem questionados e investigados pelo jornalismo progressista.

Os "médiuns espíritas" fazem esse discurso e aparecem ao lado de Aécio, Michel Temer, João Dória Jr. e os jornalistas progressistas não averiguam? E o apoio da Rede Globo aos "médiuns" Chico Xavier, Divaldo Franco e João de Deus, é mera coincidência? Já não basta o tiro no pé que as esquerdas fizeram com o apoio ao "funk", que abriu caminho para o direitismo dos sociopatas, "coxinhas" e "bolsomitos" da vida?

Reproduzimos então a entrevista de Divaldo Franco, à qual cabe um certo questionamento. Aparentemente, ele fala de "coisas boas", "verdades indiscutíveis" e "apelos para a paz". Devemos desconfiar disso, pois o excesso de mel esconde muitas estranhezas. Para quem, ao lado de Chico, teve um grande prazer de rebaixar o legado do Espiritismo a um igrejismo, um discurso "maravilhoso" como este não deve ser aceito de bandeja.

Não que queiramos a guerra, os prazeres mundanos ou coisa parecida. Mas é bom demais para ser verdade, numa sociedade complexa, haver gente com discurso adocicado demais, vindo de alguém que se supõe ter respostas prontas para tudo. Além do mais, o que Divaldo diz abaixo qualquer autor de autoajuda faz, e certos recados são óbvios demais para sugerirem genialidade ou garantirem a distinção de um figurão religioso como este.

O próprio pedagogo francês, Allan Kardec, de forma insuspeita deu o recado sobre as intenções dos deturpadores do Espiritismo, que capricharão no mel das palavras para depois inserir ideias contrárias aos ensinamentos espíritas originais. E Divaldo, um confeiteiro das palavras, tenta se valer com esse truque, que no mundo desenvolvido seria desmascarado como um discurso de um charlatão. E tantos charlatães foram desmascarados lá fora, com todo o sabor de mel de suas palavras!

Por isso, pedimos aos leitores que tomem muito cuidado ao lerem essa entrevista, para que a tentação da fascinação obsessiva não domine os instintos e emoções e atrofie a razão. Além do mais, nos previnamos de que os deturpadores da Doutrina Espírita criminalizam o prazer humano e acham que a religião "espírita" está livre do "vício do ter".

Ah, mas os próprios "médiuns" revelam também a sua obsessão pelo "ter" no contexto religioso, querendo ter a verdade em suas mãos e a imagem de divinização dentro do teatro de mansuetude e leveza. Quanto fel não pode haver sob o mel das palavras?

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O Brasil vive hoje um momento difícil. Há uma crise político-econômica, a violência aumenta e enfrentamos momentos de intolerância. Que leitura o senhor faz desse cenário?

Toda a vez em que a civilização atinge um ápice de progresso, há uma curva de afirmação de valores. E naturalmente, uma decadência. (Isso ocorre) Desde a antiga Babilônia até a Europa moderna, que atingiu um alto nível na civilização e, no entanto, não pode evitar duas guerras. É um fenômeno natural e histórico no processo da evolução. Apesar disso, nunca houve na humanidade tanto amor, tanta bondade e tanto sacrifício. A crise nos afeta muito. Mas é necessário descobrir os valores que estão ocultos e que os exaltemos. A crise é uma preparação de mudança - de natureza social ou tecnológica. É para a adaptação. 

Como sair dessa crise e redescobrir nossos valores?

Quando cada um de nós realizar uma mudança de valores. Em vez de nos preocuparmos tanto com os valores externos, com a posição social ou em atingir topo, (deveríamos) nos preocupar com a harmonia interna. Com essa modificação, haverá um contágio de sentimentos. 

O senhor já fez milhares de conferências em quase 70 países. Quais os anseios e dificuldades que o senhor nota em comum em pessoas de diferentes lugares?

O grande desafio da criatura humana é a própria criatura humana. O indivíduo muda somente de nome e de endereço. Os conflitos psicológicos, as ânsias e as necessidades emocionais são as mesmas, porque falta às pessoas aquele conhecimento profundo de si para dar à sua vida um objetivo e uma natureza existenciais. Apesar das conquistas tecnológicas, o homem moderno não encontrou aquela paz que procurava. Ao possuir coisas, defrontou-se com o vazio interior. Esse vazio somente é preenchido, como diria Platão, através da observação daquela proposta de Sócrates: o autoconhecimento. No momento em que nos identificamos, sabemos qual é a finalidade da vida. 

O senhor é conhecido por dedicar a vida a crianças em situação de vulnerabilidade social. Qual é o maior prejuízo para uma criança furtada de condições dignas de alimentação, educação, higiene, afeto e cuidado?

Surgem as patologias sociológicas do abandono. A sociedade passa a ser detestada. E a criança que não recebeu vai cobrar. Torna-se um vândalo e invariavelmente, sai marginalizado e vai para os departamentos do crime e da droga. Nesses momentos, ele se torna um indivíduo pernicioso à comunidade. Somos responsáveis pela violência. O que negamos aos necessitados, eles vêm tomar pela força. É a lei do universo. Faltando a cooperação, surge a violência. 

Como resgatá-los?

Dando-lhes oportunidade. Amando-os. Fazendo com que despertem para a vida. Com esse sentimento, eles se tornam elementos úteis da sociedade e passam a ser membros de um novo corpo - o corpo da era nova. 

O senhor adotou muitas crianças. É um pai para muitos...

Compreendi que não bastava dar comida, roupa e escola. Era necessário dar segurança e carinho. Todos nós somos carentes. Aquele que foi rejeitado ou que padeceu em função da orfandade tem sede de amor muito grande. E como eu tinha sede de amor também, procurei dar-me. Dar qualquer um faz, mas para dar-se é necessário renunciar ao ego para tornar feliz o outro. 

O senhor recebeu o título de embaixador da paz no mundo em 2005 por uma universidade de Genebra, na Suíça. De lá para cá, o que mudou?

A sociedade passou a perceber muito os valores da vida. A ecologia desenvolveu valores adormecidos. O sentimento de amor ampliou-se muito, particularmente aos animais. Não só evitando a exterminação em massa de vidas que caminhavam para o extermínio, mas também o acompanhamento deles para a solidão. Mudaram os sentimentos, que antes eram ególatras e voltados para dentro. Ao amarmos o animal, facilmente iremos amar a criatura humana. 

O senhor dedicou a vida ao espiritismo. Que mensagem o senhor traz da sua caminhada e do espiritismo, até para que não é espírita ou não tem religião?

Que vale a pena amar. O amor desabrocha através do respeito pela vida e se consolida pela amizade. Posteriormente, pela aglutinação de sentimentos. Através desses sentimentos, tornamos o mundo melhor e o ser humano se torna parte do universo. Ele (o ser humano) o é (é parte do universo), mas não sabe. É como no caso do holograma: cada pedaço tem o todo e o todo tem os pedaços. Nós carregamos o mundo dentro de nós. Quando nos dermos conta de que somos cédulas utilíssimas dessa realidade universal, mudaremos interiormente e voltaremos, com sentimento de amor, em alta escala de progresso. E a vida será melhor.  

O senhor já declarou que é melhor não ter religião e ser digno do que ter religião e não ter dignidade. Por quê?

Muitas vezes a religião é um rótulo. É como um produto que está designado por um nome mas, por dentro, tem outro significado. A função da religião é apresentar a pedagogia da boa conduta. Por isso, toda religião que não leva ao fanatismo é boa. Mas, invariavelmente, o indivíduo tem a religião como ato social e não se impregna de todos os postulados. Ou em outras vezes, não tem religião e tem sentimento de nobreza. Se olharmos os grandes construtores da sociedade, veremos que não eram religiosos. Sua religião era a prática do bem, o desejo de fomentar o progresso e de promover o indivíduo ao status de cidadania. 

Em 2014, o senhor publicou o livro "Seja Feliz Hoje". Como ser feliz hoje?

Ao realizar o estado de paz interior. Confundimos a felicidade com o prazer. O prazer é fugidio, resultado da vida sensorial. A felicidade é o aprofundamento de valores. Podemos ser felizes na doença, na pobreza, na situação deplorável. Mas logo vem a ânsia do prazer. A verdadeira felicidade é dar-se para que a vida seja útil. Quando ela se torna útil a alguém, torna também ao indivíduo. É a proposta de Jesus Cristo: ele veio para servir, e não se serviu de nós para evoluir. A lição dele está no espiritismo, que nos oferece, na caridade, o meio de exaltação do self. Buscamos sempre o prazer e esquecemos da felicidade. Muitas vezes temos as respostas físicas, mas não temos a paz interior para a plenitude. 

Há quem diga que hoje existe uma obsessão pela felicidade e que é por isso que as pessoas se frustram. Como o senhor avalia isso? 

A felicidade é pelo ter. Corremos atrás de coisas e esquecemos dos valores individuais. Muitas vezes renuncio a determinado prazer para encontrar a paz. Somente quando nos preenchemos de valores éticos é que as coisas perdem o significado. Elas têm o valor que nós atribuímos. No momento em que a dor nos surpreende, esses valores desaparecem. Mas quando temos certeza de que a dor é um apelo do universo para que nos tornemos melhores, a felicidade aparece. 

A felicidade envolve renúncia?

Sim. Sem a renúncia, não há felicidade. A renúncia é prova de amor, não exigir que o outro seja como nós queremos, mas ser feliz com aquilo que o indivíduo tiver. 

Qual a sua mensagem para os espíritas e para quem não é também?

Que procure tudo para fazer o bem do outro. Quando mudamos, o mundo se transforma. Esperamos que os valores venham das autoridades governamentais. Mas eles são cidadãos. Se foram felizes, serão excelentes autoridades. Mas se tiverem caráter dúbio, acostumados ao suborno das paixões, eles mudam somente de postura e pioram aquelas tendências. Vale a pena amar, mas no sentido de tornar o outro feliz. Quando tornamos o outro feliz, ficamos felizes. 

A mudança é difícil?

Não. É questão de adaptação. Vivemos um mundo de hábitos. Se algo me apraz, eu repito. Se me desagrado, cancelo. Se coloco uma meta produtiva que me planifica, eu me adapto e isso se torna uma realidade. 

sábado, 23 de dezembro de 2017

Mercado editorial é refém do "movimento espírita"?


Está nas bancas, ultimamente, uma revista especial sobre o "médium" Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, publicada pela editora Auto Astral. A publicação é mais do mesmo diante da biografia oficial que segue a lógica ditada pela Federação "Espírita" Brasileira e moldada na "fase dúbia" do "movimento espírita", denominada oficialmente "kardecismo".

Só mesmo um país marcado pela desinformação, pelo deslumbramento fácil, pelo hábito precário de leitura e pelo jogo de interesses que faz com que prevaleça a "pós-verdade", para que o "espiritismo" esteja em boa conta no meio literário.

Todavia, prestando bem atenção, se observa que as obras "espíritas" são de uma mediocridade e de uma indigência intelectual sem tamanho. O próprio Chico Xavier tem uma literatura mediana. Como um Michael Jackson da religião, ele até tinha algum talento como poeta e escritor, mas se o "rei do pop" preferiu virar arremedo de roqueiro, o "médium" preferiu se passar por "porta-voz dos mortos", difundindo, no entanto, obras que destoam dos estilos originais dos mortos alegados.

Se desapegando de paixões religiosas e resistindo à fascinação obsessiva das paisagens celestiais ou floridas das obras "espíritas", constata-se que as mesmas, a partir do próprio exemplo de Chico Xavier, são obras pedantes, cheias de gravíssimos erros de História, enredos piegas, narrativas prolixas ou simplórias, lições de moralismo retrógrado.

Com tantas irregularidades, no entanto, o "espiritismo" parece ter poder no mercado literário. Tem espaço nobre nas bienais do livro, exerce um grande lobby entre os meios intelectuais e tem praticamente a imprensa em suas mãos, a ponto de Divaldo Franco sair "invisível" no escândalo da "farinata" de João Dória Jr.

O poder descomunal do "movimento espírita" pode surpreender a muita gente. Primeiro, porque, aparentemente, o "espiritismo" brasileiro não é a religião mais popular do país. Segundo, porque a fachada de suposta modéstia e pretensa humildade fazem muita gente não acreditar na prepotência dos "espíritas".

DANOS TERRÍVEIS

Os danos que isso causa na cultura brasileira podem até ser reparados, mas seus efeitos não são inofensivos. O caso Humberto de Campos sinaliza para o dano que a literatura supostamente mediúnica trouxe, a ponto de retirar do mercado os títulos originais do autor maranhense, cuja produção literária se situa, cronologicamente, entre o fim da vida de Machado de Assis e o começo da carreira de Jorge Amado.

 O lobby do "movimento espírita" pressionou para que Humberto de Campos, cujos livros haviam sido publicados pela histórica editora José Olympio, permanecesse fora de catálogo. Enquanto isso, sobrevive no mercado a literatura fake que é tida como "produção paralela" supostamente do além-túmulo, que destoa grosseiramente do estilo original que marcou a carreira de Humberto.

O dano é grave, porque Humberto, que havia sido bastante popular em seu tempo, hoje praticamente é ignorado. A desculpa de que Humberto viveu em outra época e não faz sentido relançar suas obras originais não procede, porque há inúmeros exemplos de escritores antigos, como o próprio Machado de Assis, que permanecem no mercado até hoje.

Essa desculpa é feita para que se dificultem as leituras comparativas da obra original de Humberto e da obra supostamente mediúnica, processo no qual é fácil identificar irregularidades. A obra supostamente espiritual é a literatura fake de maior repercussão sob o rótulo "espírita", e por isso o Humberto de Campos original passa a ser deixado de lado, para proteger o mito Chico Xavier.

Outros autores que tiveram também obras fake supostamente mediúnicas, como Eça de Queiroz, têm situação diferente. No caso de Eça, o autor português tem grande repercussão nos países lusófonos, e mesmo que seja comercializado o livro fake intitulado Getúlio Vargas em Dois Mundos - cuja narrativa destoa da agilidade original do autor e mais parece um clone de Nosso Lar, com diversas passagens maçantes - , prevalece a obra original.

Isso porque as obras fake são lançadas por "médiuns" menos badalados - no caso de Getúlio Vargas em Dois Mundos, trata-se da quase desconhecida Wanda Canutti, já falecida - , os quais não contam com a blindagem que recebe Chico Xavier, em níveis que superam até mesmo a blindagem dos políticos do PSDB, como Aécio Neves, político que mostra muitas afinidades pessoais com o "médium" e com o qual expressaram admiração recíproca.

Chico Xavier, no entanto, apresentou indícios de que teria usurpado o nome de Humberto de Campos por revanche, por não ter gostado do artigo irônico que, dividido em duas partes, o autor maranhense escreveu sobre Parnaso de Além-Túmulo. Humberto pedia para que não houvesse "literatura do além" para competir com o "ganha-pão dos vivos".

Chico teria se vingado usurpando o nome de Humberto pra produzir suposta obra mediúnica, mudando todo o estilo do autor maranhense, para dar a impressão que era um padre, e não um membro da Academia Brasileira de Letras, que passou a escrever "obras do além".

O que ninguém estranha é que o primeiro livro de Chico Xavier, Parnaso de Além-Túmulo - que se comprovou ser obra de Chico, Wantuil de Freitas e editores da FEB - , usa como título a palavra "párnaso", em 1932, quando se sabe que o Parnasianismo foi um movimento literário já ultrapassado naquele tempo e que o movimento modernista de 1922, que o substituiu, já havia se consolidado naquele começo da década de 1930. O "espiritismo" se sustenta com a ignorância de muitos.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

"Caridade espírita": Cortina de fumaça para permitir a ação de deturpadores?

AD PASSIONES - Divaldo Franco, na Mansão do Caminho, e o truque de aparecer ao lado de crianças em evento natalino.

"(...) conduta mediúnica perigosa, reduzindo a psicografia a pastiche e plágio – e reduzindo a mediunidade a campo de fraudes e interferências (caso Nancy); conduta condenável no terreno da caridade, transformando-a em disfarce para a sustentação das posições anteriores, meio de defesa para a sua carreira sombria no meio espírita".

O texto se refere ao suposto médium Divaldo Franco e, no entanto, não foi dito por algum evangélico ou católico mais idoso, e nem por algum moleque internauta que odeia ídolos religiosos, mas do eminente jornalista José Herculano Pires, estudioso do Espiritismo autêntico, em carta a Agnelo Moreto.

Embora Pires esteja aparentemente defendendo o amigo Francisco Cândido Xavier, que havia sido vítima de plágio nos primeiros livros de Divaldo, causando um escândalo nos bastidores do "movimento espírita" brasileiro, o que comprova o quanto de confusão envolvem os "médiuns" brasileiros, aos quais nunca se deve associar à ideia de coerência e bom senso.

O que chama a atenção é o trecho "conduta condenável no terreno da caridade", uma declaração que choca os fãs de Divaldo Franco. Embora o jornalista J. Herculano Pires não mencione na referida carta as irregularidades do amigo Chico Xavier, estas são conhecidas através dos fatos, vide por exemplo os inúmeros escândalos, como o caso Humberto de Campos e a fraude de Otília Diogo, entre outros.

Levando em conta a ideia de "conduta condenável no terreno da caridade, transformando-a em disfarce para a sustentação de posições anteriores" (leia-se a suposta mediunidade, citada na carta, ou o fato dos "médiuns" deturparem os ensinamentos kardecianos com ideias estranhas à Doutrina Espírita), uma questão é inevitável: a "caridade", cuja associação aos "médiuns" emociona multidões, não seria uma cortina de fumaça para a sua atuação como deturpadores do Espiritismo?

CARIDADE DE FACHADA

Divaldo Franco foi definido como o "maior filantropo do Brasil" por ter ajudado cerca de 163 mil pessoas durante 63 anos de Mansão do Caminho. O número parece muito grande, porém é de uma ridicularidade total: combinando a trajetória de anos com a quantidade média de beneficiados por ano, leva-se a uma porcentagem de 0,0012 % da população brasileira. Em termos estatísticos, é praticamente nada. E não coloca Divaldo sequer na lista de cem maiores filantropos do país.

Deve-se questionar a "caridade" que é o maior marketing dos "médiuns espíritas" no Brasil, criando situações constrangedoras como a da mãe do falecido Ryan Brito, a atriz Márcia Brito - a Flora Própolis da Escolinha do Professor Raimundo - que avisou aos céticos que questionavam a "mediunidade" de um "espírita" de um "centro" em Campo Grande que "conhecessem primeiro o trabalho de caridade dele", como se filantropia e mediunidade fossem a mesma coisa. Só que não.

Enquanto Divaldo Franco vende uma imagem de grandiloquência de si mesmo nas viagens confortáveis a palestras pomposas na Europa e EUA, ele não consegue resolver os problemas do bairro de Pau da Lima, onde fica a Mansão do Caminho, pois o bairro de Salvador é um dos mais violentos da capital baiana.

Na véspera do Você e a Paz, mais um dos milhares de incidentes ocorreram em Pau da Lima, com um homem atacando a ex-mulher e a família dela com soda cáustica, na noite, ao entrar numa loja das Casas Bahia. O caso foi reportado pelo jornal A Tarde.

Em 2016, havia o caso de uma jovem que foi sequestrada, num ponto de ônibus em Pau da Lima, por um motoqueiro para estupro coletivo. O caso traz um trocadilho irônico. Numa das palestras, Divaldo Franco narrava o caso de uma jovem que se livrou de um estupro coletivo porque o dr. Adolfo Bezerra de Menezes de repente se materializou (!) e chamou a polícia para prender os rapazes que se preparavam para o crime. Faltou o Dr. Bezerra para socorrer a pobre coitada no Pau da Lima.

Outras localidades, como Uberaba e Abadiânia também são cenários de muita violência, acompanhando a tendência de "casas espíritas", situadas em áreas perigosas sob o pretexto de "resolver a violência", só piorarem a situação.

Em Salvador, áreas como a Cidade da Luz, em Patamares, e o Centro Paulo e Estevão, em Amaralina, são redutos de regiões intensamente violentas, como o entorno Pituaçu-Boca do Rio, no primeiro caso, e o "triângulo" Nordeste-Santa-Cruz-Vale das Pedrinhas, no segundo.

A "caridade espírita", pelos resultados que não consegue efetuar se não a promoção pessoal dos "médiuns", alvo de adoração de muitos seguidores aos quais pouco importam se os pobres realmente foram beneficiados ou não. O foco acaba sendo o ídolo religioso que a pouca caridade produz, o que comprova que essa "filantropia" corresponde ao Assistencialismo, e não Assistência Social, como tanto alardeiam os "espíritas".

ASSISTENCIALISMO E ASSISTÊNCIA SOCIAL

É bom deixar clara a diferença entre Assistencialismo e Assistência Social. Enquanto a Assistência Social investe na "cura" da "doença" da pobreza, o Assistencialismo apenas alivia suas dores, diminui seus efeitos drásticos, sem no entanto "trazer a cura".

No Assistencialismo, as ajudas são pontuais, parciais ou provisórias, e mesmo quando há resultados efetivos, eles são bastante medíocres, trazendo apenas níveis medianos de qualidade de vida. O foco acaba sendo mais a promoção pessoal do "benfeitor", que "comemora demais pelo pouco que faz", do que o atendimento aos mais necessitados.

Há também casos em que atos considerados "caridade" se comprovam perversos. O perigoso ato das "cartas mediúnicas" de Chico Xavier, oficialmente considerado a "maior bondade da vida do médium", foi uma atrocidade: mediunidade fake, exploração ostensiva das tragédias familiares, sensacionalismo místico e sobrenatural, falso consolo, prolongamento dos lutos familiares mesmo com a "certeza da vida após a morte" e promoção pessoal do "médium".

O que se observa nos "médiuns espíritas" é que, como eles produzem mediunidades fake, baseados no habitual vício dos brasileiros da falta de concentração mental - se o brasileiro não tem concentração sequer para ouvir música ou ler livros, esperaria que ele conseguiria realmente se comunicar com os mortos? - , e deturpam os ensinamentos espíritas, eles precisam de um apelo emocional para obterem a popularidade a níveis próximos da unanimidade.

Daí a "caridade", que tanto arranca lágrimas, no processo de "masturbação com os olhos" da comoção fácil e premeditada, e que serve como o maior marketing dos "médiuns espíritas", que com esse arremedo de ativismo social passam a ser blindados com mais intensidade que qualquer político do PSDB. Não seria hora dos tucanos mudarem o nome de seu partido para ESPÍRITAS?

É por isso que existem piadas sobre a elevada blindagem dos "médiuns", que fez com que a imprensa reagisse em silêncio diante do envolvimento de Divaldo Franco no caso da "farinata". Anedotas como "'médium espírita' é diferente de doença contagiosa; sarampo, por exemplo, se pega, já o 'médium', ninguém pega" ou "no ENEM, 'médium espírita' não cai em prova", começam a surgir.

Portanto, é bom demais para ser verdade que os "médiuns espíritas" se configurem em pessoas supostamente de alto nível de elevação espiritual. Observando bem a coisa, se revela o contrário, e se vê o quanto mesquinho é usar a caridade como cortina de fumaça para abafar atos como as irregularidades mediúnicas e a deturpação dos ensinamentos espíritas.

Usar o "amor" como desculpa para tais desonestidades é muito mais cruel do que bondoso e só acoberta a indignidade com apelos emocionais feitos para forçar o apoio, perto do unânime, das pessoas. Mas a ilusão é terrena, por mais que se usem pretextos espirituais. No além-túmulo, os "iluminados" da Terra sempre levam um choque quando se revelam as trevas de suas consciências.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Livraria de Niterói deveria retirar retrato de Chico Xavier da parede

LIVRARIA NÃO É UMA IGREJA E POSSUI DEMANDA DAS MAIS DIVERSAS CRENÇAS.

Existe uma livraria e sebo que é simpática, com profissionais dedicados e que vendem tanto produtos usados como novos, além de oferecer serviço de encomenda de títulos através da Internet. É uma boa opção de lazer, verificando o acervo de livros e discos que existem na loja. É a Panorama Romanceiro, localizada na Rua José Clemente, no Centro de Niterói.

O problema é que, na parede do estabelecimento, é mantido um retrato do "médium" Francisco Cândido Xavier, o maior deturpador de toda a história do Espiritismo. A crítica que fazemos não é de intolerância religiosa, mas pelo fato de que livraria não é igreja e existem fregueses dos mais diversos tipos de crenças.

Do contrário que muitos imaginam, Chico Xavier não é uma figura ecumênica - nem espírita, no sentido kardeciano do termo, ele foi jamais - , tendo sido ele, durante toda sua vida, um católico ortodoxo que colaborou com a FEB para desfigurar, em prol de interesses religiosos e comerciais, o legado deixado pela Doutrina Espírita original.

Foi Chico Xavier, por exemplo, que traduziu o pensamento de Jean-Baptiste Roustaing para o contexto brasileiro, produzindo obras que praticamente dispensam a leitura de Os Quatro Evangelhos. Obras como Nosso Lar, O Consolador e Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho já sintetizam o pensamento de Roustaing para o público brasileiro.

Provavelmente, o responsável que permitiu colocar o retrato de Chico Xavier nem está sequer informado que o "espiritismo" que ele acredita está deturpado. Mas se o caso dele é não abrir mão de idolatrar o "médium", que o faça ele mesmo criando um altar para ele em sua casa ou botando o retrato dele em tamanho menor dentro de sua carteira.

Está na cara que a idolatria de Chico Xavier é uma opção pessoal, e, diante disso, até respeitamos. O que não pode é tentar influenciar os outros colocando o retrato dele sem propósito, pois já é suficiente haver produtos, como livros e DVDs, referentes ao "médium", presentes no catálogo da loja e expostos ao público em geral.

Pedimos, portanto, a retirada do retrato de Chico Xavier, o mais rápido possível, da parede da loja. Se o responsável gosta dele, que o faça no íntimo de sua alma e na vida particular, sem influenciar os outros a idolatrarem-no. Se o tal funcionário da Panorama Romanceiro quer exibir um retrato de Chico Xavier, que vá trabalhar numa livraria "espírita".

Além disso, o contexto de uma livraria não permite proselitismos dessa ordem, porque há um público de diversos tipos e diversas crenças, inclusive ateus, e o propósito da livraria não é expor um ídolo religioso. Pode-se até vender obras relacionadas a ele, mas não pode influenciar, até porque o retrato soaria como uma propaganda forçada. Por isso, pede-se a retirada do retrato de Chico Xavier da parede da Panorama Romanceiro. A freguesia laica agradece.